Murphy escrita por Mika Boo


Capítulo 7
Capítulo 07 - A luz no fim do túnel, é o trem vindo em sua direção


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Tudo bem?
Então, era para esse cap ter saído em agosto, mas aconteceu uns imprevistos :/
Ele estava praticamente pronto no dia 04 de agosto, mas minha mamis fez um procedimento cirúrgico e s tive que ficar ajudando ela.
Também aconteceu umas outras coisinhas envolvendo isso que me deixou com MUITA raiva, motivo pelo qual eu não respondi os comentários das outras fic. pq tenho medo de acabar transmitindo toda a raiva que estou sentindo, respondendo de maneira fria :/ mas já estou me sentindo melhor e minha mamis também /
Então aprecie o cap que ficou grande XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746157/chapter/7

“Não deveria ter bebido tanto. ” Foi o primeiro pensamento de Hinata ao acordar. A luz do sol passava pelas brechas da cortina entreaberta, aquele mínimo de luminosidade era o suficiente para incomoda-la, por isso enfiou o rosto entre os travesseiros, resmungando palavras incoerentes. Entretanto, essa atitude não foi o suficiente para sua dor de cabeça passar.

— Acho que vou morrer... — Sua voz saiu baixa e rouca, sua garganta doía ao falar.

Tirou o rosto dos travesseiros, virando sua cabeça para o lado mantendo os olhos fechados, respirou fundo tentando se lembrar da noite passada.

Se recordava de estar no bar conversando com o barman, porém não se lembrava muito qual era o assunto. Talvez fosse alguma coisa relacionada a corações partidos. “Ele estava dando em cima de mim? ” Se perguntou ao lembrar dele dizendo algo sobre coração.

— Que falta de profissionalismo. — Resmungou colocando a mão sobre a cabeça.

Um fato interessante sobre Hinata: quando ela bebe, no dia seguinte ela tende a esquecer praticamente tudo que aconteceu durante a bebedeira, e ao se lembrar de alguma coisa acaba se confundido, misturando fragmentos da memória em conclusões precipitadas.

Queria ficar o dia inteiro na cama, porém tinha que se levantar e dar um jeito, não só em sua ressaca, mas também em sua aparência. Muito provavelmente seu rosto estaria inchado e em volta dos escurecidos pela olheira, ou pelo lápis de olho borrado, ou ambos.

“Kurenai me mataria se me visse agora. ”  Sentiu até um arrepio ao se lembrar de sua chefe e em como é exigente nesse aspecto, afinal seu trabalho pedia por tal cuidado.

Com dificuldade — pois não queria mesmo se levantar — saiu da cama, estava praticamente se arrastando. Adorava beber, no entanto odiava a ressaca do dia seguinte.

Não tinha costume de beber por causa do trabalho, no máximo uma taça de champanhe ou vinho. No entanto quando tinha oportunidade, como na noite anterior, aproveitava bastante e por isso acabava extrapolando. Amava um bom drink, porém o álcool também era seu inimigo.

Quando enfim conseguiu sair totalmente da cama — apesar de agora estar sentada no chão — foi reparar melhor em seu quarto, que não parecia em nada com seu quarto. A começar pelas cortinas, se lembrava que as suas eram floridas e não brancas e lisas, como aquelas que estava vendo, a cama também era maior do que se lembrava. “Meu guarda-roupa não era branco?" Se perguntou observando o móvel preto a sua frente.

— Acho que ainda estou bêbada. — Proferiu para si mesma, querendo que essa fosse a verdade, e não que veio parar na casa de um completo estranho, ou que tenha reformado seu quarto como da última vez que tinha bebido. — Eu ainda estou dormindo. Isso é efeito da ressaca. — Tentava se confortar. Não querendo encarar nenhuma daquelas duas prováveis realidades. — Não vou entrar em pânico.

Começou a procurar por sua bolsa, seu celular estava dentro dela, poderia ligar para alguém e pedir ajuda, todavia não conseguia achar sua bolsa. Estava escuro, a luz que entrava pela janela não dava para iluminar quase nada, somente a cama em que estava a poucos minutos, também não queria acender a luz e atrair seu possível raptor.

Pegou um travesseiro, a única coisa que encontrou para usar como arma e saiu de dentro daquele quarto. Tentava fazer o mínimo de barulho possível. Deu alguns passos para fora do quarto, quando de repente deu de frente com alguém no meio do caminho, sem pensar duas vezes começou a bater na pessoa com o travesseiro, sua única arma naquele momento.

— Isso... é.... para... você... aprender... a .... não.... se... aproveitar... de... meninas... bêbadas.... e... ingênuas... — Falava pausadamente a cada batida que dava com o travesseiro na pessoa a sua frente, sem se importar se era homem ou mulher.

Não via quem era, estava com muito medo, por isso mantinha os olhos fechados, somente ouvia os gemidos de dor que a pessoa emitia. Contudo, a vítima de seus ataques conseguiu segurar o travesseiro e o tirou de suas mãos. Hinata sentiu seu sangue gelar.

“Eu vou morrer, eu vou morrer. ” Mas não sem lutar, por isso começou a desferir tapas e chutes a cegas.

— Cal... — A pessoa em que ela batia tentou falar. Aquela voz lhe era familiar, porém estava com medo demais para dar atenção a esse detalhe, continuou batendo.

De algum modo, o seu raptor conseguiu segurar seus pulsos. Tentou chutar, porém ele colocou sua perna entre as dela e a prensou contra a parede. “Estou morta. ” Tentava se desvencilhar, mas isso fez que ele usasse mais força e a erguesse um pouco, deixando os pés dela no ar.

— Hinata se acalma. — A pessoa que a segurava falou e finalmente conseguiu distinguir de quem era aquela voz.

— Naruto? — Perguntou erguendo a cabeça para poder vê-lo.

 Ao fazer isso Hinata não se deparou com o olhar de Naruto. Não teve como se sentir hipnotizada com aquelas duas belas safiras a observando, ou suas respirações ofegantes misturando-se uma a outra, a tensão e excitação com ele se inclinando lentamente para beija-la, fazendo com que seu coração disparasse contra o peito e as famosas borboletas em seu estômago.

Ao invés disso tudo acontecer, Hinata acabou batendo a cabeça no queixo e nariz de Naruto, os dois gemeram de dor pelo impacto.

O nariz dele começou a sangrar e a dor de cabeça que ela estava sentindo por causa da ressaca voltou ainda mais forte.

(...)

Hinata estava sentada em frente ao balcão da cozinha com um saco de gelo sobre a testa, para diminuir um pouco da dor e inchaço por causa do impacto. Evitava a todo custo encarar Naruto, que estava sentado à sua frente, ele estava com um dos buracos do nariz tampado, além desse machucado, tinha arranhões e vermelhidões que Hinata causou ao bater nele, fazendo-a se sentir ainda mais culpada e envergonhada pelo que havia feito. Entretanto não era somente por esse motivo que evitava olha-lo, havia outra razão e isso era porque Naruto estava sem camisa.

Era difícil se concentrar em alguma coisa quando há um homem sem camisa na sua frente, principalmente se ele tivesse um belo corpo. “Não olhe para a barriga tanquinho dele. Não fique com vontade de tocar na musculatura do peito dele, não o ache sexy...”. Arriscou dar uma olhada em sua direção, mas logo desviou o olhar ao perceber que ele a encarava seriamente. “Não ache esse olhar, sexy, não ache esse olhar sexy! ” Balançou a cabeça para evitar os pensamentos nada puros que rondava sua mente.

— Então? — Naruto perguntou quebrando o silencio que reinava entre ambos. Queria uma explicação sobre o súbito ataques que sofreu a minutos atrás.

— Desculpa? — Seu pedido de desculpa soou mais como uma pergunta, sentia-se receosa e com medo.

Como iria explicar para ele que não se lembrava da noite anterior e do motivo de estar na casa dele? Queria perguntar sobre isso, pois a estava deixando bem curiosa, no entanto não queria que ele pensasse mal dela.

Naruto estava confuso com toda essa situação. Não entendia o motivo de Hinata ter ficado tão histérica e tê-lo atacado. “Será que ela achou que fiz ou pretendia fazer algum mau a ela? ” Essa hipótese o entristeceu, não queria que ela pensasse que ele se aproveitou ou se aproveitaria dela, tudo o que fez foi ajuda-la.

Hinata não gostou de ver a expressão confusa e triste de Naruto. Por alguma razão ver a tristeza dele lhe causou um certo incomodo, preferia mil vezes seu sorriso contagiante — mesmo que esse sorriso cause um certo rebuliço em seu coração — resolveu a ele explicar o porquê de ter feito o que fez, por mais constrangedor que fosse.

— Quando eu bebo muito eu tendo a esquecer as coisas no dia seguinte. — Falou um pouco envergonhada. Olhava para qualquer lugar, menos para o homem a sua frente. — Eu meio que extrapolei ontem... digamos que eu me assustei muito ao acordar e perceber que aquele não era o meu quarto. — Sua voz saiu tão baixa que se Naruto não estivesse prestando bastante atenção não teria escutado.

Naruto a encarou por um tempo sem dizer nada, mas logo deu um suspiro cansado compreendendo toda essa confusão.

Desde que conheceu Hinata a achou uma pessoa bem peculiar, principalmente por sempre a encontrar em alguma situação complicada. A noite anterior somente comprovou o quão estranho e azarada ela poderia ser, todavia não achava isso algo ruim, pensava nisso mais como um charme, que no seu ponto de vista a fazia ser extremamente fofa e encantadora. Fofa e Encantadora, para Naruto eram adjetivos perfeitos para descrever Hinata.

— Então você não se lembra de nada? — Perguntou para confirmar, já não se sentia mais triste ou confuso, pelo contrário, se controlava para conter o sorriso.

Hinata negou balançando a cabeça, tomando coragem para olha-lo, se sentindo aliviada ao ver o pequeno sorriso que ele dava.

— Não me lembro quase nada depois do meu sex... quarto drink. — Omitiu a quantidade exata que havia bebido, ele não precisava saber desse detalhe. Naruto teve que segurar o riso, Hinata não sabia mentir muito bem. — Somente de algumas poucas coisas, mas que não esclarece muito.

— Do que você consegue se lembrar? — Perguntou se recostando na cadeira, cruzando os braços sobre o peito, esse pequeno detalhe acabou tirando a concentração de Hinata por um momento.

— Er... lembro dos braços... digo, da chave. — Sua fala saia nervosa e tentava, inutilmente, se recompor. — Eu quebrei a chave do meu apartamento, tentei te ligar para pedir ajuda, mas falava que o número não existia. — Olhou para ele, um pouco recomposta ao se lembrar deste detalhe, acreditava que ele havia lhe passado o número errado. — Como eu não tinha para onde ir, fui para o bar beber. — Deu de ombros como se aquilo não fosse nada demais, como se não tivesse ficado chateada com o que aconteceu.

 Naruto deu um grande sorriso, Hinata ficou irritada com isso. Ele deveria estar com vergonha e não sorrindo descaradamente.

Naruto descruzou os braços, apoiou os cotovelos na bancada, aproximou seu rosto do de Hinata, fazendo ela contrair o corpo para trás. O coração dela começou a bater bem rápido. Podia sentir a respiração dele em seu rosto, mesmo com o tampão em uma das entradas do nariz. “Era isso que teria acontecido se eu não tivesse batido a cabeça no nariz dele. ” Se lamentou olhando-o diretamente aquela imensidão azul que eram seus olhos.

— Já tivemos essa conversa ontem anoite. — Sussurrou, como se fosse uma confidencia. Hinata sentiu seu corpo arrepiar com aquele tom de voz baixo e rouco. “Se controle Hinata, não agarre ele. ”  — Quer que eu te conte o que aconteceu? — Tudo o que ela fez foi assentir impotente, enquanto ele se afastava e começava a narrar a história.

 

Na noite anterior

Havia um sorriso na face de Naruto ao observar o céu estrelado da varanda do apartamento onde morava, entretanto não percebia que estava sorrindo, somente se lembrava do seu dia hoje, mais especialmente da mulher de olhos perolados, como a lua que iluminava a noite. Achava Hinata uma mulher bem peculiar, de um jeito bom. Era interessante em como ela estava em uma situação complicada sempre que a via, ela era encantadora.

Naruto foi tirado das suas lembranças ao sentir o celular vibrando no bolso em sua calça, fez uma careta de desagrada pela interrupção, estava se sentindo feliz com a lembrança do seu dia — por mais bizarro que tenha sido.

“A casa está cheia. Venha para o bar RAPIDO!

— Gaara. ”

Gaara é um de seus amigos, abriu um bar recentemente, ainda não havia contratado pessoas suficientes para ajuda-lo, por isso recorria aos amigos quando o local ficava cheio. Por isso enviou essa mensagem pedindo gentilmente para Naruto ir ajuda-lo.

Assim que Naruto chegou ao bar pode ver que o fluxo de pessoas no local era intenso, afinal era sexta-feira, dia ideal para após o expediente sair para beber e se livrar de todo o estresse da semana. Percebia porque o amigo precisava de ajuda, atender todas aquelas pessoas daria trabalho.

Gaara não havia percebido sua chegada ainda, estava ocupado preparando e servindo as bebidas, pensou em dar meia volta, mas seu amigo precisava de ajuda. Por isso foi onde ele estava, entretanto algo, melhor dizendo, alguém lhe chamou atenção.

Com o corpo debruçado para frente e os cotovelos apoiados no balcão, não conseguia ver seu rosto, no entanto reconhecia aqueles longos cabelos azulados. Parecia que ela falava alguma coisa para Gaara, que a olhava sem a menor paciência. Curioso para saber o que acontecia ali, Naruto foi em direção dos dois, tomando cuidado para que não percebessem sua presença ali, porém não deu muito certo.

— Ih, é o Naruto-kun. — Hinata disse ao perceber a presença de Naruto.

Gaara suspirou aliviado por Naruto ter finalmente ter chegado. Como se não bastasse o bar está cheio, ainda tinha uma cliente bêbada se intitulando sua amiga e querendo dormir em sua casa. No entanto estranhou o fato da mulher a sua frente saber seu nome, mas não se importou, tudo o que queria era se livrar dela o mais rápido possível, Naruto explicaria essa história depois. Como se não bastasse o bar está cheio, ainda tinha uma cliente bêbada se intitulando sua amiga e querendo dormir em sua casa.

— Ainda bem que você chegou. — Começou a falar sem cumprimenta-lo apropriadamente. — Chamei o resto do pessoal para vir ajudar também, mas enquanto isso ela é toda sua. — Apontou para Hinata e foi logo saindo dali sem que o Uzumaki pudesse dizer qualquer coisa.

— Ah! — Fez bico emburrada por seu novo amigo ter ido embora. — My friend. — Choramingou. — Bay, bay. — Acenava na direção em que viu ele indo.

Naruto somente balançou a cabeça confuso, incapaz de compreender a situação. Por enquanto deixaria isso de lado, pois em breve iria descobrir o que havia acontecido ali.

Deu a volta para poder ficar atrás do balcão, enquanto isso Hinata olhava cada movimento e cada passo que ele dava. Agora estava devidamente sentada na cadeira com os cotovelos sobre o balcão e o queixo apoiado em suas mãos.

Naruto começou a preparar um drink que algum cliente pediu, com o olhar vigilante de Hinata sobre si. Não queria admitir, mas o jeito que ela o olhava estava deixando um pouco desconfortável, era estranho ter alguém observando cada passo seu.

Enquanto servia as bebidas a observou melhor. Seus cabelos estavam soltos e um pouco bagunçados. Os olhos perolados estavam um pouco avermelhados, provavelmente por causa da bebida. Suas bochechas estavam mais coradas que o normal, outro efeito da bebido e um sorriso faceiro não deixava sua face. Era a segunda vez que pensava nela como alguém encantadora.

— Então Hinata ficou tudo bem depois que fui embora? — Naruto perguntou após ter terminado os pedidos, torcia para que demorasse para outro cliente aparecer.

Por outro lado, Hinata não o respondeu, o encorou por um tempo e depois virou a cara emburrada, deixando o Uzumaki sem graça e muito confuso. “O que eu fiz? ” Se perguntava sem entender sua reação.

— Hinata? — Tentou novamente, mas ela não lhe deu atenção, continuou com o rosto virado.

Mesmo sem entender o porquê dessa reação, Naruto não pode deixar de notar o quão fofa ela ficava emburrada. Com um biquinho formado em seus lábios, apesar de bêbada e um pouco desgrenhada, ela ainda continuava linda.

— Eu fiz alguma coisa de errado? — Questionou querendo entender, surtiu efeito, pois Hinata se virou para ele assentindo. — E o que eu fiz? — Naruto sentia-se meio idiota, parecia que estava conversando com uma criança, mas não era sua culpa se Hinata estava agindo com uma neste momento.

— Mentiu. — Cruzou os braços, deixando o jeito de criança e adquirindo uma postura de mulher. Uma mulher cheia de raiva.

Naruto ficou um pouco assustado com a repentina mudança de comportamento da Hyuuga. Em um momento estava emburrada, agia de maneira fofa, como uma criança, mas de repente sua postura muda para de uma mulher com olhar feroz. Achou sexy. As feições serias, o olhar penetrante e a postura ereta. “Encantadora. ” Por isso, ao invés de se amedrontar, sorriu. Ainda não entendia esse seu comportamento, mas estava achando interessante.

— Pode me dizer em que eu menti? — Perguntou cruzando os braços sobre o balcão, debruçando seu corpo para frente, deixando seu rosto propositalmente próximo ao dela.

— Você sabe muito bem. — O acusou sem se intimidar com sua aproximação. Na realidade estava bêbada demais para perceber sua aproximação.

— Poderia refrescar minha memória? — Retrucou, fazendo Hinata estreitar os olhos e o encarar desconfiada.

— Bem, Senhor Naruto... Naruto... qual seu sobrenome mesmo? — O rapaz teve que segurar o riso com a expressão de duvida da Hyuuga.

— Uzumaki. — A respondeu.

— Isso! Senhor Naruto Uzumaki... Uzumaki... U-ZU-MA-KI. — Começou a rir. — Faz cosquinha na língua. — Falou entre risos. — Uzu... uzu...

— Hinata. — A interrompeu, por mais fofo que estava sendo suas expressões e o biquinho que formava em seus lábios quando ela pronunciava seu sobrenome, precisava manter o foco na conversa. — Você não me respondeu.

 — Ah, é mesmo. — Ficou seria novamente. — Você, Senhor Uzumaki mentiu pra mim. — Falava batendo o dedo indicador sobre o balcão. — Disse que eu podia te ligar se precisasse de ajuda. — Dobrou os dedos deixando somente o mindinho e o indicador levantado, os aproximou no ouvido imitando um telefone. — Até comprei um celular só para ligar pra você, olha. — Tirou o celular com um pouco de dificuldade da bolsa.

Enquanto isso Naruto lhe direcionava um sorriso carinhoso. Ela havia te ligado, não só isso, ela também tinha comprado um celular novo e por sua causa.

— Mas a voz do outro lado da linha disse que o número discado não existia. — Continuou. — Você me deu o número errado e doeu aqui. — Apontou para seu coração, neste momento Naruto parou de sorrir. — Eu preciso de uma bebida. — Entretanto Naruto não se mexeu para preparar sua bebida, estava sem ação. Não compreendeu o que aconteceu, não havia dado o número errado para Hinata.

Um sentimento estranho o assolou, não gostou de vê-la triste, principalmente sendo ele o motivo dessa tristeza. Teve vontade de pular aquele balcão para abraça-la, mas não o fez.

— Eu quero uma bebida. — Pediu novamente um pouco irritada por seu pedido anterior ter sido ignorado.

— Posso ver seu celular? — Interpelou ignorando novamente o pedido de Hinata.

— Quero outro drink! — Retrucou ainda mais irritada e por precaução segurava o celular firmemente em suas mãos.

— Te dou outro drink se me deixar ver seu celular. — Dessa vez decidiu negociar com ela. Não queria que ela bebesse mais, pois seu estado atual não era dos melhores.

— Me serve o drink primeiro que eu te dou o celular. — Naruto deu um pequeno sorriso, Hinata era astuta.

— Ok! — Preparou outro drink para, mas sem álcool.

Quando Hinata viu a bebida na sua frente a pegou rapidamente e em seguida entregou o celular.

Bebeu um gole do drink fazendo uma careta de desagrado ao perceber que não havia álcool ali. Fuzilou aquele lindo rapaz loiro com o olhar, mas ele nem percebia, pois ele mexia no celular.

— Preciso da senha. — Proferiu virando o aparelho em direção a ela, para que o desbloquear.

— E eu quero uma bebida com álcool. — Retrucou batendo o copo na mesa.

Os dois ficaram se encarando até que Naruto se deu por vencido.

— Se eu te der uma bebida com álcool você coloca a senha? — Hinata assentiu concordando. Não via problema em desbloquear, já que o aparelho era novo e por isso não teria nada de comprometedor, todavia não entendia o que ele queria ali, mas desde que tivesse outra bebida, dessa vez com álcool, não se importava.

Contragosto, Naruto lhe preparou outro drink, colocando o copo cheio na frente de Hinata, essa antes de colocar a senha no celular, tomou um gole da bebida para ver se havia álcool.

Assim que comprovou que seu pedido veio correto dessa vez, desbloqueou a tela do celular, sem dar atenção no que ele fazia ali, somente saboreava seu drink.

Enquanto isso Naruto não perdeu tempo, foi direto no registro de chamadas efetuadas, ficando surpreso com o que viu. Primeiramente havia somente registro de uma tentativa de ligação e ela havia ligado para não uma, mas sete vezes para esse número. A segunda coisa que observou foi que aquele era seu número, porém aquele não era o seu número. Teve que segurar o riso ao fazer tal observação.

— Hinata. — A chamou, essa estava tomando seu drink e brincando com o pequeno enfeite de guarda-chuva do copo. Ela somente levantou a cabeça e o encarou. — Esse não é meu número. — Disse virando o aparelho telefônico para ela. Hinata o olhou cética.

— Claro que não é, porque você me deu o número errado. — O acusou, porém, Naruto não se deixou abalar.

— Os números iniciais estão certos, mas os dois últimos não. — Um sorriso convencido estampava seu rosto agora.

— Não é? — Repetiu inclinando a cabeça para o lado confusa.

— Não. — A respondeu rindo de leve. — Esse é o meu número.  — Digitou seu número de contato no celular e entregou para Hinata.

Ela o olhou desconfiada e para ver se ele não estava mentindo ligou para aquele número. Naruto se segurou para não gargalhar ao sentir o celular vibrando no bolso da calça. Pegou o aparelho e o atendeu.

— Viu? Eu não menti, esse é meu número verdadeiro.

— Ah, é o Naruto-kun. — Hinata vibrou de alegria ao ouvir a voz dele pessoalmente e também do outro lado da linha.

Os dois ficaram se olhando com os celulares ainda na orelha.

— Duas vodcas. — Um cliente chegou interrompendo a troca de olhares entre ambos.

(...)

Depois da pequena conversa, e da resolução do mal-entendido, Hinata e Naruto não conversaram mais, pois ele teve que se focar em atender os pedidos dos clientes que chegavam, mas sempre dava uma olhada em direção de onde Hinata estava, essa quase sempre olhando em sua direção ou brincando com o enfeite do copo.

Naruto já estava cansado de atender os clientes e preparar as bebidas, queria uma pausa. Gaara havia lhe dito que chamou o resto do pessoal, todavia esses ainda não haviam chegado.

— Gaara, cadê o resto do pessoal? — Foi perguntar ao amigo não aguentando mais toda essa espera.

— Eles não vêm. — O respondeu dando o suspiro cansado. — A Sakura e a Ino estão de plantão, o Sasuke não respondeu minha mensagem até agora.

— Ok! — Os dois nada poderia fazer nessa situação.

— Se você quiser já pode ir embora, já está esvaziando, os funcionários e eu saremos conta do resto. Ou se quiser pode ficar e beber, por minha conta. — Ofereceu.

— Obrigada, mas hoje não. Vou deixar para outra oportunidade.

Naruto iria aproveitar a oportunidade para conversa mais um pouco com Hinata, de preferência em outro local que não fosse o bar, entretanto o lugar onde ela estava se encontrava estava vazio.

— Gaara, viu a mulher que estava sentada ali agora pouco? — Perguntou preocupado.

— Mulher? — Repetiu confuso. Naruto estava interessado em alguém?

— Sim. Alta, cabelos longos e escuros. Os olhos dela são diferentes, parecem duas luas... — Explicou.

—Você a conhece? — Gaara indagou se lembrando. — Ela deve ter ido embora, mas é estranho pois ela disse que a chave da casa quebrou e não tinha para onde ir. Até pediu para dormir na minha casa. — Sentia-se nervoso só de se lembrar do ocorrido de horas atrás.

— Sim, um pouco... é uma longa história. — Respondeu sem dar muita atenção no que ele dizia, estava preocupado com Hinata.

Iria procura-la lá fora, talvez a alcançasse, porém, antes de sair ouviu duas mulheres conversando.

— Você viu? — Uma delas falou. — Tem uma mulher dormindo lá dentro do banheiro.

— Deve ter bebido demais. — A outra comentou dando risada.

   Hinata.

Naruto saiu em disparada em direção a banheiro feminino, por sorte naquele momento o local se encontrava vazio.

Encontrou Hinata encostada na parede, sentada no chão e dormindo profundamente.

Atualmente

— Depois disso eu tentei te acordar, mas seu sono estava pesado. Eu não podia te deixar lá, por isso te carreguei e a trouxe até minha casa. — Terminou de contar a história.

Um silencio constrangedor se estalou no ambiente. Hinata ficou sem saber o que fazer após Naruto terminar de narrar os acontecimentos da noite anterior.

Estava morrendo de vergonha dos seus atos imprudentes por causa da embriaguez, queria se esconder, contudo achava que não tinha forças para isso. Por isso cobriu o rosto com as mãos, pensando que assim escaparia dessa situação.

— Não sei onde enfiar minha cara. — Murmurou enfim com a voz abafada.

— Não foi tão ruim assim. — O rapaz diz tentando consola-la, na realidade havia se divertido muito com a Hyuuga bêbada.

— É muito vergonhoso. — Falou tirando as mãos do rosto, de nada adiantaria essa tentativa falha de se esconder.

— Esse tipo de coisa acontece. — Sorriu tranquilizando-a.

Mesmo que tentasse tranquiliza-la, Naruto via que Hinata ainda estava inquieta e nervosa com toda essa situação. Apesar de ele ter se divertido com essa situação, era algo bem vergonhoso para ela. Começava até a se sentir culpado pelo o que aconteceu, mesmo não sabendo como poderia ter evitado toda essa situação.

Por conta disso, para poder faze-la se acalmar, pelo menos um pouco, foi prepara algo para ela comer.

Um pouco acanhada Hinata bebia e comia o que o rapaz a sua frente havia lhe preparado.

— Não sei como te agradecer. — Hinata disse repousando a xicara de chá na bancada.

— Não foi nada. — Naruto a reponde. Coçava a nuca sentindo-se sem graça.

— Não seja modesto Naruto. — Pediu. — Você até me carregou até aqui. E eu sei de como isso deve ter sido complicado. — Não queria nem imaginar o que teria acontecido com ela, caso ele não tivesse a tirado daquele banheiro. — Acho que estou te devendo mais leite de morango. — Declarou e Naruto lhe deu um pequeno sorriso.

Hinata se sentia mais calma. Ainda estava envergonhada, todavia não poderia voltar no tempo e mudar a noite anterior, mas pelo menos isso serviu para se aproximar mais de Naruto e esclarecer os maus entendidos com relação ao número de telefone. Foi então que se lembrou de que havia dito a Naruto que havia comprado o celular por causa dele. “Meu Kami! ”

— Eu não comprei o celular por sua causa. — Falou de repente e desesperada, assustando Naruto que quase se engasgou com o café que bebia. — Já estava pensando em comprar um. Você ter me dado seu número só me fez lembrar que eu deveria comprar um. Não que eu não quisesse falar com você... — Falava nervosa e se atrapalhando com as palavras. Enquanto isso o Uzumaki compreendeu sobre o que ela falava, por isso começou a rir.

(...)

— Você é nasceu aqui em Tóquio? — Hinata perguntou a Naruto.

Nesse tempo que estiveram juntos ambos viram que seria uma boa oportunidade para se conhecerem melhor.

— Sim, nascido e criado. — A respondeu — E você?

— Nasci e fui criada em Konoha, uma cidade pequena.

— Então você é uma garota do interior. — Falou em tom de brincadeira.

— Sim, garoto da cidade grande. — Replicou no mesmo tom.

— E o que te motivou para vir a cidade grande, garota do interior? — Perguntou se divertindo.

— Bem, garoto da cidade grande. — Entrou na brincadeira. — Eu vim para cursa faculdade.

— Mesmo? De que? — Demonstrava grande interesse pela conversa e isso alegrava muito Hinata.

— Engenharia. — Declarou orgulhosa. — Posso ser um desastre ambulante, mas sou bem inteligente.

— Sei disso. — Naruto a olhando dando um sorriso carinhoso, Hinata sentiu algo se agitar dentro de si. “Isso não é bom...”

— Enfim. — Continuou tentando se recompor e querendo ignorar esses sentimentos estranhos que sentia. — Não cheguei a concluir o curso. Muitas coisas aconteceram e no meio de tudo isso acabei encontrando algo que realmente gosto, que é ser modelo. — Seus olhos chegam a brilhar a falar da profissão. — Eu estava fazendo um passeio pelo shopping quando um agente veio falar comigo, perguntou se eu queria participar de um teste para novos modelos. — Divagava. — Eu não pensava em ser modelo, mas estava precisando de dinheiro e digamos que eu não durava muito tempo boa meus outros empregos. Fui tentar a sorte e apesar de alguns incidentes deu tudo certo. — Terminou dando um sorriso sereno e algo em Naruto se agitou ao ouvi-la falar de algo com tanta paixão.

O olhar dos dois se encontraram. Hinata se sentia hipnotizada por aquelas duas safiras, gostava daquele olhar, tão transparente e cativante. “Isso não é nada bom...”   Precisava se recompor ou estaria em maus lençóis

— Naruto porquê você não quis aceitar meu convite para jantar e pagar? — Questionou curiosa, se referindo ao dia que se conheceram. Queria falar sobre qualquer coisa para poder sumir com aquilo que estava sentindo naquele momento.

— Ah. — Naruto coçou a nuca um pouco sem graça. — É que lá dizia que você poderia estar apaixonada por mim e aquilo me assustou um pouco, porque eu meio que gosto de alguém e fiquei meio sem jeito de aceitar o convite.

Hinata ouviu o barulho de algo se quebrando, talvez fosse o copo que deixou cair no chão ou seria o som do seu coração se partindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
De quem será que nosso querido Naruto gosta?
hahahaha
Qualquer erro me avisem pq revisei muito rápido XD