Beira-Mar

Sabrina levantou-se da cadeira na sacada e foi para o seu quarto. Pegou o seu celular e ligou para Pedro.

Eros continuou malhando na sacada enquanto a empregada o admirava de longe. O íncubo deu uma piscadela para a mulher, que ficou vermelha e com sentimentos lascivos. Só o fato dele piscar para ela, começou a ter sensação de prazer. Ele parou quando Sabrina chegou bastante feliz.

— Pedro confirmou o meu convite para o jantar da família. Claro que eu insisti um pouquinho.

— Com minha irmã perto dele, será difícil pôr o plano em prática.

— E é aí que você entra, queridinho. Faça de tudo para afastá-la do Pedro até que tudo dê certo. Tem que dar certo.

Jonas entrou no apartamento de Luíza. Ficou por lá conversando com a prima enquanto espionava Pedro. Durante as suas andanças pelo centro da cidade, Jonas esbarrou no rival e colocou um microfone na sua camisa. Foi o suficiente para gravar a conversa dele com Afrodine.

— Preciso me ausentar um pouquinho. A minha mãe está na portaria. Espera um pouco.

— Sim, claro.

Ele aproveitou a ausência da garota, abriu a mochila e ligou um aparelho que gravava a conversa.

— Estou preocupado com a visão da vidente. Ela me disse que "minha casa vai cair". A não ser que haja um terremoto em Fortaleza, essa expressão quer dizer que vou ser desmascarado. Isso eu não quero.

— E o que quer que eu faça?

— Você precisa se ausentar até o próximo ano. É a única maneira, Afrodine.

Jonas escutou a conversa com um par de fones. Luíza chegou bem na hora.

— Mamãe pediu que eu pegasse essa encomenda.

Mas Jonas conseguiu tudo o que queria naquele dia. Encerrou a conversa com a prima e foi embora.

Sabrina brindou o êxito do seu plano perverso. Há pouco tempo conheceu Pedro, mas sentiu que a sua alma gêmea era ele. Com a ajuda de Eros e de Jonas, ela vai conseguindo colocar o seu plano de conquistar Pedro no eixo certo.

— Que venha o dia da minha vitória.

...

Dias depois...

Pedro olhou para o relógio, aguardando a presença de Luíza. Assim que ouviu a campainha, abriu e deparou-se com Eduardo. O amigo foi convidado para o jantar em comemoração à bolsa de estudos que o anfitrião conquistara.

— Que cara fechada. Parece que não gostou da minha presença.

— Não é isso. Acontece que toda essa comemoração é perda de tempo. Mamãe trata essa bolsa como se fosse o Santo Graal.

— Eu ouvi isso — disse Marcela sentando no braço do sofá ao lado do filho. — Ele é tão humilde.

Após Eduardo, Gerson apareceu a convite de Marcela. Outra amiga dela apareceu para o pequeno ato comemorativo. Só depois das sete da noite que Luíza apareceu com o primo, Jonas.

— O que ele faz aqui? — indagou Pedro, chateado com a presença do inimigo.

— O Jonas disse que você também o convidou e que fizeram as pazes. Fiquei feliz por isso.

Eduardo arregalou os olhos ao escutar o que Luíza dissera. Jonas era o cara mais arrogante da escola e odiava Pedro. O que estava acontecendo?

— Olha, eu não sou o Alf, mas os gatinhos de hoje em dia estão gostosos — disparou Gerson para Marcela. Esta quase se engasga com o comentário do amigo.

A última convidada da noite acabava de chegar. Sabrina Vasconcelos estava com um vestido vermelho com um decote nada modesto nas costas. Roger, pai de Pedro, não acreditou que a herdeira do império Vasconcelos era amiga do seu filho.

— Senhorita Vasconcelos, é uma honra tê-la conosco. Não acreditei que virou amiga do meu filho.

— A honra é minha. Eu trouxe um presente para o Pedro. — O embrulho tinha uma colônia francesa masculina. Pela primeira vez Luíza ficara incomodada com Pedro recebendo presente.

— Xiii... Olha a cara da garota chamada Luíza. Parece que está com ciúmes. Esse tipo de expressão não me engana. Não me engana. 

— Você acha mesmo, Gerson? — perguntou uma colega de trabalho que fora convidada.

— Claro, amor. O Pedroca é bonitinho e até eu pegava, quanto mais essas garotas. Isso vai dar um rolo. Marque minhas palavras.

Pedro se divertia com os amigos, porém ainda pensava em Afrodine. Passaram-se dias que ela havia sumido e sem deixar pistas.

Afrodine ficou em pé no terraço de um prédio perto da Praça Portugal. Observou a árvore de Natal no meio da praça, além dos carros que ali passavam.

— O que quer?

Eros se aproximou dela. Dias atrás prometeu pagar metade da sua dívida à irmã. Também decidiu contar sobre a seita secreta que estava supostamente caçando os gênios e demônios.

Continua...