A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 99
99. Coisa de menina e um inacreditável golpe de sorte


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem mais uma vez por ter postado este capítulo antes do de número 98 "A fina arte de enganar". Já desfiz o erro, espero que tudo esteja ao seu contento agora! ♥



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Coisa de menina e um inacreditável golpe de sorte

Regulus deixou a masmorra da Sonserina e se plantou nas escadas que vinham da cozinha para o Grande Salão. Quanto tempo teria que esperar? Ele sentia um frio na barriga a cada rosto sonolento que aparecia ao pé da escada. Pouco a pouco uma massa de alunos vestidos de amarelo e preto, com rostos pintados e carregando bandeirinhas foi tomando a escada engolindo tudo a sua frente. Regulus ficou um pouco desorientado no meio da multidão, girando sobre os calcanhares para ver se entre eles estava Alice. Quando finalmente passaram, ela surgiu, os cabelos lindamente presos em um rabo de cavalo, uma saia plissada amarela e preta, as meias pretas grossas sobre as pernas e uma blusa de lã com um enorme símbolo da Lufa-lufa estampado. Regulus sorriu ao vê-la, o coração saindo pela boca. Alice não sorriu.

O que estaria acontecendo? Ele aguardou ela subir as escadas lentamente. Sua vontade era correr em seu encontro, mas a expressão séria no rosto dela lhe dizia para esperar.

— Bom dia, Alice! – ele disse, confuso. – aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, sim, Reg. Vamos conversar.

Regulus engoliu em seco. Ela não teria como saber que ele havia mentido para ela, teria? Regulus a seguiu pelo corredor que levava para o jardim de inverno. Alice não falava nada, sua respiração nervosa o assustava mais a cada passo. O frio a fez tremer e ela parou, virando-se para Regulus.

— Você não devia tomar o nosso namoro tão levianamente, – ela disse, brava.

— O quê? Do que você está falando?

— De ontem, no jantar. Na hora não pensei, mas depois as garotas me abriram os olhos...

Regulus ficou nervoso. O que teriam falado as amigas dela? Ele não perguntou nada, ficou quieto esperando explicações.

— Foi muito desrespeitoso da sua parte ficar regendo o coro dos outros alunos, parecia estar me exibindo como um troféu. - ela bufou.

— Ah, me desculpe. Você é mesmo melhor que qualquer troféu que eu poderia desejar! – ele disse distraidamente, enquanto passava as mãos em torno dos ombros dela para abraça-la, o pensamento já se encaminhando para o jogo que haveria logo mais. Se a Lufa-lufa vencesse e depois ele vencesse a Grifinória, teriam que bater a Lufa-lufa para ganhar o troféu do campeonato de quadribol da escola.

Alice não gostou de sua resposta, sacudiu os ombros para se desvencilhar das mãos dele e lhe deu as costas, com os olhos se enchendo de lágrimas. Regulus entrou em pânico e começou a falar, um pouco sem paciência, pois se sentia injustiçado. Ela tinha feito um elogio a ela, não tinha?

— E o que você esperava que eu fizesse? – Regulus perguntou, indignado, segurando-se o mais que podia para não aumentar a voz – Saísse correndo e me escondesse como uma menininha? Isso é o seu papel. O meu papel – ele bateu com o punho fechado sobre o próprio peito – é proteger você e foi o que eu fiz. Eu vi que você estava envergonhada, então desviei a atenção de todos para mim para que você chegasse sã e salva à sua mesa. É isso o que os Black fazem. É isso que aprendi com meu pai!

Alice o abraçou, cheia de remorsos.

— Me desculpe, Reg. Eu não sabia...

— Não tem problema, Alice. Eu espero não ter que explicar a você todos os meus atos de agora em diante. Eu esperava que você confiasse em mim, você me conhece. Eu nunca faria algo para magoá-la, você é uma pessoa muito importante para eu magoar...

— Me desculpe – ela repetiu, deixando escapar um soluço.

Regulus afastou seu corpo para olhar para ela. Alice chorava.

— Não chore, querida. – ele disse, enxugando suas lágrimas carinhosamente com os polegares – Não aconteceu nada demais. Me desculpe se me exaltei. Eu estou um pouco cansado, tive uma noite péssima, não dormi direito... Não queria magoá-la. Quando você estiver se sentindo melhor, nós vamos tomar café da manhã, - ele falou, olhando em seus olhos antes de abraça-la novamente.

Alice deitou a cabeça no ombro dele e soluçou um pouco, tentando tomar fôlego. Ela se sentia muito arrependida por ter se deixado levar pela conversa das amigas. Regulus sempre fora um cavalheiro, não seria agora que ele iria começar a agir como um tolo. Aos poucos, o coração dela se acalmou.

— Reg, o que aconteceu esta noite?

— Bem, Ami e eu fomos ajudar Severus... Você sabe, o problema com a lareira... – ele suspirou, não queria continuar. Mentir para Alice não era como mentir para Dumbledore. Ele olhou para os lados. Um bando de garotas da Corvinal passaram por eles apressadas. – Bem, depois te conto.

— Já estou me sentindo melhor, Reg. Acho que podemos ir ou iremos nos atrasar – ela disse, afastando-se dele.

— Como quiser.

Regulus sorriu e passou o braço carinhosamente sobre o ombro dela e os dois foram caminhando lentamente até a entrada do Salão Principal, onde se despediram com um breve beijo.

— Até daqui a pouco. Eu vou com você ao estádio! Vai ser um prazer torcer contra a Corvinal. – ele riu.

Alice lhe jogou um beijo em resposta e seguiu para a mesa da Lufa-lufa.

Regulus sentou-se ao lado de Amifidel e espirrou.

— Bom dia, resfriado! – ele falou para si mesmo. – Que bom que seu tratamento foi rápido. Pensei que você fosse se atrasar, Ami.

— Bom mesmo. Bocê também bicou resbriado? – perguntou Ami, o nariz completamente entupido.

Regulus riu e apontou para o nariz vermelho, pouco antes de assoá-lo sonoramente.

— Que noite! Pensei que não ia acabar nunca! – disse Regulus.

— Vocês conseguiram? – perguntou John.

— Sim. – disse Severus, sentado em frente.

— Mas vocês nem imaginam! Parecia todos os professores e até o diretor resolveram ver a tempestade de neve... quase fomos pegos diversas vezes! E na verdade, fomos, mas já havíamos terminado. – disse Regulus e voz baixa.

— Estaríamos expulsos agora se Regulus não contasse ao diretor que Amifidel é sonâmbulo e que nós dois saímos do castelo para cuidar do nosso amigo – explicou Severus, rindo debochadamente. Isso chamou a atenção de Crouch, que se sentou próximo a eles.

— Tudo pronto? – perguntou.

— Sim... apenas uma pequena mudança de planos. Mulciber não vem. E Avery disse que não vai fazer tudo sozinho. – disse Severus.

— Porque não vem? – perguntou Regulus, incrédulo.

— Ele não explicou ao certo.. – disse Avery. – Talvez seja porque ele não consegue fazer o feitiço para colar coisas. Outro dia o vi tentando colar um simples banner das Harpias em seu malão sem conseguir.

— E ele dão quis bazer oudra goisa? Zei lá, bicar de guarda... O Grouch bodia drabalhar na lareira... – sugeriu Ami.

Crouch concordou com a cabeça, depois todos olharam para Avery.

— Ele disse que não está se sentindo bem e que vai ficar descansando. Mas acho está com medo, por causa do que Severus contou que aconteceu ontem à noite... De qualquer forma, nos desejou boa sorte.

— Vamos mesmo precisar... Não olhem agora, mas acho que somos o assunto de Dumbledore... Ele já olhou para nós diversas vezes enquanto conversa com a professora McGonagall. Talvez vocês tenham que fazer tudo sem Severus e Ami também.

— Mas aí vai ser impossível! – reclamou John.

— Não se... – disse Regulus, virando-se para seguir o olhar severo de McGonagall que parava sobre a mesa da Grifinória, onde James, Sirius, Pedro e Lupin riam enquanto James sacudia a varinha no ar, com expressão de quem contava vantagem. – Esperem. Olhem lá.

Os outros se viraram para olhar. McGonagall caminhava rapidamente até os quatro garotos da Grifinória, que pareceram somente notar sua aproximação quando o silêncio tomou conta do Salão Principal. A professora conversou com eles e depois retornou à mesa dos professores. Regulus olhou atentamente para o rosto do irmão. O olhar dos dois se cruzaram e a expressão no rosto de Sirius passou de aborrecida para deboche num piscar de olhos. Ele fez como se juntasse com as mãos uma porção de neve imaginária de cima da mesa em uma pequena bola e arremessou a bola imaginária em direção a Regulus, que lhe lançou um olhar de desprezo. Sirius ignorou o olhar do irmão e voltou a conversar animadamente até que Filch aparecesse e conduzisse Pedro, James, Sirius e Remus para fora do Salão. Regulus voltou sua atenção para sua própria mesa.

— Eu aposto meu dedo mindinho que foi meu irmão e seus amigos quem enfeitiçaram os flocos de neve ontem à noite e por isso estão levando uma detenção.

 Regulus mal havia terminado de falar quando professor Slughorn se aproximou da mesa.

— Bom dia, meninos. Vim ver como estão meus pequenos heróis esta manhã. Dumbledore acabou de me contar o que vocês fizeram por seu amigo Amifidel. Vocês poderiam ter se machucado muito, sair sob toda aquela nevasca. Aliás, a mãe natureza teve a ajuda da turma do seu irmão para aumentar o tamanho dos flocos de neve, Regulus. – Slughorn balançou a cabeça para os lados, embora não parecesse reprovar de todo a traquinagem dos garotos da Grifinória. - Sem dúvida um feitiço muito engenhoso, - finalizou.

— Eu sabia que tinha sido o Sirius! – disse Regulus, pouco antes de beijar seu dedo mindinho teatralmente. Agora ele tinha certeza de que Dumbledore ia acreditar em sua “inocente história”. Existiria alguém no mundo mais sortudo que ele?

Após recomendar para que não tornassem a sair do castelo sem autorização e que o chamassem caso Amifidel precisasse novamente de ajuda, o professor retornou à mesa dos professores, onde parecia ter deixado à sua espera uma farta porção de panquecas.

— O vento está soprando ao nosso favor! Acho que podemos dar continuidade ao nosso plano. – disse Severus. - Crouch, você vai com Avery, tudo bem?

— Certo. Mas, afinal, o que aconteceu ontem à noite? – perguntou Crouch.

— Depois eu explico. Avery e Crouch na reconstrução, Ami e Jack fazem cimento e carregam tijolos, eu e John cuidamos da segurança. – disse Snape.

— E eu fico com a tarefa mais difícil: torcer pela Lufa-lufa. – Regulus riu e levantou-se, num movimento idêntico ao que Alice fazia do outro lado do Salão – Vejo vocês mais tarde, pessoal! – disse, acenando para a namorada.

Ele e Alice saiam do salão abraçados quando Regulus espirrou.

— Você está resfriado? o que aconteceu? Não foi o nosso passeio em Hogsmeade, foi? Se ao menos tivéssemos tomado um chá na Padfoot... e você devia ter se agasalhado melhor... – ela disse carinhosamente.

— Não eu... – Regulus começou a responder quando o diretor passou por ele acompanhado da professora McGonagall. – eu tive que dar um mergulho ontem à noite, atrás do Ami.

Dumbledore comentava, aliviado.

— Nestes tempos de incertezas é natural que acabemos por cometer tais enganos... A semelhanças entre os feitiços era imensa...

— Já era tempo de James Potter, Pedro Pettigrew, Remus Lupin e Sirius Black pararem com estas brincadeiras. Eles já estão no quarto ano, não consigo imaginá-los prestando seus NOM’s daqui a um ano.

— Ora, Minerva. Temos que concordar que quem consegue enfeitiçar uma tempestade de neve da forma como estes garotos fizeram ontem à noite dificilmente teria dificuldades em qualquer exame.

— Não é disso que eu falo... Postura, Albus. Postura.

— Eles são só garotos, dê-lhes tempo, Minerva.

Foram as últimas palavras que Regulus conseguiu ouvir antes dos professores se distanciarem.

— Reg?

— Ah, desculpe. Estava ouvindo o diretor falar do meu irmão...

— Percebi. Que história é essa de mergulho? Eu pensei que você tinha dito que foram ajudar o Severus.

— Então, foi isso. Meu elfo não tem permissão de entrar no colégio, então Severus, Ami e eu fomos encontra-lo em Hogsmeade. Na volta Ami se desequilibrou e caiu no lago. Severus e eu o tiramos de lá e eu consegui um resfriado.

— E foi tudo tranquilo, fora o mergulho? Conseguiram encontrar o elfo?

— Bem, foi quase tudo tranquilo. Na volta fomos pego por Dumbledore.

— E o que fizeram? Não vai me dizer que está em detenção...

— Não, não estou. Eu disse a Dumbledore que Ami era sonâmbulo, nós os seguimos sem acordá-lo porque poderia ser perigoso, mas ele acabou caindo no lago por conta dos flocos de neve aumentados que meu irmão criou... Foi quando mergulhei para salvá-lo.

— E ele acreditou?

Regulus riu.

— Você não acreditaria?

— Você me assusta, Reg! Como pode inventar uma história assim, tão rápido?

— Se você fosse filha de Orion Black também saberia... – ele comentou. – Na verdade, parte da história foi mesmo verdade, Ami caiu no lago mesmo e nós o salvamos... Agora vamos nos apressar ou vamos perder os melhores lugares. ... Você viu a nevasca de ontem? Aquelas bolas de neve... Foi quase impossível voar... Queria saber de onde Sirius tira essas ideias...

Ele a abraçou mais forte. Alguma coisa lhe dizia que teria que tomar mais cuidado com as histórias que inventava para Alice. Não queria que ela descobrisse. Mas aquela não era a hora de se preocupar com isso. Ele precisava encontrar rapidamente um bom lugar nas arquibancadas de modo a conseguir ver toda a equipe de professores para ajudar seus amigos a resolver o problema da lareira.


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