A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 96
96. Nada é tão simples quanto parece




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Nada é tão simples quanto parece

O castelo de Hogwarts não estava tão silencioso aquela noite como Regulus, Severus e Theodor Amifidel esperavam. Havia som de passos pelos corredores. Regulus parou e olhou para Severus, temeroso:

— Acho que isso não é o som do vento nas janelas. – ele cochichou.

— Você acha que devemos deixar para outro dia? – Ami murmurou.

Severus balançou a cabeça para os lados.

— Não temos outro dia. Se você está com medo, pode voltar, - Severus respondeu. Apesar de suas palavras terem produzido um som quase inaudível, a mensagem tinha sido clara. Amifidel respondeu com um leve balanço de cabeça, indicando o corredor em frente. Ele iria continuar.

Os três continuaram a se esgueirar pelas sombras, os corpos colados nas paredes, Severus na frente, os cabelos negros e oleosos escorridos em torno do rosto, deixando à mostra somente o nariz adunco que abria caminho na escuridão. Eles andavam de lado, Severus mantinha a mão esquerda virada para Regulus, sinalizando quando andar e quando parar. Regulus repetia seus gestos para Amifidel, que vinha logo atrás. O som de passos continuavam ecoando pelos corredores. O que estaria acontecendo? Os três garotos pararam ao lado de uma janela. Um vulto do lado de fora chamou sua atenção. A professora Sprout estava indo para as estufas. Os garotos se entreolharam. Aquilo não fazia sentido. Então jatos de luz coloriram o interior da estufa em que ela estava. Seria uma luta? Minutos depois ela saiu da primeira e foi para a segunda apressada, onde se repetiu o mesmo show de cores. O que ela estaria enfrentado?

Neste momento eles ouviram passos vindo na direção deles e os três correram se esconder atrás de uma armadura. Regulus agauchou-se, Severus debruçou-se por cima dele e Amifidel os espremeu contra a parede, então os três ficaram imóveis, prendendo a respiração.

O diretor da escola caminhava em passos largos, passando por eles apressadamente. Amifidel soltou um suspiro quando o diretor já estava dez passos à frente, então ele parou e se virou. Os garotos se espremeram ainda mais atrás da armadura, o diretor ergueu a varinha. Os garotos prenderam a respiração mais uma vez e ouviram o som de algo zunindo alto vindo por trás deles, passando voando sobre suas cabeças. Era Pirraça. O diretor riu.

— Hoje não tenho tempo para você, Pirraça. Talvez mais tarde. Pomona precisa de mim.

Ele abaixou a varinha e saiu apressado pela porta da frente do castelo, que rangeu ao se fechar, sem bater. Pirraça deu meia volta e sumiu na escuridão mais adiante. Os garotos soltaram a respiração.

Em pouco tempo a figura alta do diretor estava do lado de fora, encontrou a professora a meio caminho para a estufa número quatro. Eles garotos observaram novamente o show de luzes se repetir até que todas as estufas fossem checadas. Os garotos permaneceram imóveis atrás da armadura ao lado da janela. Como haviam previsto, não demorou para que a porta de entrada do castelo se abrisse e Sprout e Dumbledore entrassem por ela. Os dois conversando e caminhando calmamente.

— Isso é suficiente, Albus. Obrigada. Deve durar até o final da nevasca. Muito fora de hora essa nevasca, não? Não via nada assim há mais de vinte anos, quando...

— Quando Voldemort estudava aqui... Eu me lembro. Mas daquela vez fora ele quem a provocou, demorei anos para perceber...

— Fiquei pensando se seria ele novamente. Eu estudava aqui na mesma época –

— Você era uma ótima aluna e, como todos, ficou muito assustada...

— Mas foi assustador e essa era sua única intenção, causar medo entre os alunos... Mas qual seria sua intenção agora?

— Eu estava me fazendo a mesma pergunta...- Dumbledore coçou a barba - E Kettleburn?

— Ele está com Rubeos Hagrid colocando proteção nos cascos dos testrálios e hipogrifos... Ah! Olhe lá, já está voltando.

Para o desespero dos garotos os dois professores pararam para olhar por uma janela próximo de onde eles estavam. Regulus nunca havia notado como Severus era magro, mas seus cotovelos sobre suas costas eram mais pontudos que qualquer um poderia imaginar; tampouco tinha percebido o quando Amifidel era forte, o peso dos amigos começava a lhe provocar câimbras. Será que os professores não iriam sair dali nunca mais? Estariam fazendo isso de propósito para que os garotos desistissem e saíssem de seu esconderijo? Ele espiou pela janela; o vento transformava em formas fantasmagóricas os flocos de neve que caíam sem trégua; não havia sinal algum do professor do lado de fora.

Um minuto depois a porta se abria novamente e Kettleburn irrompia por ela montado em uma velha vassoura. Ele pousou ao lado de Sprout e Dumbledore ao mesmo tempo que a porta se fechava no final do corredor.

— Os animais estão bem protegidos agora. – disse o professor.

— Imagino que sim. – respondeu Dumbledore, com um sorriso. – Fiquei me perguntando se você teria um par dessas botas sobrando para este homem velho...

— Tenho sim! Mas creio que não vão ficar tão bem em você quanto nos testrálios! – ele respondeu, enquanto procurava na bolsa um par de botas com o formato de cascos de cavalo, para então entrega-lo a Dumbledore.

Dumbledore agitou sua varinha transfigurando-as em um par de botas para humanos, depois trocou seus sapatos magicamente.

— Quentes e confortáveis como meias de lã, - ele sorriu olhando para seus pés, - obrigado. – Kettleburn assentiu – os animais têm muita sorte e...

— Hagrid achou que ficaram bonitos com as botas calçadas... – Kettleburn riu. – Hagrid tem cada uma!

— Uma xícara de chá iria bem agora. – disse Sprout, levando as mãos à boca para aquecê-las com sua respiração.

— Ou uma boa dose de whisky de fogo... – disse Kettleburn.

— Ou ambos. – riu-se Dumbledore.

— Nos meus aposentos? – convidou Kettleburn.

— Apenas uma xícara... – disse Sprout, agradecendo o convite com um sorriso, enquanto tirava a grossa capa de viagem marrom dos ombros.

— Não mais do que meia garrafa... – disse Dumbledore sorrindo.

— Eu ouvi passos... – disse Slughorn, aproximando-se ofegante, usando um robe verde pesado sobre os pijamas de listras verdes. -  e pensei que vocês iam gostar de alguns doces para acompanhar o chá... Ou estavam pretendendo fazer a festinha sem mim? – perguntou, chacoalhando uma sacola de papel cheia de doces a sua frente.

— Claro que não, Horace, – disse Kettleburn, pegando a sacola – nos meus aposentos...  Vamos?

Os quatro tornaram a andar pelo corredor escuro que levava aos aposentos de Kettleburn, conversando e rindo animados, sem notar os três garotos imóveis alguns metros à frente.

Os três sonserinos foram lentamente saindo de suas posições e retomando o ritmo da respiração.

— Acho que agora não vai aparecer mais ninguém... – sussurrou Regulus, espreguiçando-se, ainda sentido como se os cotovelos de Severus estivessem apertando suas costelas.

— Vamos? – respondeu Severus, endireitando as costas.

Os outros concordaram com a cabeça e apressaram o passo, chegando, sem demora ao final do corredor.

— Vai ranger. – disse Amifidel, apontando para a porta com a cabeça. – e deve estar trancada.

— Não vi ninguém lançar feitiço para trancar e eles pareciam tão entusiasmados com a ideia do chá que eu apostaria que esqueceram a porta destravada. – disse Regulus.

Abaffiato!— Severus lançou um feitiço às suas costas – pronto. Agora ninguém mais vai ouvir nada. – disse, abrindo a porta sem dificuldade – você estava certo, Black.

— Você poderia ter lançado o Abafiato antes, daí a gente poderia ter respirado normalmente.

— Eu entrei em pânico quando eu vi Dumbledore e meio que esqueci que eu poderia lançar o feitiço. - Severus sacudiu os ombros, - além do mais, você também poderia ter feito isso. - ele completou, olhando pelo canto dos olhos.

— Eu acho que todos nós entramos em pânico, - Regulus deu um sorriso amarelo, - vamos?

Regulus sorriu. Os três saíram e caminharam o mais rápido que conseguiram em direção ao vestiários do campo de Quadribol, os pés afundando na neve fofa, com o vento e a tempestade de neve parecendo bastante impelidos a não os deixarem prosseguir.


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