A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 91
91. O ultimato




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O ultimato

Eles haviam marcado de se encontrar no lugar onde ocorriam as reuniões do antigo clube de duelos às 11h da noite. Regulus e seus companheiros de quarto não tinham motivo para fingir que dormiam, uma vez que todos haviam sido convidados, então conversavam baixinho para não chamar a atenção dos alunos nos outros quartos.

— Vocês fazem ideia do que Gibbon e Rockwood querem? Será que eles nos chamarem significa que seremos aceitos no novo clube? – perguntou John, que andava de um lado para o outro pelo quarto mal iluminado.

— Eu acho que não... – respondeu Jack, sentando em sua cama.

— Reg deve saber alguma coisa... eu o vi conversando baixinho com Gibbon quando chegamos. – disse Amifidel. Os três amigos olharam para Regulus com desconfiança.

Regulus, que até então estava distraído com um livro na mão, esperando que as ideias pulassem do livro para sua cabeça sem que ele fizesse o menor esforço, assustou-se com a insinuação.

— Erm, bem. Eu realmente conversei com Gibbon há três dias. Não estou autorizado a contar o assunto, é algo que fiz para tentar entrar no novo clube. Mas se eles marcaram com todos nós quer dizer que não consegui, então isso não importa mais. – ele disse, abaixando os olhos.

Alguém bateu na porta. Rapidamente os garotos se enfiaram embaixo de suas cobertas e fingiram dormir. A porta se abriu e Severus entrou.

— Está na hora. Ou as menininhas resolveram ficar dormindo?

Os garotos pularam de suas camas em movimentos tão sincronizados que Regulus pensou que se tivessem combinado fazer isso não teria sido tão perfeito.

— Estamos prontos, Severus. – disse Regulus, colocando a varinha no bolso da calça.

Severus olhou para ele e deu as costas. Regulus notou que o amigo estava preocupado com alguma coisa e isso o incomodou. Ele virou para os outros e indicou a porta com a cabeça.

— Melhor a gente ir... Aí tem coisa...

Os garotos fizeram o caminho em silêncio até o corredor da ala hospitalar, com cuidado, um a um esgueirou-se por trás do relógio e subiu a escada para o alçapão. O lugar estava exatamente como da última vez em que estiveram ali. Regulus se perguntou porque haviam deixado de se encontrar depois que Rosier, Gibbon e Rockwood haviam fundado o novo clube. Eles não precisavam dos mais velhos para continuar a duelar.

— Você vai ficar parado aí ou vai me deixar passar?

A voz de Crouch soava sempre desagradável, não importava o momento. Regulus não respondeu, apenas desceu a escada em espiral para a sala secreta.

Rockwood e Gibbon os aguardavam em silêncio, os dois numa posição idêntica, braços cruzados, parados, em pé.

Crouch foi o último a descer as escadas, então Gibbon acenou sua varinha e a escada sumiu. Regulus notou Amifidel engolir em seco ao seu lado e Jack deu um passo atrás, esbarrando em algo que não podia ver. Ele assustou-se e pulou para a frente, olhando para trás assustado.

Aos poucos o que parecia apenas uma distorção na imagem da parede tomou forma e Rosier apareceu na frente deles.

— Então o que fiz não valeu para nada? Rosier conseguiu mandar sua própria imagem para dentro do castelo? – ele sussurrou para Snape.

Snape não respondeu, apenas colocou o dedo indicador na frente da boca para pedir silêncio. Rosier deu um passo à frente colocando-se próximo a uma tocha, e Regulus percebeu que era o próprio Comensal da Morte em pessoa que estava ali.

— Boa noite, garotos. Gostaria de dizer que estou muito decepcionado com vocês, esperava que fossem capazes de fazer coisas mais audaciosas... – ele disse, olhando severamente para os garotos. – fora Avery e Snape que usaram suas varinhas com astúcia, os outros parecem não ter aprendido nada em nosso clube. Crouch foi aceito pela audácia, mas não quero que ninguém mais repita o que ele fez, ou será barrado no clube.

— O que Crouch fez? – apressou-se John em perguntar.

Rosier o olhou com desprezo.

— Ele lançou em Gibbon a maldição cruciatus repetidas vezes até que ele me convencesse a convidá-lo a fazer parte do clube... - ele respirou fundo - Nada que mereça aplausos ou glória, mas não vamos mais falar sobre isso... Hoje estou aqui para dizer que fiquei sabendo que Black se mobilizou para tentar descobrir um meio de facilitar nossa comunicação e que está com o problema quase resolvido.

— Na verdade, já consegui mandar mensagens de voz usando a rede de flu, sem entrar na lareira e sem ser ouvido por outras pessoas. Snape me ajudou.

— Suponho que já tenha encontrado uma lareira que possa usar tranquilamente aqui na escola... – Rosier disse, levantando uma sobrancelha.

— Bem, eu estava pensando em usar a da sala comunal...

— A que está desativada? E como pretende fazer isso? - perguntou Rosier com interesse e desconfiança.

Os outros garotos olharam para Regulus, esperançosos e temerosos. Gostariam de participar, mas passar mais um mês em detenção estava fora dos planos de todos.

— Ainda não sei. – Regulus abaixou os olhos.

— Muito bem. Você e quem mais trabalhar nisso será aceito no clube assim que conseguirem mandar uma mensagem de voz para mim, em 106 Harlaw Road, Edimburgo. Até lá todos os encontros estarão suspensos. Vocês têm uma semana para isso. Depois eu vou mudar novamente de endereço e, se nenhum de vocês resolver o problema, nosso clube estará extinto.

— Mas, Rosier... – John tentou argumentar.

— Ordens superiores. – Rosier ordenou que parasse de falar com um gesto ríspido de sua mão. – Eu não devo me colocar em perigo por causa de meia dúzia de garotos que não conseguem nem ao menos quebrar um feitiço e colocar uma lareira para funcionar!

Dizendo isso, Rosier virou-se e caminhou rapidamente para a escada, seguido de perto por Gibbon e Rockwood. Os outros garotos ficaram sem reação por alguns minutos. Até que Avery falou:

— Bem, parece que vamos ter que trabalhar juntos...

— Alguma ideia de como reativar a lareira da Sonserina? – perguntou Regulus.

— Não... Não entendo nada de lareiras ou rede de flu... Aliás, ninguém entende...

— Na verdade, eu andei estudando sobre isso nestas férias... – os outros garotos se viraram para olhar Regulus e fizeram um círculo em torno dele. – Eu li que a rede de flu conecta todas as lareiras novas às quais foi adicionado um pouco de pó de flu ao cimento, as velhas eram conectadas automaticamente, mas algumas foram desativadas pelo Ministério da Magia...

— E como eles fizeram isso? – perguntou Mulciber.

— Com um feitiço. Não sei qual feitiço, no livro não especificava.

— Um feitiço? Se é feitiço basta usar o finite incantatem! – disse Bartô, com superioridade.

— Não é simples assim. A primeira coisa que eu e Severus tentamos há dias atrás foi o finite incantatem e não funcionou. Precisamos pensar em outra coisa.

— Vocês devem ter executado o feitiço de forma errada. Não há feitiços que não se desfaçam com o finite... – replicou Bartô.

— Sério? – bufou Regulus, irritado. – se você não quer ajudar, é só falar! Eu não me importo... alguém tem mais alguma ideia?

Os garotos olharam uns para os outros em silêncio. Como Regulus suspeitava, ninguém se pronunciou.

— Bem, então acho que podemos ir dormir e tentar pesquisar algo nos próximos dias. Vamos nos falando. Eu vou nessa, estou com sono. Boa noite, pessoal. – Regulus se virou e subiu as escadas para voltar para seu dormitório, seguido de perto por todos os outros garotos.

Eram duas da manhã e Regulus não conseguia dormir. Ele levantou-se e saiu do dormitório sem fazer barulho. Caminhou até a sala comunal, onde havia uma pessoa parada ao lado da lareira. Ele aproximou-se. Era Snape.

— Oi.

Snape, que olhava atentamente para as brasas na lareira, levou um susto.

— Ah, é você. Eu tentei o Finite novamente. Não parece ter funcionado. Quando eu jogo o pó de flu, a lareira continua com aquela chama verde arroxeada que não é normal. Eu não consigo pensar no que mais podemos fazer.

Regulus se sentou ao lado de Snape no chão em frente da lareira, cruzando as pernas e ficou olhando o fogo tímido que pulsava no meio das brasas.

— Eu não acho que um simples contrafeitiço vai funcionar. Fogo é algo bem interessante e complicado. Estive pesquisando estes dias. Estive tentando compreender o funcionamento da rede de flu e tenho uma teoria: o fogo é uma mistura de luz e calor e o pó de flu, de alguma forma, anula ou, mais provavelmente, absorve a porção “quente” desta mistura, por isso que a chama fica verde. Quando faz isso, como o fogo é uma reação em processo, o pó de flu cria um fluxo contínuo, como água que escorre pelos canos, entende? Este fluxo é o que liga uma lareira a outra. Como a nossa lareira está parcialmente bloqueada, o pó de flu não consegue levar a porção quente como antes, então a chama fica assim, arroxeada. Quando misturamos com nosso sangue, a magia nele existente maximiza o poder do pó de flu, tirando do fogo tudo o que for calor, tornando a chama azul, fazendo com que seja capaz de transportar não só matéria, mas a matéria em sua essência, ou seja, energia... No caso, transporta energia sonora. Entende?

— O que você está dizendo é que o pó de flu, ao roubar o calor do fogo num processo contínuo, cria uma espécie de túnel mágico através das lareiras, por onde a matéria – ou seja, as pessoas – são transportadas? E que a magia em nosso sangue faz com que o pó de flu seja capaz de roubar todo o calor, criando um canal ainda mais efetivo? Interessante... Mas isso não resolve nosso problema.

— Eu sei, Severus. Mas acho que se pensarmos por este lado, tudo o que precisamos é abrir a torneira e deixar o flu fluir...

Severus olhou para Regulus erguendo uma sobrancelha. Aquilo fazia sentido de alguma forma.

— Bem, talvez você tenha razão... Vamos nos focar em pensar como “abrir” a torneira que foi fechada magicamente...

— Para abrir algo, usamos uma chave...

— E cada chave pertence a uma só porta... – completou Severus.

— Então, se descobrirmos qual o tipo de porta que está bloqueando a passagem, resolveremos a questão! – exclamou Regulus, animado.

— Aqui vamos nós, então, estudar feitiços mais uma vez... – Severus sorriu – boa noite, Black.

— Boa noite, Severus.

Os dois garotos se levantaram em silêncio e foram cada um para seu dormitório tentar dormir, embora nenhum dos dois acreditasse que fosse possível dormir quando se sentiam que estavam tão perto de resolver a questão.


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