A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 87
87. Acordando...




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Acordando…

Regulus acordou assustado. A mão doía um pouco, lembrando-lhe que estava mais próximo do que nunca de ser admitido no clube de Rosier. Talvez fosse aquela noite, quem sabe? o encontro em Cokeworth estava marcado e ele tinha certeza de que seria com Rosier, apesar de Snape não ter dito nada sobre isso. O garoto sentou-se na cama e examinou a palma da mão. Havia uma fina cicatriz avermelhada em forma de meia lua. Ele sorriu ao lembrar da cena da noite anterior, do medo que sentiu, da sensação da adaga cortando sua a mão quando ele tentou esconder do pai o que estava fazendo, depois as chamas azuladas e a voz de Kreacher respondendo ao seu grito de dor. Exatamente como havia acontecido com Ignatia e o pó de flu: foi por acidente que ele descobriu um meio de mandar mensagens de voz. Aquilo merecia uma comemoração. Regulus olhou para os lados, tomado por excitamento e então desanimou quando seus olhos pararam sobre a figura imóvel do irmão sobre a cama.

Aquele era o terceiro dia desde o incidente no almoço de Natal. De tempos em tempos sua mãe entrava no quarto silenciosamente e ministrava mais uma dose da poção para fazê-lo dormir. Então ela sentava-se ao lado dele, passava alguns minutos acariciando os negros cabelos de Sirius, depois saía às lágrimas. Parecia um ritual.

O garoto levantou-se e foi até a cama do irmão. Ele olhou para Sirius, preocupado. Seu rosto estava sereno, os músculos da face pareciam ter perdido um pouco o tônus. Era estranho e inquietante. Ele olhou para o relógio na mesa de cabeceira do irmão. Estava quase na hora do almoço. Fazia menos de uma hora que a mãe havia deixado o quarto deles pela última vez, chorando mais forte do que das outras vezes. Isto significava que ela demoraria pelo mais de meia hora para voltar. Daria tempo de fazer alguma coisa. Mil vezes o irmão gritando do que dormindo.

O garoto sabia que a avó guardava os livros que o pai usara nos tempos que se preparava para ser um curandeiro. Talvez houvesse algo neles para acordar Sirius. Empolgado com a ideia de fazer algo subversivo, ele saiu do quarto e chegou à escada para o andar de baixo em menos de meio minuto. A casa estava silenciosa. Onde estariam seus pais e avós? Regulus desceu as escadas e chamou:

— Mãe?

— Aqui, filho. – a voz rouca da mãe veio de dentro da biblioteca.

Ele foi ao seu encontro. Para o seu desespero, os pais e os avós estavam todos no cômodo, como que houvessem adivinhado o que ele pretendia fazer e estivessem lá para impedi-lo de fazer algo para despertar o irmão. Ele desanimou.

— Acordou, filho? – perguntou a mãe com um sorriso tristonho. – Nós já já vamos almoçar, Kreacher está aqui preparando um pudim de carne...

— Kreacher? – ele franziu a testa. – Pensei que esta fosse a especialidade de Flofy... – ele comentou, estranhando um pouco pois há tempos não ouvia falar da velha elfo, mãe de Kreacher. Depois ergueu os ombros: tampouco havia perguntado por ela nos últimos tempos. Mas isso não importava. Percebeu que seu comentário havia chamado a atenção dos adultos para si e isso não era bom.

— Eu estava pensando em dar uma volta lá fora, posso? – perguntou para disfarçar.

O pai assentiu com a cabeça, a mãe desviou os olhos inchados para olhar pela janela e depois respondeu que podia.

O garoto saiu pela porta dos fundos e vagou incerto pela neve fofa. Não podia concordar com as atitudes do irmão, mas achou que o castigo já havia passado dos limites. Ele tinha certeza de que Sirius teria feito algo por ele se fosse o contrário. Depois lembrou-se do tom de desprezo na voz do irmão quando o chamou de Comensal da Morte e ficou em dúvida se realmente Sirius o teria acordado. Instintivamente ele caminhou até a cerca que separava a casa dos Black da casa dos Leloush. Havia uma carreira de árvores altas ao longo da cerca. Somente uma conservava folhas avermelhadas sob a espessa camada de neve.

— É isso! – Regulus apontou a varinha e apontou para a copa da árvore. – Accio folhas de Alihotsi! – várias folhas da árvore conhecida como árvore da hiena pularam em sua mão.

Tomado de excitamento, ele enfiou as folhas molhadas para dentro da manga de seu robe de bruxo e correu de volta para a casa, abriu a porta da frente e, tentando não fazer barulho, correu até o quarto. Por um momento pensou que o irmão pudesse ter se levantado. Sirius ainda estava lá, na mesma posição, mesma falta de expressão no rosto.

Ele tirou as folhas de dentro da manga e olhou para o irmão. Foi então que pensou: como faria para o irmão comer aquilo? Regulus olhou para as folhas e depois para o irmão, então para as folhas. Ele abriu a boca do irmão e colocou um pedaço sobre a língua. Aguardou alguns instantes e nada aconteceu. Ele tornou a abrir a boca do irmão e tirou a folha. Pegou um copo de água na própria mesa de cabeceira, picou com as mãos algumas folhas e as jogou dentro do copo. Aos poucos uma tinta avermelhada foi se desprendendo dos pedaços de folha. Regulus sorriu. Voltou para Sirius, abriu-lhe a boca e despejou um pouco do líquido dentro. Foi quando ouviu os passos de alguém que se aproximava no corredor. Rapidamente escondeu seu copo debaixo da cama, sentou-se em sua cama e pegou o livro que que havia em sua mesa de cabeceira e abriu em uma página qualquer para disfarçar. A porta se abriu, era sua mãe, provavelmente estava vindo ministrar mais uma dose de poção do sono no irmão. Ele levantou os olhos ligeiramente e a observou por cima do livro. A mãe pegou o pequeno frasco e serviu duas gotas na colher de prata e estava se aproximando do rosto do irmão quando Sirius começou a se mexer convulsivamente sobre a cama, sem acordar.

— OOOOOOOOOOOriooooooooooooon! – Walburga gritou, no mesmo instante que deixava cair o frasco com a poção no chão, quebrando o vidro.

Orion não demorou para entrar. Ao ver Sirius se debatendo sobre a cama, Orion puxou a varinha e acenou um encantamento não verbal. Sirius acordou e começou a rir descontroladamente. Orion olhou para Regulus, franzindo a testa e o garoto ergueu o livro na altura dos olhos para esconder seu sorriso de satisfação.

— Você agora lê livros de ponta-cabeça, filho? – Orion não parecia bravo. A expressão em seu rosto era de alívio. Pareceu a Regulus que seus pais estivessem esperando que alguém parasse aquele ritual que eles haviam começado e não tinham forças para interromper.

Walburga olhava para Sirius e sorria, enquanto lágrimas escorriam de seu rosto.

— O que está acontecendo aqui? – perguntou Sirius, em meio a risadas descontroladas.

Regulus largou o livro em sua cama e se aproximou do irmão. Seu pai estava puxando as pálpebras de Sirius para baixo para examinar lhe os olhos.

— Você dormiu um pouco, filho. – respondeu Orion. – mas agora já está tudo bem.

— Como assim? – o sorriso sumiu do rosto de Sirius, provavelmente ele havia lembrado do ocorrido no Natal.

— Você não estava bem, estava... intoxicado. – respondeu Walburga.

— Intoxicado? – Sirius sentou-se na cama, num pulo. – Como assim? O que vocês estão me escondendo? E as vizinhas? O fogo? A casa delas?

Walburga e Orion trocaram olhares significativos. Orion falou:

— Está tudo bem agora, filho. Consertamos a casa das vizinhas, mãe e filhas estão bem. Entramos em contato com uma irmã da senhora Leloush e ela veio de Lion para cuidar da família. Chegou dia 25 à noite...

— Como assim, dia 25? Que dia é hoje? – perguntou Sirius, olhando pela janela como se o tempo do lado de fora fosse lhe dizer quantos dias haviam passado.

— Você se inalou fumaça tóxica e precisou dormir alguns dias. Hoje é dia 28/12, vamos almoçar em menos de meia hora. – respondeu Orion, sorrindo para passar confiança.

— Eu não quero almoçar com vocês! – gritou Sirius, levantando-se num pulo e abrindo as portas do armário. Um minuto depois o mais velho dos Black estava vestido e saía do quarto, batendo a porta.

Orion e Walburga que até então estavam paralisados, se abraçaram e deixaram o quarto sem olhar para o filho mais novo. Regulus sentiu como se ele fosse, momentaneamente, invisível. Quando a porta se fechou novamente, ele correu para a janela e, como esperava, rapidamente identificou o irmão caminhando na neve branca em direção à casa das vizinhas. Ele soltou um longo suspiro e deixou-se cair sobre sua cama. Teria feito o correto?

Regulus ainda estava sentado em sua cama, passando a varinha de uma mão para a outra, um tanto quanto arrependido de ter acordado Sirius, mas pensando que o irmão seria uma distração bastante útil para ele à noite – ninguém o perceberia usando a lareira à meia noite se Sirius estivesse gritando e brigando. Foi quando a porta da frente abriu e se fechou com estrondo. Sirius havia voltado. Regulus preparou o ouvido para os gritos, mas não houve nenhum som além dos passos do irmão se aproximando pelo corredor.

Regulus acompanhou com o olhar Sirius entrar no quarto e sentar-se na cama, bufando. Quando os olhos dos dois se encontraram, Sirius rapidamente desviou o olhar para a janela. Os dois irmãos permaneceram em silêncio por alguns minutos, sentados de frente um para o outro em suas camas. Regulus pigarreou.

— Elas não estão lá? – ele tentou puxar conversa.

Sirius bufou novamente.

— Estavam. Mas a tia não me deixou entrar. Disse para eu não voltar mais lá.

— Estranho... – a palavra escapou da boca de Regulus, sinceramente.

Sirius olhou para o irmão com curiosidade. Depois olhou para a quantidade de livros na mesa de cabeceira do irmão, junto com um pequeno baú que ele sabia que era onde Regulus guardava seu kit de poções. Ele levantou-se e caminhou até a mesa de cabeceira. Havia, atrás do bauzinho, o pote com a gosma misteriosa e outros frascos sujos de pós de flu e fuligem.

— O que você andou fazendo por aqui? – perguntou Sirius, pegando o pote com a gosma verde.

— Ah, isso não é nada... Fiquei matando o tempo, fazendo umas explosões aqui e ali... você me conhece... – respondeu, tentando disfarçar.

— Assassinando ratos novamente?

— Eu? – ele riu – não, desta vez, não... apenas brincando com...

— Pó de flu? – Sirius franziu a testa – está pensando em reinventar o pó de flu? – Sirius balançou a cabeça para os lados – Que coisa inútil... todo mundo sabe que é barato demais para se tentar fazer em casa... e... – os olhos de Sirius pararam no copo sob a cama de Regulus. Ele se abaixou e pegou o copo na mão.

— Me dá isso! – disse Regulus, tomando das mãos de Sirius, apressadamente.

— O que é isso?

— Isso não é nada. – respondeu Regulus, escondendo o copo atrás de si.

Sirius sendo maior que o irmão conseguiu facilmente tomar-lhe o copo das mãos. No fundo do copo ainda haviam as folhas avermelhadas picadas. Sirius cheirou o conteúdo do copo.

— Isso seria folha daquela árvore de hiena que tem aqui no quintal? – ele perguntou, franzindo a testa e sorrindo, desconfiado – foi você que me acordou?

— Que ideia idiota! Não sei o que é isso! Vamos almoçar, acho que ouvi vovó chamando... – Regulus falou, dando as costas para o irmão em direção à porta.


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