A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 81
81. O bilhete




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O bilhete

A neve que caiu a noite inteira dificultou a saída dos alunos, formando uma longa e barulhenta fila em frente à porta principal. Regulus encostou-se na parede apoiado em uma perna só e ficou observando a fila andar. Já havia decidido ir por último, ele e os amigos acreditavam que os últimos vagões do trem eram os melhores. Seu olhar penetrava nos olhos de todos de modo intimidador, enquanto ele se divertia fazendo questão de desejar, sorrindo, “Feliz Natal” para todas as meninas que passaram por ele. As garotas reagiam das mais diversas maneiras, algumas respondiam radiantes, como se aquilo fosse o melhor presente que poderiam ganhar, outras ficavam vermelhas e outras, como Rachel e Bertha, tomavam sua atitude como grosseira e se afastavam, ofendidas. Ele não ligava, achava graça e mantinha em seu rosto o seu melhor sorriso boas-festas.

Ele acompanhava com o olhar o balançar das vestes e dos longos cabelos castanhos de Mary MacDonald enquanto ela se afastava quando alguém lhe cutucou as costelas.

— Você vai ficar parado aí feito idiota?

Aquela voz bastante familiar só poderia significar uma coisa, Sirius estava indo para casa.

— Feliz Natal para você também, meu amado irmão... Ué, você resolveu ir para casa? – perguntou Regulus, entrando na fila ao lado de Sirius, logo atrás de Lily. – Olá, Lily! Feliz Natal! – ele sorriu.

— O final da fila é lá atrás, apanhador! – disse Potter, que vinha logo atrás de Sirius.

— Está certo. – respondeu Regulus dando os ombros. – Te vejo em casa, Sir!

— Vou com você. – disse Lily, apressada. Fazia pelo menos seis meses que Regulus e Lily não se falavam, por um momento Regulus pensou que ela estivesse, assim como as outras, interessada nele, então ele notou o olhar irritado dela para James e compreendeu que ela estava apenas fugindo do outro garoto.

— Ele está te incomodando? – perguntou, o garoto, já procurando a varinha guardada no bolso de trás das calças.

— Não mais do que o de costume. – respondeu a garota, irritada, embora Regulus tivesse a impressão de que ela fosse sorrir. Ele sacudiu os ombros, “quem entende estas garotas?!” Lily não o acompanhou até o final da fila, acabou ficando com outras meninas no meio do caminho.

Próximo do final da fila estava Severus, que lhe entregou um bilhete, discretamente. Regulus enfiou no fundo de seu bolso, junto com varinha e seguiu até o fim da fila. Então pegou o pedaço de pergaminho  e estava prestes a abrir quando viu que dizia “abra no trem”. Regulus ficou muito curioso. O que Snape estaria planejando? Porque não poderia abrir ali mesmo o bilhete?

A fila demorava demais para andar agora que ele tinha pressa de entrar no expresso. Será que os outros não podiam andar mais rápido? Regulus aguardava impaciente sua vez de tomar um lugar numa das muitas carruagens que seguiam para Hogsmeade quase sem deixar rastros na neve fofa. Ele olhou atentamente para as carruagens que seguiam rápidas pelo caminho, praticamente flutuando, sem poder enxergar os testrálios que as puxavam voando baixinho, sem deixar pegadas na neve.

Regulus tomou um lugar na carruagem e se sentou ao lado de Amifidel. Sua ansiedade lhe deixava consciente o tempo todo do pequeno pedaço de papel amassado em seu bolso. Ele precisava ler logo o que Severus havia mandado. E se Rosier tivesse permitido que ele entrasse no clube sem passar pela prova? Ele olhou para os lados. Se fosse isso, não intercederia pelos garotos, eles não mereciam.

Tão logo entrou no trem, Regulus procurou um lugar vazio ao fundo do corredor e abriu o bilhete, onde estava escrito:

“28/12, à meia noite. Use a rede de flu: 27, Spinner’s End, Cokeworth. Venha sozinho.”

Ele leu o endereço mais uma vez. Alguém havia lhe falado que morava em Cokeworth, mas quem? Ele franziu o cenho, não conseguia lembrar. Seria a oportunidade que ele esperava para falar com Rosier sobre seus planos? O coração de Regulus quase saiu pela boca.  Ele tinha menos de quatro dias para preparar alguma coisa.

— Reg, o que você está fazendo parado aí? O trem já vai partir. Já achamos uma cabine vazia, venha!

Regulus olhou para Amifidel e enfiou o bilhete no bolso apressadamente, quando notou que Jack espiava por uma fresta da porta de uma cabine próxima

— O que você tem aí, Black?

— Não é nada. – ele respondeu para Jack, entrando na cabine, tomando o cuidado de não lhe dar as costas.

— Se não é nada, você não vai se importar de mostrar “nada” pra gente, não é? – disse John às suas costas, enquanto puxava de dentro do bolso de Regulus o bilhete amassado.

— Me devolve isso! – gritou Regulus, puxando o bilhete da mão de John, partindo-o em três.

— Hum..... dia 28/12, meia noite... o que é isso, Reg?

— É... – Regulus abaixou a cabeça rapidinho e fingiu estar envergonhado – é... é um encontro. Vou ver uma menina, está bem?

Jack abaixou-se e pegou a parte do bilhete que havia caído no chão, onde se lia, “sozinh”.

— Ela vai esperar você sozinha à meia noite, é?

— Vai. Algum problema? Quer o endereço também para avisar o pai dela? – Regulus enfiou o restante do bilhete na boca e o mastigou. Não podia correr o risco de que alguém lesse. Não queria ser expulso do clube antes mesmo de ser aceito.

— Reg tem um encontro! Reg tem um encontro! – Jack e John cantarolavam sem parar dentro da cabine, observando pelo visor da porta o rosto das meninas que passavam. Nenhuma delas parecia satisfeita com a notícia. Quando Bethania passou pela janela e também pareceu aborrecida com a notícia, John parou subitamente de cantar e olhou enfurecido para Regulus. Regulus abriu a porta da cabine e foi atrás de Bethania.

— Beth, você gostaria de ver uma coisa?

A garota se virou e sorriu para ele.

— Claro! Como tem passado, Reg? A gente não tem conversado muito desde... desde segunda-feira.

— De fato. Eu estou em detenção com Slughorn, lembra? Vamos comigo até minha cabine? Eu tenho um amigo que gostaria muito de te conhecer...

Bethânia sorriu.

— Está bem.

Regulus a acompanhou até a cabine, abriu a porta e disse:

— Pessoal, esta é minha amiga Bethânia. Bethânia, esses são Ami, Jack e meu amigo John. John estava contando para a gente que viu você enfeitiçando uma maçã para que se partisse sozinha durante o café da manhã e todos ficamos interessados em saber como você fez aquilo.

Os garotos e Bethânia ficaram todos bastante desconsertados com a mentira de Regulus. Bethânia, como qualquer garota da Corvinal que se preze não queria admitir que se ele havia visto alguém partindo uma maçã não tinha sido ela e, de fato, ela nem sabia como fazer tal feitiço. E John entendeu que Regulus só estava tentando aproximar a garota, então não desmentiu nada.

— Uma pena que não temos maçãs aqui... Mas eu adoraria ouvir sobre os feitiços que você sabe fazer. – disse John, todo galante.

A menina sentou-se ao lado de John, sorridente.

Regulus sorriu, satisfeito. Aquilo deveria ser suficiente para que o amigo o deixasse em paz. Ele sorriu mais uma vez para os dois, pegou seu livro de poções e sentou-se próximo à janela. Ele folheou o livro até o capítulo sobre ingredientes de poções e permaneceu quieto, lendo o livro e cochilando de tempos em tempos até chegar em Londres, totalmente alheio à conversa que seguia animada na cabine com a chegada das amigas de Bethânia.


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