A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 78
78. Normalidade




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Normalidade

A ideia de escalonar as meninas para trabalhar dera certo, as estufas estavam menos tumultuadas e o trabalho voltara a ser agradável, embora elas continuassem misteriosas acerca do saco de estrume de dragão, evitando a todo custo que ele se aproximasse ou lançasse o feitiço para cessar o encantamento.

Regulus achava graça, elas faziam uma fila para pegar pequenas porções de estrume, falavam algo para o saco, ele respondia e repetidas vezes uma ou outra saía gritando contente, tão distraidamente que não foi uma ou duas vezes que lançavam as mãos para cima e acabavam lançando seu conteúdo junto, que caia inevitavelmente sobre a garota contente. Isso dava prazer às outras.

“Quero ver você ficar com ele agora”, dizia uma, “pode cantar sua vitória, mas saiba que é por pouco tempo... logo ele será meu!” Regulus achava divertido, mas estava longe de compreender porque tanto queriam um saco de estrume e ainda mais intrigante era que elas se referiam a ele como uma pessoa... Incontáveis vezes ele se pegou dando os ombros. E mais do que mil vezes ele se pegou acudindo uma ou outra que havia se sujado demais ou tinha esterco nos olhos, ou perto da boca. Gentilmente, ele as limpava com um lenço umedecido em água morna e um pouco de essência de lavanda. Quando isso acontecia, as outras fechavam a cara. E mais uma vez ele dava os ombros. Pouco importava que as meninas estavam todas alucinadas por um saco de estrume, pelo menos continuavam a ajuda-lo e agora ele só precisava eventualmente apontar a varinha e aquecer as porções que elas traziam.

Era domingo à noite, Regulus fazia seu caminho de volta ao castelo acompanhado de Bethania, Alice, Bertha e Rachel. Ao que tudo indicava, no dia seguinte não teria que voltar às estufas. Ele se sentia aliviado com isso, embora as meninas parecessem entristecidas. Fosse o que fosse que o saco de estrume estava falando para elas, nenhuma delas parecia querer parar de ouvir. E ele duvidava que a professora fosse gostar de saber.

Chegando ao castelo ele se despediu de todas com um beijo no rosto. Para sua surpresa, mesmo Rachel aceitou seu beijo. Aquilo era intrigante, ele olhou nos olhos dela por alguns segundos sem entender. Então o transe pareceu acabar e ela lhe deu as costas, bufando.

Regulus sorriu. Enfim a vida iria voltar ao normal. Alice esperou que as outras garotas se afastassem e perguntou:

— Reg, vamos jogar xadrez depois do banho? Na sala secreta?

— Hoje não, Alice. Vou até a ala hospitalar ver como a professora Sprout está. Ver se vamos precisar continuar amanhã... E estou cansado... hoje parecia que as meninas estavam ainda mais distraídas e se sujavam toda hora... Me conte, afinal, qual a senha?

Alice ficou muito vermelha. Roxa, na verdade, enquanto os dois desciam as escadas.

— Não posso.

— Hum, está amaldiçoado? Quem contar a senha sofre um castigo?

— É isso... mais ou menos isso... – ela respondeu, aliviada. Não teria que contar a senha e o motivo de tanta euforia.

— Está certo. Bem, ainda precisamos de um banho. Até amanhã, Al!

— Até amanhã, Reg! Se precisar de ajuda, é só falar durante o café da manhã.

Regulus sorriu em reposta e parou para observar a garota sumir no longo corredor que levava à cozinha. Então começou a descer a escada para ir para as masmorras quando os degraus sumiram e ele escorregou sentado até o nível mais baixo. Caiu rolando pelo corredor. Aquilo já tinha passado dos limites! Notando que alguém se aproximava na penumbra, ele sacou sua varinha e gritou:

Protego!

Uma onda de energia saiu de sua varinha e atingiu Severus Snape, que caiu sentado.

— Porque você acha que eu iria perder meu tempo atacado você, Black?

Regulus levantou-se e caminhou em direção ao amigo, estendendo-lhe a mão.

— Me desculpe. Não vi que era você. Eu não sei o que anda acontecendo, mas tem um grupo de garotos me pregando peças o tempo todo. Já cansei disso! Não consigo dar dois passos sem ser atacado.

— Agora você sabe como me sinto em relação ao seu irmão e sua gangue...

— Potter... eu sei. Melhor nem entrarmos neste assunto... – os dois começaram a caminhar lado a lado em direção à masmorra da Sonserina. - Mas o que você está fazendo aqui? Tenho notado que toda noite de domingo você e os outros se encontram com... – ele abaixou a voz – Rosier.

 Os dois seguiram o caminho conversando aos sussurros.

— Estamos com problemas de comunicação. Ros... ele acha que fomos descobertos, então resolveu mudar o meio de marcar o novo encontro e tem mudado o local constantemente. Mas até agora não recebemos a mensagem que ele disse que iria mandar. Não sei o que aconteceu... Ele faria qualquer coisa para resolver o problema.

Essa informação iluminou os olhos de Regulus.

— Então você está me dizendo que se eu conseguir resolver o problema de comunicação eu vou ser admitido?

— Muito provavelmente.

Regulus sorriu.

— O que você tem em mente? – Severus perguntou, curioso.

Regulus olhou nos olhos de Severus. Parecia que podia confiar no amigo.

— Se você me contar o que fez para entrar no clube e se prometer a me ajudar, eu conto.

Severus suspirou.

— Não posso contar... Mas vou ajudar. Não conte a ninguém.

— Você tem minha palavra. – ele respondeu, seu rosto se iluminando mais uma vez.

Eles haviam chegado à porta da sala comunal da Sonserina. Severus falou a senha e os dois entraram.

— E então, qual a sua ideia? – ele sussurrou, embora a sala estivesse completamente vazia.

— A lareira. – Black respondeu, indicando com a cabeça.

— John me contou que está inativada, que vocês tentaram usar, mas foram pegos por Slughorn. Disse que foi sua culpa... – completou, erguendo uma sobrancelha.

— Continua sendo uma passagem mágica, mas deve estar bloqueada para transportar pessoas... Agora voz não tem matéria, tem?

Severus olhou para a lareira, franzindo a testa.

— É, não tem... Mas pode ser ouvida por outras pessoas...

— Bem, vou tentar fazer isso funcionar para enviar a voz...

— E eu tenho uma ideia que talvez funcione para evitar bisbilhoteiros... Mas preciso trabalhar mais nisso... Black, acho que vai dar certo. – Severus comentou, sorrindo levemente.

Regulus estendeu a mão:

— Claro que vai! Me dê algum tempo, vou resolver isso. Amigos novamente?

Severus apertou-lhe a mão.

— E cúmplices... – ele sorriu. – agora faça o favor de tomar um banho... você está fedendo.

— Eu sei, eu sei. – respondeu Regulus, sorrindo, enquanto caminhava em direção ao dormitório.

Após o banho, o garoto foi até a ala hospitalar. Estava tudo escuro. Ele entrou, fazendo a porta ranger como um grito agourento. Aquilo lhe deu um calafrio. O garoto olhou na direção onde a professora Sprout esteve fazendo seu repouso e a cama estava vazia. Seus olhos se arregalaram de terror, ao mesmo tempo que ouviu passos apressados em sua direção. Ele engoliu em seco e se virou para ver quem era.

— Black, o que faz aqui a esta hora? – perguntou madame Pomfrey.

— Vim ver a professora Sprout.

—Ah, você não soube? – a enfermeira sorriu, - ela já voltou para seus aposentos. Está novinha em folha! Amanhã deve procura-lo, ficou sabendo que você e as meninas fizeram um ótimo trabalho nas estufas.

Regulus sorriu.

— É, acho que sim. Bem, então vou dormir. Boa noite, madame.

Ele voltou o mais rápido que pode para a masmorra da Sonserina. Estava exausto. O garoto abriu a porta do dormitório quando ouviu ao longe o relógio da torre batendo as onze horas. Tudo o que mais queria era se atirar na cama, mas ainda tinha que vestir o pijama. Abriu o malão com cuidado para não acordar os outros, trocou de roupa e deitou-se.

Após virar de um lado para o outro sem conseguir dormir, ele sentou-se na cama e ficou observando os colegas de quarto que respiravam sonoramente. Levantou-se e começou a andar de um lado para o outro em seu dormitório. Era engraçado notar, na penumbra do quarto, a posição dos corpos dos amigos sobre suas camas. Pareciam ter sido estuporados, não estavam propriamente deitados, estavam jogados sobre suas camas, desmaiados de cansaço. Regulus sentia inveja do sono deles. Ele tinha tantas coisas na cabeça que seria difícil dormir. O clube, a gosma da lesma preta, a lareira, as meninas, o saco de estrume... “Eu daria tudo para saber o que o saco falava!”, ele pensou, sorrindo, enquanto deitava na cama mais uma vez. Mal sabia ele que a resposta para isso chegaria na manhã seguinte.


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