A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 77
77. A senha




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A senha

No dia seguinte Regulus encontrou com Alice e os dois fizeram o caminho das estufas juntos. Ao chegarem lá ele se espantou ao notar a enorme quantidade de meninas em suas vestes de trabalho que sorriam e acenavam para ele às oito e meia da manhã, à porta da estufa três. Tudo indicava que a diversão do dia anterior havia se espalhado e todas as garotas de Hogwarts estavam lá. Regulus sorriu para elas. Estranhamente, até mesmo Rachel Broadmoor havia se juntado ao grupo. A sua beleza estonteante a destacava do grupo, Regulus parou o olhar sobre ela alguns instantes, duvidando de seus olhos. O que ela estaria fazendo lá?

— Bom dia, meninas! Eu não sabia que Herbologia era tão popular assim... E tampouco imaginava que iria ter tanta ajuda quando a Professora Sprout me pediu que cuidasse das estufas para ela. – Ele disse, sorrindo bastante, enquanto notava que as meninas do grupo inicial tentavam se aproximar dele, empurrando as outras para o lado.

— Você vai deixar todo mundo ajudar? – perguntou Bethania, a garota dos cabelos ruivos, mostrando seu desapontamento.

— Ora, claro, Bethania! Quanto mais gente melhor, assim todos estaremos livres antes do almoço. – ele respondeu ainda sorrindo bastante, apesar de suspeitar levemente que algumas das meninas fossem desistir de ajudar depois de saber do que se tratavam as tarefas. Principalmente o que envolvia esterco de dragão.

Para a sua surpresa, nenhuma delas desistiu depois que ele explicou minunciosamente o que tinham que fazer, e todos terminaram as tarefas na metade do tempo do dia anterior. Voltaram para o castelo rindo bastante, enquanto combinavam o próximo encontro nas estufas às 15h30, sob os olhares curiosos e invejosos de garotos de todas as casas.

Regulus passou o restante da manhã na biblioteca tentando descobrir algo sobre a gosma misteriosa sem obter nenhum sucesso, provavelmente pelas constantes interrupções das garotas que vinham perguntar sobre qualquer coisa ou comentar sobre a diversão nas estufas. Desta vez ele não se aborrecia com as interrupções, achava graça e divertia-se comentando um ou outro episódio.

— Foi mesmo muito engraçado quando Bethania ficou enroscada nos tentáculos da Snarfalump. Foi sorte a Alice lembrar do truque de fazer cócegas na base da planta... – ele comentou com uma garota cujo nome ele não conseguia lembrar, só sabia que era amiga de Lily Evans.

Tudo parecia ocorrer bem naquele dia, graças à ajuda das meninas, ele teria tempo de pesquisar e jogar xadrez de bruxo com Alice e, talvez, se divertir com os garotos também. Ele inclusive pensou que poderia chamar os colegas de quarto para ajudarem nas estufas, achou que fossem gostar de trabalhar rodeado de meninas – ele gostava. Estranhamente, os garotos não pareciam achar uma boa ideia.

Às três e meia da tarde, ele estava caminhando em direção às estufas número quatro quando tropeçou mais uma vez em cordas invisíveis e caiu, batendo a cabeça em uma pedra que estava encoberta pela neve. O garoto desmaiou. As meninas que estavam próximas, correram para ajudar. Enquanto duas delas foram buscar ajuda, as outras seguraram ele carinhosamente. Uma delas pegou de sua mão o pergaminho com as tarefas a cumprir e, assim que o Professor Slughorn apareceu e o levou para dentro do castelo, elas foram para as estufas cumprir as tarefas.

Regulus acordou duas horas depois, na ala hospitalar, rodeado por meninas sujas dos pés à cabeça, fedendo bastante e algumas tinham marcas arroxeadas em torno nos pulsos como se tivessem sido amarrados fortemente.

— Meninas! O que aconteceu com vocês?

— Alguém enfeitiçou o saco de estrume de dragão... toda vez que tentávamos colocar a mão lá, o saco se fechava e prendia nossa mão fortemente. A gente precisava lutar contra ele para tirar a mão de lá... Ai! – gritou a menina enquanto a enfermeira examinava seu pulso.

— Oh, não! Vocês se machucaram muito? E então as plantas ficaram à mercê do frio?

Professora Sprout, que estava em uma cama próxima, escondida por um biombo, sorriu ao ouvir o tom de preocupação do garoto.

— Não. – respondeu Alice. – conseguimos dar um jeito.

— Finite incantatem? – ele perguntou?

— Ah, nem lembramos de usar na hora... Mas ela descobriu a senha....  – Bethania apontou com a cabeça para Rachel, que estava sentada em uma cama próxima, em estado deplorável com um olho roxo, toda suja e desarrumada. Ela olhou para Regulus e depois bufou.

— Então era só falar a senha e o saco se abria gentilmente para gente... – disse Bethania.

— E qual era a senha?

As meninas se fizeram de desentendidas e não responderam. Bertha Jorkins olhou feio para ele. Ele nem havia notado que a garota também estava lá.

— Meninas, me desculpem. Não queria que nada disso tivesse acontecido. Não fui eu quem enfeitiçou o saco de estrume...

— Sabemos que não, Reg. – disse Alice, acariciando sua mão.

Ele sorriu, embora sentisse um estranho choque que lhe arrepiava agradavelmente a espinha enquanto ela tocava em sua mão. Tudo estava voltando ao seu devido lugar. Ela o havia chamado de Reg e acariciado sua mão. Subitamente ele se sentiu fortalecido e pronto para voltar às suas tarefas.

A enfermeira Madame Pomfrey o liberou da ala hospitalar um pouco depois da hora do jantar, então ele correu para as estufas, onde as meninas já se encontravam trabalhando. Regulus notou que elas faziam uma enorme fila em frente ao saco de estrume, falavam alguma coisa incompreensível, o saco se abria e respondia algo igualmente incompreensível, depois relaxava a abertura e permitia que pegassem uma pequena porção. Aquilo era esquisito, ainda mais que quando voltavam com o adubo em pequenos baldinhos, a maioria delas sorria. Aquilo era muito bizarro.

Alice se aproximou dele, sorrindo.

— Qual é mesmo a senha para abrir o saco?

A garota ficou vermelha.

— Não se preocupe com isso, Reg. Deixe que a gente pega para você. – ela respondeu, forçando um sorriso.

— Ora, Alice, não é justo. Vocês estão fazendo tudo sozinhas, eu fico aqui só olhando... Eu posso dar um jeito e acabar com este feitiço para vocês. – ele disse, aproximando-se da fila. Subitamente as garotas fizeram um círculo em torno do saco de estrume de dragão, protegendo-o.

— Você não vai fazer nada! – disse Bethania.

— Deixe o pobre saquinho, não está fazendo nada de mal. – completou a amiga da Lily.

— E nós já estamos acabando por aqui... Vá cuidar de outra estufa. – respondeu Rachel, rispidamente. Apesar do tom de sua voz ser o habitual, havia nela algo diferente, um olhar maníaco.

Regulus balançou a cabeça. Aquelas meninas estavam agindo muito estranhamente. Todas, inclusive Alice. Porque defenderiam o saco de estrume?

Ele seguiu para a estufa 4, cuidar dos vasos azuis, sozinho.  No momento que chegou na estufa, a porta sumiu e no lugar havia uma parede de gelo. Regulus apontou sua varinha:

— Finite Incantatem!

O gelo, como ele suspeitava, era apenas uma ilusão. Regulus entrou na estufa, sem notar o grande buraco que havia sido escavado logo na entrada. Inevitavelmente ele caiu. Foi uma queda de 3 metros de altura. Ao longe, ele ouviu risos. O garoto sentou-se. Massageando os joelhos feridos na queda, ele olhou para cima, irritado. O buraco enchia-se de neve lentamente.

— Alguém me ajude! – ele gritou.

— Alguém me ajude! – uma voz distorcida de garoto o imitou. Lembrou-lhe a voz de Crouch.

— Hey, chega de brincadeira! Me ajude aqui!

Ele ouviu uma risada, depois passos se afastando.

— Isso é para você aprender... – gritou um garoto.

— ... A não mexer com as nossas garotas! – terminou outra voz igualmente desconhecida.

Quem estaria sabotando-o daquela forma? Primeiro as cordas mágicas que o derrubavam a todo momento, depois o saco de estrume encantado, agora a parede e o buraco. E tudo por causa das meninas! Aquilo não fazia o menor sentido para ele. Ele levantou-se e tentou em vão escalar o buraco. Caiu uma, duas, três vezes. Então notou que a neve escorregava para dentro do buraco em maior intensidade.

— Droga! – ele disse, ao notar que seus pés já estavam completamente cobertos de neve e lama.

— Black! O que você está fazendo aí embaixo? – perguntou Rachel, espiando para dentro do buraco.

— O que estou fazendo? Ora! O que você acha que eu estou fazendo? – ele respondeu, irritando-se.

— Reg! Você caiu! – Alice havia chegado.

“Parece óbvio!” pensou, mas não disse nada. O olhar carinhoso de Alice o acalmou. Aos poucos as garotas foram se aproximando e em pouco tempo já não havia espaço na luz do buraco para mais nenhuma cabecinha curiosa.

— Vocês estão derrubando mais neve aqui! – ele disse, agora mais calmo.

— Desculpa, Reg! Vamos ver se conseguimos uma corda ou... – falou Alice.

— Corda? Por acaso você não tem uma varinha garota? – zombou Rachel. – Escuta aqui, Black, pegue sua varinha e aponte para cima.

Ela aguardou ele fazer isso.

— Agora fale firmemente o encanto: “ascendio!”.

Ascendio!

Regulus foi lançado para fora do buraco para o meio das garotas, que empurraram umas as outras para disputar quem iria recebê-lo, como se ele fosse uma grande goles e elas, artilheiras de times rivais.

— Obrigado, meninas. Eu estou bem. – ele disse, desvencilhando-se das muitas mãos que o apertavam e puxavam em direções diversas.

— Obrigado, Rach.... BETHANIA! – ele gritou, enquanto ajoelhava-se para pegar a garota que estava escorregando para dentro do buraco. Aquilo estava se tornando perigoso. Ele içou a menina para fora do buraco e levantou-se. – Olhem, meninas, vocês ajudaram muito hoje, obrigado. Agora acho que dou conta do resto sozinho, não tem muito o que fazer por aqui e está ficando perigoso, tem muita gente aqui. Depois a gente combina uma maneira de escalonar o serviço, aí todas que querem ajudar terão uma oportunidade. – ele notou muitas meninas desanimarem um pouco. – agora voltem para o castelo, estão todas sujas e molhadas ou vão acabar doentes como a professora Sprout.

As meninas se despediram dele e foram voltando para o castelo em pequenos grupos.

— Tem certeza que não vai precisar de ajuda, Reg? – perguntou Alice.

— Tenho. Pode ir.

Ele disse. Sentia-se aliviado por estar sozinho novamente. O silêncio da estufa lhe trouxe paz. Regulus apontou sua varinha para os vasos de cor azul arroxeados “Aguamenti!” e começou a regá-los. O que estaria plantado lá?


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