A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 72
72. O fã clube




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O fã clube

Como se fosse um raio, Regulus saiu em direção à porta de entrada da escola. Ele queria encontrar Alice assim que ela chegasse de Hogsmeade, assim teriam alguma chance de passar um tempo juntos, jogando xadrez e conversa fora. Ele caminhou vagarosamente e então se sentou na fria escadaria de mármore. A neve fora de hora que caíra na noite anterior começava a derreter, fazendo pingar largas gotas dos telhados. Ele ficou entretido com o som que faziam durante algum tempo até que percebeu uma pequena quantidade de meninas em seu entorno. Ele sorriu para elas.

— E aí, meninas? Tudo bem? Precisam de alguma coisa?

As meninas se entreolharam, dando risadinhas tímidas. Uma garota minúscula, provavelmente do primeiro ano, ruiva e sardenta, que usava grandes óculos de aros verdes respondeu-lhe:

— Nós estávamos querendo saber como foi que você conseguiu ajudar a professora Sprout. Estamos curiosas para saber sobre os tais cava-charcos. Como eles se parecem?

Regulus sorriu. Então as meninas queriam saber sobre o episódio nas estufas. Ele suspirou aliviado. Não era sobre o roubo do pó de flu.

— Ah, então é isso! – respondeu, sorrindo, - vai ser um prazer contar a vocês, perguntem o que quiserem! Os...

Ele ia começar a contar sobre os cava-charcos quando uma outra garota, que ele achou ser do segundo ano, de cabelos pretos e dentes brancos como a neve interrompeu:

— Você está mesmo namorando a apanhadora da minha Casa, Rachel Broadmoor?

Ele riu. Aquilo era divertido. As garotas sentaram-se ao redor dele na escada gelada de mármore.

— Não, de forma alguma. Aquilo só foi um encontrão durante o jogo. Não somos sequer amigos. Eu continuo procurando uma namorada... – acrescentou olhando para cada uma delas nos olhos, o que as fez deixar escapar risinhos excitados. Ele achou aquilo realmente interessante. – Bem, como eu ia dizendo, foi muito divertido ajudar a professora Sprout e o professor Kettleburn... e muito perigoso também, pois, não sei se vocês sabem, mas tanto os cava-charcos que estavam atacando as mandrágoras quanto elas, são muito perigosos. Os cava-charcos são animais que a princípio parecem um inofensivo toco de árvore morta, mas quando abrem a boca! Que dentes afiados! Eles têm várias fileiras de dentes enormes e afiadíssimos e o primeiro quase me mordeu! Olhem! – ele puxou a calça para cima na altura do joelho e abaixou a meia, expondo um vergão bastante vermelho em sua canela direita, além de expor os pelos longos, encaracolados e pretos de sua perna branquíssima, o que, para algumas meninas, era ainda mais interessante que o próprio ferimento. Regulus notou isso e demorou-se um pouco para abaixar a perna da calça. – Quando percebi o brilho daqueles dentes pontiagudos vindo em direção à minha perna, apontei minha varinha e lancei um feitiço paralisante sobre ele! – ele mimicou o apontar de sua varinha e gritou – Petrificus Totalus! O animal caiu durinho no chão, então o guarda-caças colocou ele num saco e eu continuei a petrificar os outros. Eles se escondiam em cada lugar que vocês nem conseguem imaginar!

— E as mandrágoras, porque são perigosas? Elas também tem dentes? – perguntou a ruivinha.

— Bem, tem alguns, mas isso não é o que importa. As mandrágoras são plantas cujas raízes se parecem com pessoinhas muito feias. As folhas são os cabelos. Quando estão fora da terra elas se sentem ameaçadas e gritam. O grito da mandrágora pode matar!

— E o que é que vocês fizeram para se proteger?

— Abafadores de ouvido. A professora Sprout tem vários deles, colocamos mesmo antes de entrar na estufa.

— E como vocês se comunicavam? – perguntou uma terceira.

— Por gestos. Uma hora uma mandrágora que a professora Sprout pegou num pulo quase arrancou meus abafadores. – ele riu - Quase que a escola ganha um herói morto.

Regulus se deliciou por alguns instantes ao ver os olhos arregalados de espanto das meninas. Era bom ver que ela se importavam com ele. Então ele continuou seu relato, animadamente. Tão animadamente que ele não percebeu quando o diretor passou por trás dele, junto com o professor Slughorn, comentando, enquanto caminhavam em direção aos portões de Hogwarts: "Como você pode ver, Horacio, é sempre melhor louvar boas ações do que punir uma escolha imatura e um impensado passo em falso ... '

Já passavam das quatro da tarde e o garoto continuava na escadaria de entrada, com seu fã-clube. Ele já havia contado tudo sobre o episódio nas estufas e dado inclusive, dicas de como lançar os feitiços para petrificar e limpar, aquecer as mãos já que a temperatura voltara a cair – e dado dicas sobre poções.

— ... foi muito engraçado, de repente eu me virei para pegar o pomo e ela abriu os braços e me agarrou daquele jeito que vocês viram.... hahahaha... eu acho que ela queria pegar o pomo, mas não tenho certeza, foi muito estranho... – ele terminava de narrar o jogo contra Corvinal quando viu Alice se aproximar. Pela primeira vez naquela tarde se sentiu desconfortável por estar rodeado de meninas.

— Oi, Alice. – ele disse, levantando-se constrangido como se estivesse fazendo algo errado.

Alice olhou ao redor para as meninas e ergueu as sobrancelhas, soltou um suspiro e então respondeu.

— Oi, Regulus Black.

Ele estranhou, ele não lembrava dela o ter chamado assim nenhuma vez antes.

— Eu... eu estava esperando por você... preciso te contar umas coisas...

Ela deu outra olhada para ele e depois para as meninas novamente, colocou as mãos na cintura e disse:

— Conta.

— Bem, você não quer ir guardar suas compras no seu dormitório? Eu encontro com você perto do saco de batatas, pode ser? Em cinco minutos...

— Pode ser.

Alice deu-lhe as costas e terminou de subir as escadas. Regulus teve a impressão de ouvi-la bufar e isso o preocupou um pouco. O que estaria acontecendo?

— Bem, meninas. Foi um prazer conversar com vocês, mas eu preciso ir.

— Ela é sua namorada? – perguntou a menina ruiva.

Ele sorriu.

— Não, não é. Ela é minha melhor amiga... bem, vejo vocês por aí.

Ele despediu-se dando um beijo na bochecha de cada uma delas. Como se fosse o efeito de uma alergia súbita, todas começaram a suspirar assim que ele virou as costas e entrou no castelo. Regulus ouviu-as cochicharem coisas como “ele é tão bonito!” ou “tão forte!” e ainda, “tão fofo”. O garoto olhou para seu corpo. Ele sempre se julgara mirrado e magrela, uma vez que era mais baixo e menos encorpado que o irmão. Ele riu. Era muito agradável ouvir tais comentários. Então apressou o passo. Não poderia correr o risco de deixar Alice esperando.

Para o seu alívio, ela não estava lá. Sem saber o que fazer, Regulus pegou duas batatas e começou a fazer malabarismos. Depois de derrubá-las pela segunda vez, decidiu que não era bom o suficiente com as mãos. Pegou sua varinha e lançou um feitiço fazendo-as flutuar e rodopiar no ar. Ele divertia-se com as batatas quando Alice chegou.

— Oi. – disse ela, sem sorrir.

O garoto deu um pulo e derrubou as batatas no chão.

— Então, onde vamos, Black?

Regulus sentiu um certo desprezo em sua voz e tentou não contrariá-la.

— Pensei em pedir um chá na cozinha. – ele sorriu – o que você acha?

— Pode ser.

Ele caminhou em direção à grande pintura de frutas e fez cócegas na pera. Ela transformou-se em uma maçaneta verde, ele a abriu e entrou.

— Então é assim que você faz? Não sabia...

Regulus sorriu. Pelo menos o tom de voz dela estava mais amigável.

— Bem, na primeira vez os elfos abriram para mim. Depois eles me ensinaram o truque. As damas primeiro. – ele indicou o interior da cozinha. Alice entrou e ele entrou em seguida, fechando a porta às suas costas.

A cozinha estava bastante agitada os elfos andavam apressados de um lado para o outro, alguns cortavam legumes a um canto, enquanto travessas cheias voavam graciosamente pelo ar, caldeirões fumegavam e certamente havia algo em seus grandes fornos. O lugar estava agradavelmente aquecido. Um elfo veio ao seu encontro, cumprimentou-os com um aceno de cabeça e perguntou:

— Em que posso ajuda-los?

— Bem, imagino que vocês devem estar ocupados com o preparo do jantar, mas gostaria de lhe pedir duas xícaras de chá, se não fosse incômodo.

— Pois não, senhor. Sentem-se. Trarei o chá. Aguardem aqui.

O elfo estalou os dedos e uma pequena mesa redonda com duas cadeiras surgiu no meio do corredor. Regulus puxou, gentilmente, uma cadeira para Alice e depois que ela estava acomodada, sentou-se à sua frente.

— Então, o que você queria me contar? – ela perguntou, ainda incomodada.

Ele tirou a rainha branca do bolso e girou-a nos dedos. Queria falar-lhe da detenção sem contar o que havia feito. Mas como?

— Bem, eu precisava dizer que não poderemos mais jogar xadrez todas as tardes depois das aulas como havíamos combinado...

— Ah, imaginei que era isso... – ela disse, num tom gélido.

— Como assim, você imaginou?

— Imaginei que depois do jogo de ontem, você não iria ter mais tempo de jogar xadrez...

— Como?

— Achei que Rachel não iria querer...

Regulus soltou uma gargalhada.

— Você tá brincando comigo, não é? O que a Rachel poderia ter a ver com tudo isso? Você não está pensando que eu e aquela menina temos alguma coisa, está?

— Não tem? – ela franziu a testa – e o que foi aquilo diante da escola inteira? Você afagou os cabelos dela e depois ela te agarrou!

— Eu mexi nos cabelos dela só para distraí-la. Estratégia de jogo. Depois o pomo ficou atrás da minha orelha, quando me virei para pegá-lo, Rachel deu um impulso para frente e tentou pegar o pomo na mesma hora que eu. Não tivemos como frear as vassouras a tempo e aquilo que você viu foi um encontrão. Ela fechou a mão dela sobre a minha, sorte que o pomo estava bem preso, senão ela teria ganhado o jogo. O resto foi obra da doida da Bertha Jorkins. Ela estava mesmo atacada ontem, não é?

Alice sorriu, aliviada, assentindo com a cabeça. O elfo se aproximou e serviu-lhes o chá. O elfo baixinho, Toffee, trouxe uma travessa de bolinhos para acompanhar. Os garotos agradeceram e voltaram a conversar, entre um gole de chá e outro.

— E o que era aquele monte de meninas com você quando eu cheguei?

Regulus sorriu mais uma vez.

— Ah, você viu as meninas? São do primeiro e segundo ano. Estavam curiosas como todos para saber detalhes sobre o jogo e o episódio nas estufas. Nada demais. Foi divertido conversar com elas.

— Imagino... – Alice sorriu novamente, então olhou para a rainha branca e fez menção de pegá-la. Regulus interveio, rindo:

— Tira a mão que a rainha é minha!

— Ué, pensei que você disse que não ia poder jogar...

— Não mais no horário que combinamos, talvez alguns dias no horário do almoço, ou nos finais de semana, quando der...

— Quando der... Está certo... Você pode me contar o que está acontecendo? Outro dia eu vi aquele garoto esquisito, o Crouch, entrando na Floresta Proibida ao entardecer, seguido por Severus... Vocês não estão inventando uma seita secreta ou algo assim, não é mesmo?

Regulus engoliu em seco. Então era na Floresta Proibida que eles se encontravam? Adoraria poder segui-los...

— E então? É algum tipo de encontro secreto?

— Não. Nada assim tão glamoroso... Peguei uma detenção...

— Uma detenção?

— É... Os garotos e eu vamos passar um mês ajudando Slughorn após as aulas...

Alice riu.

— O que vocês aprontaram?

— Hum, explodimos umas coisas na sala comunal hoje cedo... foi por isso que não pudemos ir à Hogsmeade.

— Explodiram?

— É, estávamos praticando uns feitiços... Duelos, sabe? Não sei quem foi, mas alguém atingiu a lareira e foi fuligem para todo o lado. Slughorn fez a gente limpar sem usar magia... deu um trabalhão! – ele balançou a cabeça.

— E vocês ficaram todos sujos, não é?

— Ficamos, porque?

Alice esticou o braço e esfregou gentilmente atrás da orelha dele. ele sentiu seu coração disparar e o rosto aquecer.

— Tinha sobrado uma mancha preta aqui. – ela disse, rindo.

Regulus sorriu para ela. Iria ser uma tortura não ter Alice para conversar todas as tardes.


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