A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 68
68. Benditas Mandrágoras!




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Benditas mandrágoras!

Se havia uma coisa da qual Regulus não podia se queixar era de tédio. Sua vida em Hogwarts, como sempre, estava agitadíssima. Para sua sorte (ou azar, pois ele já estava se lamentando por ter se disposto a observar os professores Kettleburn e Sprout), de alguma forma havia aparecido uma nova praga nas estufas, e os dois professores estavam envolvidos em acabar com a infestação. Naturalmente Regulus achou que esta seria uma ótima forma de se aproximar deles e se ofereceu para ajuda-los.

— Então você quer ajudar, Black? Isto é maravilhoso! Quando falei sobre a infestação de cava-charcos na plantação de mandrágoras os alunos simplesmente sumiram! – disse a professora de Herbologia enquanto caminhavam lado a lado para a estufa número três, encantada pela vontade de Regulus em ajudar. – Professor Kettleburn já deve estar lá, junto com Rubeos Hagrid. Eles saberão o que fazer.

O professor de Trato das Criaturas Mágicas e o guarda-caças estavam, como era esperado, do lado de fora da estufa.

— Professora Sprout, vejo que trouxe reforços. – disse o professor, sorrindo para Black.

— Ah, sim. O senhor Black passava pelo corredor da cozinha quando me ouviu falar da infestação e gentilmente se ofereceu para ajudar... eu aceitei, ele é muito bom aluno, não só na minha classe... – ela respondeu sorrindo.

— E gosta de ajudar! Outro dia machuquei meu dedo e ele me socorreu! Que bom coração ele tem!

Regulus estava ficando muito constrangido com tantos elogios, mas ao invés de fugir como tinha vontade, ele sorriu.

— Isso não foi nada, professor. Qualquer um teria feito o mesmo. Como está o dedo? – o garoto olhou com curiosidade para a mão do professor, ainda enfaixada.

— Bem melhor, obrigado por perguntar. Passei agora há pouco na ala hospitalar e Madame Pomfrey refez o curativo. Ela disse que embora o dedo estivesse quebrado em dois lugares e fora quase decepado fora, ia ficar bom. Eu avisei o que estávamos vindo fazer e ela reforçou o curativo, amarrando minha varinha nele. Olhe como ficou bom. – ele mostrou a mão ainda bastante inchada com a varinha presa à ela com ataduras enquanto a professora Sprout abria a estufa.

Regulus olhou a mão do professor com cuidado, embora a aparência lhe desse aflição. Lembrou-se do pai, não conseguia compreender como o pai conseguia ser curandeiro do Saint Mungus e ver este tipo de feridas todos os dias, quando não outras piores.

— Pomona, eu não entendo como foi que os cava-charcos chegaram aqui... Eles são comuns nas Américas, mas aqui? E além de tudo, em local seco, longe de banhados?

Regulus notou Hagrid pigarrear e olhar para o lado. Teria o guarda-caças algo a ver com tudo aquilo? Se tivesse, Regulus só tinha o que agradecer. Ele não teria conseguido arrumar oportunidade mais perfeita de estar com os dois professores ao mesmo tempo.

— Realmente isso é muito estranho... De qualquer forma, de nada vai adiantar saber de onde vieram agora. O que precisamos é tirá-los daqui.  – disse a professora ainda segurando o cadeado da porta, então ela abriu o cadeado, guardou um molho de chaves no bolso e pegou de dentro do mesmo bolso de seu avental quatro abafadores de ouvido. Ela lhes deu um abafador para cada um e avisou –  Talvez haja mandrágoras fora dos vasos, não podemos saber pois esta estufa tem isolamento acústico. Não tirem os abafadores enquanto estiverem lá dentro. Vamos usar feitiços para petrificar os animais e Hagrid vai... Você tem onde coloca-los, não? – ela olhou para Hagrid e ele acenou com um grande saco de estopa que tirou de dentro de sua casaca de peles – certo, Hagrid vai colocá-los dentro do saco. Sejam rápidos, pois como os animais comeram muitas mandrágoras o feitiço não vai funcionar por muito tempo. Você sabe que as mandrágoras são usadas como ingrediente da poção antídoto para pessoas e animais que estão paralisados, não é querido? – ela perguntou a Regulus, ele respondeu com um breve aceno de cabeça. Ela abriu um largo sorriso de satisfação – Eu supunha que lembrasse disso de minhas aulas do ano passado... E já aprendeu como usar o feitiço para petrificar, não é? – ela perguntou para Regulus com doçura.

— Petrificus totalus?

— Este mesmo.

— Sei.

— Excelente. Agora coloquem os abafadores e vamos entrar.

Eles entraram na estufa e a professora fechou as portas rapidamente. O cenário era desolador, haviam plantas espalhadas por todo o lado, com seiva escorrendo pelo caminho que lembrava sangue humano. Algumas apresentavam tanto dano que era improvável que pudessem se recuperar. Regulus olhou para os lados e não encontrou animal algum. Ele não conhecia o tal cava-charco do qual os professores haviam falado e não tinha ideia de qual seria sua aparência. Mas agora era tarde demais para tentar perguntar, já que eles usavam abafadores e não seria prudente tirar, uma vez que algumas plantas pareciam gritar enquanto se contorciam no chão. Ele sabia que o grito da mandrágora podia matar.

Regulus observou o professor Kettleburn agitar a varinha e depois Hagrid pegar algo no chão e enfiar rapidamente no grande saco de estopa. O garoto tentou chegar mais perto para ver a aparência do animal quando tropeçou em um pedaço de toco seco de madeira. Mas não era toco! O animal se mexeu rapidamente, abriu a boca e estava a ponta de cravar os dentes afiados no tornozelo do garoto quando ele acenou a varinha e gritou:

Petrificus totalus!

O cava-charco caiu no chão com as patas para cima como uma barata morta. Hagrid se aproximou e o enfiou no saco. Aliviado, Regulus olhou o saco. Seria suficientemente forte para deter aquelas presas? O movimento no saco sugeria que alguns animais já estavam acordando. Na dúvida, ele lançou o feitiço sobre o saco e virou as costas à procura de mais animais. Agora seria mais fácil, ele sabia exatamente com o que eles pareciam.

Após meia hora já não haviam vestígios dos animais (e suas presas afiadas) em lugar algum. Regulus sorriu, satisfeito, enquanto secava o suor do rosto. Então a professora o puxou pelo braço e pediu, com gestos, que a ajudasse a envasar algumas plantas que estavam caídas pelo chão e choravam a plenos pulmões. Enquanto a professora cuidava dos ferimentos das plantas com um líquido roxo pegajoso, Regulus e o professor Kettleburn colocavam terra e fertilizante nos vasos. Hagrid saiu pela porta carregando o grande saco, aparentemente ele sabia o que fazer. Depois que terminaram de reenvasar as plantas, a professora Sprout tirou os abafadores e eles fizeram o mesmo.

— Muito obrigada, senhores. Não sei o que faria sem a sua ajuda. O que acham de uma xícara de chá? – ela secou o suor da testa com as costas da mão, deixando um rastro de terra misturada com o líquido roxo.

— Seria maravilhoso. – respondeu o professor, sinceramente. – que tal nos meus aposentos?

A professora Sprout pensou por alguns instantes, parecia que ela preferiria servir o chá no seu quarto, mas depois de passar os olhos na muleta de Kettleburn, assentiu.

— Está certo, então. O senhor não se importa de receber Black no seu quarto, não é?

— De forma alguma, o senhor Black é mais que bem-vindo. – O professor sorriu.

Regulus sorriu de volta. Aquele parecia seu dia de sorte.

Estavam deixando a estufa quando Hagrid voltou.

— Coloquei os animais em um local seguro, dentro de uma caixa com lodo no fundo. Os pequenos ficarão confortáveis até que possamos enviá-los ao seu amigo na América do Norte, professor. Professora Sprout, obrigado pelo abafador, já ia me esquecendo de tirá-los quando percebi que não conseguia ouvir o som dos latidos do meu cachorro. – O gigante sorriu, sem jeito.

— Muito obrigada por sua ajuda, Hagrid. Junte-se a nós para uma xícara de chá...

Hagrid olhou-a nos olhos e declinou o convite.

— Me desculpe, professora, mas tenho outro compromisso. Tenho alguns amigos me esperando em Hogsmeade, hoje é sábado, como sabe...

— Claro, claro... Muito obrigada, então.

Hagrid se afastou e os outros três entraram por uma porta lateral que dava acesso ao castelo por uma rampa, e que Regulus nunca havia notado antes. Os aposentos do professor Kettleburn ficavam no mesmo andar do salão principal, num estreito corredor à direita da porta de entrada do castelo – provavelmente para evitar que ele subisse e descesse escadas a todo instante. Com três toques de varinha, o professor destrancou a porta e os convidou para entrar.

O coração de Regulus parecia querer sair pela boca. Não esperava que isso seria assim tão fácil. Ele aguardou os professores entrarem e entrou em seguida, discretamente passou os olhos pela sala. Era um lugar de decoração bastante simples, com uma pequena mesa de centro rodeada por cadeiras despareadas, revestidas com couro de dragão. Nas paredes haviam cabeças, peles e presas de animais. Regulus olhou tudo com curiosidade. No canto, ao lado da única janela, havia uma lareira com um pote sobre ela, feito de chifre de algum animal. Regulus conteve seu sorriso de satisfação, provavelmente aquele era o pote onde o professor guardava o pó de flu. Depois passou a mão sobre o encosto da cadeira, sentindo a textura das escamas azuladas de dragão que cobriam o encosto. Ele franziu a sobrancelha. Era estranho que ele tivesse tantas peles de animais, a sala parecia mais com a sala de um caçador. O professor pareceu ler seus pensamentos.

— Estes ossos, chifres, peles são todos material de estudo e em sua maioria foram retirados de animais que tiveram morte natural. Eu não mato animais, senhor Black.

— Eu nunca pensaria algo assim do senhor, professor. – Ele sorriu amarelo e olhou para o chão.

— Eu sei que não, mas me sinto culpado com tantos artefatos deste tipo aqui... Sente-se comigo e sirva-se de biscoitos. A professora Sprout está fazendo a gentileza de preparar o chá.

Regulus sentou-se e se serviu. Foi quando notou que as mãos ainda estavam sujas de terra. Deixou o biscoito sobre a mesa.

— Professor, onde posso lavar minhas mãos?

O professor sorriu. Regulus olhou e as mãos do professor já estavam limpas.

— Siga o corredor, a primeira porta à direita.

Ele levantou-se e foi até o banheiro, passando pela professora de Herbologia que também já não estava com sujeira nas mãos e no rosto, embora sua roupa continuasse barrenta.

Ele entrou no banheiro e fechou a porta. Olhou ao redor e notou que a única janela ficava sobre a pia, no alto. Ele lavou as mãos e o rosto, depois subiu na pia e olhou pela janela. A única coisa que conseguia avistar era o salgueiro lutador e isso era perfeito, já que por conta da árvore, aquela era uma parte do terreno da escola pouco frequentada por outros alunos. Eles poderiam colocar uma escada e entrar pela janela para roubar um pouco de pó de flu. Ele desceu, apagou os rastros que seus sapatos sujos deixaram sobre o mármore e voltou para a sala.

Seus professores já estavam sentados tomando chá e havia uma xícara servida para ele. Ele sentou-se, experimentou o chá e comeu biscoitos, sem prestar atenção na conversa dos professores, pois tudo o que queria era voltar para a sala comunal e contar aos amigos que ele já tinha um plano perfeito para o roubo de pó de flu.


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