A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 67
67. A lareira misteriosa




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A lareira misteriosa

Uma névoa gelada havia envolvido o campo de quadribol de tal forma que Emma os dispensara meia hora antes do previsto, já que nem mesmo ela conseguia enxergar a goles e já havia sido atingida pelo menos três vezes pelos balaços. Pelo menos Regulus havia conseguido pegar o pomo uma vez antes que isso se tornasse impossível.

Regulus estava ansioso para dividir com os amigos sua descoberta e não via a hora de chegarem à sala comunal. Por mais estranha que tivesse sido a experiência de ter sido sugado, ela lhe informava que havia sim uma chaminé, de modo que a lareira, embora não funcionasse de modo usual, o modo como ela sugava as coisas para si poderia ser um indício de que estivesse ligada à rede de flu.

O garoto guardou sua vassoura no armário e correu para o castelo. Por mais seco que pudesse estar, sua roupa ainda cheirava a plantas aquáticas e era bastante desagradável. Ele tomou um banho o mais rápido que pode e voltou à sala comunal. Amifidel, Jack e John estavam sentados no chão, olhando lendo a primeira edição de uma revista bruxa que parecia muito divertida, chamada O Pasquim.

— O que vocês estão fazendo? – Regulus perguntou ao se aproximar.

— Olha só a revista que Ami conseguiu! – Jack fechou a revista para mostrar a capa colorida. – O Pasquim! – ele riu.

Regulus franziu a testa e sentou-se com eles.

— O Pasquim? Nunca ouvi falar.

— É a primeira edição, - informou John sem conseguir parar de rir – a gente ainda não descobriu se as piadas são intencionais ou não... mas a revista é uma comédia!

Regulus pegou a revista na mão para ver checar o que eles estavam falando. Os outros três pararam de rir e o olharam cheios de expectativas. Regulus começou a rir de balançar a barriga e não conseguia mais parar enquanto virava as páginas. Os outros se juntaram a ele no riso, embora não soubessem exatamente de qual artigo ele achava graça. Regulus começou a ler em voz alta.

— “A bruxa Margareth Blane fala de sua experiência em cultivar Ameixas dirigíveis na lua. ‘é muito interessante o resultado da falta de gravidade sobre as ameixas, as fazem dobrar de volume e o sabor é ainda mais doce. Pelo menos é o que eu acho, pois ainda não consegui colher nenhuma já que as ameixas dirigíveis se perdem no espaço assim que se soltam dos galhos.’” Isso é inacreditável!!! Ami, você é o maior! Fazia tempo que eu não ria tanto! Quem teria coragem de publicar algo assim?

— Minha tia Felipa mandou para mim, disse que um amigo dela, um tal de Xenopholius Lovegood é o editor. Minha tia é meio esquisita, sabe. Minha mãe conta que desde a proibição de se usar tapetes voadores aqui na Grã-Bretanha que ela se recusa a sair de casa e costuma falar de uma conspiração de fadas mordentes que querem dominar o mundo... Ela é engraçada, sabe? – Amifidel riu enquanto os outros o olhavam com desconfiança. Era estranho saber que o amigo tinha uma tia meio louca. Regulus mudou o rumo da conversa para ajudar o amigo.

— Vocês não vão acreditar o que eu descobri!

— Um meio da gente – Jack começou falando entusiasmado e depois terminou, sussurrando – entrar para o clube?

Regulus olhou para os outros e fez um certo suspense:

— Bem, não diretamente, mas algo me diz que pode ser um meio...

— Deixa de suspense e fala logo! – reclamou John.

— Levantem-se e venham comigo.

Regulus caminhou lentamente até a lareira e parou, com os outros o seguindo.

— A lareira. – ele disse, indicando com a cabeça.

— O que tem a lareira? – perguntou John.

— Vocês nunca se perguntaram onde vai a fumaça se estamos bem embaixo do Lago Negro?

— Deve ser absorvida magicamente, Black. Porque isso o intriga tanto? – respondeu John como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Bem, outro dia eu e Ami ficamos olhando e eu lancei o feitiço Lumos e a luz da varinha foi absorvida quase completamente.

— O que foi que eu disse?! A lareira é encantada para absorver a fumaça, deve absorver luz também. E daí? Como isso vai nos ajudar? – disse John, retornando ao seu mal humor habitual.

— Bem, eu pensei que se existe uma lareira deveria existir uma chaminé... então dei uma sobrevoada do lado de fora hoje antes do treino e encontrei a chaminé submersa. Ela sugou minha vassoura!

Os outros três não compartilhavam do mesmo entusiasmo de Regulus e o olhavam impacientemente.

— Certo, então a chaminé suga magia, fumaça e objetos pelo lado de dentro e pelo lado de fora. Black, você está falando coisas tão sem sentido quanto o Pasquim... – comentou Jack.

— Prestem atenção! – Regulus gesticulou para que se aproximassem. Então ele sussurrou. - Se ela puxa objetos para si isso quer dizer que provavelmente está ligada à rede de Flu! Seria muito mais fácil impressionar Rosier estando do lado de fora do castelo, ou mesmo aparecendo na sala de estar da casa dele!

— Você acha? – perguntou Amifidel, agora bastante interessado. Regulus confirmou com a cabeça.

— É, faz algum sentido... – disse Jack.

— Mas não resolve nada. Não temos pó de flu. – completou John, que desde que não conseguira provar seu feitiço sobre o testrálio, perdera o entusiasmo.

— Professor Slughorn tem... Acho que a maioria dos professores deve ter, afinal, não se vê eles saindo pela porta da frente da escola a todo instante e sabemos que eles saem... a gente poderia roubar algum.

— Isso poderia funcionar como passaporte para o clube... – disse John, enchendo-se de esperança.

— E então? Vamos fazer? – perguntou Regulus.

Os outros confirmaram.

— Precisamos de um plano. – disse Jack.

— Certo. – Regulus olhou ao redor. O entusiasmo repentino do grupo havia chamado a atenção de alguns alunos do primeiro ano. – vamos para o dormitório, lá poderemos conversar melhor.

Ele não esperou por resposta e se dirigiu ao dormitório na certeza de que os outros o acompanhariam. Chegando lá sentou-se em sua cama, Jack sentou-se ao seu lado e Theodor Amifidel e John Laughton sentaram-se em frente, na cama de Ami.

— Eu acho que para bolar um plano, precisamos primeiro observar os professores por algum tempo para poder escolher a melhor vítima... – sugeriu Amifidel.

— Boa ideia, Ami. – apoiou Regulus – vamos nos dividir assim conseguimos fazer mais rápido. Quem fica com quem?

— Eu fico com o Slug! – respondeu Amifidel. – Tenho algumas dúvidas em poções, aí se for pego observando o professor eu digo que estava somente tomando coragem para fazer algumas perguntas. Nem vou precisar inventar perguntas; desde que você ficou no mundo da lua que eu comecei a me embananar com Poções.

— Verdade? – perguntou Regulus – desculpe, meu amigo, eu não sabia...

— Tudo bem, pelo menos agora eu tenho minha estratégia. – respondeu Amifidel.

— Eu fico com o professor Flitwick. Vou usar a mesma desculpa do Ami, também estou precisando de umas aulas extras de Feitiços... – disse John.

— Bem, seguindo a mesma ideia, fico com a McGonagall. – respondeu Jack.

— Eu vou observar a professora Sprout e o professor Kettleburn. Embora não faça ideia de onde fique o dormitório deles, acho que ambos são bons candidatos a serem roubados... Se eles forem tão cuidadosos com seus pertences quanto são com a aparência pessoal, vai ser moleza! Mais fácil que desgnomizar um jardim!

— É, você pode estar certo – disse John, arrependido por não ter pensado em nenhum dos dois.

— E quando começamos? – perguntou Amifidel, olhando para Regulus, que parecia ser o líder natural da operação.

Regulus levantou-se inquieto e começou a andar de uma lado para o outro, enquanto falava:

— Começamos amanhã mesmo, em todas as horas vagas. Façam anotações dos hábitos e seus horários, dos caminhos que costumam usar dentro do castelo, de como fecham a porta de seus aposentos, estas coisas. Arrumem alguma desculpa, entrem nos aposentos deles, vejam se existe uma janela que seria viável usar para entrar. Roubem uma chave, sei lá... façam o que for possível.

Amifidel pegou um pedaço de pergaminho e montou uma tabela de horário e atividades para ser preenchida no dia seguinte e mostrou a Regulus:

— Assim?

— Perfeito! – disse Regulus tirando a roupa e vestindo o pijama, os outros fizeram o mesmo e depois deitaram, cada um na respectiva cama. Regulus apagou a luz, mas estava excitado demais para dormir. – Vocês já imaginaram? Podíamos usar a rede de flu para ir a Hogsmeade tomar sorvete a qualquer hora, por exemplo...

— Ou então, comprar um estoque de doces na Dedos de Mel... – disse Amifidel, pensativo.

— Ou de bombas de bosta... – disse Jack.

— Tomar cerveja amanteigada... – completou John.

— Comprar livros de magia ou suplementos proibidos pela escola que pudessem nos ajudar a impressionar Rosier! – disse Regulus, entusiasmado.

— Mas tem isso em Hogsmeade?

— Não sei, Ami. Deve ter, em todo lugar tem... se não tiver, usaremos a rede de flu para chegar no Beco Diagonal... – respondeu Regulus.

Os meninos continuaram a pensar nas mil possibilidades de saídas que poderiam fazer se conseguissem usar a rede de flu, depois de algum tempo as possibilidades pareciam cada vez mais improváveis. Regulus chegou a sugerir que escrevessem um artigo e mandassem para o Pasquim, algo intitulado “Pelas lareiras do mundo; por Theodor Amifidel e seus amigos”. Os garotos riram até adormecer. Amifidel foi o último a arriscar uma sugestão:

— Podíamos ir à Groenlândia ver um Yeti... – ele bocejou – ele deve ter uma lareira... – bocejou novamente – para se aquecer... – deu um longo bocejo. Nenhum dos outros garotos riu, ao invés disso, o som da respiração profunda dos amigos tomava conta do ambiente. Amifidel virou-se de lado e fechou os olhos. Isso foi o suficiente para que adormecesse também.

*

Professor Kettleburn acordava cedo para cuidar dos animais antes do café da manhã. Quando Regulus levantou-se e foi tomar o seu café, encontrou com o professor no corredor, que despia com dificuldade a luva de couro de dragão, expondo um enorme talho no dedo mindinho, que parecia pendurado por uma fina camada de pele.

— Posso ajudar, Professor?

Kettleburn o olhou surpreso. Regulus não era um aluno muito participativo nas aulas de Trato das Criaturas Mágicas, embora fosse um bom aluno; de modo que o professor demorou alguns segundos para lembrar quem era o aluno de cabelos pretos que falava com ele de modo gentil.

— Oh, obrigado senhor Black. Já estou acostumado...

— Eu insisto, professor. Deixa comigo.  – o aluno tirou um lenço branco do bolso e enrolou seu dedo, pegou a luva de dragão que o professor havia colocado embaixo do que lhe restava de braço esquerdo. O garoto nunca havia pensado como o professor conseguia fazer suas tarefas com os animais uma vez que já lhe faltava metade de um braço e uma perna e o professor não usava próteses, apenas uma muleta para andar de um lado para outro. Regulus olhou novamente para o lenço que estava encharcado de sangue – vamos ver Madame Pomfrey. Isso está feio, professor, melhor cuidar para não ficar sem o dedo.

O professor apreciou o modo cuidadoso que Regulus lhe tratou e aceitou a ajuda. Os dois caminharam juntos até a ala hospitalar. Regulus aproveitou para fazer algumas perguntas.

— O senhor acorda cedo, não? Nunca havia reparado nisso...

— Ah, sim.... Preciso dar de comer aos testrálios logo que o dia amanhece... O guarda-caças, Hagrid, e eu estamos formando um pequeno rebanho e temo que possam ir embora se sentirem o menor sinal de fome. Quando eram apenas três, Hagrid os alimentava sozinho, mas agora que temos mais de vinte, preciso ajuda-lo para que os animais não fiquem nervosos e acabem brigando por comida...

— São muito perigosos os testrálios, professor?

— Ah, não... Apenas sentem muita fome...

— Mas um quase o deixou sem dedo!!

— Isso foi um acidente, minha luva estava por demais suja de sangue e o animal confundiu com um pedaço de carne... Nada demais... Não sabia que o senhor se interessava por animais mágicos, senhor Black, nunca foi de perguntar muito na minha aula...

— Isso é porque sua aula já é boa o suficiente para nos ensinar tudo o que precisamos, basta prestar atenção. – bajulou.

O professor ficou contente com o elogio. Neste momento chegaram à ala hospitalar. Regulus lhe entregou a luva de dragão e falou:

— Vou voltar para o Salão Principal. Acho que acordei com fome de testrálio hoje, professor. – e sorriu.

— Muito obrigado pela companhia e pela ajuda, senhor Black. Fico contente que não tenha estragado seu apetite...

Regulus franziu a testa, agora que o professor mencionara isso foi que ele percebeu que suas mãos estavam sujas de sangue e isso o deixou um pouco enjoado. Ele deu ao professor um sorriso amarelo e correu pelo corredor a procura de um banheiro para se lavar antes do café.

Enquanto lavava as mãos ele se olhou no espelho velho e manchado à sua frente e sorriu. Estava feliz pois havia descoberto que o professor saía todas as manhãs assim que o sol raiava para tratar dos animais. Agora só faltava descobrir onde o professor dormia e se havia uma lareira lá. Secou as mãos e correu para o salão. Precisava contar aos amigos o que havia descoberto.


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