A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 66
66. Xadrez, o Lago e uma nova e inquietante descoberta




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Xadrez, o Lago e uma nova e inquietante descoberta

Lá estava ela, próximo da fonte, no meio do jardim, olhando para alguma coisa que segurava entre os dedos. O rabo de cavalo amarrado no topo da cabeça evidenciava o formato redondo de seu rosto. Regulus sorriu. Ele a achou ainda mais bonita com o cabelo para o alto.

— Oi, Alice.

— Oi, Reg. Trouxe a minha rainha?

Regulus tirou a rainha do bolso e mostrou. Alice ficou satisfeita em ver que a rainha não estava na caixa junto com as outras peças.

— E você trouxe o rei preto?

— Claro.

Ela sorriu e mostrou, virando a palma da mão para cima, revelando seu conteúdo, enquanto Regulus sentava-se e colocava o tabuleiro de xadrez sobre o chão de pedra, na sua frente. Alice sentou-se também, com as pernas cruzadas, a sua frente.

Eles organizaram as peças sobre o tabuleiro e começaram a jogar. Não tinham tempo a perder, logo teriam que ir para suas aulas do período da tarde.

— Me conte melhor sobre a tal varíola de dragão...

— Ah, é horrível! A coceira, a indisposição, tudo é ruim... mas o pior mesmo é passar todo o tempo sem conseguir se olhar no espelho! Eu estava horrível! Toda verde e inchada, parecendo um sapo verruguento!

— Hei! Parece que ainda tem uma parte de sua pele que está bem esverdeada aqui, - disse o garoto, esticando a mão e tocando de leve o contorno de seu rosto. Alice corou. – ah, não... tem alguma coisa errada aqui, sua pele está mudando de verde para vermelho, será outro tipo de varíola? De dragão chinês, por exemplo?

Regulus ria, foi quando, para o alívio de Alice, Severus Snape passou por eles. Ele olhou para Regulus e depois desviou o olhar, com uma expressão de desagrado no rosto. Regulus revirou os olhos. Estava aborrecido com o amigo, pois mais cedo, de manhã, Severus havia se recusado a dar qualquer informação sobre o novo clube, além de não parecer com a menor vontade de ajudar ele e os amigos a serem admitidos também. “Cada um por si”, ele explicou.

— O que aconteceu entre vocês?

— Nada não...

— Severus parece irritado com você. Vocês estavam sempre juntos antes e agora...

— Eu dei a ele um conselho e ele não gostou. Está aborrecido, disse que o fiz seguir um caminho errado.

— Sobre o quê?

— Garotas, o que mais seria? - Regulus riu.

— E desde quando você entende de garotas, Regulus Black? – Ela riu, apoiando o rosto nas mãos, fingindo espanto.

Regulus olhou o rosto dela por alguns instantes.

— Eu sei que as garotas são as criaturas mais bonitas que existem no mundo, as mais delicadas também. Sei que são inteligentes, graciosas, habilidosas e ótima companhia. Que devem ser tratadas com respeito e carinho. Aprendi com meu pai.

Ele balançou a cabeça, afirmativamente. Alice corou e desviou o olhar.

— Sua mãe deve ser, então, uma mulher muito feliz.

— Parece que sim... Pelo menos ela parecia bem feliz durante nossas férias.

— Me conte sobre suas férias, Reg.

Ele arregalou os olhos e jogou as mão para o alto, dramaticamente.

— Foram um pesadelo! Meus pais e avós ficavam o tempo todo agarrados, e se beijavam. A gente não sabia para onde olhar. Era como estar na lua de mel dos próprios pais! Não sei porque foram inventar essa viagem absurda!

— Muitas pessoas estão se preocupando em mostrar seu amor e ficar próximas de quem ama. Efeito da guerra.

— Não creio que meu pai pensou na guerra quando planejou a viagem... Ele se julga acima disso.

— Como assim?

— Ele acha que, por sermos de puro sangue, nada de mal irá nos acontecer... Que não temos com o que nos preocupar.

Alice olhou ele no fundo dos olhos.

— Pois eu acho que você tem com o que se preocupar, Reg.

— Com o que seria?

— Seu rei preto. Minha rainha vai acabar com ele. Cheque mate.

Regulus olhou para o tabuleiro a tempo de ver a rainha avançando sobre o rei, tomando-lhe a espada e o quebrando ao meio. Ele esperou que a rainha terminasse de destruir o rei e então juntou os pedaços que se reorganizaram magicamente reconstruindo a peça. Olhou para Alice, ela ria de soluçar.

— Qual é a graça? – ele arregalou os olhos – Você trapaceou?

— Sim e não...

— Como assim?

— Eu trapaceei, mas não é disso que estou rindo... olhe para o seu rei.

O rei havia se recontruido de uma forma estranha, com as pernas no lugar dos braços. Regulus o tomou nas mãos e observou por alguns minutos. Ela muito estranho, isso nunca havia acontecido antes. Ele recolocou a peça sobre o tabuleiro e sacou a varinha.

Reparo!

Nada aconteceu. Isso o irritou. Teria ele lançado o feitiço de forma errada? Ele tenou mais uma vez e nada aconteceu. Regulus bufou. Então Alice pegou a peça de xadrez e a bateu com força sobre o tabuleiro, ela quebrou-se novamente.

— Tente agora, Reg.

Reparo!

O rei se reconstruiu da maneira certa. Regulus sorriu aliviado, depois olhou para ela.

— Obrigado.

— Não tem de quê. Vamos? As aulas já vão começar.

Regulus guardou as pelas de xadrez e se levantou.

— Hei! Espere aí! Você disse que trapaceou?

Alice riu.

— Sim.

— Mas o que você fez que eu não percebi?

— A resposta está na sua pergunta.

Regulus franziu a testa. Não conseguiu compreender a resposta dela.

— Como assim?

— Não vou contar... Um dia você vai descobrir... ou não. – Ela riu novamente e se levantou. – Até mais tarde, Reg. – e seguiu para dentro do castelo.

O garoto se apressou em segui-la.

— Me espere! Você precisa me contar!

Alice riu e apressou o passo.

— Não preciso não, Reg!

Ele encostou-se em uma coluna de pedra e ficou admirando a amiga se afastar. O que quer que fosse que ela havia feito, tinha sido muito bom. Ele sentia-se feliz como há muito tempo não se sentia.

Passaram-se alguns minutos para que ele percebesse o corredor completamente vazio – o que era um mal sinal, ele estava atrasado para a aula de Runas Antigas. Ele correu com o tabuleiro sob o braço. O professor não gostava de atrasos.

Ele passou a aula inteira distraído, ainda tentando descobrir como Alice havia trapaceado para ganhar o jogo. Vez ou outra ele sorria ou até soltava uma risadinha, o que deixou o professor bastante irritado, tirando vários pontos da Sonserina injustamente.

Após a aula de Runas antigas seguiu-se uma perfeita aula de História da Magia. Perfeita para Regulus, que aproveitou o tempo para examinar a superfície do Lago Negro. Era engraçado olhar para Lago Negro, pela primeira vez ele se perguntava onde ficaria a sala comunal da Sonserina. A lareira e sua chaminé misteriosa não lhe saíam da cabeça. A superfície do lago estava lisa como um espelho e definitivamente não havia sinal algum de que pudesse haver uma chaminé em lugar algum, nem saindo da água, nem próximo da parede rochosa do castelo. Mas ele se lembrava do fogo e do calor da sala comunal no inverno. Não chegava a ser realmente quente, mas bem mais aprazível do que nos corredores do castelo. Para onde iria a fumaça?

O professor Bins continuava sua aula do mesmo modo monótono de sempre, sua voz causava menos perturbação no ar do que uma mosca voando. Regulus olhou para o lado. Amifidel, Jack e John cochilavam sem disfarçar. Regulus voltou a olhar para o lago, procurando meticulosamente algo que pudesse servir de chaminé. Não encontrou nada visível.

A noite caía sobre os terrenos de Hogwarts e com ela uma brisa gelada que ardia nas narinas. Regulus aguardava o restante do time de quadribol montado em sua vassoura, no meio do campo. Desde que começara a namorar David Davies, jogador da Corvinal, Emma parecia mais empenhada nos treinos, como se quisesse impressionar o namorado. Regulus gostava disso, tinha certeza de que iriam fazer uma grande estreia no início do campeonato que deveria acontecer em algumas semanas – embora a data ainda não estivesse certa, nem a ordem dos jogos. Ainda faltava meia hora para o horário que ela havia marcado para o início do treino, então ele resolveu aproveitar o tempo para dar uma olhada mais de perto no Lago Negro.

Ele não sabia ao certo o porquê de seu súbito interesse pela lareira, mas havia algo nela que lhe dizia que aquele seria o seu passaporte para o novo clube. Aquela era a primeira noite de lua cheia desde o início das aulas. O som dos uivos do suposto lobisomem que rondava nas proximidades fez os pelos de sua nuca arrepiarem. Só por precaução, Regulus voou o mais alto que pode, circundando o castelo. Quando passava sobre o salgueiro lutador, viu seu irmão, James e Peter se aproximarem. Regulus ficou observando. Os três só podiam estar à procura de confusão, pois todos sabiam que não era prudente se aproximar daquela árvore maluca. Uma nuvem escura cobriu a lua momentaneamente, deixando tudo escuro, quando ela se foi Sirius e James já não estavam lá e Peter voltava para o castelo cabisbaixo. Teriam eles voltado correndo para o castelo sem Regulus notar? Regulus ergueu os ombros: se fosse procurar saber tudo o que o irmão fazia de errado ou potencialmente perigoso não teria mais vida própria. Ele empinou sua Nimbus 1001 e acelerou em direção ao Lago Negro.

O lago era tão escuro quanto o céu acima dele, com a enorme e cintilante lua refletida no espelho deformado pelas ondas. Ventava um pouco e voar próximo à superfície do lago provocava respingos que molharam seu rosto fazendo seu queixo bater de frio (ou seria de excitação?). Ele tomou uma certa distância da água para evitar de se molhar mais. Quanto mais ele se aproximava da encosta pelo lado sul da escola, onde ficavam submersas as masmorras da Sonserina, mais escuro parecia ser o lago. Era estranho, então de onde viria a claridade esverdeada que entrava pelas janelas, já que o lago era assim tão escuro? Muitas perguntas sem resposta. Isso o deixava ainda mais curioso, mesmo que no final descobrisse que não havia nada para ser descoberto.

Ao chegar próximo à parede de pedra da escola sentiu sua vassoura dar uma guinada em direção à água, como se tivesse sido laçada e agora era puxada para seu interior. Regulus olhou ao redor, mas não havia nada ali. Mas sua vassoura continuava perdendo altitude. O medo começou a tomar conta de seu corpo e ele tentou em vão fazer a vassoura subir. Nada parecia adiantar. Uma grande sombra surgiu sob ele, na água. O que seria aquilo? Seus pés tocaram a água e ele foi lentamente sugado. O coração a sair pela boca, apavorado. A água já estava na altura de seu ombro quando a vassoura bateu fortemente em algo. Regulus pegou sua varinha.

Lumos!

Para sua surpresa, ele estava no topo de uma larga chaminé, totalmente submersa na água, o cabo da vassoura o impedindo de cair para dentro. Embora ainda estivesse com medo, a satisfação por ter encontrado a chaminé era tanta que ele começou a rir. Percebeu que a água entrava por ela continuamente por ela como se fosse um grande ralo. Para onde iria? Aquele não lhe pareceu o melhor momento de procurar por mais respostas. Regulus apontou a varinha para o alto.

Nox. Ascendio!

O feitiço foi o suficiente para livrá-lo do repuxo da água e lança-lo de volta ao ar. O garoto deu uma forte guinada com a vassoura e voltou o mais rápido que pode para o campo de quadribol. Não via a hora que o treino acabasse para que ele pudesse contar o que descobrira para seus amigos. Mas antes tinha que enfrentar Emma.

A garota estava no centro do campo de quadribol, com um apito na boca. Quando o viu ela cuspiu o apito e gritou:

— Regulus Black! Por onde você andou? Atrasado e molhado!!! O treino já começou há dez minutos! Será que vou ter que encontrar outro apanhador?

Regulus desmontou da vassoura e parou ao lado dela. Seus companheiros de equipe já estavam todos no ar.

— Não exagere, Emma. Eu estou aqui, não estou?

— Exagero querer que meus jogadores cumpram o horário do treino? Exagero querer que meus jogadores ouçam as estratégias que elaborei para o nosso primeiro jogo? Ou você esqueceu que vamos jogar na próxima semana?

— Então a data já está definida? Legal! E contra quem iremos jogar?

— Contra a Corvinal.

— Ah, então é isso. – ele riu. Era óbvio que ela queria mesmo mostrar ao namorado o quanto jogava bem.

— Isso o quê? – Emma parecia ainda mais irritada.

— Nada não, Emma. – ele apontou a varinha para si mesmo – tergeo!— a água em sua roupa e cabelos foi sugada e ele estava seco. – Pronto. Agora eu posso jogar. Onde está o pomo, Emma?

— Eu pensei que procurar o pomo fosse a sua função, Black! Ou você quer que eu o encontre para você?

— Deixa para lá. – aquele realmente não era um bom dia para discutir com Emma. - Eu só queria saber se ele está no ar ou não. Então está. Pode deixar que eu mesmo pego.

Dizendo isso, Regulus tomou um impulso e ganhou o céu novamente.


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Notas finais do capítulo

Olá, espero que tenham gostado e que me ajudem, divulgando a fic!
Comentários são sempre bem vindos, adoro saber que há alguém do "outro lado", curtindo minha história!



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