A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 59
59. O lado negro de Rosier




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O lado negro de Rosier

A poucos dias do término das aulas, Regulus estava folheando um livro na biblioteca, sentado no chão entre as estantes de livros próximas da sessão restrita, enquanto lembrava de seu último encontro com Alice. Sua varinha faiscava, iluminando o rosto alegre dela em cores diferentes até que Hagrid apareceu e os repreendeu por estarem na Floresta Proibida. Quem o guarda-caças pensava que era? Regulus franziu a testa.

— Black, hoje à noite temos um encontro com Rosier. Ele acabou de me avisar... No horário e local de sempre... Seja discreto e avise Amifidel e os outros.

Regulus deu um pulo. Depois relaxou ao ver que era seu amigo Severus que falava com ele.

— Está certo. Pode deixar que eu aviso. Severus, você vai à festa de encerramento do Slug? Vai ser na quinta, não é?

— Lily e eu vamos...

— Hum... Lily e eu? – repetiu Regulus com um sorriso malicioso.

— Não é nada do que você está pensando... Uma pena. – ele deixou escapar – Ah, eu queria mesmo te contar uma coisa... Lily descobriu porque o jogo de domingo foi adiado para amanhã. Ela disse que seu irmão e Potter foram chamados pelo diretor para prestar esclarecimentos a respeito das insinuações de Bertram...

— Já não era sem tempo! – Regulus se levantou – E como foi? Eles foram punidos? O jogo contra Grifinória foi anulado?

— Nada! Eles disseram que Bertram inventou tudo por que seu irmão e ele estavam disputando uma garota, a cabeça-oca do meu ano, a Florence... O diretor achou que era uma história muito divertida a respeito de amor adolescente e os dispensou. Agora seu irmão está desfilando pelos corredores abraçado com a Florence, a exibindo como se fosse um troféu. A garota é tão idiota que está toda sorridente e se sentindo o máximo por ter sido disputada por dois garotos, segundo a Lily contou.

— Típico do meu irmão! Aposto que isso não vai durar mais do que três dias, ele deve estar com ela só para livrar a cara do amigo...

— Não deixa de ser um ato nobre da parte dele – disse Mulciber, vindo do nada e se incluindo na conversa – beijar a Florence só para livrar a cara do Potter é mais do que um sacrifício... Não me peçam para fazer nada do tipo por vocês! – ele gargalhou, chamando a atenção da bibliotecária, que os convidou a sair da biblioteca.

Regulus abafou uma gargalhada, pegou suas coisas e os três deixam a biblioteca e um andar abaixo passaram por Sirius, que estava agarrado em Florence a beijando de forma quase indecente. Mulciber olhou para Snape que olhou para Regulus e os três caíram na gargalhada.

— Realmente não vale o sacrifício, - comentou Regulus ainda rindo e continuou – eu também não faria tal coisa por vocês! Me peçam qualquer coisa menos isso!

Sirius não pareceu se abalar com os comentários, tampouco a garota, e continuaram empenhados em fazer o que provavelmente era o beijo mais longo que a escola já havia presenciado em toda sua história.

Os três andaram por algum tempo ainda rindo das mesmas piadas sobre o que poderia ser a maior prova de amizade entre eles.

— Acho que deixar o Black duas horas trancado em uma sala com Crouch, sem varinha, seria um grande sacrifício! – disse Snape.

— Não, beijar a Rachel! Se fosse para o Black fazer um sacrifício, ele deveria beijar a Rachel... – disse Mulciber, rindo-se.

— Com vocês como amigos, não preciso de inimigos... definitivamente! Prefiro beijar um ogro! – e riu bastante. – agora, para Severus, acho que deixa-lo longe dos livros por uma semana seria um ótimo castigo!

— Ou tomar um banho...

Disse a voz irritante de James Potter, que vinha logo atrás deles. Severus sacou sua varinha e se virou, mas Regulus o segurou, forçando-o a abaixar a varinha, pois logo atrás de Potter vinha a professora McGonagall.

— Hoje não, Severus. Não podemos correr o risco de levar uma detenção. Olha quem vem vindo ali. – ele cochichou no ouvido do amigo.

Potter olhou para trás e sorriu. Snape, Mulciber e Black se endireitaram e cumprimentaram a professora. Imediatamente Mulciber voltou-se para Potter e perguntou qualquer coisa sobre a aula de feitiços, numa fraca imitação de cordialidade. Os quatro garotos espichavam seus pescoços acompanhando o caminhar da professora. Assim que ela passou por eles, sua capa verde reluzindo na claridade do corredor, Regulus voltou sua atenção para Potter, que disse antes de sair apressado:

— Nos vemos por aí. – ele acenava de costas, a mão para o alto. Em poucos instantes a mão foi para o cabelo, desarrumando-o. algumas garotas se aproximavam e ficou claro para Regulus que Potter não queria ser visto acenando cordialmente para “garotos da Sonserina”. Regulus ergueu os ombros dando pouca importância a isso.

*

Os corredores pareciam um pouco mais longos e escuros naquela noite do que nas anteriores, apesar da lua cheia. Regulus e os outros foram instruídos a tirar os sapatos e andar de meias a fim de evitar fazer barulho, então o som dos passos parecia mais com uma porção de cobras rastejando no corredor. Era estranho e divertido ao mesmo tempo. Regulus andava poucos passos atrás de Amifidel, alguns passos à frente de Jack e John. Mulciber, Avery e Snape saíram da sala comunal cinco minutos antes deles.

O coração de Regulus martelava forte em seu peito, e deu um salto e quase parou quando um uivo muito alto ecoou ao longe. Ele estava acostumado a ouvir este uivo nas noites de lua cheia desde seu primeiro ano de escola e isso não costumava o perturbar, mas naquela noite o som parecia mais alto e desesperado que o normal. Ou talvez fosse apenas sua própria ansiedade pelo encontro com Rosier que o deixava mais suscetível, ele ponderou em seus pensamentos. Fosse o que fosse, achou melhor apressar o passo e sussurrou aos amigos para fazerem o mesmo, sugestão que foi rapidamente acolhida pelo grupo. Haviam boatos de um lobisomem rondando o castelo e nenhum deles achou prudente esperar para ver se era ou não verdade.

Estavam quase chegando na torre do relógio quando, ao se aproximar da ala hospitalar, ouviram a voz do diretor comentando:

— Não sei o que se passa na cabeça desses meninos! Eles foram alertados para o perigo! Se eu não estivesse por perto seria uma tragédia!

Os garotos rapidamente se encolheram nas sombras. Por um instante pensaram que haviam sido pegos.

— Vamos ter que pensar em outras alternativas, Alvo – respondeu a voz de McGonagall – Meu fornecedor foi morto semana passada por comensais da morte... Não podemos pedir a Slughorn que prepare a poção do acônito (Wolfsbane Potion) sem levantar suspeitas e é melhor que os alunos continuem acreditando que é apenas um lobo solitário... Não é uma poção para amadores, você sabe... Um grama a mais poderia mata-lo... Eu não me arriscaria a fazê-la.

— Sei, sei... Eu também não... A única maneira que vejo de evitar um desastre é mantê-los afastados nos períodos críticos. Não posso pensar em privar um aluno tão dedicado de uma educação de qualidade...

— Não, isso não teria o menor cabimento, Alvo.

— Estive pensando em algo, Minerva.

Um momento de silêncio procedeu. Então McGonagall falou:

— Mas não seria permitido ensinar esse nível de transfiguração a alunos tão jovens... Seria perigoso, eles não obtiveram nem ao menos seus NOMs ainda... e além do mais, estamos sendo vigiados de perto...

Os meninos engoliram em seco. Teriam sido descobertos? Amifidel, o primeiro na fila, esticou o pescoço e olhou através da escuridão. Os professores não deram nenhum sinal de que sabiam que eles estavam ali. Ele acenou a mão para acalmar os outros.

— Não vejo outra saída, Minerva. Você acha que eles não têm condições de aprender?

— São meus melhores alunos em anos! No futuro, serão melhores que eu e até mesmo você!

— Então faça com que eles encontrem esse material por acaso. Sirius achará divertido estudar para quebrar mais algumas regras...

“Sirius?” o diretor falava de seu irmão? Regulus ficou ainda mais atento, mas então ouviu-se o ranger de uma porta se abrindo e a conversa do diretor e da vice-diretora foi interrompida por madame Pomfrey:

— Podem vê-los agora. Estão fora de perigo. Nenhuma mordida. Amanhã poderão se juntar aos outros.

A porta se fechou e o corredor ficou novamente silencioso. Os quatro meninos se entreolharam e saíram das sombras que os escondia, andando rapidamente para o final do corredor, onde esgueiraram-se por trás do relógio sem fazer ruído algum.

Após subir a escada para o alçapão e passar pelo costumeiro corredor escuro, os garotos desceram as escadas para o clube de duelos. Regulus esperava a claridade ofuscante das tochas nas paredes ferirem seus olhos, mas isso não aconteceu, a sala do clube estava muito mal iluminada naquela noite, mal podiam se distinguir os vultos dentro da sala. Estavam todos em pé, conversando aos cochichos em pequenos grupos. Os garotos olharam-se uns aos outros sem compreender.

— Rosier está lá no canto, - cochichou Jack Laughton, indicando um canto especialmente escuro à direita da sala. Então eles foram ao seu encontro.

— Chegamos. – disse Regulus cheio de expectativas.

— Vocês demoraram. – repreendeu Rosier.

— Tivemos que despistar o Diretor e a professora McGonagall, que estavam no corredor da ala hospitalar. Desculpe. – respondeu Regulus, abaixando a cabeça.

— Muito bem – disse apressado e voltou-se ao grupo – Peço a todos que se sentem em círculo. – Rosier aguardou que se sentassem e continuou – bem, como todos já sabem, estou aqui para inicia-los no ritual para que se tornem Comensais da Morte.

— O quê? Como assim? – perguntou Emma, levantando-se, enquanto podia-se notar os olhos dos outros brilhando na escuridão, seus sorrisos largos de satisfação. Rosier a ignorou. Emma procurou um lugar próximo à parede e encostou-se, permanecendo em pé na penúmbra.

— Então, quem será o primeiro a ganhar a marca negra?

Vários garotos levantaram-se. Regulus e Severus trocaram olhares cheios de dúvidas. Não tinham dúvidas sobre o que queriam, mas não achavam que seria assim, desta forma. Ou que Rosier, de uma hora para outra, tivesse se tornado tão poderoso.

Rosier conjurou uma chama muito quente e clara no meio da roda, sobre a qual ele colocou um ferrete com a forma da marca negra, que rapidamente ficou em brasa. O terror era visível no rosto de todos e Rosier continuava mexendo e girando o ferrete na chama.

— Muito bem, quem será o primeiro? – ele perguntou. Os garotos que haviam se levantado, se sentaram e todos olhavam aterrorizados para ele, depois para a chama e para o ferrete. Rosier girou o ferrete em suas mãos por alguns minutos, observando as expressões cada vez mais assustas no rosto dos demais. Então levantou-se e caminhou lentamente pelo grupo carregando o ferrete em brasa na frente e apontando-o para todos, demorando-se alguns segundos na frente de cada um de modo que a imagem da marca negra permanecesse em suas retinas quando ele a apontava para o próximo aluno. Após dar a volta completa sem dizer uma só palavra, deixou o ferrete de lado e acenou sua varinha extinguindo a chama e fazendo desaparecer o ferrete, então caiu na gargalhada.

— O Lorde das Trevas tinha toda razão. Essa cena foi mesmo muito divertida... Tolos. Vocês todos são tolos em pensar que é assim que se torna um Comensal da Morte. Para servir ao Lorde das Trevas é preciso muito mais do que saber meia dúzia de feitiços e maldições. E para entrar para o grupo seleto que é digno de usar a sua marca, você precisa demonstrar sua lealdade diretamente a ele. O Lorde das Trevas não está aliciando crianças. Ele não precisa disso e, além do mais, julga muito importante que vocês terminem sua educação mágica, para que sejam plenamente capazes de desfrutar o mundo que ele está construindo para todos nós.

— Então não vamos ter um novo clube? – Perguntou Rockwood, confuso.

— Na verdade, sim, meu caro Rockwood. Alíás, encontrei seu pai quando estive na reunião dos Comensais da Morte. O Lorde das Trevas está muito satisfeito com o serviço que seu pai está fazendo no Ministério. Discreto e eficiente. Espero que na escola você consiga agir como seu pai e não nos coloque em evidência em nenhum momento. Aliás, é o que espero de todos aqui. Discrição. Ninguém pode sequer sonhar que temos um clube. –

Rosier aguardou um momento para que cessassem os cochichos e conversas paralelas.

— Vamos ter um novo clube. Um clube de formação, onde discutiremos assuntos relevantes, estudaremos estratégias e magia avançada. Isso não quer dizer que quem está aqui hoje será automaticamente membro do novo clube. Não. É preciso mostrar sua lealdade e devoção à causa. E mostrar-se capaz. Coragem, audácia. Isso tudo sem ser notado. Quero que me provem que não será uma perda de tempo treiná-los, então estudem. Dou-lhes o prazo até o início das aulas do próximo ano letivo para que se preparem. Durante o primeiro mês quero que me apresentem provas contundentes de sua capacidade e vontade.

— Ora, Rosier. Quem você acha que é para falar com a gente deste jeito? – perguntou Emma.

Rosier lentamente deslizou o tecido negro da manga de seu uniforme para cima e expôs a tatuagem da marca negra no interior de seu braço.

Ninguém falou nada. Emma engoliu em seco. Então era verdade. Regulus olhou atentamente. Sempre tivera curiosidade, mas nunca conseguira ver a marca. Bellatrix gostava de fazer suspense e se deliciava em esconder a marca apenas para deixa-lo ainda mais curioso. Lucius nunca mostrara a sua, também isso não era uma coisa que se mostrasse numa reunião familiar e, para falar a verdade, não tinha certeza de que Lucius fora mesmo tatuado. Mas definitivamente, estava lá no braço de Rosier, bem traçada e hipnotizante como a marca sobre a casa dos Leloush.

Rosier olhou atentamente nos olhos de cada um e sorriu. Parecia satisfeito com o resultado de seu gesto.

— Vocês vão se reportar a mim durante o seu treinamento, em um local próximo a Hogsmeade, já que me formo em poucos dias. Antes que me perguntem, temos pelo menos duas maneiras de entrar e sair da escola sem que seja pelo portão principal. Vocês serão informados delas quando chegar a hora. Por enquanto, quero que aqueles que pretendem se juntar a nós, que pensem em um modo de provar sua habilidade.

— Que tipo de prova? Um feitiço? Uma poção? Devemos matar alguém? – arriscou John.

— Que serventia pode ter um prisioneiro de Azkaban para o Lorde das Trevas? – Rosier aguardou que a risada nervosa de John cessasse e continuou – matar está fora de questâo, mas enfeitiçar.... – ele balançou a cabeça para os lados como se ponderasse a ideia – pode ser. Não vou falar mais porque é importante que a iniciativa seja de cada um. Todos que estão aqui esta noite foram observados de perto nos últimos meses e, em sua maioria, me parecem aptos a participar. Agora, quero que assinem essa pequena lista de presença e depois estão dispensados. Acho que não preciso ressaltar que tudo o que foi dito aqui é sigiloso e que quem comentar qualquer coisa com uma pessoa de fora será punido severamente. – seu olhar se demorou por algum tempo em Crouch.

Os garotos assentiram com a cabeça e, após assinarem a lista, tomaram o caminho de volta para as masmorras.


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