A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 55
55. O novo clube




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O novo clube

Mal as tochas haviam sido apagadas anunciando as dez horas da noite e já se ouviam ecoando pelos corredores vazios e escuros de Hogwarts os passos apressados de Regulus Black, Severus Snape, Caspar Mulciber, Louis Avery e Theodor Amifidel. As capas negras do uniforme escolar e a noite sem luar ajudavam a disfarçar sua presença, não fosse pelos cabelos louros de Avery que reluziam como ouro ao menor sinal de luz, eles pareceriam apenas sombras na noite. Esta era a primeira noite de sexta-feira após o aniversário de Regulus e eles estavam ansiosos pelo encontro extra no clube de duelos que havia sido marcado por Rosier. Os encontros do clube já não eram mais todas as semanas, uma vez que a grande maioria dos duelistas estava se dedicando aos treinos de quadribol. Ficar com o quarto lugar no torneio da escola não era uma opção.

Regulus andava próximo de Amifidel, guiando-se na escuridão pela respiração do amigo. Ele empunhava avarinha próxima do corpo, não que estivesse esperando um ataque surpresa de qualquer coisa, apenas sentia-se bem com a varinha a postos. Caminhar pelos corredores escuros já não lhe despertava a mesma emoção das primeiras vezes, ele já conhecia todas as figuras dos quadros pintados à óleo, sabia que sussurrariam palavras de desagrado ou conselhos o que, em ambos os casos, ele ignoraria. Sentia-se ansioso para que logo chegasse sábado e o jogo. Os passos pesados de Mulciber à suas costas o lembravam o quanto precisava pegar o pomo. A sensação de ter todos contra si era algo que ele não queria que se repetisse nunca mais... Logo tudo estaria acabado, mais algumas horas e seria a hora do jogo... e o “após o jogo”. Regulus suspirou, apertando a varinha com ainda mais força contra o peito. Ele se perguntava se Alice iria encontra-lo ou não, seu bilhete não havia sido o que se podia chamar de um convite delicado, ele pensou, mordendo os lábios.

Um a um os garotos se espreitaram pela passagem atrás do relógio da torre, sendo surpreendidos pela voz de Crouch que vinha de algum ponto na escuridão mais à frente:

— Hoje, após a aula de Trato das Criaturas Mágicas, eu estava subindo as escadas para entrar na escola quando encontrei com Alice da Lufa-lufa, a menina que andava com o Black... – falava o garoto com a voz empostada, como quem discursa.

Ao ouvir o nome de Alice e o seu, Regulus ficou mais atento à conversa. Ele apressou o passo, empurrando Amifidel para que ele andasse mais depressa.

— A pobrezinha estava tão carregada de livros que parecia que ia cair para frente... eu corri para ajudá-la e a acompanhei até a biblioteca... eu perguntei para ela porque tantos livros e ela disse que está pensando em seguir carreira no Ministério... Você já viu uma coisa dessas? No segundo ano e já pensando em qual carreira vai seguir... impressionante, não? Meu pai ia adorar ela...

Então Regulus e Amifidel o alcançaram. Ele estava com Jack Laughton, que não parecia muito interessado na conversa do garoto e já se adiantava em subir a escada que levava para o alçapão. Crouch olhou para Regulus com ar de superioridade, deu uma risadinha cínica e subiu as escadas.

O restante do caminho os sete garotos fizeram sem trocar uma palavra sequer. Conforme desciam as escadas chegarem na sala secreta do clube de duelos, a claridade das tochas acesas ia se intensificando, formando longas sombras na parede a partir dos primeiros na fila da descidas. Regulus se perguntou se estariam atrasados, mas para sua surpresa a sala estava vazia, a não ser pela presença de três pessoas.

Os garotos rapidamente se juntaram à Emma Vanity e Tom Blishwick, que conversavam sobre quadribol animadamente. Regulus franziu a testa ao observar que Rosier e Gibbon não haviam chegado. Aquilo era muito estranho, pois sendo os mais velhos, eles sempre eram os primeiros a chegar. Rockwood, que estava sentado a um canto tomando notas em um pequeno pedaço de pergaminho, guardou-os no bolso, levantou-se e foi recebe-los.

— Bom, acho que todos já chegaram, podemos começar a nos separar em pares. Hoje não teremos vários duelos simultâneos como de costume, mas um de cada vez. Gostaria que todos observassem os duelistas com atenção para depois apontar o que notam como erro e como acertos. Isso vai ajuda-los a melhorar seu desempenho. Alguma pergunta?

— Rockwood, onde estão Rosier e Gibbon? – perguntou Severus.

— Rosier levou Gibbon para apresenta-lo ao Lord das Trevas. – disse Rockwood deixando escapar uma pontinha de inveja.

Os garotos olharam para Rockwood boquiabertos. Emma perguntou:

— Como assim? O Lord das Trevas está aqui na escola?

— Claro que não, garota! Como você é bobinha! – Rockwood balançou a cabeça negativamente – eles iriam encontrar Lucius Malfoy em Hogsmeade e depois iriam para o local secreto onde os Comensais da Morte costumam se encontrar.

Regulus achava sempre muito interessante como uns e outros falavam de Voldemort e dos Comensais da Morte como se fossem íntimos. Ele sabia que muitos ali eram filhos de Comensais e isso o deixava com uma pontinha de inveja, já que as pessoas mais próximas dele que genuinamente haviam se juntado ao Lorde das Trevas eram Bellatrix e Malfoy e ambos mantinham segredo a respeito da maioria das coisas que faziam. Seus pensamentos foram interrompidos por Amifidel, que perguntou, curioso:

— E onde é esse lugar?

— Eu não acredito que tenho que responder esse tipo de pergunta... – rosnou Rockwood. – se é um local secreto, como eu iria saber?

— Pensei que você já tivesse ido... – falou Avery.

— Erm... eu fui em uma encontro dos Comensais da Morte, mas o Lord das Trevas não estava lá. Foi durante as férias de inverno, me disseram que ele estava para os lados de Bramshill, justo naquela noite que meu pai me levou...

— Ah, você está inventando isso! O que o Lord das Trevas iria fazer em Bramshill? Andar a cavalo? - desafiou Mulciber.

Regulus engoliu em seco. Ele sabia que Rockwood não estava inventando nada, também sabia exatamente o que o Lord das Trevas estava fazendo em Bramshill. Mas não falou nada em sua defesa, não queria falar sobre Bramshill, muito menos sobre os Leloush. Por mais que lutasse contra seus sentimentos, ainda sentia um pouco de pena das meninas.

Rockwood respondeu, saindo pela tangente:

— Se você não sabe o que ele estava fazendo lá é porque não é para você saber. Eu é que não vou contar! Agora vamos lá. Black, Crouch. Quero os dois no centro da roda, agora.

Regulus foi para o centro com prazer. Havia algo em Crouch que o deixava ansioso para estuporá-lo, um certo ar de superioridade, um nariz sempre empinado que desafiava Regulus a querer vê-lo no chão, que o irritava só de estar próximo a ele. Seria um prazer vencê-lo no duelo.

Crouch, como sempre, se aproximou com ar de quem cantava vitória, balançando sua varinha displicentemente entre os dedos, seu costumeiro sorriso cínico no rosto. Era verdade que após uma ano inteiro ele ainda era o único aluno do primeiro ano convidado a participar do clube – e isso o tornava, de certa forma, especial – mas isso se dava ao fato de Rosier não ter paciência com os mais novos. Mas como aquele era seu último ano na escola, provavelmente as regras mudariam assim que se iniciasse o novo ano escolar. Não que Gibbon – seu provável sucessor – fosse mais maleável, ele apenas se divertia em subjugar os mais novos e rir de seus erros – como se nunca tivesse sido inexperiente também.

— O que você quer que eu faça primeiro, Rockwood? Quer que eu desarme o Black antes ou depois do Cruciatus? – perguntou Crouch, cheio de si.

Rockwood sorriu debochadamente e respondeu:

— Se eu não soubesse que a Grifinória ganhou o último jogo trapaceando, eu mesmo iria lançar uma cruciatus nele... Mas agora que sei que suas suspeitas estavam erradas, acho melhor você se preparar para se defender, pequeno Crouch, Black não é o traidor que você tentou fazer todos acreditar que fosse ... E Black já se afastou da garota... e temos sorte de que você não jogue no nosso time, já que foi só ele largar o osso que você já tomou conta ... pensa que eu não vi você correndo atrás dela feito uma sombra? – Rosier falou, observando as reações de Regulus.

Regulus engoliu em seco. Então fora Crouch que havia colocado seu nome no fogo? Tinha sido ele quem iniciara a fofoca de que ele dera de bandeja o jogo para Grifinória? E agora corria atrás de Alice... O que será que ele estava querendo? Regulus encheu-se de energia e enquanto olhava nos olhos castanhos de seu oponente, como se mergulhasse neles, por um momento teve a impressão de ver a imagem de Alice abarrotada de livros. Não sabia dizer se a imagem vinha de Bartô ou de sua própria imaginação, mas isso não importava, apenas aumentava sua raiva. Então ele se sentiu paralisado momentaneamente pela dúvida sobre qual feitiço ele iria lançar primeiro. Toda sua raiva precisava ser canalizada para algum lugar, ou então ele explodiria. Explodir seria ótimo, seus lábios se curvaram ligeiramente com a ideia, porém isso não seria correto e ele poderia ser expulso da escola.

— Muito bem, garotos, cumprimentem-se – disse Rockwood, excitado para ver o que imaginava iria ser uma boa briga – muito bom. Agora afastem-se contando sete passos e virem-se quando eu contar três... Um.... dois... três!

— Stupefy!

— Cruc...

O feitiço de Crouch não teve tempo de ser realizado. Com a raiva que sentia, a ideia fixa em explodir Crouch, o feitiço estuporante lançado por Regulus teve seu poder maximizado. O garoto do primeiro ano foi lançado para o alto e bateu com as costas na parede cavernosa da sala de duelos, a três metros de distância de onde estava, caindo no chão, em seguida, desacordado.

Emma correu para acudir Bartô. Rockwood comentou, achando graça:

— Bem, agora que já nos livramos do Crouch, podemos conversar...

Regulus olhou para ele, boquiaberto.

— Como assim?

— Black, eu não gosto de fofocas e Crouch se aproveitou de uma situação para deixar nossa casa inteira contra você, e tudo para ficar com a sua garota.

— Ela não é minha garota... – Regulus murmurou.

— De qualquer forma, não achei justo. Estava ansioso para ver você dar uma lição nele... além disso, queria conversar sobre algo importante e, bem, apesar dele ser da nossa casa, seu pai continua na cola do meu pai, não acho que Crouch conseguiria manter segredo sobre algo importante quando isso o pudesse favorecer em casa...

— Será que você poderia ser mais específico, Rockwood? – perguntou Severus, interessado.

Rockwood aguardou Emma se juntar a eles novamente, depois de examinar Crouch e o deixar desacordado no mesmo local em que caíra. Então falou:

— Bem, comentei com meu pai sobre o nosso clube e ele achou uma ideia muito interessante. Contou que no seu tempo ele também tinha um clube assim e era formado por todos aqueles que hoje servem o Lord das Trevas. Rosier e Gibbon devem estar, neste exato momento, conversando com o Lord das Trevas sobre como tirar um melhor proveito de nossos encontros. Como vocês sabem, Rosier se forma neste ano e Gibbon será nosso líder, uma vez que o mais velho do grupo. Provavelmente iremos precisar um novo local para esses encontros e também sermos mais seletivos em relação aos que participam...

As palavras do quintanista ecoavam na mente de todos ali. Os estudantes permaneciam em pé, parados formando um círculo, varinhas em punho, imóveis. A ideia de que Rosier pudesse estar, naquele exato momento, mencionando seus nomes ao Lorde das Trevas era excitante. A grande maioria tomava como uma grande honra participar de algo diretamente ligado a Voldemort, enquanto Emma Vanity parecia um pouco apreensiva. Ela foi a única a ter coragem de se pronunciar:

— Mas então não vamos mais ser somente nós e nosso clube?

— É, Emma, de certa forma, você está certa. No clube seremos apenas nós, mas agora vamos receber orientação de fora. Nosso clube terá o propósito real de formar jovens bruxos capazes de lutar a favor dos nossos direitos, para o caso de se instaurar uma guerra. Como você sabe, quem estiver mais bem preparado, terá mais chance de sucesso... e que eu saiba, ninguém aqui quer que o domínio pró-trouxa continue sufocando nossa necessidade de magia... – respondeu Rockwood, circulando entre os colegas que olhavam boquiabertos para ele, muitos concordando com a cabeça.

— E quanto ao Crouch? – Emma arriscou a perguntar, apontando coma cabeça para o menino ainda desacordado.

— Gibbon, Rosier e eu decidimos que iremos testar sua lealdade antes de convidá-lo a fazer parte. – respondeu Rockwood, sem olhar para ela.

Então Regulus compreendeu. Emma normalmente fazia parte da cúpula de decisões do clube de duelos e estava claro, a partir das perguntas que fazia e das respostas que Rockwood dava, que ela não tinha sido consultada a respeito da decisão dos outros três. Regulus estava tão excitado quanto os outros com a ideia de fazer parte deste clube mais seleto, mas a forma como trataram Emma era bastante esclarecedora sobre como ele devia se portar. Apesar de ter ficado claro pela postura de Rockwood que a “cúpula” do clube confiava nele, também estava claro que era muito delicada a fronteira entre confiar e não confiar. Isso lhe dava o caminho a seguir no dia seguinte, no jogo contra Lufa-lufa. Não poderiam restar dúvidas acerca de sua lealdade.

Após alguns duelos bastante animados em que os garotos pareciam a qualquer custo mostrar-se habilidosos e preparados para avançar para o nível superior, Rockwood o dispensou. Regulus voltou para as masmorras da Sonserina acompanhado de Severus, que, como ele, seguia em silêncio, o corpo ereto numa postura de quem havia sido bastante elogiado. Nenhum dos dois conversou até a entrada dos dormitórios, mas os olhares que trocaram eram mais do que significativos e parabenizavam um ao outro em silêncio, trocaram apenas o costumeiro breve aceno de cabeça.


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