A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 38
38. Na cozinha de Hogwarts




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Na cozinha de Hogwarts

Os dias passaram, inteiraram semanas. Regulus estava muito feliz com o resultado de seu primeiro jogo, não só por ter apanhado o pomo antes de Rachel, como também por ter sua popularidade em alta desde então. Agora ele já não era o “o menino mirrado, irmão de Sirius Black”. Agora ele era o mais rápido apanhador dos últimos tempos, o responsável pela vitória arrasadora da Sonserina sobre a Corvinal. Todos os olhavam com respeito e admiração, muitos o cumprimentavam nos corredores da escola e uma grande massa de garotas suspirava quando ele passava por perto. Era uma sensação interessante e muito gostosa. Mas ele ainda não estava completamente satisfeito: para seu mundo ficar perfeito ainda faltava Alice. E desde que as garotas não o deixavam mais sozinho, Alice parecia ter evaporado mais uma vez.

Ele rondava pelos corredores próximos à cozinha, às aulas em que ela estaria e à biblioteca, tentando arranjar um “encontro casual”, mas isso não funcionou e durante um mês inteiro nem mesmo nas aulas de Trato das Criaturas Mágicas que Sonserina e Lufa-lufa compartilhavam ele conseguia se aproximar dela. Então ele desistiu. Teria que mudar de tática.

Já estavam no final do mês de novembro quando ele teve uma ideia. Alice estava bocejando olhando para seu prato de ovos mexidos durante o café da manhã, quando uma coruja, mais precisamente a coruja de Regulus, Schwarzie, lhe entregou uma carta. Imediatamente ela sentiu o calor queimar suas bochechas e não ousou olhar para a mesa da Sonserina. Abriu o pergaminho onde estava escrito:

“Alice,

Ando tentando conversar com você há semanas, mas parece que seria muito mais fácil marcar uma reunião com o Ministro da Magia ou com Lord Voldemort... Ou ainda, é provável que um elfo-doméstico comece a lecionar em Hogwarts antes que eu consiga falar com você! Ô garota difícil!

Estou desde a madrugada plantado em cima de um saco de batatas. Elas já estão tão moldadas ao meu corpo que não será difícil que eu seja servido no almoço como guarnição para o assado. Oh, não: o que será isso que eu estou vendo? Parece com a boca do forno...

Bom apetite!

Assinado aquele que costumava ser seu melhor amigo,

RAB”

Ela sorriu. Nunca havia visto Ragulus falar ou escrever daquele jeito. Mais do que depressa, ela dobrou o pergaminho carinhosamente e o guardou no meio de um livro. A comida em sua frente já havia esfriado, mas isso não importava mais. Sua fome havia passado completamente, apesar dela sequer ter provado o café da manhã. Ela levantou-se e avisou às amigas:

— Preciso ir a algum lugar antes da primeira aula.

As garotas que sempre a acompanhavam fizeram menção de se levantar, mas ela avisou:

— Vou sozinha. Até mais tarde.

E fingindo não se importar com a reação das garotas que estavam excitadíssimas com o fato de Alice receber uma carta e agir misteriosamente, ela deixou o salão principal. Pensou que encontraria Regulus na saída, mas ele não estava lá. Então foi até o corredor da masmorra da Sonserina, que estava vazio, exceto pela figura sinistra do barão Sangrento que a ignorou completamente e atravessou seu corpo, fazendo bater seu queixo de frio. Então voltou, se ele não estava no corredor da Sonserina, quem sabe não estaria ainda próximo à sala comunal da Lufa-lufa. Sim, ele mencionara saco de batatas! Ela sorriu e franziu a testa ao pensar isso, já que não se lembrava de tê-lo visto ao ir tomar seu café-da-manhã. Caminhou apressada pelos corredores tortuosos que levavam à sua sala comunal, enquanto em sua cabeça inevitavelmente se formava a imagem bizarra de Regulus servido como guarnição para o assado, deitado sobre uma travessa e cercado por batatas suculentas. Que gosto será que ele teria? Riu-se de si mesma, achando que deveria ter tomado café-da-manhã ou então não estaria pensando maluquices! Chegou ao corredor da cozinha e ele não estava lá, mas viu algumas batatas esparramadas pelo chão... Será que? A possibilidade de Regulus ter de fato virado almoço a assombrou por alguns instantes. Com o coração aos pulos, começou a juntar as batatas do chão quando um elfo vestido com uma fronha estampada com o brasão de Hogwarts se aproximou e disse:

— A senhorita quer que prepare algumas? Está com fome? Ou a senhorita também perdeu algo no meio das batatas?

Assim que ouviu esta terceira alternativa, seus olhos brilharam: ela tinha certeza que ele falava de Regulus. Então suspirou aliviada:

— Onde está o garoto que perdeu algo no meio das batatas?

— Venha comigo.

O pequeno elfo a guiou para dentro da cozinha. A cozinha de Hogwarts era incrivelmente grande e nela haviam quatro mesas enormes posicionadas da mesma forma que o no salão principal acima dela. Na ponta da mesa da Sonserina havia cinco elfos em volta de um garoto de cabelos negros, que estava de costas para ela. Ela reconheceria aquele cabelo em qualquer lugar do mundo, então se aproximou sorrindo:

— Encontrou o que procurava, Reg?

Ele se virou para vê-la. Estava realmente descascando uma batata, os elfos o olhavam com ar de desespero e pena ao mesmo tempo, talvez por julgarem-no doente mental. Ao seu lado, uma bacia cheia de batatas descascadas. Ele sorriu e disse:

— Você pode apostar que sim. Acabo de encontrar.

Ela sentiu as bochechas corarem novamente. Então ele se levantou e entregou a batata para um elfo que estava à direita:

— Quero esta batata preparada do jeito que lhe falei.

O elfo respondeu:

— Como o senhor quiser, senhor.

Os elfos se dispersaram pela cozinha, deixando os dois alunos sozinhos. Regulus permaneceu sentado, sorrindo para ela. Alice ficou parada, pois não sabia o que dizer e seria bobagem sair correndo porta afora como suas pernas lhe imploravam para fazer. Então falou:

— Carta esquisita...

Ele olhou para ela, apertou os lábios e ergueu os ombros:

— Só uma coisa que aprendi com meu pai...

Ela franziu as sobrancelhas em resposta. Os elfos pararam por um instante para ouvir a conversa e olhavam para os dois discretamente. Regulus tentou explicar-se:

— Meu pai uma vez me disse que quando não sabemos o que dizer ou como fazer algo, devemos seguir nosso coração e aceitar fazer o que ele mandar. Você é minha melhor amiga e eu estou me sentindo sozinho sem você...

— Se sentindo sozinho? Você está sempre rodeado por um monte de gente desde o início das aulas e não me procurou mais, achei que não quisesse mais conversar comigo agora que é tão popular...

— Sabe, os outros não me entendem como você entende. Ou Sirius, mas ele se transforma cada vez que chega a Hogwarts, essa coisa de ser da Grifinória lhe sobe à cabeça...

— Mas ele torceu por você no último jogo.

— Isso porque era contra a Corvinal e ele tem bronca do Richard...

— E quem não tem? – Alice sorriu e tomou um lugar ao lado de Regulus. – Reg, o que você estava fazendo aqui?

— Não é óbvio? Vim procurar um novo professor para Hogwarts! – ele brincou.

Ela levantou uma sobrancelha, olhou para os elfos e perguntou?

— Encontrou algum?

— Há! Vários! Etapa 1 concluída!

— Qual seria a etapa 2?

— Conversar com o Ministro da Magia... ele poderia ter alguma dica sobre onde encontrar você...

— Isso quer dizer que a etapa 3 seria falar com Lord Voldemort? – ela perguntou, achando graça, ao mesmo tempo que falar aquele nome a deixava levemente amedrontada.

— Ah, não... Com ele eu falei, não sabia de você...

— Como assim? Você falou com ele?

— Dã! Você tá maluca? Era só uma piada! Tudo brincadeira... fora a parte que eu disse que estava sentindo sua falta...

— Eu também senti sua falta. Que tal nos encontrarmos ao final da tarde, antes do jantar?

— Hum, bem, depende do dia. Às terças e quintas tenho treino de Quadribol...

— Bem, pode ser depois do jantar, então... E hoje é quarta, então podemos nos ver antes e depois do jantar.

— Ah, às quartas eu tenho compromisso depois do jantar. – Ela olhou para ele com uma pergunta em sua face, então ele se adiantou em explicar, sem falar do clube de duelos: - coisa de garotos, jogos...

— Você não precisava explicar, sei como é, snap explosivo, xadrez de bruxo, essas coisas... Também fazemos isso lá na Lufa-lufa.

— Bem, acho melhor nos apressarmos agora, tenho aula de feitiços. – ele disse, levantando-se.

— Claro... – respondeu Alice, seguindo-o para a saída da cozinha.

Antes de fechar a porta, Regulus gritou para os elfos:

— Não esqueçam das batatas! Até mais.

— Não esqueceremos não senhor. – respondeu o elfo que estava mais próximo da porta, ainda suspeitando que Regulus tivesse algum problema mental por ser tão atencioso com os elfos.

— O que você pediu que eles fizessem? – Perguntou Alice, curiosa, ao ouvir fecharem a porta às suas costas.

— Nada de especial. Uma receita de minha avó Melania, batata assada na manteiga com sal.

— Parece bom.

— Pode apostar. Vai ter uma para você e uma para o Sirius no almoço. – ele sorriu, checando a expressão dela pelo canto do olho. Alice parecia bastante feliz.

Então os dois correram para alcançar as escadas e foram para as respectivas salas de aula.


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