A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 29
29. Descobertas




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Descobertas

As irmãs Sophie e Simone não deixavam a casa dos Black nos dias que se sucederam. Mal os meninos haviam levantado da cama, lá estavam elas chamando para um passeio à cavalo pelas trilhas de Bramshill, ou um jogo de quadribol – Simone e Sirius eram batedores e goleiros ao mesmo tempo, enquanto Sophie e Regulus jogavam como artilheiros e apanhadores. Ora faziam time de meninos contra meninas, ora times misto. A diversão era tanta que não raras vezes a vovó Black teve que enfeitiçar uma vassoura para que os meninos voltassem para a terra para almoçar ou jantar. Após o almoço, todos os dias, Regulus ia até a biblioteca procurar livros que pudessem ensinar línguas antigas.

Era sábado, dia 27 de julho quando finalmente Regulus encontrara um livro sobre Latim. Ele começou a ler ansiosamente, como se tivesse o maior tesouro do mundo em suas mãos, quando Simone entrou na biblioteca:

— Ei, Reg. Vamos dar uma volta? A Sophie e o Sir já estão lá fora, pretendemos procurar uma gruta que seu avô disse ter no meio da floresta. Vamos?

— Ahn, podem ir vocês. Eu vou ficar aqui lendo mais um pouquinho.

— O que você está lendo? – perguntou ela, já virando o livro para ver o título impresso na capa. – Latim?? Para que você quer aprender Latim? – ela perguntou incrédula, com seus olhos arregalados.

Regulus olhou nos olhos verdes de Simone. Ela inspirava confiança:

— Não conte para o Sírius, eu quero ver se consigo inventar feitiços... Preciso nomeá-los, sabe? Latim...

— Ah, é só isso então? Lá na Beaxbatons temos uma aula só sobre isso. É muuuuuuuuuuuuuito chata. Aula de Latim, Esperanto, Galês, Inglês arcaico e Português. Uma dia até perguntei para a professora porque não estudamos também línguas africanas e asiáticas... Logicamente eu estava sendo sarcástica, mas a professora não entendeu e anotou como sugestão para o próximo ano...

— Hum, isso parece péssimo! – disse ele, balançando a cabeça.

— Eu tenho alguns livros lá em casa, posso te mostrar alguma coisa... Quer?

— Demorou!

Os dois saíram apressados, dizendo para Sirius e Sophie irem sozinhos pois tinham outros planos para aquela tarde.

A casa de Simone Leloush era bastante sóbria como a sua, como Regulus pode notar, sem, porém, os objetos de gosto e natureza duvidosa como o porta guarda-chuvas de perna de trasgo que havia no hall de entrada de sua casa. Mal entraram e a mãe das meninas, dona Justine, uma bruxa esguia, de cabelos azulados curtíssimos e olhar penetrante, veio à porta recebe-los com um meio sorriso que franzia levemente suas pálpebras:

— Entón, este é um dos menins ingleses, neto de Melaneé Black com quem minhas filhas gastam suas horras ao invés de estar estudand.

— Maman, s'il vous plaît. – pediu Simone, envergonhada da recepção nada calorosa de sua mãe, que respondeu com um olhar severo. – Pois Regulus e eu estamos justamente vindo aqui dar uma olhada nos livros de línguas, maman.

— Oh, ouí. Ça va. – e virando-se para Regulus, disse, olhando-o com uma expressão serena – Seja ben vindo a minha casa, senhorr Black.

Regulus não compreendeu muito bem o que havia acontecido, mas conseguia entender que agora ele era bem-vindo à casa. Então, estendeu o braço e cumprimentou a senhora Justine. Depois seguiu Simone pelo corredor, entrando a direita na última porta.

A biblioteca dos Leloush era clara e muito bem organizada. Havia inclusive um catálogo com a lista de todos os livros, etiquetas nas prateleiras, com números que correspondiam à localização dos livros. Regulus estava extasiado, pensando que a tarefa seria muito mais fácil do que fora em sua casa ou na da avó. Ledo engano: os livros estavam todos em francês! Ele pegou a lista com os títulos que a amiga havia lhe dado e devolveu, dizendo:

— Acho que isso não vai servir muito para mim, sabe... Eu não sei francês.

— Nada que não possa ser corrigido com um toque de varinha. – respondeu ela, sorrindo marotamente.

— Como assim? Se existe um feitiço que me ensina francês, então deve ter um feitiço que ensine Latim!

— Ora, não seja bobinho, Reg! Não existe feitiço que coloque conhecimento na cabeça de uma pessoa... Você tem certeza que aprende alguma coisa em Hogwarts?

Regulus abaixou a cabeça, encabulado:

— Eu pensei que você tinha dito que...

— Não, não posso fazer você entender francês magicamente, – disse ela, chacoalhando a cabeça – mas posso traduzir o livro que você quiser! – e ela tirou um livro da estante e lhe entregou, dizendo – Segure um minuto, por favor.

Então ela pegou sua varinha e apontou para o livro:

Reddo French adangla.

Imediatamente tudo o que estava em francês foi traduzido para o inglês. Então Regulus entendeu o que tinha em suas mãos: um dicionário Inglês-Latim, originalmente Francês-Latim.

— Isso é incrível! – disse ele, folheando o dicionário – seu feitiço traduziu somente o francês! Muito bom! Dá certo com todos os livros?

— Claro. Feitiço inventado por minha mãe. Quase sempre funciona.

Em pouco tempo ele estava em frente a uma mesa cheia de livros, Simone falava sem parar, animadamente:

— Bem, lá na Beaxbatons a gente começa por estudar a origem e o significado de cada palavra que é dita para fazer um feitiço. Quando você estiver entendendo o mecanismo que une as palavras, você entenderá o pedido do feitiço.

— Como assim?

— Ah, cada feitiço tem uma intenção, dependendo da intenção ele vai pedir para você que use uma ou outra linguagem. Feitiços de mesma energia pedem a mesma linguagem.

Ele lembrou do que o pai havia falado sobre feitiços de mesmo tipo, mas não havia entendido muito bem o que isso significava. Por outro lado, Simone falava destas coisas tão naturalmente, como se ele devesse saber que ele sentiu vergonha de pedir explicações. Ficou olhando ela ensinar-lhe etimologia (origem e significado das palavras), esforçando-se ao máximo para compreender tudo o que ela falava. Mas ela era rápida e facilmente ele parou de ouvi-la e começou a devanear. Duas horas mais tarde, em meio a bocejos, ele perguntou:

— Você poderia me emprestar estes dois livros aqui? É que preciso ir para casa...

Simone não sabia, mas havia feito muito mais do que emprestar dois livros a Regulus, com aqueles livros ele começou a dar os primeiros passos em direção ao infinito de possibilidades que era descobrir e reproduzir magia com as palavras.

Ele escrevia feitiços simples em um pergaminho, então dissecava as palavras até encontrar o núcleo mágico de cada uma. Não era algo que pudesse ser explicado, ele apenas sentia que havia encontrado, era como se visse um certo brilho em torno das letras de cada núcleo. E, a cada descoberta que fazia, parecia que o poder da magia estava mais próximo dele, mais possível do que nunca.

Naquela noite, Regulus não desceu para jantar com a família. Quando Sírius foi se deitar ele fingiu que dormia para não conversar com o irmão. Não podia e não queria compartilhar o que havia aprendido. Teve uma noite de sono muito agitada. Sonhou estar de volta ao trem, todos os alunos desmaiados no chão. Com um único feitiço, ele acordara a todos. Seu segundo sonho, o que lhe fez sorrir dormindo, era em outro cenário muito bem conhecido dele: estava em Hogwarts, na sala secreta do clube de duelos. Ele pegava sua varinha e gritava uma estranha palavra em Latim, então, um homem vestido com uma longa capa verde escura tombava no chão.


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