A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 165
165. A difícil arte de manter o bico calado


Notas iniciais do capítulo

Olá, enfim, temos um novo capítulo... agora estou organizando as coisas para iniciar uma nova fase na vida de Regulus, um pouco mais sombrias. Mas, por enquanto, ainda temos luz... Espero que gostem e deixem comentários para eu ler.



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A difícil arte de manter o bico calado

Após uma bastante agitada, Regulus acordou ainda de madrugada decido a conversar com seus amigos sobre o que havia presenciado. Ainda com bastante sono e uma certa preguiça de sair da cama, sentou-se e olhou ao redor. Os lençóis de sua cama estavam retorcidos, e pendurados aos pés da cama, juntamente com a manta verde com o emblema da Sonserina. Ele esticou o corpo e puxou os lençóis e a manta para si e, com alguma dificuldade, conseguiu estica-los novamente sobre seu corpo. Respirou fundo e esfregou os olhos. O quarto estava silencioso, Ami, Jack e John ainda dormiam. Olhou no relógio de pulso que havia deixado pendurado no espaldar da cama. Eram cinco da manhã. Por um momento hesitou se deveria voltar a dormir. Estava cedo demais, mas se quisesse conversar com os outros sem chamar a atenção da Casa toda, teria que ser antes de todos acordarem.

Levantou-se, calçou os chinelos de pano e saiu com cuidado para não fazer barulho. Caminhou bocejando sem parar pelo corredor mal iluminado, esguio e curto que levava à sala comunal, tentando pensar sobre o que iria fazer em seguida. Ao se aproximar da entrada da sala, ouviu um som de coisas arrastando. Parou. Seu coração disparou. Quem estaria lá? Esticou o pescoço e espiou pela porta.

Um elfo caminhava pela penumbra de um lado para outro rapidamente, juntando papeis de bala e afofando almofadas, enquanto tirava o pó dos móveis e das reluzentes caveiras de prata que adornavam o local. Enfim, “não era nada”. Certo de que não havia o que temer, o garoto entrou na sala, mas não foi notado pelo elfo.

— Hu-hum – Regulus pigarreou.

O elfo assustou-se, deixando cair o espanador no chão e virou-se rapidamente para olhar de onde vinha o som. Então arregalou os olhos e abriu um sorriso:

— Ah, senhor Black! Que prazer Toffee tem em ver o senhor. Muito tempo que o senhor não vai a cozinha descascar batatas ou fazer um lanche, Toffee estava se perguntando se o senhor já havia terminado os estudos...

Regulus deu alguns passos em direção ao elfo e riu:

— Não, Toffee, ainda faltam dois longos anos para terminar meus estudos por aqui, mas não pretendo voltar a descascar batatas, não tenho mais motivo para isso. – Completou, em um tom de ressentimento. Lhe doía relembrar daqueles tempos em que Alice e ele eram tão próximos.

O pequeno elfo o olhou com interesse, mas não ousou perguntar o porquê; sabia que não cabiam aos elfos perguntar as razões de um bruxo, mesmo em Hogwarts. Então se abaixou e pegou o espanador e voltou a limpar uma já bastante livre de poeira e reluzente caveira de prata. Regulus ficou, por alguns instantes, parado com o olhar perdido no brasão de Hogwarts que adornava a fronha que o elfo usava como roupa, até que rompeu o silêncio:

— Toffee, como funciona a lealdade dos elfos de Hogwarts? Fico curioso, pois em minha casa Kreacher não deve desobedecer a uma ordem da família... – sondou.

Toffee parou, endireitou o corpo e cruzou o espanador sobre o peito, indicando que iria falar de algo importante:

— Os elfos de Hogwarts vêm de uma longa linhagem de tradição em servir a escola, respeitam os alunos, professores e demais bruxos que trabalham aqui e devem obediência ao diretor – Respondeu, solenemente. Então abaixou o tom de voz e, olhando para os lados desconfiado, continuou – Quando o diretor Dumbledore assumiu seu cargo, tentou libertar os elfos. Foi a única vez na história de Hogwarts que os elfos se rebelaram e foram contra uma ordem de um diretor. Então o diretor, como castigo para o elfos, decretou obrigatório o descanso semanal de um dia.

— E o que vocês fazem no seu dia de descanso? – perguntou o garoto, interessando-se pela história e esquecendo-se , por um momento, de seus próprios propósitos.

— A princípio, os elfos limpavam em segredo lugares pouco usados da escola, como sótãos e andares abaixo das masmorras. Mas então o diretor descobriu nosso segredo e proibiu os elfos de ficarem dentro do castelo em seu dia de folga. Então limpamos janelas por fora, fazemos reparos nos telhados, ajudamos o guarda-caças com os animais, juntando esterco ou tirando carrapatos... Não há muito o que um elfo possa fazer do lado de fora, mas é um bom meio de gastar o tempo.

— Sem dúvida um bom modo de passar o tempo livre... – ironizou, sentando-se em uma poltrona com os pés sobre o apoio de braço.

Toffee sorriu genuinamente em resposta e entendeu que a conversa havia acabado, então voltou a espanar os móveis. Regulus pegou uma revista que estava na mesinha ao lado e começou a folhear, fingindo ler. Poucos segundos depois e sem tirar os olhos da revista, perguntou:

— Eu acho muito interessante ouvir de você como as coisas acontecem aqui na escola. Deixe-me perguntar mais uma coisa, Toffee. Tudo o que acontece no castelo um elfo deve reportar a diretor?

Toffee virou para encará-lo com seus olhos esbugalhados.

— Apenas coisas de extremo perigo aos alunos, senhor. O diretor não deve ser incomodado por um elfo, o diretor tem muito o que fazer. Todos os bruxos têm. Se os elfos de Hogwarts perceberem que não há batatas suficientes para cozinhar para o jantar, os elfos devem comprá-las sem pedir permissão ao Diretor Dumbledore. Se um elfo está doente, ele pode ir para ala hospitalar e esperar até que a enfermeira esteja livre para cuidar dele; o diretor Dumbledore já deu permissão aos elfos para fazer tais coisas. Mas se um elfo perceber que um estudante está em perigo, o diretor deve saber imediatamente.

Regulus ergueu as sobrancelhas. Tinha alguma dúvida se os elfos tinham noção do que fosse extremamente perigoso para um bruxo, mas também optou por não se aprofundar no assunto, pois seu interesse na conversa era outro. Houve mais uma pausa na conversa e o garoto falou, animadamente, num tom de voz ligeiramente mais alto:

— Sem dúvida alguma! Toffee, estou preparando uma surpresa para minha namorada. Ela não está muito feliz comigo, então quero ver se posso contar com a ajuda de alguns amigos para impressioná-la. Mas tenho que fazer isso antes que os outros acordem, para manter o segredo... Você poderia me fazer o favor de acordar alguns colegas e pedir que eles estejam no meu dormitório em 5 minutos? Ou você acha que isso é algo que necessita incomodar o diretor Dumbledore com um pedido de permissão?

— Não há necessidade de incomodar o diretor Dumbledore; ele não precisa ficar ser consultado ou avisado sobre isso.

— Então você pode acordar meus amigos por mim?

Toffee olhou para o garoto sem entender. Se ele queria fazer algo enquanto os outros dormiam, porque iria acordá-los? Mas, determinado a ser um bom elfo e seguir as tradições dos elfos de Hogwarts e servir bem aos bruxos sem questionamentos, assentiu.

Regulus lhe passou os nomes e voltou para o seu dormitório. Preferiu pedir ajuda ao elfo, uma vez que algumas portas de dormitórios haviam sido enfeitiçadas para que nenhum aluno que não dormisse lá pudesse abri-la. Efeitos colaterais de ataques de travesseiros.

Enquanto aguardava a chegada dos demais, ele se dedicou à tarefa mais difícil do dia: acordar Ami, Jack e John. Abriu a porta e entrou, fechando a porta atrás de si. O ar viciado do quarto e o som da respiração profunda dos meninos indicava que ainda dormiam pesado. Regulus experimentou falar em voz alta:

— Bom dia, meus amigos! Hora de levantar!

Nenhum deles sequer se moveu. Então ele decidiu tomar medidas mais drásticas. Pegou a varinha e agitou no ar, enquanto falava o encantamento:

— Aguamenti!

Os meninos acordaram assustados. Quando viram Regulus parado em pé próximo da porta, reagiram:

— Perdeu a noção do perigo, Black? – gritou John, jogando o travesseiro no amigo.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou Amifidel, levantando-se, preocupado.

Regulus negou com a cabeça.

Então foi a vez de Jack lhe jogar o travesseiro:

— Não faça mais isso! Pensei que as paredes tivessem se rompido e o Lago Negro havia começado a inundar o quarto!

Depois algumas travesseiradas e ouvir alguns xingamentos, estavam os quatro rindo. Após fazerem Regulus colocar tudo no lugar e secar as camas, voltaram a se sentar ofegantes, cada qual em sua cama e aguardaram os outros, olhando para a porta fechada do dormitório.

Arrastando chinelos e vestidos em seus pijamas, um a um os garotos que haviam participado dos eventos com os Comensais ou estavam ligados a eles ou sua causa de alguma forma, foram chegando. Não demorou muito para que o dormitório ficasse lotado de bocejos e um forte cheiro de sono e suor adolescente. Acotovelando-se uns sobre os outros, fizeram uma roda em torno de Regulus, Ele estava sentado sobre o travesseiro, as costas apoiadas na cabeceira da cama, uma perna esticada e a outra dobrada, numa cópia fiel, mas inconsciente, da posição do corpo do irmão vista através da janela na noite anterior. Isso lhe conferia, internamente, mais poder. Ele aguardou que todos se acomodassem e falou:

— Bom dia! Tenho sentido falta de nossas reuniõeszinhas regadas a cerveja amanteigada e preciso de ajuda com algo para minha namorada... – mentiu, para disfarçar, caso Toffee estivesse ouvindo através das paredes. Os outros se entreolharam, irritados. Então, com uma expressão de urgência, ele gesticulou para que permanecessem sentados e agitou na altura dos olhos um pedaço de pergaminho em que ele rapidamente escreveu uma nota em um código óbvio para que todos ali compreendessem. Não confiava falar tais coisas em voz alta ou dar explicações sobre como havia conseguido tais informações, pois tinha suas dúvidas a respeito do que Toffee julgava ser pertinente contar ao diretor, caso ouvisse alguma coisa. Então, sem dizer mais nada, passou o pergaminho a Jack, que estava do seu lado, e pediu, com gestos, que ele passasse adiante. No bilhete se lia:

“Ontem à noite vi alguns seres saindo do castelo, acompanhados do cara barbudo. Pela conversa, acho que são da Ordem do Pássaro Bobo. Talvez devêssemos avisar Você-Sabe-Quem sobre isso, acho que estamos no procurado ninho do inimigo... Tomem cuidado com o que falam e observem tudo o que parecer suspeito...”

Os garotos foram lendo, alguns com interesse, outros, demonstrando tédio e impaciência. Foi quando Crouch Jr passou o bilhete para Avery e este, após, passar os olhos rapidamente sobre o recado, amassou e jogou o pergaminho de volta para Regulus:

— Bah, você nos chamou aqui para isso? Novamente com suas teorias? Provavelmente essa é uma informação que a elite das varinhas mascarada já sabe. Eles estão de olho no cara barbudo...

Mulciber, que estava sentado na cama de Amifidel, esticou o braço, pegou o pergaminho e desamassou, lendo rapidamente:

— Se o que Black viu foi mesmo uma reunião dos inimigos, então ele pode estar certo e estão usando nossa escola como ninho. Bem, na dúvida, essa noite teremos um encontro e passaremos a informação.

Regulus levantou da cama em um pulo:

— Como assim, teremos um encontro? Não fiquei sabendo de nenhuma convocação! – reclamou, decepcionado em ficar de fora mais uma vez. Os demais garotos também se agitaram.

— Não se estresse, - disse Mulciber, acenando para que Regulus se sentasse e este obedeceu, levando instintivamente a mão esquerda à boca e começou a roer as unhas, enquanto ouvia Mulciber falar. – Foi meu pai quem avisou, ele pediu para não falar para ninguém até dar a hora... Você sabe, eles desconfiam que podemos ser seguidos caso alguém comente no corredor, sem querer...

— Se ele pediu que não contasse até a chegada da hora de ir, você não deveria estar falando sobre isso. Agora vamos correr o risco de alguém comentar pelo corredor... – repreendeu Severus, revirando os olhos para o teto.

— Bem,  está quase na hora, vai ser essa noite, às...

Silencio! – A varinha de Snape se agitou em direção a Mulciber, cuja voz emudeceu imediatamente. – Parece que sou o único a usar o cérebro por aqui! Quando você aprender a manter a língua dentro da boca, eu retiro a maldição – disse irritado para Mulciber que o olhava com uma expressão indecifrável.

Regulus levantou-se mais uma vez e foi até seu malão, onde guardava, junto com suas roupas suadas do treino da noite anterior, os jornais novamente enrolados um ao outro.

— Bem, eu também gostaria de comentar que ando preocupado com o Cara Barbudo. Acho que ele está chegando muito próximo de nós e do grupo de elite. Olhem esses jornais. No tabloide abram a página 5 e observem a foto no canto esquerdo, ao fundo... e no Profeta leiam a notícia principal, o Cara Barbudo deixa bastante claro que ele sabe da nossa participação – disse Regulus, apontando os fatos nos jornais.

Ele entregou o exemplar do Profeta para a pessoa do seu lado direito e o tabloide para a pessoa do lado esquerdo, de modo que jornais passaram de mão em mão pelo grupo até retornarem a ele. Alguns dos garotos assentiam com a cabeça, para mostrar que percebiam o que ele queria que eles vissem, outros o faziam para não parecerem burros na frente dos colegas, como quem ri de uma piada que não entendeu.

— Onde é este lugar em que o Cara Barbudo está? – perguntou Severus.

— Esta é a frente da casa do irmão do marido de minha prima Belatrix, lugar que Lucius mencionou como sendo o endereço de nosso próximo encontro e atual quartel general do pessoal da elite... Ele não é bobo, sabe que tem algo lá.

— Hum, você pode estar certo... – concordou Severus. O grupo todo concordou com a cabeça, muitos com ar de alívio por finalmente compreenderem do que se tratava.

— Por outro lado – interrompeu Crouch Jr – não me parece claro no Profeta que ele saiba sobre nós. Desde o início sabiam da participação de “crianças” naquele episódio. Mais uma vez o grupo concordou e olharam para Regulus pedindo explicações.

— Sim, eu sei. Mas quando o Cara Barbudo fala que a “escola vai dar um basta nisso”, ele mostra que sabe que foram alunos de Hogwarts que participaram do evento... e os alunos de Hogwarts mais próximos eram quem? Nós! Os outros estavam a quilômetros de distância, passeando pelas outras escolas, lembram? Brasil, Africa...

— Bingo! – exclamou Amifidel.

— Brilhante, Black. Realmente é algo para nos preocuparmos. – disse Severus.

Avery inquietou-se, arrependido de não ter levado a sério quando Regulus havia lhe mostrado os jornais no da anterior.

— Pensando bem, Black, você saberia dizer os nomes? – perguntou, tentando demonstrar interesse e se colocar no grupo “dos que “entendiam” – por enquanto, pelo que ouvi meu pai comentando com o pai do Mulciber, só o Cara Barbudo é totalmente conhecido... Certamente Você-Sabe-Quem adoraria saber quem são... sabe como é... Fica mais fácil acabar com o oponente quando sabemos seus nomes, sabemos onde moram...

— E brincar com a família pode ser um bom meio de fazê-los repensar suas escolhas ... – completou Crouch Jr, empolgado, virando-se para Regulus.

— Ah, bem... Deixa eu ver... Tinha um cara, de nome Fabian...

Silencio! – Snape novamente agitou sua varinha, silenciando Regulus. – Melhor não falar os nomes aqui, antes da hora. Ou podemos ter problemas, você sabe o poder do Cara Barbudo...

Regulus assentiu.

— Bem, ao que tudo indica, vamos ter mais um encontro aqui hoje, para, bem, jogarmos alguma coisa...

— disse Jack.

— E beber cerveja amanteigada! – completou Amifidel, piscando um olho.

— Após o jantar? – perguntou Snape para Mulciber, que foi falar, mas percebendo que ainda estava sem voz, assentiu com a cabeça.

— Melhor a gente ir, daqui a pouco estaremos atrasados para o café da manhã e isso pode chamar a atenção dos professores... – disse Crouch, levantando-se.

— Sem dúvida! – concordou Avery, antes de bocejar, enquanto se espreguiçava ao levantar da cama de Jack.

Regulus e Mulciber levantaram-se e pararam de braços cruzados e cara de poucos amigos na frente de Snape que, com um aceno displiscente de varinha, retirou o encantamento sobre os dois e depois se virou para se juntar aos demais que saíam do dormitório.


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