A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 164
164. Fora de Ordem


Notas iniciais do capítulo

Peço mil desculpas pelo atraso em postar esse capítulo, mas ele não estava ficando do meu agrado. Bem, espero que meus leitores não tenham me abandonado e que se divirtam lendo este capítulo que, para mim, inaugura uma nova fase na vida de Regulus, embora isso não esteja claro no capítulo...



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As aulas haviam recomeçado havia cinco semanas e a aparente normalidade na Escola de Bruxaria escondia, como sempre, muitos segredos. O quinto ano era, sem dúvida alguma, o que havia de mais estressante para todos, sobretudo para Regulus, que agora somava o peso das aulas e dos exames que estavam por vir, aos treinos de quadribol (obviamente não havia sido nada difícil para Lucinda Talkalot verificar que realmente estava por nascer um apanhador melhor que Regulus naquela escola e ele reassumia sua posição no time), mas o mais estressante para ele naquele momento não eram os estudos ou os treinos, mas a sensação de que algo estava prestes a dar muito errado. “Os escolhidos”, como agora chamavam o grupo que participara do evento no povoado, estavam evitando reunir-se, pois esta tinha sido a última orientação vinda dos Comensais da Morte. Mas Regulus sabia, aquilo não poderia mais ser adiado.

Após um treino de Quadribol excepcionalmente cansativo, ele não largou sua vassoura no armário do vestiário, como de costume, apenas andou até seu armário para pegar os jornais que havia guardado antes do jogo. Eram dois, a edição matutina do Profeta Diário e um tabloide trouxa, bastante sensacionalista, que ele havia adquirido o hábito de ler. Estavam enrolados um no outro, como um canudo mal-feito. Antes de bater a porta do armário, ouviu a voz de Avery e Mulciber, que ainda estavam discutindo estratégias de jogo sugeridas por Lucinda. Ele se aproximou dos dois e resmungou entre os dentes:

— Não sei como vocês podem ficar pensando em jogo com tudo o que está acontecendo!

Os dois entreolharam-se e depois olharam para ele com ar de reprovação. A troca de olhares se estendeu por quase meio minuto de absoluto silêncio, até que Avery perguntou, finalmente:

— Tudo o quê? Está tudo tão calmo desde que voltamos...

Regulus jogou o jornal contra o peito do colega, olhando, indignado.

Avery desembrulhou o canudo e pegou o Profeta, passando o tabloide para Mulciber, segurando com a ponta dos dedos, como se o papel contivesse algo que o pudesse contaminar.

Mulciber franziu o nariz e torceu os lábios em desaprovação.

— Ora, aqui diz que o calor bateu recordes em julho e tivemos pouca chuva em agosto... Qual a novidade? Aliás, por que lhe importa tanto saber o que fazem esses trouxas nojentos? Não fica bem para um “escolhido” ter a assinatura e ler jornal trouxa... Ainda mais esse, que não me parece trazer nenhuma novidade...

Regulus bufou e revirou os olhos.

— Abra na página 5, Mulciber, por favor – falou, sem esconder a crescente irritação.

Mulciber, cuja intenção era jogar o jornal no chão e pisoteá-lo, fez o que foi pedido.

“TENHO CERTEZA DE QUE NÃO ERA HUMANO”, estava escrito no alto da página, logo acima da foto de uma mulher com olhos arregalados, mas não de pavor, mas de satisfação por ter sua história extraordinária sendo registrada por um repórter de jornal. Mulciber passou os olhos na notícia rapidamente e depois jogou o jornal em Regulus, irritado.

— Ora, cadê a novidade? Essa não é a primeira vez que esses trouxas testemunham um ataque de lobisomem...

— Não estou falando nisso... Olhe bem na foto, no canto esquerdo, ao fundo... – disse Regulus, devolvendo o jornal.

Mulciber e Avery juntaram as cabeças e olharam a foto. Regulus sorriu, satisfeito.

— Viram? É Dumbledore! E onde ele está? Na frente da casa do irmão do marido de minha prima Belatriz... Vocês não lembram? Lucius mencionou , o endereço como o próximo local de encontro nosso... Mas no Profeta isso está muito mais claro.

Avery desenrolou rapidamente o jornal. Dumbledore gesticulava na foto principal, no centro da capa. Na manchete se lia: “Diretor de Hogwarts acusa Ministro da Magia de omissão”, e abaixo da foto, o desabafo: “não se pode fingir cegueira quando o caos está bem na frente dos seus olhos. Basta ouvir o povo para perceber que a situação já saiu do controle: lobisomens, gigantes, incêndios criminosos, participação de crianças em manifestações públicas dAquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado... Vamos dar um basta nisso, se os pais e o governo não intervêm, cabe a escola educar...”

— O quê? Ele nos chamou de crianças?!

— Avery, veja bem, não importa como ele tem nos chamado, o que importa é que as coisas podem começar a ficar difíceis para nós. Até hoje temos saído da escola sempre que necessário e com uma certa tranquilidade... E se nos pegarem, obviamente podemos fingir outros propósitos, mas e se começarem a desconfiar realmente? Azkaban aos 15 anos?

— Vai amarelar agora, Black? E, de qualquer forma, você ainda não vai participar das reuniões mais importantes, ainda é “criança”... – respondeu Avery, dando ênfase na palavra criança, falada em tom pejorativo.

Avery devolveu o jornal para Regulus e saiu do vestiário, seguido de perto por Mulciber. Regulus sentiu raiva dos amigos e, intimamente, desejou que ambos fossem pegos por Dumbledore. Se ele era criança, pelo menos era uma criança esperta e não idiota como os dois que preferiam ignorar o perigo – pensou. Olhou para os lados, o vestiário já estava deserto. A luz da lua entrava tímida pelas pequenas janelas poeirentas que havia no alto da parede. Era muito frustrante não ter com quem compartilhar suas preocupações. Queria alguém que o entendesse, que o ouvisse. Sentia-se extremamamente só desde que Rachel o “colocara na geladeira” e Severus mais uma vez preferia isolar-se e, eventualmente, culpa-lo dos atos de seu irmão. Amifidel, Jack e John continuavam rodeando-o como moscas no pudim de carne, mas para ele não chegava a ser suficiente, eles não sabiam conversar com profundidade. Pegou a vassoura que havia enconstado na parede e saiu voando pela porta.

A brisa da noite estava bastante agradável, a temperatura caíra um pouco desde o término do treino e a lua crescente brilhava forte no céu, iluminando tudo, em mais dois dias estaria cheia. Voou despreocupadamente em direção ao castelo, como se voar fosse permitido aos alunos a qualquer horário. Depois deu uma volta no salão principal e espiou pela janela, não havia ninguém lá, estava escuro, as velas apagadas faziam sombra riscando o chão de luar. O jantar tinha sido servido horas atrás, antes do treino. Foi então que viu uma porta lateral se abrindo. Rapidamente ele se esgueirou pela parede e parou de modo a espiar pela janela fazendo o mínimo de sombra possível.

Era um grupo de oito pessoas, homens e mulheres vestidos em capas de viagem, conversavam gesticulano bastante, mas de onde Regulus estava, não se ouvia nada além do pio de algumas corujas que passavam por ele indo e vindo do corujal, ignorando sua presença. Dumbledore foi um dos últimos a sair. Regulus apurou o olhar. Não eram pessoas do Conselho de Hogwarts. Seriam a tal Ordem da Fênix? Ele sabia que Dumbledore era o chefe da Ordem. Ele reconheceu alguns deles: Caradoc Dearborn – um homem alto e loiro de barba espessa – tudo o que sabia dele é que trabalhava com seu pai no Saint Mungus, nada mais; Alastor Moody, o chefe dos aurores, este sim parecia um provável membro da Ordem; o jovem Arthur Weasley acompanhado de seus dois cunhados, dois homens ruivos, altos e narigudos, bastante encorpados, que Regulus havia visto certa vez saindo do Ministério da Magia acompanhando Arthur. Os demais ele não conhecia.

Ele os acompanhou por fora do castelo, vigiando-os através das janelas. Assim que o grupo ganhou o pátio, as vozes ficaram audíveis, ele conseguiu acompanha-los nas sombras, enquanto ladeavam o castelo.

— E então, como está Molly? – perguntou um dos ruivos narigudos a Arthur Weasley.

— Ela está ótima. Irritada, como sempre. Não é nada fácil para ela agora que são três. O pequeno Percy tem um apetite voraz, quer mamar a toda hora. Isso dá aos outros oportunidade de explorarem a casa e... bem... a deixam maluca... colocam a casa de cabeça para baixo em um piscar de olhos, eles têm muita energia! Ah, claro, ainda não literalmente, apesar de já demonstrarem alguma magia, precoces que são... – Arthur se perdeu em pensamentos por alguns intantes, o brilho nos olhos revelando seu orgulho paterno. – A casa... Molly quer que eu aumente a casa com urgência, mais um ou dois pavimentos, diz ela.

— Podemos ajuda-lo com isso assim que as coisas acalmarem um pouco, você sabe, quanto mais varinhas trabalhando juntas, mais retas as paredes...

— Agradeço muito, temo que se não fizermos isso logo, em breve voltarei para casa e encontrarei uma casa mais torta que aquele bolo do primeiro aniversário do Gui... Lembra? Fazia a torre de Pisa parecer vertical...

Os dois homens riram com a lembrança. Regulus não percebia nada que indicasse que eram mesmo membros da Ordem da Fênix e já estava desistindo de espioná-los quando o outro cunhado de Arthur se aproximou.

— Eu acho que você deveria deixar a Ordem agora que minha irmã precisa de ajuda. – Repreendeu.

— Meu caro Fabian, você pensa que eu não tentei? Molly me colocou para fora de casa a vassouradas quando disse que não viria essa noite. Ela berrou tanto que achei que até Você-Sabe-Quem poderia ouvir, onde quer que ele estivesse. Disse que se eu não viesse lutar com a Ordem, não haveria um mundo em que valesse a pena criar nossos filhos. E finalizou dizendo que uma vez que eu não tinha peito para amamentar nosso bebê, que viesse servir nosso povo ao lado de Dumbledore. E disse isso apontando uma varinha para mim... achei melhor sair antes que ela me desse um par de tetas.

Fabian gargalhou.

— Com certeza foi uma decisão acertada! Me desculpe por tê-lo repreendido.

— Sem problemas. Além disso, trabalhar no Ministério e lutar contra os Comensais são tarefas muito menos perigosas que enfrentar sua irmã...

— E eu não sei? Eu me lembro de uma vez que...

Regulus não conseguiu ouvir mais nada. numa tentativa desastrosa de se aproximar mais, esbarrou a vassoura em um pedaço de tijolo solto do beiral de uma janela. O fragmento escorregou, caindo ao lado de Fabian, que deu um pulo para trás:

— O que foi isso?

Imediatamente os bruxos pararam de andar e seis varinhas foram sacadas e apontadas para cima, mas Regulus não era o apanhador da Sonserina por acaso. Ele deu uma guinada na vassoura e conseguiu se esconder rente ao telhado, de modo que quem estivesse abaixo só pudesse ver o beiral da janela e nada mais.

— Você viu aquilo? - perguntou Weasley - me pareceu a ponta do cabo de uma vassoura ou ainda, a cabeça de um pássaro.

O peito de Regulus arfava. Se alguém resolvesse voar até lá, como iria explicar sua presença ali?

Dumbledore se aproximou do grupo e olhou para cima. neste momento, saiu por detrás do telhado uma coruja sendo perseguida de perto por mais uma dúzia delas. A primeira coruja derrubou um rato morto ao lado do grupo de bruxos.

— Ah, creio que são apenas corujas brigando por alimento. Amanhã mesmo vou perguntar a Hagrid se há algum tipo de escassez ou foi um fato isolado... Não há com o que se preocupar, podem baixar suas varinhas.

Regulus respirou aliviado, mas não ousou se mover até que mais nenhum som além das corujas pudesse ser ouvido. Ergueu a cabeça para espiar e um vulto preto voava em sua direção.

— Shwartzie! - sussurrou! - Eu devia saber, foi você quem derrubou o rato, não foi?

A coruja pousou ao seu ladoe abaixou o bico, expondo o pescoço para receber um carinho. Regulus afagou a coruja e ela voou para longe. Então apertou os olhos e conseguiu distinguir o grupo de homens e mulheres graças à barba de Dumbledore que cintilava ao luar. Eles já estava para além dos portões do castelo. Regulus respirou aliviado e tentou organizar as ideias.

Ele estava tomado de excitação por saber que os membros da Ordem da Fênix haviam se reunido no castelo e ele era capaz de identificar alguns. Com certeza aquela seria uma informação valiosa. Precisava compartilhar aquilo com alguém. Mas não poderia mandar mais cartas para sua prima, desde que o nome de Bellatrix havia sido citado pelo Profeta Diário no final de agosto, ele havia sido aconselhado a não mais mandar cartas para ela.

Regulus voou mais alto que pode, em direção às torres do castelo. Embora não soubesse onde era a entrada da sala comunal da Corvinal, ele sabia que era em uma das torres, e foi passando por elas, resmungando para si mesmo “essa é a de Astronomia... essa é de Adivinhação, da ala hospitalar, mais adiante está a torre do diretor, ali a do relógio; as torres dos sinos... então aquela mais adiante deve ser ou a da Corvinal ou da Grifinória...” Olhou para baixo para ter alguma referência de onde exatamente estava, mas a escuridão já tomava conta de quase todo entorno do castelo. Olhou esperançoso para cima, queria muito ver Rachel, encontrar com ela, conversar, contar o que sabia, para que ela entendesse que ele era muito mais do que ela julgava que fosse. Sentia falta dela, de suas maldades e seus beijos.

Haviam poucas janelas iluminadas no castelo, era tarde e a maioria dos alunos já devia estar dormindo. Com alguma dificuldade, Regulus se aproximou de uma das torres e espiou por uma janela. Não era a torre da Corvinal, mas da Grifinória. Como poderia ter se enganado tanto? Lá estava Sirius sentado displiscentemente como de costume, esparramado ocupando dois lugares no sofá. Ele estava acompanhado de seus amigos Remus e Peter. James não estava em seu campo de visão. Ver Sirius era algo que o deixava com sentimentos muito confusos e o sentimento de urgência lhe fugiu entre os dedos e o paralisou. O irmão ergueu a cabeça e olhou diretamente em seus olhos. Regulus viu o sorriso do irmão se amarrar em uma expressão de desaprovação, tal qual ele vira a mãe fazer diversas vezes em sua vida. Imediatamente, como se tivesse sido atingido por um feitiço paralisante, Regulus sentiu os músculos de seu corpo perderem o tônus e não conseguiu mais se manter onde estava, sua vassoura perdeu altitude rapidamente e entrou por uma janela entreaberta de uma sala de aula no quarto andar e se esparramou no chão como se fosse uma folha de outono trazida pelo vento.

Ali ele permaneceu por alguns instantes, consciente de que seus lábios tocavam o chão empoeirado, mas sem forças para se levantar. Ele sabia que não tinha sido um feitiço, a desaprovação do irmão produzia sobre ele algo muito mais forte que qualquer aceno de varinha era capaz. Regulus respirou fundo, enchendo o nariz de poeira, o que causou um incrível acesso de espirros. Impulsionado pelos espirros, ele se sentou no chão e esfregou o rosto vigorosamente. Sentiu raiva de si mesmo: por que ele tinha que ser assim tão fraco diante do irmão? O que tinha Sirius que mexia tanto com ele? Era muita hipocrisia de Sirius desaprová-lo quando por quebrar algumas regras da escola... Bufou.

— Se fosse ele voando à noite, espionando as janelas de outra sala comunal aquilo não seria quebrar regras, seria a coisa mais legal do mundo, uma ousadia... – Bufou novamente, enquanto resmungava baixinho – mas como sou eu, é algo reprovável... Dois pesos e duas medidas ... quem diria, Sirius, o justo... – apertou os punhos. Não teve tempo de resmungar nem mais um segundo, pois , em seguida, ouviu uma movimentação vindo em sua direção. Era Pirraça, que logo iria alardear sua presença para o castelo adormecido. Rapidamente entrou embaixo da mesa do professor e prendeu a respiração. Não sabia exatamente em que andar estava e temeu que Pirraça pudesse denunciá-lo ao diretor.

— Máquina de espirros? Eu sei que você está aíiiiiiiii.........— gritou Pirraça, entrando pela porta. Como não conseguiu perceber o garoto debaixo da mesa, pegou a caixa de giz que estava próxima ao quadro negro e começou a atirar giz para todos os lados, na esperança de acertar alguém e fazê-lo sair de seu esconderijo.

Vários pedaços de giz atingiram Regulus com força, mas ele não se moveu, tampouco soltou qualquer som. Isso deixou o poltergeist entediado, fazendo-o desistir de encontrar a fonte dos espirros. Ao ouvir a porta bater, Regulus respirou aliviado. Assim que não ouviu mais ruído algum, o que demorou quase uma hora para acontecer, saiu da sala e foi direto para a masmorra da Sonserina.

 


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Notas finais do capítulo

O que diz no "jornal trouxa" sobre o tempo retirei de uma edição do tabloide inglês "The Sun", de agosto de 1976:

Standpipes in the street and adverts telling us to share a bath. The hottest summer since records began brought drought but a glorious summer. From June 23 to July 17 there were 15 days of 32C.
Heathrow saw 52 days above 25C. There was little rain until the end of August.

Já as notícias sobre lobisomens só foram aparecer no jornal no ano seguinte, mas tomei a liberdade de "publicá-las de antemão" aqui... Eu até poderia dizer que como foi publicado no jornal, é fato verídico, mas é o The Sun... esses ingleses são mesmo loucos! kkkk



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