A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 160
160. Animais fantásticos… Onde encontrá-los?


Notas iniciais do capítulo

hehehe... O título deste capítulo foi em homenagem ao filme... E agora, enquanto aguardamos o segundo filme, um pouco de diversão com o Regulus brincando de Newt! :) Não vejo a hora de assistir o segundo filme, e você?



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160. Animais fantásticos… Onde encontrá-los?

Como os adolescentes estavam ansiosos para as atividades noturnas, o longo dia das atividades lideradas por Perkins não foi tão interessante quanto o mago havia planejado. Sentindo-se desanimado, ele se recolheu em sua barraca mais cedo, deixando os garotos à vontade em suas barracas.

Quando a noite caiu, Regulus e seus amigos estavam quase prontos para a batalha. Na tenda escura, os meninos verificaram ansiosamente os pulsos para ver se a bússola tinha sido ativada enquanto organizavam as coisas para sair para o que acreditavam ser a maior aventura de suas vidas.

— Você acha que o plano vai dar certo? – perguntou Amifidel, enquanto sacava e tornava a colocar a varinha no coz da calça, testando a própria agilidade.

— Claro que vai. Você não ouviu o que Severus disse? – respondeu Regulus, enquanto apertava as cordas que seguravam Peter Pettigrew, aparentemente desacordado, à cama – Os trouxas morderam a isca direitinho e passaram o dia ruminando sobre a responsabilidade da família de McNair na drenagem do lago. E McNair tomou o cuidado de ser visto sacando a varinha para fazer a parede cair sobre os trouxas. Eles não compreendem, mas têm certeza de que há magia envolvida...

— Mas os outros bruxos não ficaram revoltados contra Mcnair? – inisitiu Ami.

— Não, parece que ele deu uma boa desculpa e usou uma varinha sobressalente para que eles testassem o Prior Incantatem, aquele feitiço que diz sobre os feitiços realizados por aquela varinha... e ela não acusou nada, era uma varinha “inocente”... Os bruxos estão entendendo que são acusações vãs, que as suspeitas dos trouxas não têm fundamentos.

— Rosier vai atiçar os trouxas no pub... – comentou Severus, entrando na conversa, enquanto puxava as cordas que amarravam Pettigrew para checar se estavam bem presas.

— Feitiços escudo bem treinados? – perguntou Ami.

— Ami, já fizemos isso uma porção de vezes no clube de duelos... Do que você tem medo? – perguntou Jack, num tom de voz debochado, deitado na cama, enquanto lançava com sua varinha pequenas bolinhas em direção ao teto da barraca, displicentemente.

— Bem, nunca lutamos contra os aurores ou a Ordem da Fênix antes...

— O senhor Malfoy disse que eles não foram informados de nada... e além disso, é uma operação simultânea em treze cidades, mesmo que soubessem não teriam como darem conta... Fique tranquilo. – disse Jack, mais para si mesmo do que para Ami, enquanto tentava disfarçar o tremor na mão que segurava a varinha.

— Já era hora! – comentou Regulus, ao sentir em seu pulso que a bússula havia sido ativada.

— Todos prontos? – perguntou Mulciber.

— Sim, responderam os garotos.

Todos saíram da tenda, formando uma longa fila.

O caminho até o ponto de encontro foi longo e permeado por conversas ruidosas. Era difícil conter tamanha excitação. Lucius os aguardava na saída da caverna, com os olhos fixos na aldeia mais abaixo no vale. Haviam casas sendo queimadas, pessoas correndo de um lado para outro. Os trouxas estavam em maior número e armados.

— Por que não vamos agora, senhor? – perguntou Pyrites.

— Estamos esperando um sinal...

— Centelhas vermelhas? – insistiu Jack.

— Não, obviamente que não. Apenas uma espécie de explosão no pub. Esse é o sinal que Rosier vai enviar quando for a hora...

Os garotos murcharam um pouco. A emoção por entrarem em um combate “de verdade” os fez esquecer momentaneamente de que aquela era uma operação muito bem orquestrada e cronometrada por Lord Voldemort para conseguir aliados mesmo dentre aqueles que se mostravam fiéis ao Ministério. Eles precisavam aguardar, pois somente funcionaria se chegassem quando os bruxos já estivesses totalmente desesperançosos e desesperados, quando os trouxas já estivessem cometendo atrocidades. Só assim Voldemort e seu bando seria visto como o salvador.

Os garotos olhavam impacientemente para o vilarejo em chamas. Qualquer pequena fagulha que subia ao céu era interpretada como uma explosão e comemorada ruidosamente.

— Não, ainda não! Fiquem quietos! – ordenava Lucius, perdendo a paciência.

Mais vinte minutos se passaram quando, finalmente, viu-se um clarão intenso. Era o pub indo para os ares.

— Vamos? – perguntou Mulciber, levantando-se do chão onde havia sentado minutos atrás.

— Não. Aguardem a chegada dos Comensais.

Vultos escuros podiam se distinguir por entre as chamas das casas. Clarões multicoloridos saíam de suas varinhas.

— Agora sim, vamos!

Lucius e os garotos começaram a descer em direção ao vale quando ouviram uma voz:

— Senhor, por favor!

Você?— gritou Lucius, parando sem se virar para trás – Quanta incomepetência, Severus! Esperava mais de você e de Regulus!

Os garotos paralisaram e olharam para trás. Alguns empunhavam varinhas, o que fez com que Pettigrew se encolhesse.

— Não sei, senhor, de onde o senhor me conhece. Mas quando percebi que Severus estava sendo gentil comigo, me oferecendo um copo de suco, achei melhor não beber, apenas fingi que bebia... Eu havia ido me deitar, quando ouvi uma conversa... Eles perguntavam se eu já estava dormindo ou se era melhor me oferecer outro copo de suco. Fiquei curioso, pois nunca ninguém se importa se estou dormindo, se tenho sede... Tive certeza de que estavam aprontando algo e coloquei minha varinha escondida sob meu corpo. Então fingi que dormia. Minhas suspeitas se confirmaram: Regulus me prendeu na cama... Então aguardei que saíssem, me soltei e os segui... Eu até poderia ter ficado só observando, senhor, mas vi que estão se preparando para proteger aqueles bruxos lá embaixo. Quero me juntar a vocês!

Lucius virou-se e olhou para aquele garoto baixinho de feições estranhas.

 - Posso ajudar, senhor! Pergunte a Severus, ele sabe o quão bom eu estou com azarações e maldições... - gritou o menino, desesperadamente.

Snape sacudiu os ombros.

— Eu sei me defender, sei atacar e sou totalmente contra o decreto de Segregação bruxo. Eu quero me tornar um Comensal da Morte, senhor! Me deixe ajudar!

O ímpeto de coragem que ardia em Pettigrew inspirou Lucius em uma decisão inesperada:

— Vamos, então. Junte-se a nós e prove seu valor. Vá na frente.

Snape olhou para Lucius, incrédulo. Lucius apertou os olhos de modo maldoso e cochichou:

— Ele não vai durar cinco minutos lá embaixo, deixe que os trouxas resolvam essa questão para a gente. Depois lamentaremos que não fomos rápidos o bastante... hehehe

Severus sorriu maldosamente em resposta. Pelo menos Lucius não iria relatar a Voldemort sobre a nova visita de Pettigrew como resultado de seu fracasso em mantê-lo preso.

A excitação era tamanha que os garotos nem se importavam em descer o morro aos tropeços, chutando alguns pedregulhos do tamanho de um balaço, outros do tamanho de goles os levavam para o chão.

Pettigrew estava radiante, os olhos miúdos fixos na aldeia em chamas. Quanto mais se aproximavam, mais a imagem das casas em chamas cresciam em sua retina, de modo inversamente proporcional à sua coragem e à velocidade de seus passos. Aos poucos o pequeno garoto foi dando passagem aos outros, até que se viu só atrás da pequena multidão de bruxos adolescentes sedentos por usarem seus conhecimentos em uma batalha real. Ele encolheu-se a um canto e ficou observando por um momento as silhuetas escuras dos outros.

— Eu sabia que sua determinação iria falhar na primeira oportunidade...

A voz vinha de alguém logo atrás dele e era bastante familiar.

— Sev... Severus? – perguntou, virando-se. Severus tinha a varinha apontada para ele. Pettigrew franziu os olhos maldosamente e comentou – Quem está falando? Você, por acaso, não está aqui também? Covarde...

Petrificus Totallus!

O feitiço de Severus atingiu em cheio o peito do garoto, que caiu no chão, deslizando alguns metros por conta dos pedregulhos soltos. Severus andou até ele, acenou a varinha no ar produzindo um objeto brilhante como um sinalizador usado em cavernas. Ergueu o garoto de qualquer jeito e o colocou sentado apoiado contra uma enorme rocha, trocando sua varinha pelo sinalizador.

— Petrificus totallus!

Lançou o feitiço novamente, incerto sobre o resultado, mas esperando que isso o deixasse mais difícil de reverter.

— Idiota! Fiquei para trás para observar você! Apesar de desejar o seu mal, não posso por tudo a perder deixando os trouxas te machucarem – disse, olhando para o corpo imóvel de Pettigrew. Bufou e então olhou para frente – Imbecil, por sua causa estou atrasado. O pessoal já está chegando na aldeia!

Severus deu uma última olhada no garoto e seguiu apressado em direção ao clarão das chamas mais à frente. Chegou em tempo de ouvir de Lucius as últimas orientações sobre onde e como atacar:

— ... Exatamente como o Lorde das Trevas previu: ao menor sinal do uso de magia, os trouxas se voltam contra os bruxos... Ainda bem que estamos aqui para ajudar... Vocês vão notar ali mais a frente, um grupo de bruxas com seus filhos. Elas provavelmente estão seguindo a orientação do Ministério de nunca confrontar os trouxas com magia, por isso não estão empunhando varinhas. Quero que vocês vão até lá e ataquem com feitiços paralisantes. Amarrem os trouxas, mas deixem que eles tenham a oportunidade de ver o que fizeram com os bruxos... Dêem-lhes oportunidade de se arrepender... se eles se desamarrarem e voltarem a atacar, podem atacar com tudo o que sabem, exceto as Imperdoáveis, lembrem-se que estarão sendo observados e devem parecer crianças inocentes salvando a comunidade bruxa. Não matem ninguém, queremos testemunhas do que está acontecendo. Quanto mais trouxas fugirem para semear o ódio por aí, melhor. Os demais vão apagar o fogo. Pyrites e Mulciber, vocês organizem esse grupo contra o fogo. Primeiro as casas mais atingidas para dar tempo das outras queimarem... Salvem os animais domésticos. Regulus, você comanda a captura e o salvamento dos animais domésticos. Quando terminar, pode se juntar aos outros no confronto direto. Sem piedade, mas sem mortes, não esqueçam.

Severus olhou para os grupos que se dispersavam e então para Lucius.

— Onde você estava, Snape?

— Cuidando de Pettigrew. Ele estava tentando desistir...

Lucius riu.

— Onde o deixou?

— Ali atrás. Tem um sinalizador nele para não o perdermos na escuridão. Pensei em pegá-lo na volta...

— Bem pensado. Junte-se aos outros. Feitiços paralisantes, maldições escolares, você ouviu?

— Sim... Sim... Já entendi...

Severus partiu em disparada em direção ao grupo de bruxos que estava sob ameaça, juntando-se com Avery, Broadmoor e os outros. Regulus, Mulciber e Pyrites seguiram para o lado das casas em chamas.

Regulus sentia-se muito aborrecido, queria estar entre os que iriam salvar os bruxos. “Animais!” resmungava ele, enquanto resgatava um gato que havia cravado as garras tão profundamente numa árvore que Regulus não viu outra alternativa a não ser usar magia para salvar o bichano:

— Relaxio!

O gato tombou no chão e já ia começar a correr quando Regulus acenou sua varinha novamente:

Petrificus Totallus!

Ele pegou o gato, conjurou uma pequena jaula e o jogou lá dentro, como quem joga no lixo um trapo qualquer.

— Espero que os outros sejam menos afeiçoados às suas árvores que você... – disse, erguendo uma sobrancelha e escondendo de si mesmo a graça da cena.

O garoto olhou para trás. Severus e os outros avançavam para cima dos trouxas. Os feitiços os faziam cair, um a um, no chão, outros eram guindados de ponta cabeça por cordas invisíveis. Era até bonito de se ver, os corpos dos trouxas lembravam a Regulus peças de dominó ao caírem no chão e outros, bandeiras sacudindo no ar. Regulus torceu o canto da boca. A inveja o corroía: ficar ali a capturar gatos, sapos, corujas e soltar galinhas não era algo que estava à altura da sua capacidade. Até mesmo Dumbledore já havia lhe dado uma medalha!

Ele olhou por cima do ombro novamente: os garotos pareciam se divertir. Olhou para o outro lado: alguns Comensais da Morte pegavam mais pesado em seus ataques, jatos de luz cortavam a escuridão. Alguém estava chorando não muito longe de onde ele estava.  O menino bufou, não era um animal de estimação, então ele não podia fazer nada.

Ele sabia: de nada adiantaria ficar se lamentando por não fazer parte do grupo de elite ao qual ele deveria pertencer e não fazer sua tarefa, pois seria acusado de incompetente. Conseguia até imaginar a cena: Lucius olhando para ele com desprezo, “se você não serve nem para cumprir tarefas simples como amarrar um garoto a cama ou capturar animais, como pretende ser um Comensal da Morte?”

Regulus olhou ao redor. Seria mais fácil se tivesse alguma ajuda. Mais adiante estava Amifidel, que olhava para as chamas e para a confusão, como que em transe.

— Me ajude aqui, Ami.

O amigo demorou alguns instantes até perceber que Regulus o chamava. Então se virou e correu ao seu encontro, num ato exagerado, como se tivesse levado um susto.

—  O que foi, Reg?

— Preciso de ajuda para capturar os animais. Eles estão um pouco ariscos por conta da confusão...

— Está certo. O que eu faço?

— Vamos usar todo nosso conhecimento sobre criaturas mágicas para capturar todas que estiverem por aqui...

— Você quer dizer todo o seu conhecimento, né? Você é o expert em animais aqui e decorou aquele livro dos animais fantásticos... Vai me dizendo o que fazer porque eu não tenho a mínima ideia.

O comentário de Amifidel acendeu a chama de seu orgulho e Regulus se inflamou. Então era por isso que ele havia sido designado para resgatar os animais? Por ser quem mais entendia de animais! Sim, ele era capaz de fazer isso.

— Pode deixar... Onde estão Jack e John?

— Eles foram ajudar a apagar o fogo...

— Crouch?

— Também...

Regulus olhou para os lados, precisava de mais alguém para ajudar. Havia uma silhueta de um menino agaixado mais adiante.

— Hei, garoto! Venha cá.

Um menino pequeno, de uns cinco anos e cabelos vermelhos levemente chamuscados saiu das sombras e olhou desconfiado. Regulus ficou parado, tenso, a varinha em punho, apontando para o chão. Se fosse um trouxa, o garoto fugiria, mas este se aproximou. Tinha tanta fuligem no seu rosto e no seu corpo que ele parecia um gato malhado.

— Você mora aqui? – Regulus perguntou.

— Sim... vocês quem são? – perguntou o garoto, olhando para Amifidel e Regulus.

— Viemos ajudar... Estamos procurando os animais de estimação para resgatá-los... Você tem algum bichinho que gosta muito, suponho...

O garotinho acenou ‘sim’ com a cabeça. Regulus continuou:

— As pessoas já têm muito com o que se preocupar com essas casas queimando, não tiveram tempo de pegar seus animaiszinhos... Você sabe que animais nós temos por aqui? Só consegui encontrar esse gato... – disse, apontando para a gaiola onde havia prendido o gato.

— Esse é o gato da minha vizinha... – espantou-se o garoto. – Ele... ele está morto? – perguntou, interessado.

— Não, só o enfeiticei para que não sentisse medo...

— Ahn... – o garoto suspirou e sentiu que poderia confiar em Regulus – eu tenho um gato marrom, parecido com esse, minha mãe tem uma coruja marrom que estava na gaiola e temos também um pelúcio... Ele não é marrom... ele é preto, ou era, já está meio velho... é cor de fuligem...

Regulus levantou uma sobrancelha: cor de fuligem! Isso iria com certeza ajudar muito...

— Qual a sua casa? Seus animais estão lá?

— É aquela ali... Eu acho que estão... eu estava olhando para ver se algum deles conseguiria escapar...

A casa estava parcialmente desabada e ainda tinha uma parte pegando fogo.

Regulus e Amifidel correram em direção à casa. O menino os seguiu. Pressentindo perigo, Regulus pediu:

— Ami, fique aqui com o garoto. Eu vou lá dentro ver se encontro a coruja e o pelúcio. O gato deve estar longe... conjure mais algumas gaiolas, vamos precisar...

Amifidel segurou o garoto pelos braços para que ele não entrasse na casa em chamas:

— Você vai ficar aqui comigo para cuidar dos animais que ele pegar. Fique tranquilo, meu amigo é muito bom com animais e logo estará de volta.

Regulus cobriu o nariz com gola da camiseta e entrou na casa. De repente a algazarra que havia do lado de fora parecia ter silenciado, tamanho era o som do crepitar da madeira dos móveis e das paredes. Regulus sentiu medo, seus olhos ardiam com o calor intenso. As chamas já haviam queimado a área dos quartos e aproximavam-se da cozinha. O garoto tentou não pensar em mais nada, apenas focar no que estava fazendo ali: ele tinha que resgatar os animais. Não falharia nessa missão que lhe fora dada. Não nessa, em que tantas coisas estavam em jogo. Rapidamente ele pulou os escombros e alcançou o piso da cozinha, tudo fumegava. Olhou para os lados e encontrou a gaiola com a coruja em cima de um balcão. A coruja estava deitada no fundo da gaiola, não era possível dizer se morta ou desmaiada. O garoto pegou um pano de prato, molhou na pia e cobriu a gaiola, depois olhou para os lados, não havia sinal de mais nenhum animal na casa.

— Um pelúcio...

Regulus fechou os olhos e viu a imagem do livro de Newt Scamander “tocas... predileção por tudo que brilha...” Este não deveria morar em uma toca, já que era de estimação. Regulus olhou a redor novamente e então sorriu: já sabia o que fazer. Abriu uma gaveta que por sorte era a de talheres e jogou-os dentro da pia, produzindo muito som de metal. A porta de um armário de abriu e um focinho comprido espreitou para fora. Regulus apontou a varinha para a pia:

— Lumos!

O cintilar dos metais foi o suficiente para atrair o pelúcio, que se jogou sobre eles. Num movimento rápido, o jovem bruxo apontou sua varinha para o animal e o petrificou. Então pegou a gaiola com uma mão e colocou o pelúcio debaixo do braço. Estava prestes a sair pela porta quando o batente desabou, espalhando fagulhas para todos os lados. Regulus caiu no chão. Havia fogo em toda sua volta e sua varinha havia caído de sua mão, na queda. Determinado a não morrer ali, ele levantou-se novamente, agarrou a gaiola e o pelúcio contra o peito e olhou para os lados para ver por onde conseguiria sair...

Foi quando um jorro de água gelada escorreu em seu corpo. Por trás da cortina de fogo que se erguia pela entrada da casa ele conseguiu ver seu amigo Amifidel apontando a varinha para ele.

— Por aqui!

Regulus correu em direção do amigo e lhe entregou a coruja e o pelúcio.

— Ami, minha varinha. Preciso voltar!

— Reg, não! Use a m...

Ami não terminou a frase. Após alguns segundos de puro temor pelo amigo, Amifidel ainda olhava paralisado para os escombros em chamas onde Regulus havia sumido quando viu jorrar água de dentro da casa. Regulus havia recuperado a varinha e voltava para encontrar com ele.

O menininho esticou a mão e retirou o pano que cobria a gaiola, enquanto Ami a colocava no chão, ao lado da gaiola do gato.

— Ela morreu? – perguntou com os olhos se enchendo de lágrimas.

Regulus se aproximou, colocou a mão dentro da gaiola e pegou a coruja. Colocou ela perto do rosto e sentiu que o animal ainda respirava. Ao mesmo tempo, olhou ao redor. Havia ainda muitas casas em chamas, vultos de pessoas que corriam pela estrada em carros, bicicletas e a pé. Ainda assim, o conflito parecia estar longe de terminar. Pessoas gritavam e outras choravam, enquanto um grupo avançava em direção aos bruxos que lançavam feitiços que cortavam a noite escura.

— Não, ela só precisa de ar fresco. Assim como o seu pelúcio e você.

Regulus apontou para uma árvore no lado oposto da rua, a uns 100m de distância.

— Ami, leve todos para lá perto daquela árvore. Parece que estarão seguros lá, longe da confusão. Eu voltarei assim que resgatar os animais dos vizinhos....

 Amifidel sacudiu a varinha e colocou as gaiolas para flutuar. Estava já se afastando quando Regulus gritou:

— Garoto, quais são os animais que procuro? Algum perigoso?

O menininho voltou correndo para perto de Regulus e enumerou em seus dedos:

— Tem pufosos, pelúcios, gatos, corujas, sapos, alguns ratos, cães, patos e galinhas... Nada muito perigoso. Na minha vizinha da direita tem cinco pufosos, na da esquerda, dois gatos, sendo que um você já pegou e um...

— Depois você me conta. Vou pegar os pufosos.

Regulus correu em direção à casa da direita. Sentia-se triunfante com os primeiros resultados.

O fogo parecia ter começado pela cozinha, de modo que a sala e os quartos ainda não estavam totalmente tomados pelas chamas, mas pela fumaça. Rapidamente Regulus começou a tossir e, se não tivesse treinado com seu pai tão exaustivamente os feitiços não verbais, não teria conseguido conjurar a tempo uma espécie de máscara de gás que mais parecia uma enorme bolha de sabão que envolvia sua cabeça inteira.

Onde encontrar pufosos? Ele não lembrava de nada sobre eles além de que eram fofos, pequenos e gostavam de comer meleca de nariz. Desfez sua máscara e assoou o nariz na mão, recolocando a máscara em seguida. Não saiu grande coisa, mas era uma tentativa. Passou algum tempo esticando e espremendo a meleca entre os dedos indicador e polegar para ver se conseguia atrair algum pufoso. Nada aconteceu, então ele limpou a meleca na roupa e desistiu de tentar atrair os bichinhos, que provavelmente estavam com medo demais para sentirem fome.

A um canto da sala havia um sofá coberto com almofadas. Pufosos eram fofos, talvez gostassem de coisas fofas, pensou. Apressou-se até lá e levantou as almofadas. Encontrou três, que rapidamente enfiou dentro dos bolsos. Foi até os quartos e encontrou os outros dois sob as cobertas da cama de casal e enfiou-os nos bolsos também. Triunfante, pulou a janela e correu até Ami, que ficou feliz em pegar os bichinhos, que agora zuniam alto, agradecidos por terem sido salvos.

Assim que Regulus se viu livre do último pufoso, que lambia vigorosamente sua roupa melecada, ele deu as costas para Ami e correu em direção à próxima casa. Esta estava com chamas por toda a volta, de modo que Regulus só conseguiu entrar por uma janelinha no porão. O porão estava apinhado de caldeirões velhos e adagas, espadas, lanças, cutelos e machados. De quem seria aquela casa? Conforme caminhava em direção à escada, alguns ratos corriam por entre suas pernas, mas nenhum parecia ser um animal de estimação. Regulus, mesmo assim, conjurou uma escada com degraus minúsculos para que os animais saíssem pela janela pela qual ele havia entrado, pois não queria que eles subissem para a casa com ele, atrapalhando sua tarefa.

A escada rangia a cada passo e a porta no topo parecia trancada.

— Alohomora!

A porta era uma das poucas coisas intactas naquela casa. Regulus olhou para os dois lados do corredor e só viu fumaça e chamas. O calor era intenso. Que animal iria encontrar ali? Nenhum vivo, com certeza. Foi quando ouviu o som de tosse vindo do outro lado do corredor. Havia algo lá. Aproximou-se lentamente e então ouviu um bebê chorando. Que mãe deixaria um bebê para trás? Ele empurrou a porta com cuidado e viu um berço envolto em uma bolha muito semelhante àquela que ele mesmo havia conjurado em torno de sua própria cabeça e um pequeno elfo doméstico ao lado do berço, que  balançava o corpo para frente e para trás, enquanto murmurava:

— Não deve sair, Zobi não deve sair. Deve ficar e cuidar até o senhor chegar...

Regulus aproximou-se do berço. Havia um bebê deitado lá, chorando. O garoto o pegou nos braços, embrulhou um um manto e disse ao elfo, estendendo-lhe a mão:

— Vamos sair daqui, não é seguro.

O elfo olhou para ele e se enfureceu:

— Não deve tirar o menino do berço, meu senhor não quer que outro o salve!

E puxou o bebê com suas mãos minúsculas dos braços de Regulus.

O que estaria acontecendo com aquele elfo? Teria inalado fumaça demais?! Regulus não acreditava que aquilo estivesse acontecendo.

As chamas aproximavam-se ainda mais e o calor foi tornando-se insuportável. Regulus lamentou que não soubesse desaparatar, ou teria levado o bebê e o elfo a força para fora. Uma parte do teto caiu ao lado deles, espalhando centelhas ardentes para todo lado.

— Vamos sair daqui ou morreremos! – gritou.

Nesse momento, as chamas em torno deles ficaram verdes e depois muito azuis, e então congelaram. Lord Voldemort transformou a janela do quarto em porta e entrou, sua capa verde muito escura cintilava e tremulava feito bandeira ao vento. Ele caminhou diretamente para eles, não demonstrava nenhum pouco apreensivo com a situação.

— Muito bem, garoto. Eu assumo a partir daqui. Pode me entregar o bebê.

Foi quando Regulus compreendeu o que estava acontecendo. Aquele era o bebê de Mcnair, que Voldemort iria salvar causando grande comoção entre a comunidade bruxa. Sem demora, entregou o bebê.

— Você não deve ser visto comigo. Saia pelo outro lado.

— Sim, senhor – disse, abaixando a cabeça.

Voldemort virou-se e saiu, majestosamente, carregando o bebê em seus braços. Tão logo ele saiu da casa, as chamas voltaram a arder. O elfo permanecia imóvel.

— Vamos, temos que sair daqui!

O elfo não se mexeu.

— Meu senhor disse para cuidar do seu bebê e de suas coisas. Zobi não deve sair.

Regulus irritou-se. Pensou em Kreacher. Ele já havia conseguido persuadir o elfo a fazer coisas contra as ordens de sua mãe.

— Você é um escravo, certo? Pertence ao senhor McNair, certo?

O elfo assentiu.

— Então precisa sair. Você pertence a McNair, é uma das coisas dele. Se morrer terá falhado em cuidar das coisas dele.

O elfo arregalou os olhos. Então pegou uma caixa de madrepérola que estava sob o berço do bebê, depois segurou a mão do garoto e desaparatou. Um instante depois Regulus sentiu o ar fresco em sua pele. Tinha conseguido.


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