A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 150
150. Teorias




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Teorias

Os dias que se seguiram foram de uma alegria contagiante entre a grande maioria dos alunos. Regulus, por sua vez, embora estivesse liderando sua equipe com afinco, continuava desconfiando de que todo aquele evento tinha outros propósitos, mas ninguém parecia lhe dar atenção.

Ao final do terceiro dia de atividades, a sala comunal da Sonserina estava cheia de garotos barulhentos, conversando animados em pequenos grupos, como de hábito. Apesar do avançado das horas, o sol de verão ainda não havia se recolhido, e iluminava de modo estranho a sala, deixando os alunos com um leve tom esverdeado na pele.

Avery, Mulciber, Crouch, Regulus, Jack, John e Amifidel sentaram-se em círculo sobre o grosso tapete no centro da sala comunal sob o pretexto de jogar Snap Explosivo. Os garotos mal se sentaram, Lucinda Talkalot e Emma Vanity passaram por eles:

— Sério que vocês vão jogar Snap sobre o tapete? Vocês não sabem que pode pegar fogo? – perguntou Emma indignada.

— Quanta estupidez, garotos! Qualquer um sabe que uma mísera faísca e... bum! Pega fogo em tudo.

— Ah, Talkalot, não exagera. Não vai pegar fogo no tapete, vamos tomar cuidado – ponderou Amifidel.

— E se um acidente acontecer? Porque vocês sabem que...

— Aguamenti!

Lucinda não precisou terminar sua frase para que Severus, que estava sentado em uma larga poltrona próximo a eles, respondesse sua questão. O feitiço havia atingido a garota direto na cabeça, molhando seus cabelos e sua roupa. Os garotos olharam para ele, que contraía os lábios, segurando um sorriso.

Lucinda colocou a mão ameaçadoramente sobre a varinha, mas Emma a impediu de retrucar o feitiço, segurando fortemente seu braço.

— Deixa esses idiotas pra lá, Lucinda. Vamos nos secar... Contra estupidez não adianta argumentar – disse Emma, puxando a amiga pela mão.

Tão logo as duas sumiram pelo corredor que levava ao dormitório das meninas, os garotos caíram na gargalhada.

Timing perfeito, Severus! – elogiou Crouch, mas Severus já estava aparentemente absorto em sua leitura e não respondeu.

Os garotos voltaram a atenção deles para a roda, onde Mulciber dava as cartas em silêncio.

— Mudando de assunto... Vocês viram como Slughorn estava estranho hoje? Simplesmente eufórico, radiante, meio teatral... Eu disse para vocês: aí tem... Eu aposto que ele foi enfeitiçado... Primeiro o Ministério adianta a programação das provas para liberar os examinadores do Ministério duas semanas antes, depois Slug tem essa ideia ridícula de comemorar o aniversário do diretor com jogos, agora ele começa a agir estranho...

— Pela milésima vez, Black, relaxa e aproveita! O que você tem? Tudo isso só perdemos as últimas tarefas e caímos uma posição no ranking dos jogos? – perguntou Mulciber mal-humorado.

— Ah, Mulciber, você não conhece o Black? Ele não sabe perder... Ele está levando essa coisa de líder da competição muito a sério... – completou Crouch, empertigando-se, cheio de razão e despeito.

— Argh! Não é nada disso! Ou vocês não acham estranho que todos nós tenhamos ficado num mesmo grupo? – Regulus indagou, nervoso, em voz baixa – Você não percebeu que os Sonserinos que estão fora do clube da Bella acabaram indo para outras equipes?

— Ora, Black, se sua teoria estivesse certa, o que o panaca do Petigrew estaria fazendo entre nós? – perguntou John, fazendo uma careta.

— Sabotagem, oras! – respondeu Regulus, arregalando os olhos – Ou você não percebeu que Severus fez uma poção errada hoje? Só pode ter sido sabotagem, pois isso nunca aconteceu com ele antes!

Os garotos olharam para trás, onde Severus estava sentado em uma poltrona, lendo um grosso livro de capa azul petróleo. Ao notar os olhares do grupo sobre ele, Severus bufou e virou o corpo ligeiramente para o lado, dando as costas para os amigos.

O rosto de Jack iluminou-se e ele acenou com a mão para que os outros aproximassem suas cabeças. Ao que parecia, ele tinha algo importante a falar. Todos se aproximaram.

— Não foi sabotagem, que nada! Eu sei porque Severus errou a poção de hoje, foi porque ele viu que Lily estava tendo dificuldades com a poção da equipe dela e quem se aproximou para mexer o grude dentro do caldeirão com ela foi James Potter. Eles se odeiam. – explicou Jack, em voz baixa, satisfeito com o interesse dos outros em sua fofoca.

— Como você é ingênuo, Jack! Não é por causa de James que ele ficou nervoso, mas por causa da Lily. Ele é louco por aquela sangue-ruim – retrucou Avery.

— Não, isso já são águas passadas... Você não viu que ele mesmo já admitiu que não queria nada com ela, era só um passatempo e que agora ele está interessado em...

— Livros, obviamente – completou Mulciber maldosamente.

Um forte som oco e grave foi ouvido. Os garotos se afastaram um pouco e olharam para os lados. Severus havia fechado o livro com força, pouco antes de levantar-se da poltrona e sair sem olhar para trás, visivelmente irritado.

— Viu o que você fez? – perguntou Regulus, olhando para Avery, exasperado.

— Nem, vem. Você que começou toda essa conversa com sua teoria da conspiração... – defendeu-se Avery.

— Mas vocês não acham estranho que de repente algo que era pra ser totalmente aleatório acabou nos deixando todos no mesmo time? Aí tem. Eles nos querem em algum desses lugares nessas férias por algum motivo... Escrevam o que estou falando... Acho que nos vão fazer alguma lavagem cerebral ou algo semelhante... – insistiu Regulus.

— Ou nos afastar de algum evento ou de algo... Talvez o diretor saiba sobre nosso interesse em apoiar o Lord das Trevas e queira nos afastar dele... – completou Amifidel, subitamente interessando-se pela teoria de Regulus.

— Isso! – Regulus apontou para o amigo, sorrindo, satisfeito com o apoio.

— Nós viemos aqui para jogar ou para conversar? – perguntou Crouch, começando a ficar incomodado com o apoio de Amifidel. Sua rivalidade com Regulus havia sumido, aparentemente, desde que Regulus começara a namorar Rachel, porém em algumas ocasiões a popularidade do outro lhe incomodava.

Na manhã seguinte, depois de tomarem café-da-manhã e pouco antes de iniciarem os jogos, Regulus tornou a conversar com Rachel sobre suas desconfianças. Os dois caminhavam de mãos dadas pelos corredores do castelo em direção ao pátio onde receberiam as orientações para a próxima tarefa, no meio da massa de alunos que seguia para o mesmo local.

— Para mim está mais do que claro que nos querem em algum desses três lugares durante o verão, ou não teriam colocado todos nós num mesmo grupo.

— Certo, Black. Mas ainda assim, pode ser coincidência. Ou o que fariam os outros que nada têm a ver com o nosso grupo junto com a gente no time?

— Ruído.

— Como assim, ruído?

— Ora, ruído, distração... Pros outros não notarem... ou pra gente não notar o que está acontecendo... Por exemplo, nós dois nem precisamos falar baixo agora porque tem tantas pessoas falando ao mesmo tempo e passando por nós em ritmos diferentes que a nossa conversa é só mais uma a se somar ao zumzumzum.

Rachel olhou para os lados. De fato, o corredor estava bastante barulhento. Não havia como negar que os alunos estivessem empolgados com os jogos.

— Eu acho que não é isso. Eu acho que escolheram a dedo as pessoas que iriam compor o time com a gente para que “aprendamos a tratar o diferente como igual”, para diminuir nosso preconceito e blá-blá-blá... Jogos cooperativos... Bah! Coisa de Dumbledore. Sempre querendo nos ensinar baboseiras nas entrelinhas. Não acho que o prêmio tenha algo a ver. Acho que o que importa para ele não é o que vamos conseguir, mas o processo.

Regulus sorveu cada uma das palavras de Rachel. Finalmente alguém havia lhe dado uma alternativa para suas inquietações. E algo plausível: Dumbledore poderia mesmo estar planejando somente doutriná-los “para o bem”. Mas aquilo não explicava o porquê de Slughorn estar tão eufórico e Snape ter errado a poção. A não ser que a teoria de Avery também estivesse correta: Snape tinha errado a poção por causa de Lily e James.

— Pode ser que você tenha razão... – ponderou ele, afinal, sentindo-se levemente desanimado. Rachel respondeu com um largo sorriso, no mesmo instante que a professora Sprout chamava Regulus para passar a ele as tarefas do dia.

— Black, venha! Como líder da Equipe das Acromântulas...

“Acromantulas? Esse era o nome da equipe? Seria esse o significado do desenho na bandeira?” Aquela informação o pegou tão de surpresa que ele teve dificuldades para prestar atenção nas orientações da professora sobre a próxima tarefa. Enquanto seu pensamento ia longe, ela continuou:

— Você deve orientar e coordenar sua equipe para que consigam produzir um grande cabo, que será usado ao final do dia em cabos de guerra. Fiquem atentos à escolha do material que vão usar, pois todos os cabos serão usados e aquele que se romper mais facilmente perderá pontos. As equipes vão ganhar pontos pela qualidade do cabo produzido e pela organização da equipe. Cabo de guerra não é somente um jogo em que vence o mais forte, você precisa ter estratégia, conhecer o potencial de cada um para decidir qual será a ordem em que você vai dispor sua equipe na fila. Compreendeu? Magia pode ser usada para cortar materiais, carregar, mas não para tecer. Alguma dúvida?

— Não senhora. – respondeu ele, pensativo. Então mais uma vez teriam que resolver a tarefa sem usar magia? Seria Dumbledore tão ingênuo de pensar que agir como trouxas os tornariam mais empáticos aos trouxas? Aquilo chegava a ser engraçado.

— Estou muito confiante de que você se sairá bem nas provas, Regulus. Não se chateie pelo resultado de ontem, ainda temos mais algumas provas e, cá entre nós, se não conseguirem o primeiro lugar, o segundo não está nada mal também.

Ao contrário do que se podia esperar, o apoio de Sprout não aborreceu Regulus, pelo contrário, ele sentiu-se muito disposto e sua mente começou a trabalhar a mil por hora. Tinha certeza que teria um bom desempenho naquele dia.

— Vou vencer, professora, você vai ver. – disse ele, sorrindo.

Sprout sorriu de volta e ficou olhando maternalmente para ele, enquanto ele se afastava e reunia o time.

— Onde está o time vencedor? Aproximem-se, já tenho as instruções de hoje! – chamou ele com entusiasmo.


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