A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 145
145. O dia seguinte




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 O dia seguinte

A luz verde intensa cegou-lhe os olhos. Teria sido atingido por uma maldição da morte? Então morrer era algo suave e agradável. Regulus ouviu a voz de Amifidel. Teria morrido também?

— Regulus? Vamos, acorde!

Algo o segurou firmemente e chacoalhou seu corpo. Regulus abriu os olhos, estava em sua cama no dormitório da Sonserina.

— Vamos, levante. Não podemos atrasar. Lembra o que sua prima falou? Agora é hora de nos misturarmos aos demais e sermos invisíveis. E para ser invisível, temos que fazer o que os outros fazem. Nada de chegar atrasado na aula ou coisa parecida.

— Está bem, está bem. Já estou levantando, satisfeito? – ele respondeu ao amigo, enquanto sentava-se na cama.

Aquilo não fazia o menor sentido. Como alguém poderia voltar à escola depois de ter sido aceito como membro do exército de retaguarda, depois de ter sido recebido pelo Lord das Trevas em pessoa? Aula de Feitiços. O que sabia Professor Flitwick que não pudesse ser ensinado por Bella, Lucius ou até mesmo Rosier?

Regulus se arrumou sem a menor vontade e em pouco tempo já havia terminado seu café da manhã no Salão Principal.

— Podemos ir agora, Ami? – perguntou, ainda aborrecido por ter sido acordado.

Amifidel olhou para os lados. Uma boa parte dos alunos já havia saído do salão, então não seria estranho se eles saíssem também. Ele limpou a boca em um guardanapo e disse:

— Vamos.

Os dois seguiram por entre as grandes mesas e deixaram o Salão Principal em direção ao segundo andar para a aula de Flitwick. Regulus não conseguia esconder o quanto estava desgostoso por ter que ir a aula de feitiços, pois aquilo parecia ser a coisa mais desprezível do mundo. A noite anterior, sua primeira participação no clube da Bella, tinha coincidido com o encontro e apresentação dos novos membros ao Lord das Trevas. O garoto seguia pelo corredor relembrando de cada momento daquele encontro memorável. Amifidel seguia ao seu lado, e pela expressão de deslumbramento, também estava relembrando da noite anterior.

— Você acha que aquela era a casa dele? – perguntou Ami.

Regulus tropeçou nos próprios pés ao ouvir a pergunta. Lhe pareceu muito idiota. Mas não quis ser grosseiro com o amigo, e engoliu a irritação:

— Óbvio que não, você não ouviu Bella comentar? É a casa do cunhado dela. O Lord está hospedado lá, mas não vai ficar mais de um dia, embora não tenha medo de ser rastreado, uma vez que temos gente suficiente no Ministério para apagar suas pegadas... – respondeu Regulus, com ar de quem sabia das coisas. Amifidel não pareceu duvidar disso.

— Você acha que ele gostou da gente? – a voz de Ami não escondia sua empolgação. Regulus olhou para o amigo com o canto do olho antes de responder, medindo as reações de Ami.

— Ele já me conhecia... Disse que está gostando do meu trabalho. – disse Regulus, empertigando-se. – Mas acho que podemos dizer que ele está bastante satisfeito com todos do grupo, e gostou muito das demonstraçãoes que vocês fizeram – acrescentou, para encher a bola do amigo, embora isso não lhe trouxesse boas lembranças. Ainda era vívida em sua memória a sensação desagradável de não ter nada para mostrar, por ser o seu primeiro encontro desde que Bella havia assumido o grupo. Quando começaram as demonstrações, ele havia se retraído a um canto da sala, escondendo-se nas sombras, ao lado da cortina de veludo escuro.

Amifidel e Regulus tentaram o tanto quanto possível se concentrar na aula de Feitiços, que pareceu durar uma eternidade e meia. Regulus olhava o relógio a cada três minutos. Ele havia combinado com Rachel de se encontrar no corredor a caminho da aula de Transfiguração para conversarem sobre o encontro. Eles pretendiam sentar-se juntos durante a aula, mas McGonagall não iria permitir conversas.

Ao término da aula de Feitiços, ele pegou suas coisas e saiu correndo porta a fora, para esperar Rachel que deveria estar subindo as escadas vindo da aula do Professor Binns. Ao que tudo indicava, ele havia se adiantado um pouco, então resolveu descer as escadas e ir ao encontro dela. Ao colocar o pé no primeiro andar, ele virou-se para a direita e viu um rosto lindo e familiar, mas não era Rachel. Alice sorria e não era para ele. Longbottom aproximou-se dela, a tomou pela cintura e a ergueu no ar, dando um rodopio, que culminou com um beijo na boca. Regulus desviou o olhar rapidamente, sentindo uma vontade incontrolável de derrubar o monitor com alguma azaração. Ao invés disso, ele passou pelos dois e seguiu em frente, notando o olhar constrangido de Alice ao vê-lo passar. Aquilo valia mais do que qualquer azaração. Ele olhou para frente e, num timing perfeito, viu Rachel se aproximando. O sorriso largo que surgiu em seu rosto era tanto pela satisfação de encontrar sua bela namorada ao mesmo tempo que rememorava o olhar constrangido de Alice. Ele parou no meio do corredor e inclinou a cabeça levemente de lado para admirar sua malvada favorita se aproximar.

O uniforme de Hogwarts parecia ter sido feito sob medida para valorizar o corpo curvilíneo de Rachel e enlouquecer os hormônios do garoto toda a vez que a via. Como podia ser tão perfeita? Assim que ela parou em sua frente, Regulus segurou sua mão na altura do peito dele, que parecia querer explodir.

— Olha o que você faz comigo... – disse, rindo.

— E farei coisas muito piores se souber que isso tudo é por conta do casal ali em frente...

— Casal? Que casal? – respondeu o garoto, sonsamente, olhando para os lados e fingindo não ver Alice e Frank mais adiante no corredor.

Rachel torceu o nariz.

— Quem não te conhece que caia nessa, Black... mas agora não tenho tempo para tolices. Me conte: como foi ontem à noite? Detalhes, quero detalhes.

— Seu irmão não contou? – perguntou, enquanto entrelaçava os dedos na mão dela com uma mão, enquanto a outra transferia do ombro dela a bolsa à tiracolo para o próprio ombro, livrando a namorada do peso dos livros escolares.

— Ah, não ele disse que não posso saber por que não faço parte ainda...

Os dois começaram a andar vagorosamente em direção às escadas, falando aos sussurros.

— Bobagem. Isso é uma questão de meses... bem, vamos andando que eu te conto.

 Os dois começaram a andar, lado a lado, Regulus olhou para ela com ar de satisfação e começou o seu relato:

— Chegamos na casa do cunhado da minha prima passava das 11. Estava muito escuro lá. A casa dele é imensa, parece muito com a de meus avós. Estava bastante escuro, então alguém abriu a porta da frente e saiu, sacou a varinha... Por um instante o pessoal pensou que ele fosse nos atacar. Eu não, eu sabia que estava tudo bem. Ele lançou centelhas verdes para o céu. Depois olhou para nós e entrou, fechando a porta em seguida.  Ficamos do lado de fora aguardando até que nos foi dada a permissão para entrar.

— Black! O que é isso? Você está lendo algum romance ou o quê? Pula logo essa parte e me conta como foi...

— Calma, eu estava só “ambientando” para conseguir compartilhar com você a emoção que foi tudo aquilo ontem à noite... Lembre-se: foi a minha primeira vez, oficialmente.

— Ah, desculpa, Black. Mas se você ficar falando do pio da coruja e das estrelas a cintilar no céu não vai dar tempo de você me contar o mais importante... Temos aula agora, lembra?

Regulus olhou para ela marotamente com o canto do olho:

— Puxa! Eu tinha me esquecido! Você tem razão... Vamos ver: então, ele estava lá, fez algumas perguntas, nos elogiou e foi embora, então voltamos.

— Regulus Black! Conta direito! – disse ela, um pouco irritada, mas divertindo-se com o bom humor dele.

— Desculpe, não posso. Temos aula – ele respondeu rapidamente.

— Não! Me conta, vai! – pediu Rachel, gesticulando bastante nervosa.

Regulus olhou para ela deu um beijo em sua bochecha, depois sussurrou em seu ouvido:

— Depois do almoço eu conto. Agora vamos nos apressar que não podemos chegar atrasados nessa aula... Ouvi dizer que a Professora McGonagall não está de bom humor hoje...

Regulus e Rachel sentaram-se lado a lado na aula de Transfiguração. Eles tentaram, dentro do possível, prestar atenção à aula e fazer os exercícios propostos, mas a ansiedade de Rachel por saber o que havia acontecido na noite anterior volta e meia transbordava em perguntas que ela fazia aos sussurros. Para disfarçar, Regulus começou a falar-lhe ao ouvido, enquanto dava pequenos beijos em sua orelha.

— Então, depois que entramos ficou claro que o cara que estava na porta tinha tentado conjurar a marca negra, mas não conseguiu... Acho que nem dar nó nos cadarços ele sabia, muito idiota! – Regulus deu um beijo ao lado da orelha de Rachel, fazendo o braço dela se arrepiar. A garota deu uma risadinha de satisfação.

Para o seu azar, a professora estava passando ao lado deles.

— Senhor Black! Senhorita Broadmoor! Por favor! Isso ainda é uma sala de aula! Exijo respeito! Não quero ouvir nem um pio! – gritou McGonagall, brava.

— Eu não disse que ela estava de mau humor hoje? – perguntou Regulus, afastando-se levemente da namorada.

— Basta, Black! Detenção! E dez pontos serão tirados de sua Casa por sua insolência! Exijo que saia de minha aula e prepare dois rolos de pergaminho sobre as dificuldades da transfiguração humana. Senhorita Broadmoor, fique aqui.

Regulus apanhou o seu material e saiu. Ao invés de ir para a biblioteca preparar o dever, ele desceu as escadas. Ele rememorava a cena que lhe havia culminado com sua expulsão da classe e uma nova detenção, achando graça de sua observação sobre o homem não saber dar nó nos próprios sapatos quando ele mesmo tinha dificuldade em fazê-lo. A lembrança do braço arrepiado de Rachel se misturou com a lembrança de Alice lhe ensinando a amarrar os sapatos anos atrás. Ele ria pelos corredores e estava quase chegando à bifurcação do corredor que levava às masmorras da Sonserina ou às cozinhas, quando encontrou Frank Longbottom.

— O que faz aqui a esta hora, garoto? Não devia estar em aula?

Se não fosse bom Oclumência, diria que o mau humor de Frank era devido à sua lembrança.

— Fui dispensado mais cedo da aula... Mas já que me perguntou, gostaria de saber o que você faz aqui. Suponho que ainda seja aluno, não é mesmo? – provocou Regulus, segurando um riso debochado.

— Eu sou monitor-chefe e estou atendendo a um pedido do diretor e ... não lhe devo explicações.

— Você tem estado na minha sombra há algum tempo, não é mesmo? Tem medo que eu vá até o corredor da cozinha? Tem medo que Alice sinta saudades dos meus beijos? – perguntou, enquanto apontava para o caminho que levava à cozinha.

O monitor-chefe ficou exasperado.

— Como ousa falar assim de minha namorada?

Regulus riu debochadamente.

— Vejo que tenho razão.... Mas para sua informação, estou indo para as masmorras. Não fique nervoso. Logo Alice vai esquecer de mim.

Frank pegou sua varinha e apontou para Regulus, que ria debochadamente. Então ele falou, contendo a raiva:

— Detenção. Amanhã. Na sala do Filch. Vou avisar o diretor de sua casa.

Detenção? Mais uma? Longbotton estava abusando de seu poder. Regulus provocou:

— Será um prazer... diga a Filch que prepare uma xícara de chá e ... – e se Longbotton resolvesse revidar? A cena dele rodopiando e beijando Alice no ar em pleno corredor da escola não lhe saia da cabeça. Seria ótimo se Longbotton revidasse. Então, pouco antes de virar-se para descer mais um lance de escadas, ele gritou: - Bem, você se forma no próximo verão, certo? Então se Alice não esquecer dos meus beijos, ainda vou poder fazer este favor a ela... Diga que mandei lembranças!

Frank correu atrás dele, a varinha em punho, mas Regulus foi mais rápido e o desarmou, depois apontou a varinha para as escadas e ordenou um feitiço:

Glisseo!

A escada se tornou um grande escorregador, por onde ele escorregou. Quando Longbotton ia começar a escorregar, Regulus apontou a varinha novamente e desfez o feitiço:

Finite incantatem.

Regulus nem se virou para ver a cara de Frank, caindo sentado na escada com raiva, mas podia imaginar. Então correu o mais rápido que pode até a masmorra da Sonserina.

Agora ele se sentia bem melhor. Será que ele estava mesmo falando sério? Um monitor chefe poderia aplicar detenções? Regulus deu de ombros, pouco importava se ia ou não ficar de detenção. O que importava era que ele tinha um período livre à tarde, quando poderia, finalmente, contar a Rachel o que havia ocorrido na casa de Rastaban Lestrange.


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