A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 131
131. Sirius, Sirius, Sirius!




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Sirius. Sirius

Faltava pouco, muito pouco agora. Sua mão estendida a poucos centímetros do pomo. O vento gelado silvando em seus ouvidos e nada mais. Inclinaria seu corpo um pouco mais para frente e tomaria o último impulso necessário... Algo forte bateu em seu ombro, jogando-o para o lado. Era Crouch. Desde quando Crouch jogava Quadribol? E desde quando ele jogaria contra ele? Regulus desceu da vassoura. A Sonserina havia explodido em gritos alegres. Ele olhou para o lado: Couch erguia o pomo bem no alto. Regulus abaixou a cabeça: ele vestia o uniforme amarelo da Lufa-lufa!

— NÃO!!!!

— Que foi, Reg?

A carona sonolenta de Amifidel apareceu em sua frente.

— Tive um pesadelo.

— Um pesadelo? E o que foi?

— Crouch era o apanhador da Sonserina...

O rosto de Amifidel passou de uma expressão de sonolento, para surpresa e então ele soltou uma gargalhada.

— Hahahahah! Isso é que é pesadelo! Ele não pegaria o pomo nem que fosse do tamanho da Goles! Seria o fim para nós!

— E não? Bem, ainda bem que já passou. Que horas são?

Amifidel pegou o relógio na cebeceira da cama. Ainda eram quatro horas da manhã.

— Ainda é cedo demais para o apanhador da Sonserina levantar. Volta a dormir que daqui a algumas horas quero ver você pegando aquele pomo impiedosamente como você fez naquele jogo contra a Lufa-lufa dois anos atrás. Eles não podem nem sentir o gosto de marcar algum ponto.

Regulus lembrou-se do jogo. Havia pego o pomo rapidamente. Tinha sido desastroso, ninguém curtiu a partida. Não, ele não faria aquilo novamente. Mesmo porque não acreditava que teria tanta sorte em qualquer outra partida durante sua vida toda.

— Nã... dessa vez vou deixar o pessoal jogar. Treinamos muito, estão todos doidos para jogar. Não vou tirar esse gostinho da boca do nosso time. E, no final das contas, somos como gatos: gostamos de brincar com a comida antes de devorá-la. – Ele piscou para Ami. – Agora deixa eu dormir que tenho um jogo para ganhar logo mais. – E dizendo isso, ele se virou na cama. Mas não dormiu.

Sonhar que usava o uniforme da Lufa-lufa o tinha perturbado muito. Ele sabia que Alice desejava que a casa dela ganhasse o jogo e juntasse alguns pontos para a Taça das Casas, mas isso estava completamente fora de questão. Eles iriam ganhar, eram um dos melhores times da escola, mesmo que alguns já não estivessem tão dedicados aos treinos como antes por conta dos encontros com os Comensais. Ele estava. Ele dava conta de tudo: namorar escondido, treinar Quadribol, treinar Legilimência com Severus, fugir da escola para os encontros com os Comensais e sua detenção com Slughorn. Ele riu em pensamento. De repente lhe ocorreu que as únicas coisas que não fazia escondido eram as detenções e o treino de Quadribol – mesmo porque, mesmo quando Emma tentava um treino fechado, sempre havia alguém xeretando o treino deles. Lembrou-se de Sirius. Ele, mesmo sob os holofotes de uma horda de garotas na escola conseguia fazer uma porção de coisas escondido. Enquanto o irmão parecia ter cada passo fotografado e publicado por toda a escola. Sirius continuava falando alto, rindo alto e fazendo todo tipo de coisa que chamasse atenção para si, sobretudo em noites de lua cheia. Ele já havia notado isso.

Toda lua cheia Sirius aprontava durante o jantar. Teria algo no luar que o inspirasse ou seria apenas para fazer de holofote o brilho da lua falsa que emanava pelo salão principal? E James parecia adorar isso. Era tão desprezível! Na noite anterior, Sirius havia cantado em cima da mesa como um cantor de rock, James lançava fagulhas coloridas com a varinha enquanto Peter batia palmas entusiasmadamente feito um palhaço. Ao menos Lupin parecia envergonhar-se do que os outros três faziam. Assim como fazia sempre nessas ocasiões, Lupin havia saído sorrateiro assim que Sirius tinha feito sua primeira graça – ele raramente ficava no Salão Principal para ver o show dos palhaços. Regulus gostava de Lupin, parecia mais sensato. Se pudesse escolher, teria escolhido Lupin como irmão. Sirius. Sirius. Sirius. Até quando Sirius iria assombrá-lo dessa forma? Regulus sentou-se na cama.

O dormitório estava silencioso, todos dormiam. Ele levantou e pegou o uniforme de Quadribol. Junto dele estava a carta que sua mãe havia mandado no dia anterior. A carta caiu no chão. Regulus olhou para ela com tristeza. Ele precisava, mas não queria respondê-la. Na carta, sua mãe pedia que ele conversasse com o irmão para tentar convencê-lo de passar o natal em casa. Dizia que o perdoaria, que esqueceriam tudo o que passou e voltariam a ser uma família feliz novamente.

O garoto trocou de roupa com os olhos fixos na carta ainda no chão. Ele agachou-se e pegou a carta, que momentaneamente pareceu-lhe pesar dez toneladas. Ele a jogou de volta no meio de suas roupas. Não precisava reler, as palavras ainda ecoavam em sua cabeça. Sirius. Sirius. Sirius.

Então ele pegou uma pena e um pergaminho e saiu. Escreveria a resposta e a enviaria antes do café da manhã. Sua mãe já havia esperado demais por isso.

Escolheu uma poltrona na sala comunal deserta. Haviam almofadas espalhadas pelo chão e alguns papeis de bala jogados pelo chão na noite anterior. Ele começou a escrever.

“Mamãezinha querida,

Conversei com Sirius. Ele pede desculpas, mas pretende ficar na escola este Natal, pois precisa estudar para os NOMs. Você sabe como os estudos são importantes para ele. Até na Grécia ele estudou Transfiguração.

Certamente ele voltará para casa no próximo verão, fique tranquila.”

Neste instante, um som como uma madeira que se quebra ecoou pela sala. Era Toffe, o elfo baixinho que conhecera na cozinha de Hogwarts há alguns anos.

— Senhor Black, me desculpe. Toffe pensou que a sala comunal da Sonserina estava vazia. Toffe precisa limpá-la, senhor.

— Tudo bem, Toffe. Eu já estou de saída.

Regulus levantou-se do sofá e saiu, levando consigo a pena e o pergaminho. Iria para o corujal enviar a carta. Será que sua mãe notaria que ele estava mentindo? Ele pegou a carta e a releu. “Estudos são importantes para ele”. Aquilo, definitivamente, não iria dar certo. Sirius nunca colocaria os estudos em primeiro lugar. Ele sabia disso e sua mãe também. Regulus parou em frente à escada, tirou a varinha de dentro das vestes e apontou para o pergaminho, apagando tudo. O jeito seria falar com Sirius, aí não seria ele a fazer a grosseria de contar mentiras. O garoto respirou fundo e começou a subir as escadas. Iria até o corredor do sétimo andar esperar que Sirius acordasse e então conversariam. Algumas horas e estaria tudo terminado.

Mas sua espera não chegou a acontecer. Ao chegar no quarto andar ele encontrou o irmão e James em seus pijamas, os dois carregando Lupin desacordado nos braços. Peter Petigrew vinha logo atrás, os braços movendo-se inquietos, como se não soubesse onde colocá-los para ajudar.

Remus parecia ter passado por uma máquina de moer, tinha ferimentos pelo corpo e a roupa toda rasgada. Regulus apontou a varinha para Lupin e lançou o encantamento para levitar corpos, ajudando os dois a levar o amigo para dentro da ala hospitalar.

Madame Pomfrey apareceu na grande sala assim que eles abriram a porta.

— O que foi desta vez? – disse ela, aflita.

— Ele saiu pela janela. James evitou que caísse de muito alto, mas uma lufada de vento o pegou e o feitiço de levitação foi interrompido por conta de uma parede. Ele caiu uns seis metros, eu acho – explicou Sirius.

Assim que Lupin estava na cama, Regulus abaixou a varinha e a guardou rapidamente. Havia pensado em se gabar por ter lembrado do feitiço de levitação de corpos, mas ao que tudo indicava, Sirius e James eram bastante íntimos deste.

— Ah, precisamos pedir ao professor Dumbledore para selar as janelas do sétimo andar! É sempre a mesma coisa! Este menino vai acabar morrendo! – disse a enfermeira, aflita, enquanto limpava os ferimentos no corpo de Lupin.

— Isso acontece sempre? – perguntou Regulus, curioso e sem graça por estar ali.

— Não é da sua conta! – respondeu James. Madame Pomfrey o repreendeu com o olhar. Ele limpou a garganta e explicou:

— Ah, sim. Ele é sonâmbulo. – explicou James. Depois virou-se para a enfermeira – as janelas do sétimo andar já são seladas todas as noites. Ele caiu do terceiro andar. Acho que nem selando todo o castelo!

Havia alguma coisa estranha e forçada na voz de James. Regulus não conseguiu entender o que era. Então olhou para Sirius.

— Preciso falar com você.

Sirius olhou para ele como se estivesse notando sua presença naquele momento.

— Acho que não temos nada para conversar, Black. E caso você não tenha notado, estou um pouco ocupado aqui.

Regulus olhou dentro dos olhos do irmão.

— Por favor, Sir.

Regulus não podia acreditar que estava implorando para falar com Sirius. Aquilo estava muito além do que ele podia dar. Sirius o estudou por alguns instantes, parecia reconhecer o esforço do irmão.

— Está bem. – disse, de má vontade e caminhou para o corredor. Regulus o seguiu e fechou a porta atrás de si.

— Fale.

— Sir, mamãe quer que você volte, que passe o natal conosco.

— Pensei que você me conhecesse. Que inocência a minha! – respondeu o mais velho dos irmãos, balançando a cabeça para os lados.

— Eu conheço você, Sir. É um cabeça-dura. Só faz o que quer, só vê o que quer!

— Bem, então tenho que admitir que temos alguma coisa em comum além do sobrenome... – debochou Sirius.

— Sir, você é um grande imbecil! Nem sei por que estou aqui! Faço isso por ela. Mamãe está sofrendo.

— Dona Walburga não conhece o significado da palavra sofrimento. – Sirius virou as costas e seguiu caminhando pelo corredor. Regulus apressou o passo atrás dele.

— Ela sente muito sua falta, Sir! Ela o ama! – disse, desesperado.

Sirius virou-se rapidamente.

— Aposto como a primeira coisa que ela fez depois que saí foi queimar meu nome da tapeçaria...

— Ah, Sir... isso não significa nada! – respondeu, hesitante.

— Eu não disse? Há! – Sirius voltou a caminhar, dando as costas para o irmão.

— Volte, Sir!

— Não há para onde voltar. Walburga não me apagou da árvore genealógica? Aquele lugar não é mais a minha casa, já não pertenço mais à família. Me esqueça, pirralho! – gritou, antes de tomar um atalho atrás de uma tapeçaria. Regulus não o seguiu. Pegou o pergaminho em seu bolso e o apoiou no parapeito de uma janela próxima.

“Mamãezinha Querida,

Tenho treinado muito e hoje farei um grande jogo. Tenho certeza que a escola se vestirá, com orgulho, de verde e prata para me assistir. Professor Slughorn acredita em nossa vitória, sobretudo por eu ser o apanhador.

O tempo já está mudando e logo teremos neve por aqui. Sempre me lembro, a cada floco que cai, das histórias que a senhora me contava de seus tempos de escola, de como gostava de ver os raios de luar que escapavam por entre as nuvens fazendo a neve brilhar como prata pelas terras de Hogwarts.

Sinto orgulho de pisar no chão que você e o papai pisaram, na certeza de estar seguindo seus passos. Toujour Pours! Estarei em casa para o natal e nada vai lhe faltar. Te amo muito. Regulus Black.”

Ele dobrou cuidadosamente a carta, sem ler, e correu para o corujal.


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