A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 130
130. Quem se importa?




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Quem se importa?

Enfim, quinta-feira! Regulus contava os minutos para se encontrar com Alice. Faltava ainda meia hora para a aula de feitiços acabar...

— E uma das vantagens dos feitiços Mobiliarbus e Mobilicorpus sobre o feitiço básico de levitação, Wingardium Leviosa, é a facilidade com a qual se mantém o efeito do feitiço por mais tempo, além de se poder não apenas levitar pessoas e objetos, como movê-las lateralmente...

Quinze minutos para o final da aula. Ele havia esquecido de providenciar algo para comerem, já que não iriam ao jantar para não ter que sentar longe um do outro. Daria tempo de correr até a cozinha? Chamar Kreacher, quem sabe? Professor Flitwick não parava de falar. Parecia que queria dar todo o assunto do ano em uma única aula! Ele daria tudo para lembrar a azaração que Sirius havia jogado em sua prima Narcissa para que ela os deixasse na cozinha sozinhos, assim eles poderiam comer todas as rabanadas do natal. Ele lembrava do movimento da varinha... e do efeito causado em Narcissa: ela correu para o banheiro com uma súbita diarreia. Algo semelhante ao que aconteceu com eles horas depois, por conta da grande quantidade de rabanadas que haviam comido... Ah, se o professor seria tão bom se o professor corresse para o banheiro agora... Como era mesmo o encantamento?

— Senhor Black!

— Rete Stercorus! – respondeu Regulus, dando um pulo na carteira.

— Desculpe? O que disse?

— Oh, nada, senhor. É minha garganta, acho que vou ficar resfriado.

— Está bem. O senhor ouviu minha pergunta?

— Perdão, senhor. Qual era mesmo?

— Sobre o uso do feitiço Mobilicorpus. O senhor poderia citar uma situação em que este feitiço seria útil?

— Ah, sim. Meu pai conta que quando chegou de lua de mel com a mamãe ele estava exausto, porque ela o havia feito caminhar por várias ruínas na Grécia durante dias. Então nem passava por sua cabeça que ela iria ficar esperando que ele a carregasse porta adentro, no colo. Bem, depois dele pedir licença para passar e ela lançar aquele olhar congelante que só uma mulher muito brava consegue, ele compreendeu o que ela queria e não teve dúvidas: tirou a varinha do bolso e acenou, carregando minha mãe para dentro de casa. Ele conta que ela esperneou um pouco e reclamou bastante, mas o que ela queria?  Que a carregasse no colo? – Regulus ergueu os ombros – ele é um bruxo.

 Flitwick ergueu as sobrancelhas, não sabia se aprovava ou não a resposta.

— Está muito bem. Realmente este é um exemplo de como podemos usar o feitiço. Mas eu recomendaria carregar a dama no colo, seria mais delicado.

— O senhor diz isso porque não conhece o tamanho de minha mãe... – resmungou Regulus. Amifidel e Jack, sentados ao lado dele, abafaram o riso.

— Perdão, o que disse?

— Nada, senhor. Eu não disse nada.

Flitwick franziu as sobrancelhas novamente, analisando Regulus por alguns segundos.

— Bem, por hoje é só. Os senhores estão dispensados. Aguardo para a próxima aula o resumo sobre os feitiços de levitação e seus usos.

Regulus não esperou o professor terminar a frase e correu porta afora. Ele precisava chegar ao terceiro andar antes de Alice, não poderia deixá-la esperando. Aquilo o fazia lembrar da resposta que dera a Flitwick. Seu pai o censuraria por inventar tal história? Na verdade, o pai sempre se orgulhara de ter carregado Walburga nos braços e quem havia sugerido o feitiço de levitação tinha sido Sirius, mais por achar engraçado do que pela praticidade da coisa em si. Regulus suspirou. Era difícil passar um dia sem que as lembranças de seu irmão lhe viessem à mente. As escadas haviam acabado. Terceiro andar. Tudo o que precisava era parar de pensar em Sirius e encontrar uma sala vazia para poder passar alguns minutos com Alice.

A sala não foi difícil de encontrar. Difícil tinha sido preparar o ambiente sem deixar “confortável demais”. Duas cadeiras transfiguradas em poltronas individuais e colocadas lado a lado em frente a uma janela. Aquilo deveria servir. Conversariam, ele seguraria a mão dela e daria alguns beijos em sua boca. Só isso. Regulus bufou, mas havia prometido a si mesmo que não faria nada impróprio para a idade deles impulsionado pelos hormônios, mesmo estando longe dos olhos de outras pessoas. Era sua palavra de que respeitaria Alice. Promessa a cada dia mais difícil de cumprir. Ele sentou-se tentando parecer relaxado e descontraído, mas seus pés batiam no chão sem parar, traindo suas emoções.

A porta se abriu. Regulus virou-se na poltrona para olhar para ela, sem se levantar. Alice entrou carregando uma pequena trouxa.

— Oi, passei na cozinha e trouxe alguns bolinhos. – disse ela, sorrindo. Regulus sorriu de volta, mas franziu a testa em seguida. Alice usava um broche imenso com o símbolo da Lufa-Lufa nele. E alguns anéis igualmente ornamentados. Aquilo o chocou um pouco. Quando estavam juntos ele esquecia que ela pertencia a outra casa.

— Lufa-Lufa?

— Ah, Reg, minha Casa está precisando um pouco de apoio, você sabe, não podemos nos dar ao luxo de perder mais uma partida...

Alice sentou-se, abrindo a trouxa com os bolinhos sobre suas pernas. Regulus esperou que ela lhe entregasse um.

— Alice, espero que você perceba que competições são competições, não tem valor algum... são só jogos, então, espero que você não se importe, mas eu vou pegar aquele pomo sábado.

Alice o examinou por alguns intantes.

— Reg, sinceramente, se são só jogos sem valor algum, não vejo porque você precise pegar o pomo.

Regulus arregalou os olhos:

— Como assim?

— Ora, se são mesmo só jogos sem valor, você não vai se importar de perder...

— Alice, seja razoável, eu sou o apanhador...

— Eu sei, Reg. Eu até acho que você vai pegar o pomo, mas eu não vou conseguir torcer por você. Lufa-Lufa tem se esforçado tanto. Eu tenho me esforçado! Faz muito tempo que não ganhamos a Taça das Casas...

Regulus olhou para ela, incrédulo. Depois inclinou-se sobre o apoio de braço da poltrona e a beijou.

— Tudo bem, Ali, não me importo que você não torça por mim. Nosso amor está acima disso. Mas que Sonserina vai ganhar este jogo, isso vai.

Alice ficou em silêncio, os olhos fixos no horizonte por alguns instantes.

— Eu gostei muito das borboletas, - disse, por fim.

— E eu gosto muito de você!

Alice sorriu e Regulus sentou-se no braço da poltrona para poder abraçar e beijar a namorada.

— Ali, eu sei que nosso tempo está curto por causa dos meus treinos e a detenção, mas tem outra coisa que preciso fazer.

Alice franziu a testa.

— E o que seria?

— Bem, eu prometi a um amigo que estudaria com ele. Sabe, ele vai fazer as provas do NOM este ano...

— E quando você pretende fazer isso?

— Na verdade, marcamos para as quintas à noite, a partir das 9h30 da noite. É só meia hora por semana, achei que você entenderia.

— Não posso dizer que fico feliz com isso, embora sinta orgulhosa de ver sua disposição para ajudar um amigo... É algo tão Lufa-lufa... acho que você está na casa errada...

— Bobagem, querida. Nós na Sonserina também sabemos o significado de amizade... Então, sem problemas?

Alice franziu a testa:

— Mas este seu amigo não usa saias, usa?

— Que problema teria se ele fosse escocês?

— Eu sei que isso não mudaria nada, mas me sentiria melhor se não fosse uma garota.

Regulus sorriu. Alice sentia ciúmes.

— Não é uma garota. Severus só não quer que eu saia por aí falando que ele precisa de ajuda para estudar, ainda mais ele estando no quinto ano e eu no quarto. Acho que você pode imaginar o quão constrangedor seria se isso chegasse aos ouvidos do meu irmão. Mas confio em você, sei que não vai comentar com ninguém a esse respeito.

— Não, é obvio que não. Desculpe tê-lo forçado a falar. Senti ciúmes... Nosso tempo já está tão curto... O pessoal anda rivalizando por nada.

— Eu sei, eu sei – disse o garoto, puxando a namorada para junto de si mais uma vez, inspirando profundamente para impregnar em suas narinas seu perfume.

O tempo passou rapidamente e tão logo ela deixou a sala, uma dor profunda lhe apertou o peito. Talvez ele não devesse treinar Legilimência toda a semana. De fato, não via grande utilidade em invadir a mente dos outros e já tinha um bom controle para evitar invasões alheias. Existiria alguém com mais habilidade que Dumbledore ou seu próprio pai que ele devesse temer ou de quem segredos ele iria querer proteger? Regulus suspirou, saiu da sala e fechou a porta às suas costas.

Haviam combinado se encontrar no fundo da biblioteca. Se estivesse cheia, sairiam em busca de uma sala vazia. Para seu desgosto, Sirius e James estavam plantados à porta da biblioteca, à espera de Remus. Ele notou a mudança de conversa à sua aproximação:

— Eu teria dado a vassoura a você, James, se achasse que você precisasse dela para voar mais rápido que os jogadores dos outros times...

Regulus parou momentaneamente em frente ao irmão, pensando se deveria ou não responder à provocação. Resolveu seguir adiante. O fato de Sirius fazer o comentário, por si só, já era suficiente para que ele entendesse que, ao contrário do que bradava aos quatro ventos, o irmão se importava com ele, concluiu. Alguém que realmente não se importa com o outro não tenta, sempre que tem oportunidade, atacá-lo de alguma forma. Quando não se importa, o outro passa a ser paisagem, mobília, ou qualquer coisa que seja menos que um ruído – pensou Regulus enquanto entrava distraidamente na biblioteca. Um vulto em azul, com cabelos loiros passou por ele, reclamando de sua existência. Rachel. Ele olhou para ela saindo apressada. Regulus franziu a testa. Estaria ele errado em sua teoria ou ela também se importava com ele mais do que era esperado? O garoto ergueu os ombros. Isso não importava naquele momento.

Lupin passou por ele, olhou em seus olhos e saiu. A biblioteca estava vazia, exceto por Severus, curvado sobre uma pilha de livros e pergaminhos ao fundo da biblioteca. Regulus caminhou em direção a ele, calmamente.


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