A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 125
125. De volta a Hogwarts - 4º ano




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De volta a Hogwarts – 4º ano

O expresso sacudia seu corpo de maneira agradável, mesmo assim, ele não queria estar ali. Era extremamente desagradável ficar ouvindo o relato dos colegas sobre aventuras e mais aventuras durante todo o verão quando tudo o que ele teria para compartilhar além do seu vergonhoso trabalho no Ministério ou era proibido ou era impróprio. Regulus olhou para Severus mais uma vez mergulhado em um livro que estava apoiado em seu colo por ser pesado demais para sustentar com as mãos. Sentia inveja de Severus, que conseguia se manter alheio às risadas e provocações.

— E aí, Reg? Divertiu-se no Ministério? – perguntou John, um tanto debochado. Regulus não sabia porque John às vezes implicava com ele. Não eram amigos? Ele apenas fez uma careta e ergueu os ombros.

— Crouch também não quis falar nada... Apenas mencionou pilhas de papel para picar. Não fizeram nada de emocionante mesmo? Sei lá, com todos aqueles aurores lá... – perguntou Amifidel com cara de quem estava morrendo de dó do amigo.

— Sabe, Ami. Agora que você mencionou, vi alguns aurores por lá, mas eles não me davam a mínima atenção. Fiquei o tempo todo trabalhando na Seção do Mau Uso dos Artefatos Trouxas.

A expressão dos colegas era a mesma de quando sentiam um cheiro muito ruim.

— Mau uso dos artefatos trouxas? – perguntou John, revirando os olhos.

Regulus segurou o riso. Ele até teria algumas coisas interessantes para compartilhar, tinha aprendido uma porção de contra-feitiços e o modo como o pessoal do Ministério fazia suas investigações, ele sabia que isso seria de grande valia quando ele fosse um Comensal da Morte. Mas era melhor assim, não falar nada por hora. Já bastava o que havia compartilhado compulsivamente com Severus em seus encontros para treinar Legilimência.

Os garotos agora conversavam sobre um jogo beneficente entre dois grandes times de Quadribol que havia acontecido durante o verão, então ele aproveitou a mudança de assunto para isolar-se em seus pensamentos novamente. Olhou para a porta da cabine e viu duas garotas da Corvinal passando, elas olharam para ele e sorriram. Ele sorriu de volta, sentindo-se um pouco culpado. O que estaria fazendo Alice aquela hora? Eles haviam combinado que se encontrariam no meio da viagem no vagão de serviço, como fizeram da última vez. Ele a havia visto de relance na plataforma, despedindo-se de sua mãe. O pai não estava lá. Seria trouxa? Se fosse, teria permissão para ir à plataforma? Sacudiu a cabeça para se livrar daquele pensamento, já havia se proibido de levantar esse tipo de suspeita sobre Alice. Não havia o menor cabimento, ele sabia que ela não era trouxa ou mestiça, ele podia sentir isso. Olhou novamente para Severus, sentindo inveja mais uma vez: Severus não tinha esse tipo de preocupação, era mestiço, nada poderia piorar ainda mais sua situação uma vez que já carregava em suas veias um sangue sujo. Então ele sacudiu a cabeça mais uma vez: o ruído da conversa na cabine o estava enlouquecendo! Desde quando ele iria sentir inveja de um mestiço? Ele olhou com raiva para Avery, que contava suas peripécias nas alturas com sua vassoura nova. Então, sem falar nada, levantou-se e saiu. Os outros garotos o olharam, estarrecidos, se perguntando o que estaria acontecendo com Black.

Assim que chegou no corredor, encheu os pulmões de ar com força. Ele sabia que ainda era cedo para procurar Alice, mas já não conseguia mais ficar parado, então seguiu pelo corredor abarrotado de gente. Havia andado pouco menos de 10 metros e já havia cumprimentado mais de 30 pessoas. Bethania e suas amigas quase o sufocaram com seus abraços e ele sentiu que alguém havia apertado seu traseiro, mas não tinha certeza de quem havia sido.

— Essas meninas estão cada dia mais doidas! – disse para si mesmo, sorrindo e balançando a cabeça para os lados.

Regulus ainda ria sozinho, esfregando seu traseiro quando ouviu a voz de Sirius vindo de dentro da cabine em frente.

— Peter, você não ia acreditar! Que máquina! James confundiu o vendedor para darmos uma volta, não achei que fosse conseguir me equilibrar assim, na primeira vez...

Com o episódio das bicicletas ainda fresco em sua memória e em alguns hematomas que ainda guardavam o amarelado das pancadas, Regulus parou momentaneamente ao lado da porta, de costas para a cabine, para ouvir a conversa:

— Andar em duas rodas parece impossível à primeira vista... – dizia James – valeu muitas risadas!

Aquilo era o suficiente para ele, Regulus abriu a porta da cabine e entrou, empurrando James.

— Hey! O que você pensa que está fazendo, Black? – perguntou Lupim, se colocando no meio dos dois, o distintivo de monitor reluzindo no peito, na altura dos olhos de Regulus, como um claro aviso de que aquele não era um bom momento para atos impulsivos.

— Monitor, hein? – disse Regulus, enquanto notava uma revista trouxa sobre motos caída no chão da cabine. – Me desculpe, errei de cabine, pensei ter visto uma pessoa... – disse, dando um passo atrás, olhando para Sirius com o canto do olho, que visivelmente lhe virava o rosto.

Ele saiu rapidamente, ouvindo a porta ser fechada com força às suas costas. O que estava pensando? Seu coração havia disparado. Era a primeira vez que via o irmão desde que ele fugira de casa. A artéria em sua têmpora esquerda parecia querer explodir sua cabeça, ele mal conseguia fixar o olhar no corredor à sua frente. Subitamente, um par e mãos macias o segurou e ele virou para ver quem era. Alice sorria para ele.

— Eu vi você passando e não aguentei esperar mais.

Ele então a abraçou e beijou ali mesmo, no meio do corredor, esquecendo-se de que deveriam manter discrição. Alice não se afastou e correspondeu o carinho.

— Eu não sei como consigo sobreviver sem você, - ele disse – querida, não devíamos...

— Fique calmo, Reg, já conversei com as garotas. As coisas estão mais fáceis agora que várias estão namorando também, elas me entendem. Não temos mais porque nos esconder.

— Ah, bom. E onde vamos, então?

— No vagão de serviço. – Ela respondeu, sorrindo – não é porque não precisamos nos esconder que vamos abrir mão de nossa privacidade.

A resposta de Alice pareceu-lhe algo tão seu, algo que poderia ter saído de sua própria boca, que lhe devolvia o chão e a certeza do que queria e deveria fazer. Passou o braço sobre os ombros da namorada e a conduziu até o vagão de serviço. A placa com os dizeres de entrada proibida lhe lembravaSirius, mais uma vez. Então ele entrou e, tão logo estavam sentados, contou a ela sobre o trabalho no Ministério e o incidente com as bicicletas.

— Eu sei que eu estava cansado, mas posso jurar que ouvi aquela risada. E para mim era Sirius, talvez junto com James Potter. Eu já estava esquecendo daquilo tudo quando ouvi Sirius agora a pouco falando de duas rodas e coisa e tal... Então juntei uma coisa com outra e conclui que tinha sido ele quem enfeitiçara a bicicleta para poder rir de mim, aí entrei na cabine e só não foi uma confusão porque Remus estava lá. Ele é monitor agora...

— Mas como você poderia ter certeza de que era Sirius? Tem milhares de bagunceiros por aí. E meu pai disse que esse tipo de coisa poderia ser os Comensais da Morte querendo distrair a atenção dos Aurores de coisas mais importantes... é uma prática muito comum entre criminosos, até mesmo no mundo dos trouxas...

— Eu não sei se era ou não ele... Mas acho que eu queria que tivesse sido ele... Queria poder denunciá-lo, fazer ele se encrencar.

Alice franziu a testa e mordeu os lábios. Ela não tinha certeza sobre o que dizer. Ela, talvez, não denunciasse o próprio irmão.

— Reg, eu não sei... Se Sirius agir fora da escola como ele faz aqui, ele vai acabar se encrencando sozinho, você não vai precisar denunciá-lo... Como seus pais iriam reagir se você fizesse Sirius se encrencar? Mesmo uma denúncia vazia ia provocar uma investigação e isso iria envolver a todos. Seria um constrangimento para a sua família. Seus pais já estão sofrendo com a falta do seu irmão...

— É, pensando por este lado, acho que é melhor deixar pra lá. Minha mãe já está chateada o suficiente... Obrigado, Alice.

Regulus entrelaçou seus dedos nos da namorada, que estava sentada ao seu lado e a puxou para junto de si, apoiando sua cabeça na dela. Os dois permaneceram em silêncio por um bom tempo, o ritmo da respiração de Regulus foi, aos poucos, se modulando a partir da respiração de Alice e, assim, se acalmando.

Alice lhe transmitia uma segurança, uma paz, uma certeza sem tamanho a respeito de tudo que ele não podia fazer nada senão fechar os olhos e curtir aquele momento. Ao seu lado, Alice não se sentia diferente. Regulus lhe transmitia segurança, tranquilidade e um amor tão grande que tudo o que ela mais queria era entregar-se a esta sensação e deixar-se levar. Então ambos fecharam os olhos e, embalados pelo trem, adormeceram. Eles acordaram horas depois com a bruxa dos doces a lhes sacudir de leve:

— Garotos, chegamos.

Regulus olhou espantado para Alice, que dormia em seu colo, limpou o canto da boca que estava molhado com saliva e espreguiçou-se, enquanto observava a namorada fazer o mesmo, ambos constrangidos por terem dormido tanto.

— Bem, eu vou descer com as garotas agora. Nos vemos amanhã depois da aula da tarde, nas escadas da entrada, pode ser?

— Claro, mas você não vai ir sem antes de eu dar um último beijo – ele respondeu, puxando-a para si e lhe dando um beijo.

Enquanto observava Alice sair do vagão, lamentou em pensamento por todo o tempo que havia perdido enquanto dormia, por todos os beijos não dados e declarações de amor não feitas. Mas o ano escolar estava apenas começando, não iriam faltar oportunidades agora.


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Notas finais do capítulo

Hoje é dia de ler! Vou postar três capítulos novos, esse é só o segundo... espero que gostem!



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