A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 118
118. Os gritos da senhora Black




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Os gritos da Sra. Black

No dia seguinte, Regulus desceu até a cozinha para tomar seu café da manhã. Kreacher havia preparado diversos tipos de pães e bolos, ovos, bacon, suco. Haviam, inclusive, frutas secas ornamentando a mesa. Um banquete digno de um rei. Regulus deixou-se ser servido e comeu, embora estivesse sem fome e houvesse um gosto amargo em sua boca.

— Belíssimo café da manhã, Kreacher; sua mãe ficaria orgulhosa. – ele tentou ser delicado com o elfo.

— Obrigado, senhor. – respondeu, fazendo uma reverência.

— Kreacher, onde estão meus pais?

— Meu senhor Orion Black foi trabalhar no hospital, disse que precisava ir mais cedo hoje, nem comeu o café da manhã que Kreacher preparou... E minha senhora já tomou seu café e agora está se em seu quarto. O meu senhor deseja que Kreacher faça mais alguma coisa?

— Não Kreacher, muito obrigado. Estou satisfeito. Você é um ótimo elfo.

Kreacher fez outra referência e se afastou, permanecendo num canto da cozinha observando Regulus terminar de comer. Regulus olhou para o elfo. E se perguntou porque era tão difícil para Sirius compreender o que se passava com os elfos? Porque ele simplesmente não aceitava que se eles se sentiam bem desta forma, então não havia problema algum? Eles eram escravos por opção, Kreacher já o havia explicado: era seu destino e sua honra servir. Um elfo livre não teria o porquê de viver, não teria honra, seria escória. Nenhum elfo iria querer isso. Da mesma forma não queriam viver quando sua existência se tornasse um desperdício de espaço. A tradição da família Black vinha de encontro com seus desejos, simples assim. Sirius teria que entender e parar de questionar. Era uma questão de respeito. Ele então levantou-se, bebeu o resto de seu suco de abóbora em pé, olhou para o elfo e saiu. Caminhou decidido até o quarto do irmão. Refazendo todo seu discurso enquanto subia as escadas.

Então ele chegou em frente à porta e bateu. Ele aguçou os ouvidos, mas ninguém respondeu, tampouco ouviu qualquer movimentação dentro do quarto. Bateu mais forte, depois de novo e nada.

— Sir? Abra! Sou eu!

Ninguém respondeu. Regulus colocou o ouvido na porta, estava tudo silencioso lá. Estaria o irmão dormindo?

— Sir, acorde! Vamos conversar!

Novamente ninguém respondeu. E se ele estivesse em outro cômodo da casa? Regulus deu meia volta e procurou pelo irmão por todos os cantos, sem sucesso. Então procurou pela mãe.

— Mãe, Sirius não saiu do quarto, está lá desde ontem, nem veio comer. Estou preocupado com ele, pode acabar passando mal.

Ao ouvir estas palavras, Walburga, que até então estava em frente ao espelho da penteadeira aguardando a escova mágica lhe prender os cabelos levemente grisalhos em um coque, levantou-se.

— Basta. – ela disse para a escova, que imediatamente voou para a penteadeira e ali permaneceu. – Vamos lá, Sirius está passando dos limites novamente... Quando este menino vai crescer?

Ela saiu apressada e foi até o quarto do filho, Regulus a acompanhou.

— Sirius? Sirius Black, abra a porta! Agora! Estou mandando!

Ninguém respondeu. Então ela tentou abrir a porta, mas estava trancada.

— Alohomora.

A porta se abriu. Os dois entraram, mas encontraram o quarto vazio. As roupas, o material escolar, a vassoura de Sírius, tudo havia sumido. Walburga, à princípio enfurecida e resmungando por causa da bagunça, apontou a varinha seguidas vezes para pequenos objetos sem valor deixados pelo chão, que voavam e se juntavam em seus braços, obedecendo seus feitiços convocatórios. Então um pequeno pedaço de papel amassado embaixo da cômoda chamou-lhe a atenção. Ela pegou o bilhete e, ao abrir, reconheceu a letra do filho. Imediatamente deixou cair no chão os objetos que carregava nos braços e foi até a janela a procura de mais luz para ler:

“Não pertenço a este lugar, não pertenço a esta família. Não me procurem, esqueçam que eu existo. Sei que isso não importa, mas estou bem e não vou voltar.”

O bilhete estava sem assinatura e não havia sido deixado em lugar visível, muito provavelmente na certeza infantil de que se realmente procurassem por ele, então encontrariam o bilhete.

Walburga sentou-se na cama e começou a chorar convulsivamente. Regulus se aproximou e abraçou a mãe, mas ela enxugou as lágrimas e disse:

— Mande uma coruja para o hospital pedindo que seu pai venha aqui imediatamente.

Regulus foi até seu quarto, pegou um pedaço de pergaminho e rabiscou dois bilhetes, depois subiu as escadas até o pequeno terraço onde sua coruja descansava com a cabeça sob a asa.

— Schwarzie, acorde!

A coruja ainda sem tirar a cabeça debaixo da asa, esticou a perna para receber a mensagem.

— Voe rápido. Preciso do meu pai aqui agora! E, se puder, este é para o Senhor Crouch, no ministério. Vou me atrasar hoje.

A coruja pareceu entender e abriu as asas e voou pela janela o mais rápido que pode, carregando a mensagem para o pai no bico e a outra em uma das garras. Ele a seguiu com os olhos até que não a avistasse mais, depois desceu as escadas e foi até a sala de estar, abriu as cortinas e ficou observando a rua. Ele sabia que o pai não costumava vir caminhando pela rua, mas de alguma forma, ter um lugar para olhar o deixava com a sensação de que tudo aquilo iria se resolver assim que o pai chegasse. Após dezessete intermináveis minutos, Orion Black aparatou no centro da sala. Regulus virou-se e correu até ele.

— Onde está sua mãe? O que aconteceu?

— Ela está no quarto de Sirius, ele... – respondeu Regulus, incapaz de explicar o que havia ocorrido.

Orion não conseguiu esperar pela explicação e subiu as escadas às pressas. Regulus ficou na sala por mais alguns instantes. Não queria ouvir o relato da mãe sobre a fuga do irmão mais velho. Ele sentia raiva do irmão, sempre tomando toda a atenção da família para si das formas mais impróprias. Então subiu. Da porta entreaberta do quarto de Sirius ele avistou seu pai sentado ao lado de sua mãe na cama do irmão; ela tremia muito de tanto chorar.

— Ele vai voltar, querida. Dê um tempo a ele, isso é só rebeldia adolescente. Um dia ele vai compreender. Eu vou procurar por ele e até de noite ele estará de volta. Você vai ver. Não chore, querida. Não chore.

Seus pais não notaram sua presença e então, ele era invisível novamente sem mesmo ter aprendido um feitiço de desilusão. Regulus transpirava raiva por todos os poros. Como Sirius podia ser capaz de ser tão egoísta? Por acaso ele não pensava em como suas ações afetariam seus pais?

O garoto virou as costas e foi para o seu quarto. Estava prestes a fechar a porta quando Schwarzie entrou, trazendo um envelope roxo no bico. Vinha do ministério. A carta avisava que Crouch não tolerava atrasos e que se ele não comparecesse ao trabalho em meia hora, teria sua pena aumentada. Regulus bufou. Não queria abandonar os pais num momento tão delicado. Ele vestiu uma capa, passou no quarto de Sirius para avisar que precisava sair, mas não havia ninguém lá. Então desceu as escadas até a cozinha.

— Seu pai foi para Bramshill procurar seu irmão. – informou a mãe, enxugando as lágrimas com um lenço, ao notar o filho entrado pela cozinha.

— Ele não vai estar lá. As meninas não estão lá neste verão. Acho que Paris ou a casa de um dos amigos dele, mais provavelmente Potter, seria algo mais provável.

— Nós nem conhecemos os amigos dele ... – observou Walburga, enxugando novamente os olhos.

— Posso deixar uma lista de nomes. Não sei todos sobrenomes... – desculpou-se.

— Onde você vai? – perguntou Walburga, ao ver que Regulus também iria sair.

— Mãe, eu preciso ir ao Ministério trabalhar. Estarei de volta no final da tarde, como sempre. – Ele abraçou a mãe que voltou a chorar forte – ele vai voltar, mãe.

Regulus olhou para Kreacher no canto da cozinha, como quem pedisse confirmação de suas palavras, o elfo abaixou os olhos. Ele sabia, não havia nada que os dois pudessem fazer. Ele afrouxou o abraço, enxugou as lágrimas da mãe e forçou-se a sorrir, carinhosamente, para ela.

— Mãe, não fique assim, você sabe, o Sir gosta de nos afrontar. Ele só está chateado por causa da Floffy e por causa da carta da Simone Leloush.

— O que tem a mestiça?

— Bem, Sir gosta dela e depois que a tia passou a cuidar delas, ficou mais difícil delas se encontrarem... a tia não gosta da gente, nos culpa pelo que aconteceu.

— Malditas mestiças! Escória! Roubaram meu filho de mim!

— Não fique assim, mãe. Ele vai voltar.

Regulus não tinha certeza de suas palavras. Conhecia o irmão, era um Black, orgulhoso demais para voltar atrás. Beijou sua mãe e acenou para Kreacher com a cabeça, depois pegou um bom punhado de pó de Flu e entrou na lareira. Os gritos de sua mãe ainda eram audíveis quando ele começou a rodopiar pelas lareiras.


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