A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 111
111. Execução das leis da magia




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Execução das Leis da Magia

Regulus deitou-se na cama e ficou admirando o teto. Ainda sentia os lábios amortecidos. Ele pensava em Alice. Será que ela sabia que ele falava a verdade? Iria vê-la novamente? Seria expulso da escola? Por que Bartô o odiava tanto? Ele já havia suspeitado que Bartô tivesse uma queda por Alice – o que seria plenamente compreensível, dada sua beleza, delicadeza e tudo mais – mas se gostasse dela não teria tentado manchar sua reputação, teria? Já faziam duas horas que estava ali, sozinho. As aulas da tarde logo terminariam e a sala comunal se encheria de alunos barulhentos que ele não queria encarar. Um clique na porta chamou sua atenção. Severus e Amifidel entraram, olhando para ele, curiosos.

— E aí? – perguntou Ami, sentando-se em sua cama.

— Ainda não sei. Eles estão discutindo o que vão fazer. Como estão as fofocas?

— Parece que estão ao seu favor, uma vez que ficou claro que Bartô havia inventado tudo. Sua namorada perguntou por você algumas vezes. – respondeu Ami.

— Ela não foi fazer a prova dela?

— Ninguém teve aula esta tarde. Os professores estão todos em reunião com o diretor. Pensei que soubesse. – comentou Severus.

— É, verdade... E onde estavam todos que quando eu entrei aqui não havia ninguém?

— Estávamos lá fora. Filch nos colocou todos para fora do castelo, mandou todo mundo se dispersar, mas não foi o que aconteceu. Aos poucos todo mundo se reuniu próximo do Lago Negro. Você realmente tem mais amigos e admiradores que poderia supor, Black. Todos começaram a discutir o caso, alguns aprovando o que você fez, outros acreditando nas mentiras do Bartô e mesmo assim aprovando o que você teria feito (com Alice e a ele). Ninguém na Sala Comunal viu você voltar do treino ontem, por isso sabíamos que você não havia falado nada daquilo que ele andou espalhando. Quanto ter acontecido algo entre você e Alice, isso não tínhamos como negar, pois várias pessoas viram você e Alice indo para o castelo juntos e depois não viram mais... Só essa manhã, ela usando seu cachecol... – contou Severus.

— Eu respeito Alice... – Regulus murmurou.

— Então seu irmão começou a falar que vocês foram educados para respeitar as garotas, que ele acreditava em sua inocência e que quem duvidasse iria se ver com ele. Sirius estava com uma expressão insana no rosto. Ninguém se atreveu. Ainda mais depois de ter visto você lançar o Entomorphus sobre o Crouch... Começaram a falar que você teria aprendido com ele... – comentou Amifidel, balançando a cabeça.

Regulus sorriu tristemente. Saber que o irmão o havia defendido acalentava sua alma, embora não conseguisse deixar de sentir um certo incômodo por suspeitarem que Sirius o havia ensinado tal transfiguração. Por que nunca passava pela cabeça dos outros que poderia ser ele e não Sirius o melhor dos irmãos Black em Transfiguração?

— Então Longbottom mandou todo mundo procurar o que fazer e ameaçou a amaldiçoar quem quer que continuasse a levantar qualquer suspeita sobre a integridade moral de Alice...

— Por que ele? – Regulus sentiu uma pontinha de ciúmes. Essa era a segunda vez no mesmo dia que Longbottom se mostrava gentil com Alice.

— Bem, ele é monitor da Grifinória, não é? Lily foi chama-lo quando viu o que todos estavam comentando sobre a amiga dela... – explicou Snape.

— Ahn, então está bem. Como está Alice?

— Está preocupada com você. Parece que ficou em choque com o que você fez por ela, ficou preocupada. – respondeu Ami.

— Como eu queria poder sair para vê-la... Mas o diretor ordenou que eu esperasse aqui. Não era nem para eu conversar com vocês...

— Erm... e como foi lá? – perguntou Severus.

— Todo sob controle. Ainda preciso saber qual vai ser minha pena... Talvez eu seja expulso, não sei. Não estou preocupado, meu futuro não depende da escola, só preciso ter certeza de que não vão ficar falando mal de Alice... E pensar que me controlei tanto para evitar dar um passo a mais... – ele suspirou, lembrando, por um instante, da maciez dos pés de Alice e o que isso lhe causava.

— E nós? O diretor não...

Severus começou a perguntar quando a porta se abriu. Regulus deu um salto na cama. Ele olhou para Severus e fez não com a cabeça, no mesmo instante que Emma entrou no dormitório. Parecia bastante preocupada.

— Reg, chamaram Alice. Depois de algum tempo conversando na sala do diretor, ela saiu chorando.

Regulus deu outro pulo na cama e levantou-se.

— Preciso vê-la!

— Não, Reg. – Emma postou-se em sua frente, impedindo sua passagem – Ela me pediu que dissesse a você que ela está bem. Que vai ficar tudo bem. Que você não se preocupasse com ela. E ela foi para a sala comunal da Lufa-lufa, de nada adiantaria você sair agora.

O garoto se jogou de volta na cama com os olhos fixos no teto, engolindo em seco.

— Bem, se precisar estarei na sala comunal. Até logo, Reg. – Emma olhou para Severus e Ami e então saiu.

Não demorou mais do que cinco minutos para que ela estivesse de volta:

— Reg, o diretor quer vê-lo. – disse, preocupada.

Regulus levantou-se rapidamente, olhou para Severus e Ami e depois saiu. A expressão no rosto de Emma o deixara preocupado; ela não havia lhe dado bronca pelo que havia feito, mesmo com o jogo contra a Grifinória se aproximando – não, desta vez ela parecia realmente preocupada, devia ser porque também suspeitasse que ele não iria sair dessa com uma simples detenção.

O castelo parecia ter encolhido um pouco, mal ele havia deixado a sala comunal e já se percebia chegando ao terceiro andar novamente. Em um piscar de olhos ele estava de volta em frente à gárgula, mas não sabia como entrar. Tocou em diversas partes da estátua que pareceu sentir cócegas, mas nem assim lhe deu passagem. Ele deu um passo atrás e ficou olhando para a estátua. Então ela se afastou e Dumbledore apareceu na escada.

— Não esperava que você chegasse tão rápido. Ah, bem. Pode subir. – disse o diretor em tom de alívio.

Regulus subiu e entrou. Na sala do diretor ainda estavam os professores Slughorn, Sprout, McGonagall e Kettleburn, além de seu pai, sua mãe e o pai de Bartô Crouch Jr. Os pais de Alice já tinham ido e a mãe de Crouch estava, provavelmente na ala hospitalar com o filho, Regulus supôs.

— Com licença. – Ele disse ao entrar. Sua mãe abriu os braços e o recebeu. Neste momento, ao sentir a respiração da mãe, tudo o que estava sob controle pareceu desabar e ele não pode evitar as lágrimas que insistiram em rolar em sua face. Walburga ergueu seu queixo e secou suas lágrimas com um lenço, indicando com a cabeça que ele deveria se virar e encarar o diretor.

Dumbledore estava sentado em uma cadeira de espaldar alto, atrás de sua escrivaninha. Ele acenou sua varinha e várias cadeiras de madeira confortavelmente forradas com almofadas apareceram pela sala:

— Peço a todos que se sentem. Eu já estou velho e minhas pernas pedem algum descanso depois de tantas horas.

Dumbledore aguardou que todos se sentassem, Regulus foi convidado a se sentar à sua frente, com Walburga e Orion, um de cada lado dele. Os outros sentaram-se em um semicírculo atrás dos três.

— Apesar de costumeiramente eu mesmo resolver os problemas que ocorrem aqui na escola, devido à gravidade dos fatos é preciso me reportar ao Ministério da Magia. Por uma infeliz coincidência, um dos envolvidos é ninguém menos do que filho do Chefe de Execução das Leis da Magia, o senhor Crouch aqui presente.

Crouch pigarreou, levantou-se e começou a andar entre os presentes, enquanto falava aos pais de Regulus:

— Bem, normalmente resolvemos este assunto no Ministério, mas, devido à delicadeza dos fatos e se tratar se um aluno muito bem recomendado por todos, inclusive condecorado por sua bravura e serviços prestados à escola, resolvi abrir uma exceção.

Orion suspeitava que a delicadeza da qual Sr Crouch falava tinha muito mais a ver com o fato de que seu filho estar envolvido na difamação de Regulus e Alice do que com o fato de Regulus ter sido muito elogiado por seus professores. Mesmo assim ele se sentia agradecido por resolverem o assunto desta forma, entre quatro paredes e não num tribunal.

— O meu filho demonstrou que está precisando de mais orientações morais, por isso passarei o verão com ele estudando leis e História do nosso povo. Quando ele tiver idade suficiente, fará um estágio no Ministério da Magia. Fica a cargo da escola estabelecer o tipo de detenção que julgar conveniente, se todos estiverem de acordo.

Aquilo não soou como um castigo para Regulus, parecia mais um pedido de desculpas pela má educação que havia dado ao filho. Mas o garoto não disse nada e aguardou que Crouch falasse o que havia decidido sobre ele, já suspeitando que, apesar de julgar mentira e difamação como crimes quase tão terríveis quanto o uso de uma maldição, não teria uma pena tão branda.

— De acordo. – responderam os professores e o senhor e a senhora Black. Phineas Nigellus bufou sonoramente de seu quadro, mas não teceu comentários.

— Deixo a cargo do Professor Kettleburn a detenção. Creio que algum tempo trabalhando com os animais mágicos será suficiente para o pequeno Bartô aprender um pouco sobre humildade e decência. – Anunciou Dumbledore. Desta vez foi o Sr Crouch quem torceu o nariz. A avaliação que Dumbledore fez das necessidades de seu filho não pareceu lhe agradar. Crouch voltou-se para Regulus, em seu rosto a expressão de que algo cheirava muito mal chegava a ser engraçada. Regulus prendeu a respiração para não rir.

— Senhor Black, o senhor compreende a gravidade do que fez? Que o senhor não só estuporou outro aluno, como o atacou quando indefeso e o transfigurou em um animal? E que tal transfiguração não pode ser desfeita por seus professores devido ao fato dele estar desacordado, o que não garantiria seu perfeito reestabelecimento?

— Sim, senhor, eu compreendo. – respondeu, abaixando os olhos, enquanto murmurava -  compreendo também que o mal que Crouch causou em mim e minha namorada é muito mais duradouro do que um simples feitiço...

Apesar de ter ouvido perfeitamente bem a observação do garoto, o chefe da execução das leis da magia não se perturbou o suficiente para respondê-lo.

— Desta forma, por compreender que o senhor Regulus Black agiu de forma impulsiva e atacou o outro aluno sem ter discernimento do mal que causava e estar, supostamente, agindo em defesa da honra, não o setencio a expulsão da escola. Mas determino que cumpra durante o próximo verão uma pena educativa de trabalhos comunitários. O senhor deverá se apresentar no Ministério da Magia no segundo dia de férias, quarta-feira dia 2 de julho, no 2º andar. Enquanto as férias não chegam, deverá comparecer diariamente ao escritório do Professor Slughorn para pequenas tarefas, enquanto será educado para que não volte a transgredir a lei.

— Muito obrigado, senhor. – disse Regulus, abaixando a cabeça. Não tinha ideia do que poderiam ser estes trabalhos comunitários, mas sabia exatamente o que significava auxiliar Slughorn e, além disso, isso significava que não seria expulso. Teve vontade de rir: Crouch Jr tinha razão quando falava sobre o modo distorcido que seu pai tratava as leis. Não iria reclamar, até agora o beneficiara, não seria acusado de tentativa de assassinato. Agora só precisava saber notícias de Alice para ficar tranquilo. Voltou-se para Dumbledore. – Estou dispensado, senhor?

— Um momento, senhor Black. Professora McGonagall quer um minuto de sua atenção.

Regulus olhou para a professora, depois abaixou a cabeça.

— Embora eu tenha que admitir que foi um feitiço muito bem executado, senhor Black, usar a Transfiguração desta forma não é algo que eu ensine em minha aula. Eu manterei sua varinha comigo até o termino do semestre, o senhor apenas poderá usá-la durante as aulas, os professores estarão com sua varinha para que a use apenas durante as aulas. Compreendido?

Regulus abaixou a cabeça e saiu. Aquele era, sem dúvida, o maior dos castigos daquele dia.


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