A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 109
109. Calor




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Calor

Era noite de fim de maio e Regulus saía do treino de quadribol todo suado e cansado, mas muito feliz. Mais do que o pomo, o que brilhava em seus olhos era outro ponto amarelo ouro na arquibancada. De onde ele estava não conseguia distinguir seu rosto, mas podia apostar que Alice também sorria para ele.

Ela aguardou que ele se aproximasse e correu ao seu encontro, pulando em seu pescoço.

— Belo treino, Reg! Comecei até a sentir pena do time da Grifinória! Vocês vão massacrá-los!

Regulus passou o braço por cima dos ombros da namorada e os dois seguiram juntos para a escola em passos lentos, conversando.

— Isso se Potter não der uma de engraçadinho de novo.

— Você acha que ele poderia?

— Hum, acho que não. A professora está mais atenta e não estamos na estação chuvosa, ele não teria como fazer sem ser notado... e se fosse pego, acabaria tendo que devolver a taça do ano passado, não só a de quadribol, mas a taça das casas. Nós só perdemos por causa do jogo. Ele não se arriscaria.

— Acho que você tem razão. – ela ponderou, assentindo.

Ao subirem as escadas e entrarem no castelo, o garoto sentiu o corpo de Alice tremer de frio. Embora faltasse apenas três semanas para o início do verão, a primavera mantinha o ar gelado à noite. Alguns diziam que haviam dementadores circulando fora de Azkaban, criando uma atmosfera sombria sobre o país, mas Regulus não tinha visto ou ouvido falar de nenhum nos arredores do castelo ou Hogsmeade.

Ele olhou para Alice. Ele sabia que ela era uma bruxa poderosa e perspicaz, mas gostava da ideia de fingir protege-la, de passar os braços sobre seus ombros e aquecer seu corpo com o calor dele. Ele sentia que era isso que tinha que fazer, mesmo percebendo que ela era capaz de resolver seus problemas sozinha. E Alice parecia perceber suas necessidades e aceitava de bom grado os cuidados dele. Os dois entraram no castelo e já estavam se aproximando das escadas que levava à cozinha e à sala Comunal da Lufa-lufa. Regulus ficou inquieto, apertou seu ombro levemente, sem dizer nada. Ele não queria simplesmente que ela fosse para a sua sala comunal para se aquecer, eles ainda tinham uma hora para ficarem juntos e ele esteve esperando por aquele momento o dia inteiro.

— Estou com frio. Você conhece algum feitiço para aquecer os pés? Os meus estão congelando!

Feliz que ela não tivesse sugerido que fossem dormir, ele respondeu:

— Sei de algo muito melhor. Uma magia muito especial e antiga! Só preciso de um lugar confortável...

Ele olhou ao redor. Fora as salas comunais e a sala dos professores, não havia em Hogwarts nenhum lugar muito confortável acessível aos alunos. Não lhe pareceu certo ir à Sala Precisa, seria muito difícil manter um comportamento adequado num lugar tão acolhedor.

— Venha comigo.

Ele subiu as escadas, guiando ela. No corredor do primeiro andar ele entrou na primeira sala que encontrou aberta. Alice olhou ao redor. A sala de aula não era exatamente o que ela tinha em seus planos, parecia fria e pouco acolhedora.

— Fique aqui.  – Disse ele, indicando um local ao lado da mesa do professor.

Após fechar as portas e cortinas com um breve aceno de varinha, ele a apontou para a cadeira do professor. Usando um feitiço não verbal que aprendera com sua mãe durante os últimos dias de férias, ele transfigurou o móvel em uma confortável poltrona reclinada coberta com pele de cordeiro. Então sorriu para ela, apontando para a poltrona. Alice olhava admirada para ele por sua habilidade, mas subitamente se sentiu desconfortável por estar sozinha com o namorado e permaneceu em pé, sem se mexer.

— Pode se sentar, meu doce. – Ele disse, olhando em seus olhos cinzentos.

Alice sentiu seu coração disparar. A visão daquela poltrona a lembrou de coisas para as quais ainda não estava preparada.

— Não sei se devo, Reg. Talvez seja melhor ir para a sala comunal... – respondeu, desviando o olhar para o chão, ainda imóvel. Ela sentia em seu corpo algo que não sabia se seria capaz de controlar e temia que ele sentisse o mesmo.

Ele se aproximou, pegou em uma de suas mãos e com a mão livre ergueu o queixo dela para que o olhasse nos olhos.

— Fique tranquila, querida. Ainda sou um Black. – E com isso a beijou suavemente a testa, enquanto pensava “não vou ultrapassar os limites, por mais que eu queira. Por você, qualquer sacrifício vale a pena”. – Pode se sentar.

Então ela se sentou. Ele ajoelhou-se aos seus pés e disse:

— Deite-se para trás e relaxe. Feche os olhos. Vou esquentar seus pés. Confie em mim.

— Eu confio – ela respondeu e fez o que ele pedia.

Regulus descalçou os sapatos de Alice e a meia do pé esquerdo. Tirou o próprio cachecol do pescoço e enrolou no pé direito dela, carinhosamente. Então, enquanto uma mão sustentava seu tornozelo, friccionava a palma da outra sob a planta de seu pé, depois pelo dorso, acariciando com cuidado seu contorno.

— Faz cócegas! – ela disse, contraindo a perna.

— Shiu! Quietinha. – Apesar do tom imperativo das palavras, ele sorria e olhava para ela com carinho. – Devolve esse pé aqui pra mim. Não vou mais fazer cócegas.

Ela estendeu a perna novamente, sorrindo para ele, agora olhando interessada no que ele ia fazer. Regulus não falou mais nada, começou a puxar cada dedo do pé suavemente, indo do menor para o maior, então passou a mão sobre toda a superfície macia do pé da namorada, recolocou a meia, tirou o cachecol do outro pé e embrulhou o pé agora aquecido. Então recomeçou o processo no outro pé.

— Você tinha razão. Esquenta mesmo! Onde você aprendeu a fazer isso?

— Quando Sir e eu éramos pequenos e dividíamos o mesmo quarto, à noite antes de dormir nossos pais ficavam com a gente. Enquanto meu pai lia algum dos “Contos de Beedle, o bardo”, minha mãe aquecia os nossos pés desta forma - ele suspirou.

— Seus pais devem ser incríveis!

— Eles são. – Regulus sorriu.

— Eu nunca tinha ouvido você falar assim de sua mãe... Será que ela vai gostar de mim?

Ele franziu a testa. Nunca havia pensado sobre isso. Será que a mãe iria gostar que ele namorasse uma garota que não fosse da Sonserina? Sua mãe era tão obcecada pela Sonserina, mas ele achava que esse não seria realmente um empecilho. Sobretudo, ainda havia uma pergunta que ele não tinha tido a coragem de fazer... e se? Não, ele sacudiu a cabeça para os lados. Com certeza sua doce Alice não havia de ter nascido trouxa.

Alice assustou com seu gesto e se encolheu, puxando o pé para si.

— Então ela não vai gostar de mim?

— O que você está falando?

— Você disse “não” com a cabeça.

— Eu apenas estava me perguntando quem seria louco de não gostar de você... – ele estendeu o braço e pegou o pé dela novamente – a menina com os pés mais delicados do mundo! – ele sorriu e ela sorriu de volta. Regulus sabia ser encantador.

— Reg, acho que já são quase 10h! É melhor a gente ir. Meus pés já estão quentes. Obrigada, querido.

Ele então calçou-lhe os sapatos e recolocou o cachecol no pescoço, pegou Alice no colo e a sentou na mesa do professor. Desfez o feitiço sobre a cadeira e abriu as cortinas. Olhou satisfeito para a cadeira, transfigurada com sucesso, “depois falam que Sirius é o melhor em transfiguração.” Ele bufou. Então pegou Alice no colo novamente e a levou, sob protestos ao pé do ouvido, até o corredor da cozinha. Não queria deixar os pés de sua amada tocarem o chão frio do castelo. Então a colocou em pé, pegou o cachecol de seu pescoço e o enrolou no pescoço dela. Alice encolheu o ombro, encostando o cachecol suavemente em sua bochecha, fechando os olhos. O perfume do namorado impregnava no cachecol, deliciosamente. Ela suspirou e abriu os olhos. Regulus sorria para ela.

— Reg, seu cachecol!

— Só vou precisar dele amanhã cedo.

Ele falava a verdade. Ele a beijou e correu para a sala comunal da Sonserina. Nunca em sua vida havia sentido tanto calor.


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