A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 104
104. O grande erro do garoto




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O grande erro do garoto

Nos dias que se seguiram, Severus e Regulus continuaram a procurar por qualquer informação sobre Legilimência e Oclumência, Regulus estava determinado: nada iria fazê-lo desistir. A aula de Slughorn havia acabado um pouco mais cedo, pois a poção para pústulas que Slughorn pediu que preparassem para as bobutúberas da professora Sprout era bastante simples e de rápido preparo. Ele passou pela biblioteca para devolver um livro e pegar outro que pudesse lhe ser útil.

Era seu aniversário, ele subiu as escadas cantando e assobiando distraidamente, enquanto lembrava do rosto estranho de Sirius desejando-lhe "feliz aniversário", durante o café da manhã. Obviamente, o "Aventureiro senhor Broom e seus segredos sobre a arte de voar" não era um presente que seu irmão iria comprar para ele e não foi difícil para o mais novo dos irmãos Black descobrir que, mais uma vez, aquilo era uma tentativa de seus pais no sentido de aproximá-los mais uma vez. O livro era interessante, embora Sirius havia lhe dado o melhor presente de todos os tempos. Ao entregar o livro ele havia evitado olhar diretamente em seus olhos, e isso era muito significativo.

Após uma breve circulada entre as altas prateleiras para chegar a conclusão que já conhecia grande parte dos títulos lá guardados, ele encontrou um livro sobre a escrivaninha da bibliotecária, cujo nome era bastante promissor e parecia pouco usado “Os segredos do olhar”. Regulus sorriu e olhou para os lados. Não havia sinal algum dela em lugar nenhum, então ele colocou o livro na mochila e saiu sorrateiro. Era seu aniversário e sua intuição lhe dizia que o acaso lhe reservava um presente muito especial.

Regulus estava encostado na parede, apoiando-se em um pé só. Apesar da aparência casual, ele já havia checado três vezes o relógio quando ele viu Alice sair da sala de Transfiguração que ficava no lado oposto à biblioteca, no final do corredor do terceiro andar.

— Pensei que a McGonagall iria segurar vocês na aula eternamente! – ele disse.

Alice sorriu, enquanto ele pegava os livros de sua mão e passava o braço por cima de seus ombros.

— Bem, alguns alunos se atrapalharam um pouco hoje na hora de transformar esquilos em sacos de dormir. O saco de dormir da Nathalie tinha dentes ao invés de zíper e mordeu a garota. Teria sido bem engraçado se ela não tivesse chorado tanto...

— Machucou? – ele perguntou, sem realmente ter interesse em saber.

— Não... nada grave... acho que foi mais o susto...

Quando os dois chegaram às escadas, Alice lhe disse:

— Lembra daquela sala no sétimo andar? A sala vai-vem? Eu estava pensando em ir lá hoje... estava pensando que você merece um presente especial de aniversário...

Regulus ergueu as sobrancelhas e sorriu. O que Alice estaria tramando? Talvez não fosse prudente ir a sala precisa agora que eram namorados. Mas ao invés de alertá-la, ele disse:

— Hum.... Me parece uma ótima ideia.

Os dois caminharam lentamente, parando de tempos em tempos para um beijo, até chegarem na sala alguns andares acima. Aquele estava sendo o melhor dos presentes de aniversário que o garoto poderia desejar.

— Espere aqui, Reg, enquanto eu peço a sala como eu quero que ela esteja para o presente que lhe preparei.

Regulus ficou encostado na parede, observando Alice ir e vir em frente à tapeçaria dos trasgos bailarinos, até que a porta se materializou na frente dela.

— Feche os olhos e entre, Reg.

Com o coração a bater como se fosse sair pela boca, ele entrou na sala com os olhos fechados. Estaria fazendo o certo?

— Pode abrir os olhos, Reg. – ela disse com suavidade.

Ele abriu os olhos e o que viu foi a sala exatamente como da primeira vez que entraram lá, com um enorme tabuleiro de xadrez e seu rei preto e a rainha branca do tabuleiro de costume posicionados entre as grandes e reluzentes peças do xadrez de Hogwarts.

Regulus soltou um sorriso aliviado e a beijou.

— Obrigado, Alice. Está tudo perfeito!

— Só falta uma coisa...

Alice tocou o tabuleiro duas vezes e este se abriu, deixando aparecer um bolo de chocolate coberto com calda de mirtilos, com uma vela verde com os números 1 e 4 em prata.

— Feliz aniversário, Reg!

Após comerem o bolo, eles começaram a jogar. Alice começou o jogo com um peão tímido na casa e4. Regulus não conseguia parar de olhar o contorno arredondado de seu rosto, a suavidade de suas mãos mexendo nas peças e o sorriso de expectativa pela jogada dele. Regulus, ao invés de jogar, inclinou-se para frente sobre o tabuleiro e lhe deu um beijo. Alice sorriu e arrumou o cabelo atrás da orelha.

— Você precisa jogar, Reg.

Regulus voltou a sua posição inicial e avançou com um cavalo na b6, então olhou nos olhos de Alice, sorrindo maliciosamente.

— Eu sei o que você está querendo fazer, Regulus Black! Quer me desconcentrar com este olhar sedutor, para que eu pense nos seus beijos e não jogue para valer.

— Bem, na verdade, eu estava tentando adivinhar sua próxima jogada, já que a minha jogada parece óbvia para você e envolve roubar mais um ou dois beijos.

Alice riu e desviou o olhar.

Eles jogaram duas partidas emocionantes de xadrez de bruxo, para então se sentarem no tapete macio, ao lado da lareira apagada.

— O jantar está sendo servido no Salão Principal. Você está com fome?

— Não, Reg. Depois de todo bolo, só posso querer mais um ou dois beijos seus... Me conte sobre a aula do Slug. Ouvi dizer que iria ser especialmente nojenta hoje.

Regulus acariciou os cabelos dela, sorriu:

— Foi mesmo! Mas até que foi engraçada! Algumas poções borbulharam mais da conta, explodindo gosma para todo lado! Você tinha que ver ... – ele se lembrou da cara de Rachel coberta com gosma marrom – a cara das meninas cobertas de gosma marrom foi impagável!

Os dois continuaram a conversar por horas, sentados um na frente do outro. Alice lhe contou sobre uma viagem especialmente emocionante que fizera com seus pais até a Austrália quando ele tentou mergulhar em seus olhos, invadindo os pensamentos dela. Ele olhou intensamente nos olhos negros da namorada, sentiu a imagem da sala precisa sumir à sua volta, mas nada mais aconteceu. Ele lembrou da conversa com Severus. No dia que tinha tido a experiência com Sirius, ele sentiu vontade de dominá-lo, subjuga-lo, castiga-lo. Será que para ser Legilimente ele teria que ter este tipo de intenção?

— Você sabia que os cangurus podem pular uma altura de....

Alice, com sua voz doce, continuava a contar sobre suas aventuras de modo empolgado. Regulus ficou incomodado pelo que havia tentado fazer. Os olhos de Alice não eram para serem invadidos. Alice era doce, companheira, amiga, não era alguém que se quisesse dominar. Para dominar, tinha que sentir um pouco de raiva. Aquilo lhe lembrou da aula de Transfiguração daquela manhã. Rachel, como sempre, lhe tirou do sério, perguntando com uma voz debochada como era viver à sombra de um irmão que sem o menor esforço fazia tudo melhor do que ele? Rachel sim, merecia ter sua mente invadida. Ele olhou mais uma vez para Alice e um pensamento sombrio lhe ocorreu. E se ele fingisse que Alice era Rachel?

Menina arrogante, vou mostrar o seu lugar!  Vou penetrar o mais fundo em qualquer pensamento seu, prepare-se para sentir todo o meu poder. Seu olhar penetrou a imensidão negra das pupilas de Alice de modo voraz.

— O que você está fazendo, Reg? Por que me olha desse jeito?

Regulus não ouviu sua voz, tão concentrado que estava. Seu olhar era intenso demais, incomodo demais e beirava a obscenidade. Uma imagem começou a se formar em sua mente, algo muito escuro. Seria uma memória de algo ocorrido à noite?

Foi então que aconteceu. Alice, sua doce e amada Alice havia lhe dado um tapa na cara. Ele a olhou assustado, sem entender o que havia feito de errado.

— Alice, minha querida, me desculpe. O que aconteceu?

Alice não sabia e não queria explicar. Ele olhou para seus braços, checou o próprio corpo, ele continuava a uma distância segura dela, não poderia ter feito nada ofensivo, poderia? De alguma forma que não pode compreender, o fez. Ela levantou-se sem dizer uma só palavra, ofendida, e se afastou o mais rápido que pode o deixando sozinho na sala.

Regulus ainda olhava perplexo para a porta entreaberta da sala precisa, como se esperasse que ela fosse voltar. Mas Alice não voltou. Nem quis falar com ele no dia seguinte.


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