A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 103
103. Legilimência I




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Legilimência I

Regulus levantou-se de um pulo. Teria ele dormido demais? O dormitório dos meninos estava especialmente escuro aquela noite de lua nova. Ele piscou os olhos várias vezes, tentando se adaptar à escuridão para não ter que acionar sua varinha e correr o risco de acordar os outros. Depois do que Crouch tinha tentado fazer quando conversaram com Rosier, Severus tinha sido bem claro de que o que quer que fossem fazer teria que ser entre os dois apenas. O mais silenciosamente que pode, ele deslizou para fora da cama e caminhou pelo breu até onde acreditava estava a porta do quarto. Após tatear às cegas a parede fria por alguns instantes, ele encontrou a maçaneta. Um clique surdo indicou que ela tinha sido destravada, ele puxou a porta e saiu rapidamente, virando o rosto para evitar a luz ofuscante da tocha no corredor.

— O que você tem de tão importante para me contar, Black?

Mal ele havia colocado o pé na sala comunal, Severus lhe perguntou, ansioso. Regulus olhou para o amigo, os olhos inevitavelmente correndo pelos cabelos engordurados feito cortinas. A vida seria muito melhor se Alice não tivesse comentado sobre a aparência de Severus. Pelo menos antes ele não era capaz de notar que o cabelo do amigo tinha, de fato, uma péssima aparência.

— Oi. Vamos procurar um lugar mais reservado para conversarmos, certo?

— Por que? A sala comunal está vazia... – Severus olhou para os lados, procurando ver se havia alguém lá que ele não havia notado anteriormente.

Como a sala estava, de fato, vazia, ele olhou para Regulus, aguardando que o outro fizesse alguma sugestão. Regulus apontou para as poltronas mais distantes da porta dos dormitórios, próximas da lareira e os dois caminharam até lá. Havia dias que os dois tentavam conversar às sós e não conseguiam. Regulus sentou-se na poltrona e aguardou Severus fazer o mesmo, então cochichou:

— Você lembra na semana passada quando Sirius e James... bem, aquela cena lamentável à beira do Lago Negro.

Severus apertou os lábios. Não acreditava que Regulus queria discutir sobre aquilo logo agora que a escola parecia começar a esquecer o ocorrido. Ele respondeu com um quase imperceptível aceno de cabeça.

— Bem, você deve lembrar que eu e Sirius ficamos nos encarando por algum tempo... – Severus ergueu as sobrancelhas e torceu levemente o nariz. Ele realmente não estava com vontade de falar sobre o ocorrido. – Bem, uma coisa estranha aconteceu. Eu encarava Sirius com muita raiva pelo que ele e James faziam com você e, de repente uma lembrança de nossa infância veio à minha mente... Mas de uma maneira muito estranha: eu estava vendo a cena pelos olhos de Sirius. Era a lembrança dele!

Regulus olhou para Severus, que se mantinha impassível.

— E?

— Como assim, “e”??? Snape! Eu tive uma experiência com Legilimência!

— E será que passou por sua mente brilhante de que possa ser outra coisa? Por exemplo, você encarou seu irmão e simplesmente lembrou da cena e imaginou vê-la sob outro ângulo? Ou ainda, que não fora você quem extraiu a lembrança, mas seu irmão quem a colocou em sua mente?

Regulus não conseguiu responder, ficou olhando para Severus com a boca levemente aberta. Na realidade, aquelas questões o estavam torturando há dias – motivo pelo qual ele havia procrastinado tanto contar a Severus sobre a experiência.

— Digamos que você esteja certo e você arrancou de Sirius uma de suas memórias. Me diga, então, o que você fez para conseguir esse efeito e se você saberia fazê-lo de novo...

A lógica de Severus era como um banho de água fria.

— Eu não sei o que eu fiz e nem como eu fiz, está bem? Só sei que vou fazer de novo! Pode apostar! – ele retrucou com raiva, sufocando a vontade de gritar.

Severus ergueu as sobrancelhas.

— Hum, está bem. Vamos trabalhar com a hipótese de que você esteja certo e está desenvolvendo um dom que ainda desconhece. O que precisamos é obter mais informações sobre o ocorrido e tentar repetir a experiência. – Severus levantou-se e começou a andar de um lado para o outro, o dedo indicador batendo repetidas vezes sobre a boca fechada. Regulus sabia que deveria aguardar em silêncio, que logo Severus viria com alguma de suas conclusões brilhantes.

— Infelizmente, sua esperança é tudo o que temos no momento – disse Snape antes de desabar de volta no sofá.

Regulus olhou exasperado para ele. Aquilo não era, exatamente, uma conclusão brilhante. Ele largou o corpo contra o encosto do sofá e olhou para o teto.

— Tenho procurado exaustivamente por qualquer livro que possa servir para nos ajudar, mas até agora, nada. Temo que Rosier acabe dando créditos a Crouch e, pior, fale aos outros Comensais que foi Crouch quem conseguiu reestabelecer o canal de comunicação e que fomos meros ajudantes ... – Continuou Severus.

— Sim, eu também... E também não encontrei nada na biblioteca. Talvez encontre alguma coisa na casa dos meus pais ou na casa do meu avô... Eles têm livros lá que você sequer pode supor que existam! – Regulus tentou sorrir.

— Bem, já que não temos livros, o que nos resta é explorar sua experiência... Vamos tentar alguma coisa na prática, quem sabe... Olhe nos meus olhos, Black.

Regulus aprumou-se na cadeira, inclinou o corpo ligeiramente para frente, apoiando o queixo nas mãos. Então olhou intensamente dentro dos olhos negros de Severus por um, dois, três intermináveis minutos e então explodiu em gargalhada!

— O que foi? – perguntou Severus, bastante incomodado.

— Nada, Severus. Apenas pensei o quanto nós dois poderíamos ser mal compreendidos se fossemos vistos desse jeito!

Severus irritou-se.

— Foco, Black! Foco! Como você quer conseguir algo se não consegue sequer manter sua atenção por miseráveis minutos? Fique quieto que agora é minha vez de tentar!                                                              

Os olhos de ambos começaram a lacrimejar depois de alguns minutos. Embora estivessem se esforçando ao máximo, nada parecia acontecer.

— Eu desisto! – disse Regulus. – Por hoje. Outro dia continuamos... Vamos conseguir! Se fiz uma vez, vou conseguir de novo, aí eu conto como se faz... Podíamos contar para o pessoal, quanto mais cabeças trabalhando juntas, melhor!

— Calma aí – diz Severus – nem sempre precisamos compartilhar tudo com todos, ou você quer que Crouch adquira Legilimência e seja capaz de confundir sua namorada com ideias estranhas? Nós já conversamos sobre isso!

— É, você tem razão. E também se não der certo, ninguém vai zombar da gente, não é mesmo?

Severus balançou a cabeça com um sorriso no rosto que lhe dizia “agora você captou o que eu queria dizer”.

— O que vocês dois estão fazendo aí?

Instintivamente, os dois olharam para a lareira, na esperança que fosse Rosier. Embora a voz de Avery fosse inconfundível.

— Estamos conversando. O que mais seria? – desafiou Regulus, sem se virar para olhar o recém-chegado.

— Pode guardar as garrar, Black. Eu acordei e vi a cama de Severus vazia, então apenas pensei que poderia ter alguma coisa a ver com Rosier.

Severus se virou, apontou uma poltrona próxima e disse,

— Sente-se. Se fosse Rosier, teríamos chamados todos. Não, nada de Rosier.... Começo a pensar que ele e os caras mais velhos estavam apenas se divertindo com a nossa cara.

— Você acha? – perguntou Regulus.

— Eu acho que não. Minha mãe contou que meu pai pediu para termos paciência. Olha aqui.

Avery tirou do bolso do paletó do pijama um pergaminho dobrado e leu em voz alta.

“Querido Louis,

Seu pai me contou de seus esforços para seguir seus passos. Estamos muito orgulhosos.

Em breve vocês irão se encontrar e poderão lutar juntos contra toda essa lama que cobre o nosso mundo. Ele pede que vocês tenham paciência, que toda espera será recompensada.

Com amor,

Mãe.”

— Bem, é isso. – ele finalizou.

Regulus levantou-se e espreguiçou:

— Acho que vou ser bastante paciente na minha cama... Hora de dormiiiiiirhhhhhh. – ele bocejou – B’noite.

E os três foram dormir, cada qual escondendo os próprios segredos e sonhos.


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Notas finais do capítulo

Capítulo curto merece vir acompanhado de outro, né? Me dê algumas horas e já já vem mais!



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