—Já deu a hora? – Will perguntou pela centésima vez. Desde que ficou sabendo que iria ao jogo, o pequeno estava inquieto e contando os segundos para o grande momento. Antes que Bella pudesse responder, ouviram uma buzina e o garoto saiu em disparada para olhar pela janela. – Ele chegou. – comemorou correndo pela casa. – Vovô desce logo.

Charlie estava animado para o jogo, mas não muito para ficar ao lado de Edward. Ele não gostava nenhum pouco dos irmãos Cullen. Na visão dele, os dois tinham causado muitos danos a filha e não queria vê-la machucada novamente e ele não era bobo e sabia muito bem que a filha ainda nutria fortes sentimentos pelo ex-namorado. Mas apesar de não concordar com essa aproximação, Renée o fez prometer que não iria interferir em nada e deixaria que Edward tivesse um momento de qualidade com o filho, ela pediu que ele fosse apenas um mero expectador.

—Calma aí garoto. Já estou pronto. – Assim como Will, Charlie estava com a camisa e boné do time.

—Então vamos. – chamou abrindo a porta e dando de cara com Edward. Carlisle aguardando dentro do carro.

—Oi Will.

—Oi Edward. - respondeu olhando para os pés, ele ficava um pouco intimidado na frente dele.

—Oi. – Bella apareceu na porta e se virou para o filho. – Lembra-se das regras? – ele balançou a cabeça concordando. –Não se afaste, não aceite nada de estranhos e se perder, mostre o seu crachá, tem o seu nome e os nossos telefones. Obedeça o Edward e os seus avôs e se comporte.

—Pode deixar. – resmungou envergonhado. – Você falou com ele? – perguntou olhando rapidamente para Edward.

—O Will quer comprar uma luva nova e uma daquelas mãos grande que usam no jogo, sabe qual é?

—Sei sim.

—Que ótimo. – o puxou um pouco de lado para que o filho não pudesse ouvir a conversa. – Fica de olho nele e não o deixe comer muita porcaria, ele tem o estômago sensível e não repare muito se ele ficar calado no começo.

—Ele parece que não gosta muito de mim.

—Não é isso. Ele só está um pouco envergonhado, mas logo já estará acostumado e não vai desgrudar de você. – levou a mão ao bolso para pegar dinheiro.

—Nem ouse fazer isso. – segurou a mão dela.

—Tudo bem. Divirtam-se e segure na mão dele.

—Não se preocupe Bella, eu vou cuidar muito bem dele.

—Eu sei que vai. Se comporta. – deu um beijo no filho. – Eu te amo.

—Também te amo mamãe. – estendeu a mão para Edward.

—Tchau Bella. – pegou a mão no filho e foram para o carro. Ele o acomodou na cadeirinha e sentou ao lado dele. – Animado para o jogo?

—Sim. –murmurou olhando pela janela.

—Não parece muito animado.

—Estou nervoso. Nunca fui num jogo. – o encarou.

—Você vai gostar, quando era menor sempre íamos.

—Meu pai também? – Edward cerrou os punhos, ele queria dizer que ele era o pai dele, mas ele tinha que concordar que essa era uma notícia que não poderia ser dada de qualquer jeito.

—Sim. Torcer pelo Seattle Mariners é de família.

—Legal. Eu sempre quis ir, mas a mamãe nunca me levou. Ela não gosta de esportes.

—Se você quiser posso te levar em mais jogos e de outros esportes também. Gosta de futebol?

—Gosto sim. Você me levaria para ver?

—É claro que sim.

—Legal.

—Como está o braço?

—Já está bom, não gosto de usa isso. – ele ainda usava a tipoia. – Eu vou tirar logo, a mamãe falou.

—Isso é ótimo. Deve ser bem chato usar isso. Uma vez quebrei o pé e tive que usar muletas por um mês.

—Sério? Machucou como?

—Sabe que não lembro.

—Caiu da árvore. – Carlisle o lembrou, ele estava dirigindo e olhou o filho pelo retrovisor.

—Agora que falou. O Anthony que me empurrou da árvore. – Charlie resmungou algo que eles não entenderam.

—Eu sempre quis ter um irmão. – Edward engoliu em seco. – Deve ser legal ter um irmão.

—Depende do irmão. Olha chegamos. – apontou e Will olhou pela janela.

—É muito grande.

—Conheça o Safeco Field. – o garoto encarava com admiração o estádio.

—Maneiro. – estendeu a mão e Edward o colocou sobre o ombro.

—Assim fica melhor, tudo bem aí?

—Sim. – respondeu animado.

—Quer comer alguma coisa? – perguntou indo para fila que dava acesso ao estádio.

—Cachorro quente.

—Dedo de espuma gigante, vamos lá comprar. Nós encontramos vocês lá na arquibancada. – avisou indo em direção ao vendedor.

—Sempre quis ter um.

 Edward acabou empolgando e comprou um para ele também, além de luva, camisa, jaqueta e boné para o filho. Depois passaram na lanchonete e comprou vários lanches.

—Foram fazer compras? – Carlisle perguntou espantado com a quantidade de coisas que o filho carregava. Will se acomodou na cadeira e olhou admirado para o campo.

—Maneiro, são os melhores lugares, dá para ver tudo.

—Gostou? – Edward perguntou rindo. Ele tinha se esforçado muito para conseguir um dos melhores lugares, ele não queria que o filho perdesse nenhum momento do jogo.

—Demais, parece um sonho. Vamos tirar uma foto e mandar para a mamãe?

Edward tirou três. Uma só do filho, uma dos dois juntos e a outra dos quatro. Enviou as fotos para Bella e ela respondeu na mesma hora:“Lindos!” e colocou vários corações.

Quando o jogo começou Will passou a acompanhar a plenos pulmões as músicas que a torcia cantava. Ele gritava com os jogadores e vibrava a cada ponto. Quando o jogo estava quase no fim, a bola foi rebatida e estava vindo em direção a eles e Will assim como a maior parte da torcida levantou a mão na tentativa de pegar a bola e Edward vendo aquilo se ergueu e com um pulo alcançou a bola tirando-a praticamente das mãos de um homem enorme. Ele provavelmente tinha sofrido algum estiramento muscular e recebeu vários olhares ameaçadores, mas ao olhar para baixo e ver o sorriso enorme que estava estampado no rosto do filho, ele soube que tinha feito à coisa certa. Will o encarava com admiração, era como se ele tivesse visto o maior acontecimento da fase da terra.

—Você conseguiu pegar, que maneiro. – Edward sorriu e entregou a bola para ele. – Para mim?

—É claro. Peguei para você.

—Obrigado. – abraçou as pernas dele e começou a chorar.

—Está tudo bem Will? – se abaixou preocupado que ele tivesse se machucado.

—Esse é o melhor dia da minha vida.

—Quer saber? Esse também é o melhor dia da minha vida. – o abraçou.

[...]

—Foi incrível esse jogo. – Charlie comentou vendo a torcida ir embora, eles estavam aguardando para saírem também.

—Foi mesmo. Podemos voltar?

—Podemos voltar quando tiver outro jogo. – Edward estava muito feliz. Ele tinha se divertido muito. Ver o jogo com o filho tinha sido incrível e uma das melhores experiências da vida dele.

—Quando chegar vou contar tudo para mamãe. Na próxima ela poderia vir, vai gostar. – o garoto estava bem elétrico e Edward pensou que não tinha sido uma boa ideia ter dado tanto doce para ele. – Me carrega? – pediu coçando o olho. Edward entregou as salas para o pai e pegou o filho no colo. Will colocou a cabeça no ombro dele e num segundo já estava dormindo.

—Agora ele só acorda amanhã. – Charlie estava ao lado deles. – Meu neto se divertiu bastante. Era disso que ele precisava. Espero que seja um bom pai para ele, não vou permitir que magoe a minha família de novo.

—Eu nunca tive a intenção de magoa-los. Cometi erros no passado, mas agora quero mudar isso. Vou estar presente na vida do Will e para o bem dele, precisamos nos entender.

—Também acho. – balançou a cabeça. – Você está no caminho certo. Ser pai não é fácil, mas é maravilhoso. – deu um tapinha nas costas dele.

[...]

—O quarto é o segundo a direita. – Charlie falou abrindo a porta para que Edward pudesse passar, ele estava carregando o filho. – Pode subir.

—Só vou deixar ele lá e já desço. – Carlisle o esperava no carro e Edward não queria abusar da sorte. Ele e Bella estavam sendo civilizados, mas ele não sabia o que poderia acontecer se ficassem muito tempo no mesmo lugar.

Edward abriu a porta do quarto que Charlie havia indicado e colocou o filho, com cuidado, sobre a cama de casal que havia ali. Notou várias caixas espalhadas pelo quarto e ouviu um barulho vindo de uma porta que ele imaginou ser o banheiro.

—Edward? – Bella abriu a porta e se assustou ao vê-lo ali. Ela estava enrolada em uma toalha e a apertou ao corpo como se buscasse proteção.

—Oi. Eu vim deixar o Will, ele caiu no sono. – gaguejou enquanto se explicava. A visão dela enrolada em uma toalha estava mexendo com a cabeça dele.

—Ele se divertiu? – perguntou sem olhar para ele.

—Muito. Ele disse que foi o melhor dia da vida dele. E foi o meu também, me divertir muito. Obrigado por ter me deixado ter esse momento com ele.

—Você é o pai dele. – deu de ombros e se aproximou dele. – Tem direito de sair com ele.

—Foi maravilhoso, não achei que poderia ser tão gratificante. Ele é um garoto de ouro. – deu alguns passos em direção a ela e engoliu em seco ao sentir o cheiro que emanava dela. – Amo esse cheiro.

—É o meu shampoo.

—Algumas coisas não mudam. – eles estavam com os olhos grudados um no outro.

—Concordo. – ela já ia se aproximar mais quando ouviu um grito vindo do andar debaixo.

—Achou o quarto? – Charlie estava ao pé da escada e ameaçou subir, mas foi impedido por Renée, que sussurrou para ele.

—Bella está lá em cima, eles devem estar conversando.

—Espero que não estejam fazendo outra coisa. – resmungou e voltou para sala.

—Acho melhor ir antes que seu pai me expulse daqui. – os dois saíram da bolha dele.

—Certo. Obrigada por ter levado o Will. – olhou para o filho que dormia feito um anjo.

—Antes que me esqueça, comprei umas coisas para ele e isso aqui. – estendeu a bola. – É muito importante, não perca.

—Pode deixar. – sorriu para ele e Edward teve vontade de puxá-la para seus braços. – Até mais.

—Até mais. – saiu apressadamente do quarto antes que fizesse algo que pudesse se arrepender depois. Ele ainda a amava e percebeu que ela ainda sentia algo por ele, mas aquele não era o momento para aquilo. Ele já tinha tido uma grande vitória e como o pai havia dito: um passo de cada vez.