Edward chegou em casa extremamente cansado, a conversa com o irmão tinha sido bem estressante e ele precisava convencer Bella a aceitar o novo hóspede. Abriu a porta com cuidado e encontrou a noiva vendo filme no sofá.

—O que está acontecendo? – Bella perguntou olhando para os dois.

—Ele vai ficar conosco por uns dias, até ajeitarmos as coisas.

—Como isso foi acontecer?

—Sente que a história é longa.

— Foi um acidente, eu juro. – se ajoelhou em frente ao irmão. – Você precisa me ajudar, Edward, por favor. Estou implorando.

—Levante-se e pare com essa palhaçada. Não vou cair, em seja qual for a baboseira que vai nos contar.

—Não estou mentindo. Eu nunca tive a intenção de matar a Jess. Eu a amava, ela foi a única mulher que eu realmente amei. Vocês têm que acreditar em mim.

—Não deveríamos acreditar em nada do que você diz Anthony. Tudo que sempre disse foram mentiras.

—Eu confesso que menti para você e menti para a Bella também, mas a culpa não foi só minha, sua namorada acredita em tudo. – debochando secando o rosto.

—Você não está em posição de ficar fazendo graça não. – Edward o alertou.

—Tudo bem. – ergueu as mãos em sinal de paz. -Eu conheci a Jess 1 ano depois que você foi embora. Ela era meio doidinha e quis me divertir um pouco com ela. A Bella estava me enchendo o saco dizendo que tinha que ajudar com o pirralho e me arrependi de ter contado aquela mentira para ela. Então fui para Forks, uma cidade pequena, e conheci a Jess. No começo era só curtição mesmo, mas ela parecia me enxergar como ninguém tinha feito até então. E apesar de ter dito que eu era você, ela via o Anthony

—Então também mentiu para ela? – Edward se jogou no sofá sem acreditar no que estava ouvindo.

—Menti. Eu disse que era o Edward, porque todo mundo ama o Edward. O senhor perfeição, o filho adorado, o aluno brilhante. Mas ninguém ama o Anthony, o filho fracassado que só se mete em confusões.

—Fez tudo isso por ciúmes? Nossos pais sempre nos deram oportunidades iguais. Você não alcançou nada, porque não quis.

—Não é verdade. – Anthony se defendeu. – Você nunca percebeu, mas tudo sempre foi primeiro para você e se sobrasse, eu ganhava algo.

—Isso não é verdade. – Esme se levantou. – Sempre o tratamos de forma igual.

—Mas eu não me sentia igual. – gritou com eles. – Sempre me senti inferior. As mulheres só chegavam perto de mim porque queriam chegar até o Edward. Lembra da Kate? Ela é professora do seu filho, e ela foi a primeira garota de quem eu gostei. Quando ela chegou em mim, foi a realização de um sonho. E sabe qual foi a primeira coisa que ela falou? Ela me perguntou se eu era o Edward. Então eu disse que sim. E ela suspirou de alívio, porque não queria ficar com o Anthony, que ele era estranho. Desde então, todas as mulheres que você pegava, eu também pegava.

—Você é doente. – Edward cobriu o rosto com as mãos.

—Sim. Eu sou irmãozinho. Não é mesmo mamãe? – se virou para mãe e Esme começou a chorar.

—Do que está falando? – Edward perguntou sem entender.

— Eu tenho TPAS, transtorno de personalidade anti-social. – explicou abrindo os braços. Já deve ter estudado sobre isso, já que é um médico.

—Isso é verdade? – Edward ignorou o irmão e direcionou a pergunta aos pais.

—Sim. – Carlisle respondeu. – Percebemos que tinha algo de diferente no Anthony e o levamos ao médico e ele foi diagnosticado com TPAS. Por isso, ele tem esse comportamento.

—E é por isso que nós costumamos relevar as atitudes dele. – Esme explicou.

—Por que nunca soube disso?

—Não queríamos que ninguém soubesse e ele estava fazendo o tratamento. Achamos que com o tempo iria melhorar. É uma doença que não tem cura, mas o tratamento ajudava.

—Só que eu parei e tem um tempão, mas mentia dizendo que continuava indo na terapia. – Anthony começou a rir. – Nem lembro o nome daquele velho.

—Ele tinha que estar internado. É um perigo para todos.

—Eu não sou perigoso. – Anthony gritou os assustando. – E nem matei a Jess, eu amava ela e ela me amava.

—Nos diga o que houve querido. – Esme pediu segurando as mãos dele. – Nos conte a verdade para que o seu pai possa te ajudar.

—Só o Edward pode me ajudar mãe. – a cabeça de Edward estava fervilhando, ele não sabia mais o que pensar.

—O que quer que eu faça? – perguntou ao irmão.

—Vem comigo até Forks que vou te explicar tudo e você tem que cuidar do seu filho.

—Will está bem.

—Não estou falando dele. Estou falando do seu outro filho.

—Que outro filho? – aquilo era demais para a cabeça dele.

—Do Christopher.

—Quem é Christopher?

—Nossa como você é lento cara. Christopher é seu filho. Na verdade, ele é filho da Jess com algum babaca por aí. Ela não sabia que eu não posso ter filhos, e disse que o filho era meu. Mas como sou uma pessoa bacana e que gosta de registrar o filho dos outros, resolvi registrar esse também. Só que dessa vez foi no seu nome, porque a Jess achava que eu era você. Deu para entender?

—Que confusão é essa?  

—Acho que você não é tão inteligente assim não. Podemos ir para Forks ou não? Não quero deixar o Christopher muito tempo com a Lauren, a mulher é meio pirada e é capaz de encher o pirralho de drogas. – Anthony riu do comentário.

—Não vamos a lugar nenhum. Você tem que nos explicar o que aconteceu com a Jessica. – Carlisle sentou de frente para o filho.

—Estávamos em casa, usando umas paradas. Sim, eu uso drogas, não me julguem. – Esme olhava horrorizada para o filho. Eles deveriam ter o internado, ele não tinha mais noção do que era certo ou errado. – O pirralho começou a chorar, eu a mandei a merda e disse que o garoto não era meu e que ela era uma vadia mentirosa. Ela veio para cima de mim e começou a me bater, eu a empurrei e ela caiu da escada e quebrou o pescoço. – voltou a chorar se lembrando do que tinha acontecido.

—Por que não ligou para a emergência? – Edward perguntou num fio de voz.

—Ninguém iria acreditar em mim. Me meti em muitas confusões e a polícia estava na minha cola. Peguei o pirralho e levei para a casa da Lauren e depois sumi de lá, mas a grana acabou e vim em busca de mais. Preciso sumir. – Anthony levantou e olhou em volta em busca de uma fuga.

—Senta aí Thony. – Edward colou a mão sobre o ombro dele e ele abriu um sorriso.

—Tem muito tempo que não me chama de Thony. Vai cuidar do Christopher?

—Vou sim. Me passa o endereço dessa tal de Lauren, que vou buscar o garoto e tentar resolver essa situação. Talvez eu encontre o pai dele.

—Não. – voltou a se levantar. – Você tem que ficar com ele. A Bella é uma super mãe e vai te ajudar. Ele não pode sofrer mais, o garoto não tem culpa de nada. O pai biológico dele deve ser um drogado qualquer e a Jess não tem família. Você tem que ajudar o garoto. – implorou ao irmão.

—Eu vou cuidar dele. – prometeu e estendeu um papel e uma caneta para que ele anotasse o endereço.

—Valeu mano. – o abraçou, mas Edward não correspondeu. – Vai ter que me perdoar um dia. Agora eu vou vazar.

—Não Anthony. – Carlisle o barrou. – Você vai se entregar. Se as cosias aconteceram do jeito que disse, pode pegar uma pena menor.

—Não posso ir para a cadeia.

—Você vai filho. Cometeu muitos crimes e tem que pagar por isso. Posso tentar conseguir que te mandem para algum centro de reabilitação, mas você precisa se entregar.

—Não pai. – Anthony ajoelhou aos pés dele.

—Eu vou cuidar de você filho. Confie em mim. – Carlisle pediu e com muita relutância, ele aceitou.

—Quer que vá com você pai? – Edward perguntou vendo Anthony se despedir da mãe.

—Eu cuido disso. Vá ajudar o garoto.

—Ok. – Edward já ia saindo quando o irmão o chamou.

—Obrigado mano. Mesmo eu sendo horrível com você, está me ajudando.

—Apesar de tudo, somos irmãos Thony. Se cuida.

—Você também Ed. E parabéns pela família que tem. Você merece ser feliz.

[...]

—Não sei se a minha cabeça consegue assimilar tanta informação. – Bella olhava para o noivo sem acreditar no que ele tinha acabado de contar.

—Eu não podia deixá-lo lá Bella. Ele estava numa casa que era pior do que um chiqueiro. – Edward acomodou o garoto no colo. – Ele não tem nem dois anos.

—Só estou chocada com tudo isso, mas eu entendo e vamos cuidar desse bebezinho lindo. – Bella foi até ele e pegou o garoto no colo. – Oi amorzinho. Então você que é o Christopher? – o garoto balançou a cabeça. – Ele é muito lindo. O que pretende fazer com ele?

—Vou conversar com alguma assistente social e ver se encontramos alguém da família dele.

—Não quer ficar com ele? – Bella foi em direção a cozinha preparar algo para o garoto comer, ele estava muito magro. – Temos que levá-lo ao pediatra, ele parece um pouco desnutrido.

—Pelo pouco que pude analisar, ele está mesmo. – Edward a seguiu. – Você quer ficar com ele?

—Você viu as condições em que ele estava, não quero vê-lo voltando para lá e o Anthony disse que ele não tem ninguém.

—Não dá para confiar no que ele disse. Por isso vou falar com as autoridades e confirmar às informações.

—Você está certo, mas quero que saiba que se não encontrar ninguém, eu não me importo de ficar com ele.

—Eu não sei Bella. Ainda estou aprendendo a ser pai e estamos nos ajeitando ainda. Não sei se é o melhor momento para adicionar mais alguém a família.

—Amanhã conversamos melhor sobre isso. O dia foi longo e está muito tarde. Vou te apoiar no que decidir.

—Quero que a decisão seja nossa. Somos uma família e nós três vamos decidir o que fazer.

—Por falar nisso. – Bella apontou para trás, onde Will os encarava.