Ele já tinha tido uma grande vitória e como o pai havia dito: um passo de cada vez.

— Bom dia meu anjo. – Bella viu o filho abrir os olhos e se espreguiçar na cama.

—Já está de dia? – perguntou confuso. – Eu dormi muito.

—Dormiu mesmo. Nem tomou banho. – fez cócegas nele. – Seu porquinho.

—Eu fiquei cansado. Foi muito demais o jogo, tinha que ter visto mamãe. – ele se levantou e começou a pular na cama, nem parecia que tinha acabado de acordar. – É grandão lá e você nem sabe do melhor. – fez uma pausa de suspense. – Eles rebateram a bola e todo mundo levantou para pegar, até eu levantei, aí o Edward deu um pulo grandão e pegou a bola. – ele demostrava a cena. – Aí um cara bem grandão, maior do que esse armário olhou bem feio para ele. E sabe o que aconteceu depois? – Bella negou. – Ele deu a bola pra mim. Dá pra acreditar? Eu fiquei muito feliz. Cadê ela? – Bella levantou para pegar a bola, Edward estava certo quanto à importância do objeto. Ela nunca tinha visto o filho tão alegre.

—Aqui está.

—Posso levar para escola? Quero mostrar para todo mundo. O Edward foi demais, melhor que o Flash. – Flash era o super herói favorito dele.

—Estou feliz que tenha se divertido tanto. Agora precisa tomar um banho e descer para tomar seu café.

—Estou com fome. – resmungou voltando a pular na cama.

—Claro que está. – Bella o jogou sobre o ombro e ele gargalhou. Era assim que ela gostava de vê-lo. – Me conte mais sobre o jogo. O time ganhou?

—Claro que ganhou. Eu dei sorte para o time. – respondeu convencido. – Ganhei uma camisa nova,  uma luva, e boné... – foi enumerando os presentes.

—Lembrou-se de agradecer o Edward?

—Sim. Posso fazer um desenho de agradecimento?

—Pode sim. Depois que tomar café vou pegar os seus lápis.

—Maneiro.

—Você está feliz? – Bella o encarou.

—Tô sim. Queria que o Edward fosse o meu pai, porque ele é muito maneiro. – Bella agachou e teve vontade de lhe dizer a verdade, mas ela tinha decidido que contaria junto com Edward a verdade.

—Ele é maneiro mesmo. – deu um beijo no filho e ele ficou sério. – Não fique assim, gosto de te ver sorrindo.

—Você está feliz mamãe? – devolveu a pergunta.

—Claro que estou. Estou com o amor da minha vida aqui, do que mais precisaria?

—A vovó tem o vovô, você não tem ninguém.

—Gostaria que eu tivesse um namorado? – ele não respondeu, apenas deu de ombros. – Sabe que pode me falar qualquer coisa, não sabe?

—Sei sim. Meu banho. – mudou de assunto e Bella resolveu deixar o assunto de lado, por enquanto.

[...]

—Convidei os Cullen para virem almoçar aqui. – Renée anunciou quando a filha apareceu na cozinha. – Pode fazer a sobremesa?

—Convidou todo mundo? – perguntou nervosa.

—Se por todo mundo quer dizer o Edward, sim o convite é estendido a ele também. Seu pai disse que ele foi um amor com o Will, é claro que ele não usou essas palavras, mas foi isso que quis dizer. Tem algum problema dele vir?

—Não, nenhum. – respondeu corando.

—O que aconteceu?

—Nada mãe. Vou fazer uma torta de abacaxi.

—Desembucha Isabella. – pediu a cutucando.

—Ele foi deixar o Will no quarto e meio que rolou um clima entre a gente e eu estava só de toalha.

—Não acredito nisso. Vocês se beijaram?

—Claro que não. – respondeu chocada com a insinuação da mãe. – Não é assim que as coisas vão acontecer. Ainda estou muito chateada com ele.

—Vocês só precisam conversar e liberar o perdão que tudo se ajeitará. – deu um beijo na filha.

[...]

—Renée nos convidou para almoçar na casa deles. – Esme anunciou. – E você também está convidado.

—Tem certeza? – Edward perguntou surpreso.

—Você é o pai do Will, claro que está. Por que não estaria? – ela o encarou com aquele olhar que dizia: o que você aprontou?

—Sei lá. – deu de ombros. – Talvez a Bella não queira me ver.

—Sabia que tinha algo aí. Esse olhar não me engana. O que aconteceu?

—Nada. – desviou o olhar, mas Esme continuou o encarando e Carlisle apenas acompanhava a cena. – Tudo bem. Ontem quando fui deixar o Will no quarto, a Bella estava lá só de toalha e meio que rolou um clima entre a gente.

—Vocês se beijaram?

—Claro que não. A gente ainda tem muita coisa que acertar.

—Então acertem logo as coisas. Não quero que meu neto fique no meio dessa confusão toda.

[...]

Will estava desenhando na cozinha enquanto Bella e Renée preparavam o almoço.

—Mãe como que escreve o nome do Edward? – ele já conhecia as letras e sabia ler algumas palavras.

—Quer saber como escreve o meu nome? – Edward apareceu na cozinha segurando um embrulho. – Acho que cheguei cedo demais. Bom Dia. – Will escondeu o desenho.

—Você não pode ver, ainda não está pronto.

—Oi Edward tudo bem? – Bella limpou as mãos no avental e se aproximou dele.

—Estou bem e você?

—Ótima. – se virou para o filho e o ajudou a escrever o nome.

—Agora está pronto. – estendeu o papel para o pai.

—Para mim? – colocou o embrulho sobre a mesa e pegou o papel. – Nossa que desenho lindo, você é muito talentoso. – tinha um monte de rabisco, mas ele conseguiu identificar ele e o filho no que parecia ser o jogo do Seattle Mariners.

—Somos nós no jogo. – Will esclareceu vendo a cara de confusão dele.

—Obrigado pelo desenho, vou colocar num quadro e deixar no meu consultório.

—Você é médico?

—Sou sim e consegui um emprego no hospital.

—Que ótima noticia. E por falar em hospital, eu estou com os resultados daquele exame e já que está aqui poderíamos conversar sobre ele.

—Hoje? – Edward estava surpreso e feliz, ele queria contar logo a verdade para o filho.

—Não podemos adiar isso. Pode ser após o almoço?

—É claro.

—O que é isso? – Will indicou o embrulho.

—Por que não abre e descobre? – ele ajudou o pequeno a abrir o presente e Bella quase teve um ataque quando viu o que era.

—Um skate? Comprou um skate para ele?

—Maneiro. – Will comemorou dando um abraço em Edward.

—Espera aí mocinho. – Bella advertiu.

—Sinto que fiz algo de errado.  Ontem ele disse que queria um skate e eu comprei um, mas pelo visto não deveria ter feito isso.

—Não mesmo. O que falamos sobre ter um skate William?

—Que eu podia ter um.

—Quando poderia ter um? – Bella o encarava e Edward teve vontade de interferir, mas ele tinha lido que quando um dos pais estava corrigindo o filho, o outro não deveria interferir.

—Quando eu tivesse duas vezes isso. – mostrou os cinco dedos da mão.

—E você já tem isso?

—Não. – fez bico e abaixou a cabeça. A expressão dele era tão fofa que Edward teve vontade de rir, mas ele se controlou.

—A culpa não foi dele. Eu que comprei, deveria ter te perguntado primeiro. 

—Você não sabia da regra, ele sim.

—Desculpa mamãe. – ele a abraçou a desarmando completamente. – Posso ficar com ele?

—Pode, mas não vai andar até eu dizer que está pronto. – ele cruzou os braços e saiu batendo os pés. – William volte aqui.

—Eu converso com ele.

Edward encontrou o filho choramingando com Charlie na sala.

—Tudo bem aí?

—A mamãe não deixa andar de skate.

—É porque skate é perigoso e você ainda é muito pequeno, mas eu tenho um plano. – sentou ao lado dele.

—Qual plano?

—Eu converso com a sua mãe e digo que vou te ensinar a andar de skate e que você vai usar capacete e tudo mais. Assim não vai ser tão perigoso.

—E ela vai deixar?

—Não sei, vamos tentar, mas antes você tem que pedir desculpas para ela. Não pode sair e dar as costas para a sua mãe não.

—Tudo bem. Vou pedir desculpas. – Se levantou e correu até a cozinha.

—Acho que é mais difícil do que eu pensei. Algum conselho? – perguntou a Charlie.

—Siga reto, está no caminho certo. – respondeu sem tirar os olhos da televisão.

Carlisle e Esme chegaram alguns minutos depois e eles tiveram um almoço bem tranquilo. Will tinha feito as pazes com a mãe e contou com muita animação sobre o jogo. Edward sentia que poderia explodir de tanta felicidade a qualquer momento, ele e Bella trocaram vários olhares cúmplices durante o almoço e quando terminaram a refeição, eles levaram o filho para o quintal.

—Precisamos conversar. – Bella anunciou segurando o resultado do exame. Ela e Edward sentaram de frente para o filho.

—É sobre o skate?

—Não. É sobre o seu pai. – o garoto ficou parado encarando a mãe.  – Eu não sei como te explicar isso e você é muito novo para entender o que aconteceu, mas nós precisamos te contar a verdade. – respirou fundo antes de falar. - O Anthony não é o seu pai. – o garoto arregalou os olhos e Edward segurou a mão de Bella dando apoio a ela.

—Eu sou o seu pai Will. – os dois olhavam fixamente para o filho esperando alguma reação dele.

—Não estou entendendo. – murmurou confuso.

—Eu e o Edward namorávamos, mas aconteceu uma coisa e eu achei que o Anthony fosse o seu pai, mas depois de conversar e de fazer um exame, descobrimos que o Edward é o seu pai. Eu sei que é confuso, mas por enquanto é tudo que posso te explicar, quando for mais velho, podemos voltar a essa conversa.

—Tudo o que você tem que saber Will, é que eu te amo e vou cuidar de você para sempre, não vou sair de perto de você.

—Você jura? – perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

—Eu juro meu filho. – se ajoelhou a frente dele. – E não chore. – o abraçou. – Não chore. – suplicou tentando conter as próprias lágrimas.

—Vem cá mamãe. – chamou e os três se abraçaram. – Sempre quis ter um pai.

—E agora você tem. – Edward garantiu.

—Você tem alguma pergunta? – Bella perguntou com medo do que ele poderia querer saber.

—Pode ir à minha escola amanhã? A mamãe disse que eu vou ir amanhã e eu quero mostrar para o babaca do Alec que eu tenho um pai.

—Querido já conversamos sobre você chamar o Alec de babaca.

—Eu sei mamãe, mas ele fica implicando comigo.

—É claro que posso ir a sua escola, mas não chame o seu coleguinha de babaca, essa é uma palavra muito feia.

—Tudo bem papai. – Edward não imaginava o quanto aquela palavra poderia afeta-lo. Ser chamado de pai era algo inexplicável.

—Então fica combinado. Vamos primeiro ao hospital tirar essa tipoia e depois vamos à escola.

—Maneiro. Posso ir contar para os meus avós que eu tenho um pai? – perguntou já se levantando e Bella concordou.

—Acho que a reação dele foi melhor do que imaginava. – Bella entregou o resultado do exame para Edward. – Vai precisar para registrar o Will como seu filho. Será que o seu pai pode nos ajudar?

—É claro. Já tinha conversado com ele sobre isso. Obrigado por me deixar estar com você nesse momento.

—Eu que agradeço por você fazer parte da vida do nosso filho.

—Não vou desapontá-lo. – Bella segurou a mão dele.

—Não nos abandone de novo. – implorou.

—Isso nunca mais vai se repetir. – depositou um beijo na testa dela e a abraçou.