Aquela noite só podia ser descrita como explendida, Harry realmente estava encantado com tudo o que via no Salão Principal naquele momento, e não era o único.

Rony se encontrava maravilhado com o banquete diante deles, havia de tudo: Pastelão de carne, cordeiro assado, sopa de ervilha, rosbife, coxinhas de frango e muitas outras coisas que ele nem ao menos podia começar a nomear.

Os banquetes de Hogwarts já eram, normalmente, espetaculares, mas em dias como esse, de comemoração, eram duas vezes melhor e ele amava isso.

Dumbledore disse pouquíssimas palavras antes que pudessem aproveitar aquele banquete, parecia sentir a ansiedade se remexendo sob a pele de seus alunos para comemorar mais um dia das bruxas.

Foi quando o banquete estava quase no final que aconteceu, o prof. quirrell entrou correndo pelo Salão Principal parecendo sem fôlego e totalmente apavorado gritando: — Trasgo! No castelo! — E então caiu duro no chão.

Houve alguns poucos segundos de silêncio enquanto todos encaravam o corpo do professor e as palavras que ele berrara assentava em suas mentes, então todos os alunos começaram a gritar, apavorados.

Harry ficou parado olhando para a confusão ao seu redor. Não sabia o que era um trasgo, portanto não entendia o desespero de seus colegas.

— Silêncio! — Gritou Dumbledore — Monitores, levem seus alunos até o Salão Comunal de suas casas, quaisquer que sejam os problemas será resolvido.

Os monitores começaram a chamar todos os estudantes, diversos alunos se prostraram em filas para seguirem até seus salões enquanto o Trasgo, fosse o que fosse, perambulava solto pelos corredores do castelo.

No corredor, Harry virou a cabeça para ver a reação de seus colegas e pegou Hermione Granger escapulindo para a direção oposta da que iam.

— Rony — Cutucou o amigo.

— O quê?

— Olha lá a Hermione! — Apontou para a garota e os dois observaram ela desaparecer na curva de um corredor.

— O que acha ela está fazendo? — Questionou Rony.

— Ela está se esquivando de novo!

— Para onde ela está indo?

— Atrás do Trasgo — Declarou — Vamos Rony, corra. Temos que chegar até Hermione.

— Por que não podemos simplesmente deixar que ela vá sozinha?

— Porque Hermione estava fazendo algo terrivelmente errado da última vez e quase se deu mal.

— Problema dela, talvez agora ela aprenda.

— Anda logo, Rony.

Rony se deu por vencido e seguiu seu amigo atrás da Granger, se esquivando também sem serem notados.

Rony não conseguia entender porque Harry insistia em correr atrás de Hermione, e logo agora que ela lhes dera uma trégua!, mas ele não podia fazer nada quanto a isso além de seguir seu amigo e descobrir o que a garota estava aprontando.

Os sons dos passos de seus colegas logo foram deixados para trás enquanto eles se aprofundaram mais nos corredores.

— Eu não entendo — Disse Harry depois de um tempo — O professor Quirrell disse que o Trasgo estava no castelo, mas não disse onde, como ela sabe onde ir?

— Talvez ela esteja aprontando, quem sabe não foi a própria Hermione que deixou a criatura entrar? Trasgos são extremamentes burros, não conseguiriam entrar em Hogwarts sem ajuda.

— Hermione não faria isso.

— Não faria? Preciso te lembrar de quando ela nos enfiou naquela sala com um cachorro gigante e que ainda por cima tinha três cabeças?

Harry não respondeu, parecia pensar sobre o assunto, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa sobre a conclusão que chegara, o cheiro os atingiu.

Potter não saberia descrever o odor, parecia seriamente que alguma coisa morrera naquele lugar.

Ele realmente não conseguia entender porque Hermione procuraria aquela criatura.

Um grunhido feroz seguido de um grito claramente feminino chamou sua atenção, a fonte vinha de uma porta próxima e Harry soube que eles tinham encontrado o Trasgo e Hermione.

Sons de coisas quebrando colocaram Harry correndo em direção do barulho, Rony logo em seu encalço.

***

A situação não era nada boa para Hermione que naquele momento se perguntava porquê cometera tal loucura ao ir atrás de um trasgo.

Sabia que eles eram uns idiotas, afinal todos os livros que lera sobre o assunto sempre mencionavam esse assunto, mas também falavam de sua força e ela não devia ter ignorado isso. Simplesmente tinha acreditado que a parte idiota se sobreporia à outra e que ela tinha boas chances de enfrentar e ganhar da criatura.

Mas não era isso o que estava acontecendo enquanto Hermione se escondia atrás de um dos boxes do banheiro já parcialmente destruído.

A verdade era que o trasgo não ficar realmente animado ao ver uma criatura três vezes menor que ele brandindo uma varinha, isso só o deixara mais irritado ainda, fazendo que brandisse seu bastão com ferocidade, o que deixou Hermione completamente apavorada, porque sua varinha voara longe quando as pias foram atingidas e ela se encontrava indefesa enquanto o trasgo se aproximava.

***

Assim que entrou no banheiro onde Hermione se esquivara Harry pôde localizá-la escondida em um canto enquanto o trasgo se aproximava perigosamente balançando um bastão enorme.

— O que faremos? — Perguntou Rony.

— Vamos distraí-lo.

— Distrair uma coisa dessas? — Ele estava incrédulo.

— Você mesmo disse que os trasgos não são as criaturas mais inteligentes, não deve ser difícil.

— Não deve ser difícil — Debochou Rony — Até ficarmos encolhidos mortos de medo em um canto. Voto por irmos embora e deixar que ela se resolva sozinha.

— Nós já estamos aqui — Apontou Harry — E se acontecer alguma coisa pior vamos nos sentir culpados.

— Fale por você.

A essa hora o trasgo estava ainda mais perto de Hermione que quase já conseguia sentir a sombra da morte se aproximando. Estava tão concentrada na forma horrível que a encobria que sequer tinha percebido os outros dois garotos discutindo entre si na porta.

Harry foi pra frente e pegou um dos pedaços de madeira que antes fizera parte de um dos boxe, mas que agora não era mais do que ruínas.

— Vamos, pegue um também! — Disse para Rony — Acerte suas pernas.

— Ele é quem vai nos acertar — Brigou o Weasley, mas fez o que o amigo pediu.

— Eu sei que ele é forte. Então vamos confundi-lo e derrubá-lo, ele vai estar acabado quando terminarmos.

— Espero que sim — Murmurou.

— Hey criatura feia! — Gritou Harry indo para a frente e sacudindo seu pedaço de madeira incrivelmente pesado — Olha só o que tenho para você!

O trasgo se virou, os olhinhos de besouro piscando para cima de Harry que ainda chacoalhava sua arma, enquanto isso Rony se esquivava atrás da criatura na tentativa de derrubá-la, o trago grunhiu, certamente muito irritado por ser chamado de feio (embora Harry duvidasse que ela tivesse entendido o xingamento), e virou-se para o garoto.

Hermione estava de olhos arregalados atrás do trasgo.

— Agora Rony! — Weasley fez o que o amigo pediu e bateu nas pernas do trasgo que não de qualquer sinal de ter sentindo o ataque.

— A cabeça! Tem que acertar na cabeça! — Gritou Hermione ainda encolhida.

— E como você espera que eu faça isso? — Perguntou Rony irritado.

— Com a varinha, seu idiota.

Harry olhou para os dois. até ele próprio tinha esquecido que possuíam a magia a seu favor.

— Faça alguma coisa Rony!

O garoto pensou um pouco antes de sacar a varinha e dizer alguma coisa que Harry não pôde ouvir enquanto o sangue pulsava em seus ouvidos pela proximidade do trasgo.

De repente todos os pedaços de madeira jogados no chão, inclusive o bastão do trasgo, se ergueram e ficaram pairando sobre a cabeça deles e um segundo mais tarde tudo caiu em direção à cabeça diminuta da criatura.

Silêncio.

O trasgo caiu pesadamente no chão e não fez qualquer outro movimento.

Hermione suspirou.

— Ele está…?

Harry se aproximou do corpo.

— Morto — Confirmou.