A Herdeira do Lord das Trevas escrita por Triple Authors


Capítulo 8
Capítulo 8 - O Dragão Norueguês




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— Eu disse a vocês que tinha lido o nome dele em algum lugar - murmurou Harry sobre Flamel

Hermione ficou em pé de um salto. Não parecia tão animada desde que eles tinham recebido as notas do primeiro dever de casa.

Não saiam daqui!— disse e saiu escada acima em direção aos dormitórios das meninas, mal tiveram tempo de trocar um olhar intrigado e ela já estava correndo de volta, com um enorme livro velho nos braços.

Nunca pensei em olhar aqui— falou excitada. — Tirei-o da biblioteca há semanas para me distrair um pouco.

Distrair?— admirou-se Rony, mas Cali mandou-o ficar quieto, enquanto Hermione procurava alguma coisa e começou a folhear as páginas do livro, ansiosa, resmungando para si mesma.

Finalmente encontrou o que procurava.

Eu sabia! Eu sabia!

Já podemos falar?— perguntou Rony de mau humor.

Hermione não lhe deu resposta.

Nicolau Flamel - sussurrou ela teatralmente — é, ao que se sabe, a única pessoa que produziu a Pedra Filosofal.

A frase não teve bem o efeito que ela esperava.

— A o quê?— exclamaram os outros três

Ah, francamente, vocês não leem, não? Olhem, leiam isso aqui.

— Ei, eu leio sim - exclamou Cali

Ela empurrou o livro para eles que leram:

O antigo estudo da alquimia preocupava-se com a produção da Pedra Filosofal, uma substancia lendária com poderes fantásticos. A pedra pode transformar qualquer metal em ouro puro. Produz também o Elixir da Vida, que torna quem o bebe imortal. Falou-se muito da Pedra Filosofal durante séculos, mas a única Pedra que existe presentemente pertence ao Sr. Nicolau Flamel o famoso alquimista e amante da opera. O Sr. Flamel que comemorou o seu sexcentésimo sexagésimo quinto aniversário no ano passado, leva uma vida tranquila em Devon, com sua mulher, Perenelle (seiscentos e cinquenta e oito anos).

 

Viram?— disse Hermione, quando terminaram de ler, — O cachorro deve estar guardando a Pedra Filosofal de Flamel! Aposto que ele pediu a Dumbledore que a guardasse em segurança, porque são amigos e ele sabia que alguém andava atrás dela, esse é o motivo por que Dumbledore quis transferir a pedra de Gringotes.

Uma pedra que produz ouro e não deixa a gente morrer! - exclamou Harry. — Não admira que Snape ande atrás dela! Qualquer um andaria.

— E não admira que não conseguíssemos encontrar Flamel em Estudos aos avanços recentes em magia— disse Rony — Ele não é bem recente, se já fez seiscentos e sessenta e cinco anos, não é mesmo?

Na manhã seguinte, na sala de Defesa Contra a Magia Negra, enquanto copiavam as diferentes maneiras de tratar mordidas de lobisomem, continuavam a discutir o que fariam com uma Pedra Filosofal se tivessem uma. Somente quando Rony disse que compraria o próprio time de Quadribol foi que Harry se lembrou de Snape e da partida que se aproximava.

Harry precisa jogar - disse Cali — Se não fizer isso, o pessoal de Sonserina vai pensar que ele tem medo de encarar Snape. Mostre a eles... Vamos tirar aquele sorriso da cara deles se vencermos.

Eu vou jogar— disse Harry

Desde que a gente não acabe tirando você da quadra— disse Hermione.

À medida que a partida se aproximava, porém, Harry foi ficando cada vez mais nervoso, mesmo que negasse isso para os amigos. O resto do time também não estava tão calmo assim. A ideia de passar à frente de Sonserina no campeonato das casas era maravilhosa, ninguém fazia isso havia quase sete anos, mas será que conseguiriam, com um juiz tão parcial?

Harry não sabia se estava ou não imaginando, mas parecia estar sempre encontrando Snape por todo lugar em que ia. Às vezes, ele até se perguntava se Snape não o estava seguindo, tentando apanhá-lo sozinho. As aulas de Poções estavam se transformando numa espécie de tortura semanal. De tão ruim que Snape era com Harry. Seria possível que Snape tivesse descoberto que os meninos haviam lido sobre a Pedra Filosofal?

Você acha mesmo que Snape consegue ler pensamentos — disse Cali a Harry na aula de Poções, o garoto andara pensando nisso.

Tenho essa sensação as vezes— Harry disse confuso, — Às vezes penso se você também está lendo meus pensamentos. Está? - perguntou Harry enquanto a mirava. 

Eu não sei - Cali respondeu nem olhando para Harry, talvez ele tinha razão estava mesmo ouvindo os pensamentos dele, mas por que só os dele.

— Acha que Snape vai tentar fazer alguma coisa contra mim na próxima partida de Quadribol?— desconversou Harry

Difícil dizer— respondeu Cali observando Snape que caminhava pela sala.

Harry sabia que, quando lhe desejassem boa sorte à porta do vestiário na tarde seguinte, seus amigos estariam se perguntando se o veriam vivo outra vez. Isto não era o que se poderia chamar de consolo. Harry mal ouviu uma palavra da conversa de Olívio para animar os jogadores enquanto vestia o uniforme de Quadribol e apanhava sua Nimbus 2000.

Entrementes, Rony e Hermione tinham encontrado um lugar nas arquibancadas junto a Cali e Neville, que não conseguia entender por que eles estavam tão sérios e tampouco por que haviam trazido as varinhas para o jogo. Mal sabia Harry que eles tinham andado praticando secretamente o Feitiço das Pernas Presas. Tinham tido essa ideia ao verem Draco usá-lo contra Neville e estavam preparados para usá-lo contra Snape se ele desse o menor sinal de querer machucar Harry.

Agora não esqueçam, é Locomotor Mortis— cochichou Hermione enquanto Rony escondia a varinha na manga.

— Já é a quarta vez que você diz isso Hermione— resmungou Cali

Não chateia— Rony respondeu com maus modos.

Vejam — exclamou Neville apontando em alguma direção

Dumbledore? Até mesmo Dumbledore veio assistir!— riu Rony

Snape estava com a cara tão zangada na hora em que os times entraram em campo, uma coisa que assim como Harry, Rony também reparou.

Nunca vi Snape com uma cara tão feia— disse Rony para as meninas, — Vejam, começou. Ai!

Alguém cutucara Rony na cabeça. Era Draco.

Ah, desculpe, Weasley, não vi você aí.— Draco deu um largo sorriso para Crabbe e Goyle. — Quanto tempo será que Potter vai se aguentar na vassoura desta vez? Alguém quer apostar? E você, Weasley?

Rony não respondeu, Snape acabara de achar uma penalidade na Grifinória porque Jorge Weasley mandara um balaço nele.

Hermione, que mantinha todos os dedos cruzados no colo, apertava os olhos fixos em Harry, que circulava sobre os jogadores como um falcão, à procura do pomo.

— Sabe como eu acho que eles escolhem jogadores para o time da Grifinória?— disse Draco bem alto alguns minutos depois, quando Snape aplicou nova penalidade em Grifinória sem a menor razão. — Escolhem as pessoas que dão pena. Vê só, o Potter, que não tem pais, depois os Weasley, que não tem dinheiro. Você também devia estar no time, Longbottom, você não tem miolos.

Neville ficou muito vermelho, mas se virou para encarar Draco.

— Eu valho doze Dracos, Malfoy— gaguejou ele.

Draco, Crabbe e Goyle rolaram de rir, mas Rony, que continuava sem coragem de despregar os olhos do jogo, disse:

Isso mesmo, responda a ele, Neville.

— Malfoy para de ficar provocando eles - disse Cali observando o jogo

— Longbottom, se miolos fossem ouro, você seria mais pobre do que Weasley e isso já é muita coisa.

 Os nervos de Rony já estavam esticados ao máximo de tanta preocupação com Harry.

Estou lhe avisando, Draco... Mais uma palavra... – Cali tentou terminar mas foi interrompida por Hermione que agarrou seu braço nervosa

Ei— disse Hermione — Harry!

Quê? Onde? Ai - reclamou pois Hermione ainda segurava seu braço com força

Harry inesperadamente dera um mergulho espetacular, que provocou exclamações e vivas da torcida. Hermione se levantou, os dedos cruzados na boca, enquanto Harry voava para o chão como uma bala.

Você está com sorte, Weasley, Potter com certeza localizou dinheiro no chão!— disse Draco.

Rony reagiu. Antes que Draco soubesse o que estava acontecendo, Rony partiu para cima dele e o derrubou no chão. Neville hesitou, depois pulou o encosto da cadeira para ajudar.

Me solta - bradou Cali se soltando de Hermione sentindo Neville bater em suas costas sem querer quando foi empurrado por Goyle

Vamos, Harry!— Hermione gritou, pulando em cima da cadeira para observar Harry se precipitar na direção de Snape, ela nem sequer reparou que Draco e Rony estavam embolados em baixo de sua cadeira, nem nos pés arrastados e gritos que saiam do redemoinho de socos que era Neville, Crabbe e Goyle.

No alto, Snape virou na vassoura bem em tempo de ver uma coisa vermelha passar veloz por ele, deixando de atingi-lo por centímetros, e no segundo seguinte, Harry saia do mergulho, o braço erguido em triunfo, o pomo seguro na mão.

As arquibancadas explodiram, tinha que ser um recorde, ninguém era capaz de lembrar do pomo ter sido agarrado tão depressa.

Rony! Rony! Cadê você? A partida terminou! Harry ganhou! Nós ganhamos! Grifinória está na frente!— gritava Hermione, dançando da cadeira para o chão e dali para a cadeira e se abraçando com Cali.

Harry saltou da vassoura antes de chegar ao solo. Agarrara. O jogo terminou, nem chegara a durar cinco minutos. Quando Grifinória invadiu o campo, Snape pousou ali perto, a cara branca e os lábios contraídos, depois Harry sentiu uma mão no seu ombro, ergueu a cabeça e deparou como rosto sorridente de Dumbledore.

Snape cuspiu com amargura no chão.

Harry, onde é que você esteve?— perguntou Hermione com a voz esganiçada, Harry havia sumido após o jogo.

Vencemos! Você venceu! Nós vencemos!— gritou Rony, dando palmadas nas costas de Harry — E deixei o olho de Draco roxo e Neville tentou enfrentar Crabbe e Goyle sozinho! Ainda está desacordado, mas Madame Pomfrey diz que ele vai ficar bom.

— Isso é que é mostrar a Sonserina! Todos estão esperando você na sala comunal, estamos dando uma festa, Fred e Jorge roubaram uns bolos e outras coisinhas nas cozinhas.

Deixem isso para lá agora— disse Harry, sem fôlego. — Vamos procurar uma sala vazia, esperem até ouvirem isso...

Ele verificou se Pirraça não estava na sala antes de fechar a porta, depois contou aos amigos o que vira e ouvira.

Então tínhamos razão, é a Pedra Filosofal e Snape está tentando obrigar Quirrell a ajudá-lo a roubar. Ele perguntou se o outro sabia como passar por Fofo, e falou alguma coisa sobre as magiquinhas de Quirrell. Imagino que haja outras coisas protegendo a pedra além de Fofo, uma porção de feitiços, provavelmente, e Quirrell deve ter feito algum contra-feitiço de que Snape precisa para entrar...

Você quer dizer que a Pedra só está segura enquanto Quirrell resistir a Snape? - perguntou Hermione alarmada.

Terça-feira ela terá desaparecido— disse Rony

Quirrell, no entanto, deve ter sido muito mais corajoso do que eles pensaram. Nas semanas seguintes ele pareceu estar ficando mais pálido e mais magro, mas não parecia ter cedido.

Todas as vezes que os meninos passavam pelo corredor do terceiro andar, encostavam as orelhas na porta para verificar se Fofo continuava a rosnar lá dentro. Snape levava a vida no seu habitual mau humor, o que com certeza significava que a Pedra continuava a salvo. Sempre que Harry passava por Quirrell nesses últimos dias dava-lhe um sorriso como a encorajá-lo, e Rony começara a censurar as pessoas que riam da gagueira de Quirrell.

Hermione, no entanto, tinha mais no que pensar do que na Pedra Filosofal. Começara a programar suas revisões e a marcar em cores suas anotações de aula para classificá-las. Harry e Rony não teriam se importado com isso, mas ela não parava de chateá-los para fazerem o mesmo. Enquanto Cali depois de um longo e cansativo diálogo com Hermione no dormitório resolveu fazer o mesmo que os meninos.

Hermione, os exames estão a séculos de distância.

Dez semanas, Calista— retorquiu Hermione. — Não são séculos, é como um segundo para Nicolau Flamel.

— Mas nós não temos seiscentos anos - lembrou-lhe Cali

Em todo o caso, o que é que você está revisando se já sabe tudo Hermione?— disse Rony

Que é que estou revisando? Vocês ficaram malucos? Vocês já perceberam que precisamos passar nesses exames para chegar ao segundo ano? Eles são muito importantes, eu deveria ter começado a estudar a um mês, não sei o que deu em mim...

Infelizmente, os professores pareciam estar pensando da mesma maneira que Hermione. Passaram tantos deveres de casa que as férias da Páscoa não foram tão divertidas quanto as de Natal. Estudar nunca foi tão complicado para Cali que foi difícil se descontrair com Hermione ao lado, recitando os doze usos do sangue de dragão ou praticando movimentos com a varinha. Aos gemidos e bocejos, Harry e Rony passaram a maior parte do tempo livre com ela, na biblioteca, tentando dar conta de todos os deveres extras.

Eu nunca vou me lembrar disso— desabafou Rony uma tarde, largando a pena de escrever na mesa e olhando desejoso pela janela da biblioteca. Era na realidade o primeiro dia bonito que tinham em meses. O céu estava claro, azul-miosótis e havia uma expectativa de verão no ar.

Harry, que estava procurando o verbete "Ditamno" no livro de Cem ervas e fungos mágicos, não levantou os olhos até a hora em que ouviu Rony exclamar:

Rúbeo! Que é que você está fazendo na biblioteca?

Hagrid veio arrastando os pés, escondendo alguma coisa às costas. Parecia muito deslocado com o seu casaco de pelo de toupeira.

Só olhando— disse numa voz insegura que imediatamente despertou o interesse deles. — E o que é que vocês estão armando?— Ele pareceu repentinamente desconfiado. — Não continuam procurando o Nicolau Flamel, continuam?

Ah, já descobrimos quem ele é há séculos— disse Rony para impressionar. — E você sabe o que é que aquele cachorro está guardando, é a Pedra Filo...

Shhh!— Hagrid olhou à sua volta depressa para ver se alguém estava escutando. — Não saiam gritando isso por ai, que foi que deu em vocês?

— Mas, tem umas coisinhas que queríamos perguntar a você.— disse Harry — sobre as outras coisas que estão protegendo a Pedra além do Fofo...

— SHHHHHI!— fez Hagrid de novo. — Escutem, venham me ver mais tarde, não estou prometendo que vou lhes dizer nada, vejam bem, mas não saiam dando com a língua nos dentes por ai, estudantes não devem saber disso. Vão achar que fui eu que contei a vocês...

— Vemos você mais tarde, então— concordou Harry.

Hagrid saiu arrastando os pés.

— Que é que ele estava escondendo às costas?— perguntou Hermione pensativa.

Acham que tinha alguma coisa a ver com a Pedra? - perguntou Cali

Vou ver em que seção ele estava— prontificou-se Rony, que já estava farto de trabalhar. Voltou um minuto depois com uma braçada de livros e largou-os em cima da mesa.

Dragões — cochichou — Rúbeo estava procurando coisas sobre dragões! Olhem só estes: Espécies de dragões da Grã-Bretanha e da Irlanda, Do ovo ao inferno, guia do guardador de dragões.

Rúbeo sempre quis um dragão, ele me disse isso da primeira vez em que nos vimos - comentou Harry.

— Mas é contra as nossas leis— argumentou Rony. — Criar dragões foi proibido pela Convenção dos Bruxos de 1709, todo o mundo sabe disso. É difícil evitar que os trouxas reparem em nós se criarmos dragões no quintal. Em todo o caso, não se pode domesticar dragões, é perigoso. Vocês deviam ver as queimaduras que Carlinhos recebeu de dragões selvagens na Romênia.

— Mas não tem dragões selvagens na Grã-Bretanha?— perguntou Harry.

Claro que tem— respondeu Rony — Os dragões verdes galeses e os negros das ilhas Hébridas. O Ministério da Magia tem um bocado de trabalho para mantê-los em segredo, posso lhe garantir. O nosso povo vive enfeitiçando trouxas que os viram, para fazê-los esquecer.

— Então o que será que Rúbeo anda armando?— perguntou Hermione.

Quando eles bateram à porta da cabana do guarda-caça uma hora mais tarde, ficaram surpresos de ver que todas as cortinas estavam fechadas. Hagrid perguntou "Quem é?" antes de deixá-los entrar e em seguida fechou depressa a porta assim que eles entraram.

Estava um calor sufocante no interior da cabana. E embora fosse um dia bem quente havia um fogaréu na lareira. Hagrid preparou chá para os meninos e lhes ofereceu sanduíches de carne de arminho, que eles recusaram.

— Então, vocês queriam me perguntar uma coisa?

Sim, não há sentido em perder tempo com rodeios.— disse Harry rapidamente, — Estivemos pensando se você poderia nos dizer o que mais está protegendo a Pedra Filosofal além de Fofo.

Não posso dizer. Primeiro, eu mesmo não sei. Segundo vocês já sabem demais, de modo que eu não diria a vocês se soubesse. Aquela Pedra está aqui por uma boa razão. Quase foi roubada de Gringotes. Suponho que vocês já chegaram a essa conclusão. Fico até espantado que saibam da existência de Fofo.

Ah, vamos Rúbeo, talvez você não queira nos dizei, mas você sabe tudo o que acontece por aqui— disse Hermione num tom caloroso e lisonjeiro. A barba de Hagrid mexeu e eles perceberam que estava sorrindo. — Só estávamos querendo saber realmente quem fez o feitiço de proteção— continuou Hermione. — Estávamos querendo saber em quem Dumbledore teria confiado o suficiente para ajudá-lo, além de você.

O peito de Rúbeo se estufou ao ouvir essas palavras.

— Bom, acho que não poderia fazer mal contar isso... Vamos ver.. Ele pediu Fofo emprestado a mim... Depois alguns professores fizeram os feitiços... A Professora Sprout.. O Professor Flitwick... A Professora Minerva... — ele foi contando nos dedos — o Professor Quirrell... E o próprio Dumbledore também fez alguma coisa, é claro. Um momento esqueci alguém.

Esqueceu de Snape? - perguntou Cali

É, vocês não continuam insistindo naquela ideia, ou continuam? Olhem, Snape ajudou a proteger a Pedra, não está prestes a roubá-la.

Os garotos pensavam o mesmo se Snape fora chamado para proteger a Pedra, devia ter sido fácil descobrir como os outros professores a tinham protegido. Ele provavelmente sabia de tudo, exceto, ao que parecia, o feitiço que Quirrell fizera e de que jeito passar por Fofo.

Você é o único que sabe como passar pelo Fofo, não e, Rúbeo? — Harry perguntou, ansioso. — E você não diria a ninguém, não é? Nem mesmo a um dos professores?

Ninguém sabe a não ser eu e Dumbledore— disse Hagrid orgulhoso.

Bom, isso já é alguma coisa— murmurou Harry para os outros. — Rúbeo, podemos abrir uma janela? Estou assando.

Não podem, desculpe Harry - disse Hagrid olhando para o fogo

Rúbeo, o que é isso?

Bem no meio do fogo, debaixo da chaleira, havia um enorme ovo negro.

Ah— respondeu Hagrid, mexendo, nervoso, na barba. — É... Ah...

Onde foi que você arranjou isso, Rúbeo?— perguntou Rony, abaixando-se para o fogo para olhar o ovo mais de perto. — Isso deve ter-lhe custado uma fortuna.

— Ganhei. A noite passada. Eu estava na vila tomando uns tragos e entrei num joguinho de cartas com um estranho. Acho que ele ficou bem contente de se livrar do ovo, para ser sincero.

— Mas o que é que você vai fazer com ele, quando chocar?— perguntou Hermione.

— Bom, andei lendo um pouco— disse Hagrid, tirando um grande livro de baixo do travesseiro. — Apanhei este na biblioteca: A criação de dragões como prazer e fonte de renda. É meio desatualizado, é claro, mas está tudo aqui. Mantenha o ovo no fogo porque as mães sopram fogo em cima deles, sabe, e quando chocar dê-lhe um balde de conhaque misturado com sangue de galinha a cada meia hora. E vejam aqui: como reconhecer os diferentes ovos, e este aqui é um dragão norueguês. São raros esses— Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo, mas Hermione não.

Rúbeo, você mora numa cabana de madeira— lembrou-lhe.

Mas Hagrid nem escutou. Estava cantarolando alegremente enquanto atiçava o fogo. Então agora tinham mais uma coisa com que se preocupar: o que poderia acontecer a Hagrid se alguém descobrisse que estava escondendo um dragão ilegal em sua cabana.

Como será ter uma vida tranquila— suspirou Rony, pois noite após noite eles lutavam para dar conta de todos aqueles deveres de casa suplementares que estavam recebendo. Hermione agora começava a programar as revisões deles também. Estava deixando-os malucos.

Então, certo dia ao café da manhã, Edwiges trouxe outro bilhete de Hagrid para Harry. Ele escrevera apenas duas palavras. “Está furando”.

Rony queria faltar à Herbologia e ir direto à cabana. Hermione nem quis ouvir falar nisso.

Hermione, quantas vezes na vida vamos ver um dragão saindo do ovo?

— Temos aulas, vamos nos meter em confusão, e isso não vai ser nada comparado à situação de Rúbeo quando descobrirem o que ele anda fazendo.

Hermione podemos passar rapidamente na cabana de Hagrid entre os intervalos das aulas -disse Harry

Parem de falar— cochichou Cali ao ver Draco

Malfoy estava a apenas alguns passos e parou instantaneamente para ouvir. Quanto teria ouvido? Harry não gostou nem um pouco da expressão que viu na cara de Malfoy.

Rony e Hermione discutiram todo o tempo a caminho da aula de Herbologia e, no final, Hermione concordou em dar uma corrida à casa de Hagrid no intervalo da manhã.

Quando a sineta tocou no castelo anunciando o fim da aula, os quatro largaram as colheres de jardineiro e atravessaram a propriedade correndo em direção à orla da floresta. Hagrid cumprimentou-os parecendo vermelho e excitado.

Está quase furando.— Conduziu-os para dentro.

O ovo estava em cima da mesa. Tinha fundas rachaduras.

Alguma coisa se mexia dentro dele, fazia um barulhinho engraçado.

Todos puxaram as cadeiras para junto da mesa e observaram com a respiração presa.

De repente ouviram um som arranhado e o ovo se abriu. O dragão-bebê caiu molemente em cima da mesa. Não era exatamente bonito, parecia um guarda-chuva preto amassado. As asas espinhosas eram enormes em contraste como corpo preto e magro, tinha um focinho longo com narinas largas, tocos de chifres e olhos esbugalhados cor de laranja. Espirrou. Voaram fagulhas do seu focinho.

Ele não é lindo?— murmurou Hagrid. Esticou a mão para afagar a cabeça do dragão. O bicho tentou morder seus dedos, deixando à mostra presas pontiagudas.

— Deus o abençoe, olhe, ele conhece a mamãe!— exclamou Hagrid.

Rúbeo— perguntou Hermione —, exatamente com que rapidez um dragão norueguês cresce?

Hagrid ia responder quando a cor subitamente desapareceu do seu rosto, ele deu um salto e correu à janela.

Que foi?

— Alguém estava espiando pela fresta nas cortinas, um garoto estava correndo de volta para a escola.

Harry se precipitou para a porta e espiou para fora. Mesmo a distância não havia como se enganar. Malfoy vira o dragão.

Alguma coisa no sorriso que rondou a cara de Malfoy durante a semana seguinte os deixaram muito nervosos. Passaram a maior parte do tempo livre na cabana sombria de Hagrid, tentando argumentar com ele.

Deixe o dragão ir embora— insistia Harry

Solte-o, talvez ele ache outro dragão. - concordou Cali

Não posso— disse Hagrid. — Ele é muito pequeno. Morreria.

Eles olharam para o dragão. Aumentara três vezes de comprimento em uma semana. A fumaça não parava de sair de suas narinas. Hagrid não estava cumprindo suas tarefas de guarda-caça porque o dragão o mantinha muito ocupado. Havia garrafas vazias de conhaque e penas de galinha por todo o chão.

— Decidi chamá-lo de Norberto— anunciou Hagrid, olhando para o dragão com olhos sonhadores. — Ele realmente sabe quem eu sou, olhem. Norberto! Norberto! Onde está a mamãe?

Mamãe— ciciou Cali rindo junto de Hermione

Ele pirou— cochichou Rony

— Rúbeo— disse Harry em voz alta —, dê mais quinze dias e Norberto vai ficar do tamanho de sua casa. Malfoy pode procurar Dumbledore a qualquer momento.

Hagrid mordeu o lábio.

Eu... Eu sei que não vou poder ficar com ele para sempre, mas também não posso largá-lo assim, não posso.

Harry de repente virou-se para Rony.

Carlinhos— falou.

Você também— respondeu Rony. — Eu sou Rony, está lembrado?

— Não, Carlinhos... Seu irmão, Carlinhos. Na Romênia. Estudando dragões. Poderíamos mandar Norberto para ele. Carlinhos pode cuidar dele e depois devolvê-lo à floresta!

Brilhante!— exclamou Rony. — Que é que você acha Rúbeo?

E no fim, Hagrid concordou que podiam mandar uma coruja a Carlinhos para consultá-lo.

A semana seguinte se arrastou. A noite de quarta-feira encontrou Cali e Harry sentados na sala comunal conversando enquanto Hermione foleava um livro próxima a lareira, muito depois de todos terem ido se deitar. O relógio na parede acabara de bater meia-noite quando o buraco do retrato se abriu de repente. Rony se materializou ao tirar a capa da invisibilidade de Harry. Estivera na cabana de Hagrid, ajudando a alimentar Norberto, agora comendo caixotes de ratos mortos.

Ele me mordeu!— disse ele mostrando a mão, que trazia enrolada em um lenço ensanguentado. — Não vou conseguir segurar a pena de escrever durante uma semana. Vou lhe contar, aquele dragão é o bicho mais horrível que conheci, mas quem ouve Rúbeo falar pensa que ele é um coelhinho fofo. Quando o dragão me mordeu, ele ralhou comigo por tê-lo assustado. E quando sai, estava cantando uma canção de ninar.

Ouviu-se uma batida na janela escura.

É a Edwiges!— disse Harry, correndo para deixá-la entrar — Deve estar trazendo a resposta de Carlinhos!

Juntaram as cabeças para ler o bilhete.

Caro Rony, Como vai? Obrigado pela carta, terei prazer em cuidar do dragão norueguês, mas não será fácil mandá-lo para mim. Acho que o melhor será mandá-lo por alguns amigos que estão vindo me visitar na próxima semana. O problema é que eles não podem ser vistos carregando um dragão ilegal. Você poderia levar o dragão para a torre mais alta à meia-noite de sábado? Eles podem se encontrar com você lá e levá-lo enquanto ainda está escuro. Mande-me uma resposta o mais breve possível.

Afetuosamente,

Carlinhos.

 

Eles se entreolharam.

Temos a capa da invisibilidade— disse Harry

— Não deve ser muito difícil. Acho que a capa é bastante grande para nos cobrir e a Noberto. – disse Cali

O fato de Rony e Hermione concordarem indicava como a semana fora ruim, Qualquer coisa para se livrarem de Norberto e de Malfoy.

Mas houve um imprevisto. Na manhã seguinte, a mordida do dragão fizera a mão de Rony inchar, ficando duas vezes o seu tamanho normal. Ele não sabia se era seguro procurar Madame Pomfrey, será que ela reconheceria uma mordida de dragão? À tarde, porém, não houve mais jeito. O corte adquirira uma feia cor verde. Dava a impressão de que as presas de Norberto eram venenosas. Correram para a ala do hospital no fim do dia e encontraram Rony acamado numa situação horrível.

Não é só a minha mão— cochichou ele — embora ela pareça que vai cair. Malfoy disse à Madame Pomfrey que queria pedir emprestado um livro meu, para poder vir dar uma boa gargalhada. Ficou ameaçando contar a ela o que realmente me mordera. Eu disse que foi um cachorro, mas acho que ela não está acreditando.

— Acha mesmo que ele está agindo assim por que você bateu nele aquele dia do jogo de quadribol - disse Cali

— Eu não sou Harry - disse ele chateado

Como disse?— perguntou Cali sem entender

Está adivinhando meus pensamentos assim como faz com o Harry - apesar de estar brincando Rony estava sério.

Cali riu junto de Harry estava visivelmente sem jeito, Hermione desconversou

Tudo vai terminar à meia-noite de sábado— disse ela, mas isso não acalmou Rony nem um pouquinho. Pelo contrário, ele se sentou muito empertigado e desatou a suar.

Meia-noite de sábado!— disse com a voz rouca — Ah, não... Ah, não... Acabei de me lembrar, a carta de Carlinhos estava no livro que Malfoy levou, ele vai saber que vamos nos livrar de Norberto.

Ninguém teve nem chance de responder. Madame Pomfrey apareceu naquele instante e fez os saírem, dizendo que Rony precisava dormir.

— Agora é tarde demais para mudarmos de plano. Não temos mais tempo para mandar outra coruja a Carlinhos e essa pode ser a nossa única oportunidade de nos livrarmos de Norberto. Teremos de arriscar. E temos a capa da invisibilidade, Malfoy não sabe disso. - disse Harry para as garotas ao saírem da ala hospitalar

Eles encontraram Canino, o cão de caçar javalis, sentado do lado de fora da cabana com a cauda enfaixada, quando foram contar a Hagrid, que abriu a janela para falar com eles.

Não vou deixar vocês entrarem— ofegou. — Norberto está passando uma fase difícil, nada que eu não possa cuidar sozinho.

Quando lhe contaram sobre a carta de Carlinhos, seus olhos se encheram de lágrimas, embora isso talvez fosse porque Norberto acabara de mordê-lo na perna.

Aai! Tudo bem, ele só mordeu minha bota. Está brincando, afinal é um bebezinho.

O bebê bateu com o rabo na parede, fazendo as janelas estremecerem. Os garotos voltaram para o castelo achando que o sábado talvez não chegasse bastante rápido.

Eles teriam sentido pena de Hagrid quando chegou a hora de dizer adeus a Norberto, se não estivessem tão preocupados com o que tinham de fazer. Era uma noite muito escura e anuviada e se atrasaram um pouco para chegar à cabana de Hagrid porque precisaram esperar Pirraça desimpedir o caminho para o saguão de Entrada, onde estivera jogando tênis contra a parede.

Hagrid aprontara Norberto embalando-o num grande caixote.

Pus muitos ratos e um pouco de conhaque para a viagem— disse Hagrid com a voz abafada. — E embalei junto o ursinho de pelúcia para o caso de ele se sentir solitário.

De dentro do caixote vinha um ruído de pano rasgado que pareceu ser o dragão arrancando a cabeça do ursinho.

Até a vista, Norberto!— soluçou Hagrid, quando os garotos cobriram o caixote com a capa da invisibilidade e entraram debaixo dela. — Mamãe nunca vai esquecer você!

Como foi que conseguiu levar o caixote de volta ao castelo, eles nunca souberam. Aproximava-se a meia-noite e eles subiram com Norberto pela escadaria do saguão de entrada e pelos corredores escuros. Mais uma escada, mais outra, nem mesmo um dos atalhos de Harry facilitou muito o transporte apenas os atrapalhou fazendo Hermione pisar no pé de Cali duas vezes, Cali pensava durante o caminho ser muito baixinha agora tinha uma vantagem, era bem menor do que Harry e Hermione nem ocupava muito espaço embaixo da capa.

Estamos quase lá!— Harry ofegou quando chegaram ao corredor sob a torre mais alta.

Então um movimento brusco à frente deles quase fez com que deixassem cair o caixote. Esquecendo que já estavam invisíveis, encolheram-se nas sombras, espiando os contornos escuros de duas pessoas que se debatiam a uns três metros. Uma lâmpada se acendeu.

A Professora Minerva, num robe de lã escocesa e rede no cabelo, segurava Malfoy pela orelha.

Está detido— gritou. — E são vinte pontos a menos para Sonserina. Perambulando no meio da noite, como você se atreve...

— A senhora não compreende, professora, Harry Potter está vindo aí, vem trazendo um dragão.

— Que absurdo! Como você se atreve a contar tais mentiras! Vamos, vou conversar com o Professor Snape sobre você, Malfoy!

A íngreme escada em espiral até o alto da torre pareceu a coisa mais fácil do mundo depois disto. Somente quando saíram para o ar frio da noite foi que se livraram da capa da invisibilidade, felizes de poderem respirar direito outra vez. Hermione dançou uma espécie de jiga escocesa.

Malfoy vai ficar detido! Eu seria capaz de cantar. 

— Por favor não faça isso - aconselhou Cali

Rindo de Malfoy, eles esperaram, enquanto Norberto se debatia dentro do caixote. Passados uns dez minutos, quatro vassouras surgiram da escuridão mergulhando em direção à torre.

Os amigos de Carlinhos formavam um grupo animado.

Mostraram os arreios que tinham trazido de modo a poder suspender Norberto entre eles. Todos ajudaram a prender Norberto muito bem nos arreios e então os garotos apertaram as mãos de todos e lhes agradeceram muito.

Finamente Norberto estava indo... Indo... E finalmente se foi. Eles desceram a escada espiral sem fazer barulho, os corações leves como as mãos, agora que Norberto fora tirado delas. Nada de dragão, Malfoy detido, o que poderia estragar essa felicidade?

A resposta à sua pergunta estava esperando ao pé da escada. Quando chegaram ao corredor, a cara de Filch assombrou-os, emergindo da escuridão.

Ora, ora, ora— sussurrou —, estão encrencados.

Tinham deixado a capa da invisibilidade no alto da torre.


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