Zoe infiltrou-se no castelo naquele mesmo dia, entregando o ouro para Merion que devolveu o mesmo ao cofre enquanto estava limpando. Se ela dissesse que não se sentiu tentada a roubar o tesouro estaria mentindo, mas ela própria conhecia seu lar, da necessidade que seu povo passava. Fez o que era certo, por mais que não fosse o que faria normalmente. 

Atena e Frederick chegaram algumas horas depois, recebendo uma notícia boa e outra ruim. A rainha, fria como era, não esboçou reações com o desaparecimento da filha, mas após a notícia que o ouro havia sido restaurado, ela quase soltou um suspiro em alívio. 

Frederick por outro lado, quase entrou em uma depressão. Passava seus dias na cama, visitava o quarto da filha soturnamente e não parava de encarar o horizonte, imaginando que aventuras sua filha estava vivendo. 

Atena morreu alguns anos seguintes. Ela era até nova para a idade de seu óbito, mas os litros de whiskey que bebia por dia não a enganavam da vida curta que levaria. Após seu falecimento, o Norte conheceu o governo piedoso e sereno de Frederick, que devia estar no trono a tempos. Ele fazia caridades, abria o castelo para a classe mais baixa e era visionário com o comércio do reino. 

Ele não quis outra esposa ou filha, apenas seguia seus dias com tranquilidade, sabendo que seu dia também chegaria e que reencontraria sua esposa, que apesar de ser uma pedra na maioria do tempo, colecionava bons momentos com o homem, principalmente antes do crescimento de Annabeth. 

Lembrando-se da princesa perdida, Frederick mandava algumas cartas para Tortuga, cartas que os piratas não abriam, por medo do conteúdo marcado pelo selo real. Consequentemente, ela também não abria, por quase nunca estar em terra firme ou por não querer retornar ao domínio de sua mãe, que tanto a fez sofrer. Mas um dia, após a notícia da morte da rainha se espalhar pela ilha pirata, ela abriu as cartas. 

Registros de todo amor, saudade e carinho que seu pai sentia, convites para voltar ao palácio, promessas de não interromper sua liberdade e um pedido sincero, que ela assumisse o trono. Annabeth era filha única, após seu irmão ser morto por piratas, enquanto ela ainda era criança, e fazer sua mãe ter nojo por toda uma raça, pelo erro de apenas um. 

A loira conversou com Percy, e juntos, eles decidiram voltar ao lar dela, e lá, passaram algum tempo em terra firme, matando a saudade de seu pai e aprendendo a forma certa de governar, sem deixar que a desigualdade comandasse o continente e a ser uma rainha amada, não temida como sua mãe. 

Jackson demorou tempos para se habituar a vida de lorde, mas não tanto quanto a princesa acharia que fosse. Ele ainda tinha o jeito rebelde e debochado que Annie amava, mas não sem ser educado e divertido com os funcionários do palácio. Ele conquistava o coração de todos, apenas com algumas piadas ruins e suas histórias inacreditáveis. Até mesmo Frederick simpatizou com o rapaz. 

Annabeth e Percy voltaram ao mar, e alguns anos depois, o rei também morreu. A medicina da época não tinha a tecnologia para saber a causa do óbito, mas as tosses secas e constantes denunciavam a tuberculose. Depois da notícia, veio a decisão. 

A princesa conversou com o pirata, informou que voltaria para o Norte, e que agora para ficar. Citou todas as aventuras que passaram juntos no decorrer da década, sentiu saudades, mas seu povo era sua prioridade agora. Ele disse que pra onde ela fosse, ele a seguiria. 

E assim foi o governo de Annabeth Chase Jackson, com misericórdia e equilíbrio, como seu pai havia a instruído. Se casamento com Percy não demorou muito, com o tempo que passaram juntos, eles já se consideravam casados, mas as formalidades da realeza exigiam que a cerimônia ocorresse, e assim fizeram. O casal chamou Thalia e Luke para a vida tranquila no palácio, e assim aceitaram de bom grado.  

Alguns meses depois nasceu Jace Jackson, o filho único do casal, que veio em momento de prosperidade do reino. Com cabelos negros em cachos e olhos cinza tempestade, o garoto foi educado e ensinado a ser um bom príncipe e um ótimo aventureiro. Annabeth nunca foi rude com ele e os dois tinham uma relação maravilhosa, relação essa que ela gostaria de ter tido com sua mãe. 

Percy, que se tornou Capitão da Marinha Nortenha, ensinou o filho a navegar, a sentir o poder e a conexão do mar. Contou a ele suas histórias e as lendas do grande "deus" dos mares, Poseidon. Levava o filho em algumas poucas aventuras, apresentou o garoto aos amigos no bar de Baco, em Tortuga, e o levou às Caraíbas, para comer a melhor carne de tartaruga dos sete mares. 

Com toda a liberdade e responsabilidade, Jace cresceu sabendo sua futura posição como rei, e nunca questionou ou desgostou da ideia, apenas seguia alguns dias estudando com sua mãe, e outros se metendo em encrencas com seu pai.  

Percy e Annabeth também seguiam seus dias em harmonia, observando seu filho crescer, juntamente com seu amor. A presença de Thalia e Luke ajudavam a manter as coisas no lugar e as lembranças mais vivas ainda. Luke ajudava nas finanças, assim como Frederick, e Thalia cuidava da segurança marítima do reino juntamente com seu irmão, o casal também tivera a pequena Haley, que veio quase na mesma época que Jace, mas alguns meses mais nova.

Haley e Jace eram os melhores amigos do mundo, e querendo ou não, sempre que os observavam, Thalia e Percy lembravam-se deles próprios, criados na província sulista, com pouca comida e muitos sonhos. Dar aos filhos uma boa condição era um plano a longuíssimo prazo para os piratas, eles definitivamente não esperavam tantas conquistas em um espaço tão curto de tempo. 

Tudo graças a uma princesa metida e corajosa que queria lutar sozinha contra três piratas em uma masmorra suja há décadas atrás.