Sea You escrita por Bird


Capítulo 10
Não posso fazer nada cara, a última palavra é dela


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, eu odeio o terceiro ano mas amo vcs
Espero que gostem



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Fazia tempos que Thalia não se sentia tão relaxada como agora, escutando a respiração do loiro enquanto ele dormia, o cheiro da cerveja e do vinho que beberam ontem e as despreocupações de todas as tarefas que ela não lembrava ter. Poderia passar o dia todo ali com ele. 

Lembrou da noite passada, quando ainda estava tonta e soltando declarações secretas para ele debaixo dos lençóis. Sentiu um pouco de vergonha de suas ações e suas bochechas até esquentaram um pouco, mas logo deixou qualquer insegurança de lado. Ela não mentiu em nenhuma declaração. 

Ela sentou-se, observando Luke com sua respiração suave e o semblante tranquilo. Ouviu o sino no convés, se sentindo tentada a somente fingir não ter escutado e voltar a descansar a cabeça no peito do príncipe. Ela levantou. 

— Volta pra cama. — Ouviu o pedido sonolento dele e sorriu. 

— Já estão nos chamando... — Thalia sentou no colchão e Luke trouxe seu corpo mais para perto.  

Ele apenas suspirou, ainda de olhos fechados, com o corpo naturalmente voltando a entrelaçar-se com o da pirata.  

— Em uma escala de zero a dez. — O loiro disse. — Quanto precisamos levantar? 

Ela pensou. 

— Oito. 

— Oito é uma nota muito alta. 

— Por isso precisamos levantar. — A pirata disse. — Seleção de tripulação, reparo do navio... Eu gostaria de parar tudo as vezes. 

Luke abriu os olhos azuis, encarando a morena. 

— Como assim? — Perguntou ignorando o sino que tocava mais uma vez, enquanto fazia desenhos com seu dedo na bochecha dela. 

— Não é nada. — Ela sorriu. — Vamos? 

Thalia adorava sua máscara habitual de invulnerabilidade, Luke sabia. Então decidiu apenas deixar o assunto de lado e não perguntar mais nada. Ele concordou, levantando-se e vestindo-se. A pirata fez o mesmo, se aproximando dele depois, para um último beijo antes de saírem dos aposentos. 

A tripulação estava bem ocupada, carregando materiais, ferramentas e suprimentos. O príncipe não esperou ninguém o chamar para descer e ajudar Beckendorf a carregar tábuas de madeira, se despedindo de Thalia com um sorriso caloroso. 

Luke sempre foi altruísta, a pirata pensou. Se oferendo e pondo a vida em risco quando houve a invasão no castelo nortenho, deixando a realeza de lado não apenas para acompanhá-la, mas também para mergulhar em seu mundo, adotando seu estilo de vida, apoiando não só a ela, mas todos a sua volta. Bravura demais para qualquer um. 

Os olhos azuis da morena rolaram o convés em busca de Percy, e o encontrou no píer, encarando uma fila indiana de homens, selecionando os loucos que os acompanhariam na pirataria. Também viu Annabeth, que as vezes observava a cena, enquanto ajudava Travis a limpar as redes e guardar suprimentos. Thalia pensou em Atena, ao encarar Annie. As semelhanças entre elas eram nítidas.  

Os mesmos olhos cinzas tempestade, a mesma teimosia e inteligência. Atena portava também mais maldade e desejo de vingança. Quando soube do boato que seu filho Malcolm havia morrido pelas mãos de Poseidon durante uma expedição, não tardou em arquitetar uma estratégia para a armadilha mortal, que tirou Poseidon dos mares e o matou em terra firme, deixando o navio e a tripulação boiarem em luto e sem rumo pelos mares sulistas, para notificar Sally, a mãe de Percy e a mulher que criou Thalia, que seu marido havia sido morto pela coroa nortenha. 

Percy e Thalia tinham cerca de quinze anos, e diferente de Annabeth, também possuíam o mesmo espírito vingativo de Atena. Quando completaram idade o suficiente, fugiram da capital sulista clandestinamente até Tortuga para encontrar a antiga tripulação e retomar os negócios do pai, no saque de navios nortenhos, em busca de suprimentos e ouro. Começaram também os planos para tirar de Atena o que ela tirou deles, seu pai. 

Não foi nada fácil. Apenas dois anos depois eles conseguiram se infiltrar no castelo por meio de Thalia, que abandou sua vida na pirataria por um tempo, até se ter a mínima oportunidade para envenenar o café da manhã do Rei Zeus, que levou à onda de luto e tristeza que o continente sofreu após a notícia.  

Grace fugiu do castelo real após sua missão e embarcou em um navio de carga, que foi saqueado pelos piratas e a resgataram. Mas claro, Percy não iria matar o rosto da capital nortenha sem declarar aos quatro ventos que foi em vingança a Poseidon. Depois de ver Zeus cair de joelhos aos seus pés, Thalia calmamente se abaixou até o homem, e prendeu em seu terno um broche com um tridente, símbolo da bandeira pirata deles. 

Thalia acordou de suas memórias e voltou a observar a seleção da tripulação, focando seus olhos nos homens desesperados, que os acompanhariam na nova e desorganizada missão de matar Atena, se é que fossem seguir com a ideia, a pirata pensou. Percy e Annabeth estavam muito próximos, e sabia que não ficaria tudo simplesmente bem se seus novos amigos matassem sua mãe. 

— O mestre e o oficial armeiro, um quinhão e meio e demais oficiais, um quinhão e um quarto. — Percy explicava a repartição do ouro, e os olhos brilhavam acompanhando o moreno, enquanto eu me aproximava mais para escutar e assistir. 

Quando me coloquei ao lado de Percy, ele me deu um sorriso caloroso. 

— Gostaria de apresentá-los minha irmã e capitã do navio, Thalia Grace. — Eu os cumprimentei com a cabeça. 

— Uma mulher capitã? — Disse baixinho um deles. — Não quero servir uma mulher, achei que você fosse o capitão. 

Jackson encarou o homem, contrariado e sem saber o que falar, mas Thalia já estava acostumada com aquele tipo de tratamento. 

— Eu e meu irmão herdamos o navio de nosso pai juntos, e o comandamos juntos. — Disse a pirata. — Se não me acha digna dos seus serviços só por ser mulher, aceite meu convite para um duelo de espadas. 

O sorriso no rosto dela era sacana demais e todos que observavam a cena de longe, principalmente Luke, sabiam que ela aprontava fazer o homem pagar pela ignorância. Ele olhou para Percy, esperando o pirata intervir. 

— O que foi? Não posso fazer nada cara, a última palavra foi dela. — Jackson sorriu. 


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Notas finais do capítulo

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