Descendants escrita por Usagi Kuro


Capítulo 3
Voltei.


Notas iniciais do capítulo

Demoreeiiii, mas trago uma boa noticia, acho que vou definir um dia para as postagens! Provavelmente será quinta ou sexta, mas de vez em quando, talvez eu poste alguns capítulos fora do cronograma.

De qualquer jeito, boa leitura!



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" Voltei "

Naruto se engasgou ao ler a mensagem, bateu no próprio peito e riu levemente com os olhos azuis arregalados. 

— Isso tudo por que eu contei pra ela? Uou, acho que deveria ter feito isso antes... - murmurou deixando o celular de lado e voltando a comer o macarrão instantâneo.  Ele viu Sakura se mexer no sofá e resmungar se sentando, assoprou o hashi atento a ela. 

— Estou ficando cansada de acordar hoje. 

— Não se preocupe, você só vai acordar amanhã agora... já são meia-noite e quarenta. - disse verificando a hora no relógio de pulso - Você dorme demais.

 - Oh caralho. - ela coçou a cabeça, sonolenta antes de encara-lo assustada - Que horas são?!

— Exatamente meia-noite e quarenta e um.

— Que merda. 

Sakura se levantou indo apressada até o corredor dos quartos. 

— Onde tá o meu celular? - gritou. 

— Eu lembro de você tê-lo colocado dentro do bolso do casaco. - Naruto murmurou com a boca cheia da comida. 

Ela saiu de dentro do corredor indo até ele, confusa. 

— Você colocou ele dentro do bolso do casaco! - disse em um tom elevado, fazendo-a grunhir. 

— Puta merda! 

— O que ouve? - ele perguntou sugando o macarrão - Você parece irritada. 

— Onde diabos nós estamos?! Qual o endereço daqui? - ela questionou olhando-o com as íris verdes atentas. 

— Em um lugar próximo do centro da cidade. 

— Ótimo. - disse indo até o cabide próximo a porta e pegando o sobretudo alaranjado do amigo e jogou sobre o antebraço - Me empreste por um tempo... 

— Sakura. 

— Naruto eu preciso ir agora, estou atrasada. 

— Sakura. 

— Conversamos depois. - pegou as botinas perto do sofá. 

— Sakura. - chamou-a, calmo. 

— O que foi? - ela o olhou por cima do ombro, já com a mão no trinco da porta. 

— Eu já avisei no seu trabalho que ocorreu uma emergência e que você não poderá ir. - ele cantarolou se levantando, jogou a embalagem vazia no lixo e colocou os hashis de metal na pia. 

— O que? - ela se virou, o encarando confusa - Você fez... o que? 

Naruto passou a linguá pelos lábios, molhando-os e e olhou, suspirando. 

— Você não vai trabalhar hoje, e imagino que amanhã também não, talvez devesse fazer o pedido das férias. 

Sakura desviou o olhar para o chão, deixou os sapatos caírem na madeira lisa, juntamente dos ombros, ela largou o sobretudo laranja sobre o braço do sofá e o olhou novamente. 

— Você não pode estar falando sério. 

— Claro que eu estou, Sakura, agora você vai descobrir o segundo mundo onde, eu e Sasuke, te privamos esse tempo todo. - Naruto cruzou os braços, e a observou sentar no sofá enquanto respirava fundo, parecendo alheia ao que ele falava - Sakura? 

— Você, ele, e todo o resto... não podem, simplesmente aparecer e mudar toda a minha vida assim. - ela murmurou pondo o rosto entre as mãos e apoiando os cotovelos nas pernas. 

Naruto relaxou a postura e se voltou a cozinha novamente, começando a preparar aquela bebida tão conhecida para aqueles momentos. E enquanto ele não terminou e colocou-a sobre a mesa, Sakura não disse mais nada. 

— Venha, eu preparei um chá para você. - ele acenou chamando-a, se sentou na mesma cadeira de antes e apoiou o queixo sobre a palma da mão, observando-a se levantar silenciosa, se sentar na cadeira a sua frente e pagar a xícara - No que tanto esteve pensando? 

— Em como resolver meus problemas. - ela murmurou bebendo o liquido quente e esverdeado. 

— E qual são eles? 

— Você... - Sakura encarou o chá girar enquanto movia a xícara levemente, observando o reflexo do verde, dos próprios olhos. Naruto arfou sentindo o peito apertar - Ele... - ele moveu as mãos alisando o rosto - E talvez... eu mesma. 

— O que quer dizer? 

— Na verdade, a culpa não é de vocês, desculpe. - ela o ignorou, ainda concentrada na bebida - É minha, esse tempo todo, tudo o que eu fiz foi fugir. - refletiu. 

— Isso não é verdade, antes, sempre que algo acontecia, você nós ajudava assim como aos outros também. 

— Esse era o meu modo de fuga. - ela retrucou - Eu só estava fazendo o que todos esperavam que eu fizesse. 

— Não, não é assim, você só está vendo as coisas como você quer de novo. 

— Dessa vez, você concorda com o que, você mesmo, acabou de falar? - ela ergueu as íris verdes, sem brilho, na direção dele. Naruto engoliu em seco hipnotizado e angustiado com aquilo. 

— Claro que sim. 

— Será mesmo? Eu tenho a impressão que não, uma pessoa sabiá costumava me dizer que, quando sentimos ou parecemos perceber algo, provavelmente é a verdade. 

 - Isso não é o que eu sinto. - ele apertou o peito, sobre o tecido da blusa, atônito. 

— Você ainda não entendeu o que eu quero dizer não é? Isso não é sobre você, é sobre mim e como eu vejo o que fiz durante todo esse tempo. - ela bebericou novamente o chá, enquanto falava calmamente. 

— Você se tornou uma médica e pelo o que eu sei, as pessoas no hospital te respeitam. 

— Meus pais dessa época, queriam que eu fosse médica, alguém importante e com capacidade para se sustentar sozinha quando eles partissem. E essas pessoas, bom, elas só colocam as esperanças em qualquer um quando estão desesperadas parem serem salvas. 

— Sakura, o que está acontecendo? - ele se inclinou, erguendo o queixo dela, para olha-la nos olhos diretamente. 

— Dessa vez, eu não vou fugir. 

— Então você quer saber o que está acontecendo? 

— Não, não é isso. - ela terminou a bebida ainda com a cabeça erguida e o encarou.

— Sakura? 

— Você vai me dar o tempo que for preciso. Vou pensar se realmente quero saber disso tudo, ou se, mais uma vez, eu só serei influenciada por vocês e fugirei do meu próprio modo de ser. - ela se levantou e seguiu para a porta, pegou as botinas e saiu, deixando Naruto e sua antiga Sakura, para trás, sentados na mesa. 

<***>

As crianças passaram correndo, brincando pelos corredores nas roupas de hospital, fazendo Sakura desviar da bagunça, e sorrir em um erguer de lábios, observando-as, mesmo uma delas sendo deficiente as outras seguiam empurrando a pequena cadeira de rodas, animadas. 

Ajeitou o rabo de cavalo baixo que começava a ficar frouxo, colocou as mãos nos bolsos do jaleco e adentrou a porta de correr, aberta. A sala era bem iluminada, mostrando os tapetes conjuntos que cobriam metade do chão, as prateleiras repletas de brinquedos e livros, e as demais diversões infantis espalhadas pela sala. 

 Ela cumprimentou com a cabeça o casal sentados na mesa no canto, que sorriram reconhecendo-a, eles acenaram e voltaram a entreter os gêmeos de quatro anos. Sakura parou retirando as sapatilhas brancas antes de subir em cima do tapete e se inclinar, encontrando a pequena sentada, distraída com a boneca de pelúcia. 

Ela assobiou cantarolando a pequena cantiga, fazendo-a erguer a cabeça e olha-la com o sorriso banguela. 

— Tia Sakura! 

— Olá. - sentou no tapete - Está animada Chocho? 

— Siiim, hoje papai e mamãe viram me buscar e vou poder conhecer minha cassaaa. - a pequena cantarolou balançando as mãos.  

— Entendo. - Sakura pegou a outra boneca, e a sentou no chão - Quer sair logo daqui não é? 

— Nããoo é isso, eu gosto daqui, dos meus amigos e dos doutores, assim como de você tia Sakura. 

— Oh, sim? Também gosto de você Chocho. - a garota de olhos amarelados olhou-a surpresa, fazendo Sakura erguer uma das sobrancelhas - O que ouve? 

— Ali. - ela apontou a janela atrás dela. Sakura se virou encarando o ponto indicado, as íris verdes brilharam identificando o laser vermelho. 

Ela agarrou Chocho antes de se jogar para trás, para debaixo da janela, que se estilhaçou com o tiro. 

— Saiam todos daqui! Agora! - Sakura gritou. As crianças berraram assustadas enquanto os pais se apressavam juntamente das enfermeiras para tirar todos dali - Chocho, você lembra daquela brincadeira que o tio Shino ensinou da outra vez? 

A garotinha assentiu, agarrada á suas roupas. 

— Bom, então vamos lá. - Sakura a apertou mais contro o peito e ergueu a cabeça, encarando o espelho mais a frente, onde ela tinha acesso a visão da janela a cima - Quando eu te soltar, corra até encontrar alguém que conheça e até lá, não deixe ninguém pegar você, ok? Não volte ou olhe para trás. - notou o homem, no térreo do prédio vizinho, mirar novamente dentro da sala. 

— Certo tia. - Chocho murmurou apertando os olhos, choramingando.

— Não chore, tudo vai ficar bem. - alisou os cabelos alaranjados e se levantou rapidamente se escondendo na parede ao lado - Você se lembra não é? A tia Sakura é forte. 

Sakura agarrou com uma das mãos o móvel de livros e o levantou, enfiando-o no lugar da janela quebrada, tampando a visão do atirador. Respirou fundo e correu indo até a saída da sala, sendo seguida pelos tiros até o corredor. 

Ela olhou ao redor vendo o movimentação das pessoas crescer em uma grande confusão, enquanto elas corriam de todos os lados, sendo perseguidas por tiros dos próprios quartos e janelas do hospital. Ao longe avistou Choji, pai de Chocho, correr contra a multidão, Sakura se apressou indo até ele com a criança nos braços. 

Arfou vendo vários homens de terno negros, subirem as escadas armados. 

— Está na hora Chouchou, corra até o seu pai, não deixe ninguém pegar em você, para ganhar o jogo você não pode ser o bicho até todos cansarem, certo? - Sakura se abaixou pondo-a no chão, a olhou séria - Não olhe para trás, não volte, só vá e siga em frente. Vá conhecer a sua casa, saia desse hospital horrível junto da sua família, vá! - empurrou-a levemente nas costas, estimulando-a. 

Chouchou gritou com as lágrimas nos olhos antes de correr na direção do pai, que ao vê-la a alcançou rapidamente. 

Sakura reprimiu os lábios em uma linha, retirou o jaleco jogando-o no chão e soltou o longo cabelo rosa, que voou. Estralou os dedos e esguelhou os olhos verdes, irritada. 

— O que diabos está acontecendo? - questionou vendo o grupo de vinte e poucos se aproximarem. Ela agarrou o braço do primeiro, que tentou acerta-la um soco, posicionou os pés no chão antes de arremessa-lo, para frente, derrubando outros três. Deu uma rasteira num deles e pegou no cotovelo de outro, imobilizando-o nas costas - Quem enviou vocês? - ele se manteve calado, fazendo-a juntar cada vez mais o braço á cabeça dele - Eu fiz uma pergunta merda. 

Sakura bufou empurrando-o com o pé e se abaixou, desviando do chute que lhe acertaria nas costas. Esmurrou a perna do outro, que estralou manchando a calça do liquido vermelho. 

— Posso quebrar quantos ossos vocês quiserem. - ela estralou o dedos, fazendo uma careta - Depois eu conserto. - agarrou o pulso de um deles e o apertou, fazendo-o se contorcer com a mão torcida. Sakura se esticou olhando ao redor, uma grande quantidade de pacientes e funcionários já pareciam ter evacuado a área, mas não todos - Ok, vamos ter que se afastar um pouco dessa parte. 

Ela correu, apoiando o pé sobre a borda de uma das janelas, saltou voando rapidamente por cima deles. Piscou os olhos verdes sentindo as pernas ficarem tremulas e sorriu, olhando-os por cima do ombro. 

— Me peguem se forem capazes babacas. 

Dobrou o corredor com agilidade, adentrou a porta que dava para as escadas e se inclinou sobre o corrimão olhando para baixo. Avistou o último andar com dificuldade, por conta da distância de muitos metros, ouviu os passos em conjunto se aproximarem, fez uma careta antes de se jogar para o centro da longa escadaria. 

Em segundos pôde sentir o chão embaixo dos pés se rachar com o impacto, e seus pequenos saltos quebrarem, ergueu a cabeça olhando para cima, viu-os começar a descer a escadaria. Ela seguiu até a porta de metal, abrindo-a, e correu se escondendo entre os carros, despistando-os temporariamente. 

— Merda. - reclamou ao tossir e ver o sangue jorra levemente de sua boca - Acho que a queda foi demais. - ela se abaixou olhando por debaixo dos carros, logo a multidão de sapatos negros surgiu começando a procura-la pelo estacionamento. 

Sakura bufou antes de ficar em pé, em cima do teto do carro e assobiar, chamando a atenção deles.

— Tão lentos! 

— Ah vadia! - ela riu amarga ao ouvir um deles gritar e olhou na direção dele, irritada. 

— O que você disse? 

— Vadia! 

Ela torceu o nariz retirando o pequeno salto de um dos pés e arremessou nele, que caiu torto para trás, com as mãos no rosto. Sakura cruzou os braços bufando. 

— Essas malditas crianças... - resmungou ao vê-los se aproximar do carro. Ela chutou o queixo de um deles e pisou nos dedos do outro. Fez uma careta quando eles começaram a subir na estrutura do carro todos de uma vez - Vocês vão virar seus idiotas! 

Sakura paralisou no lugar ao sentir seus pés serem segurados, olhou para baixo, o homem com somente metade do corpo em cima do carro, lhe sorriu. Ela se preparou para se soltar, mas foi impedida pelo dardo acertado em seu pescoço, tirou ele verificando em seguida. 

Alcurônio? - se perguntou ao reconhecer a viscosidade e o cheiro do liquido - Vocês realmente estão tentando me matar não é cretinos?! - gritou irada - Estúpidos malditos, morram seus merdinhas! - esmurrou o rosto do que lhe segurava as pernas e saltou, voltando a correr pelo estacionamento. 

Sakura colocou a mão sobre a cabeça, aturdida e zonza. Parou de andar, ao sentir o próprio corpo começar a amolecer, arregalou os olhos ao ver o carro correr pelo lugar, em alta velocidade, agora em sua direção. Gritou quando seus músculos não a obedeceram. 

Os faróis pareciam mais fortes e cegantes, a cada metro mais próximo, ela deixou os braços fracos caírem ao redor do corpo e olhou ao redor, com a visão embaçada, calmamente. A iluminação amarelada do estacionamento parecia mais fraca do que de costume, até mesmo os faróis daquele carro tinham diminuído. Sakura arfou não sabendo o por que de estar ali, o por que de sentir vontade de correr, mas não conseguir. Suas pálpebras pesaram e ela observou o carro negro acelerar, já muito mais perto do que antes. Riu percebendo que, talvez ela realmente morresse dessa vez. 

O barulho dos pneus deslisando abruptamente soou alto pelo lugar oco, Sakura piscou os olhos, forçando as íris verdes dilatadas á analisar o que era aquilo negro em sua frente, soltou o ar pela boca reconhecendo os cabelos bagunçados de sempre. 

Ela tombou para o lado e foi amparada pelos braços deles, antes de chegar ao chão. 

— Estragou minha chance... de novo... - resmungou fraca. 

— Não morra antes de me dar as boas-vindas. 

— Tsc, nem sabia que estava aqui. - os olhos começaram a se fechar, lentamente.

— Então ouça, estou de volta.

 E a última coisa que ela viu, foram os olhos vermelhos. 


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Notas finais do capítulo

Iai?



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