Flowey:* Blue ... Blue acorda*

O menor segue a voz de Flowey na escuridão de sua própria mente e lentamente abre seus olhos, revelando uma flor muito preocupada com a cara quase colada com a sua.

Blue: *Flowey?*

Flowey: *suspiro*Blue, que bom que você finalmente acordou, fiquei tão preocupado. Pensei que você nunca mais fosse acordar.

Blue: O-O que aconteceu?

Flowey: Como que eu posso resumir?

O menor percebe que está em um quarto de péssimo estado, lotado até o teto com móveis e caixas velhas e que estava deitado em uma cama de ferro carcomido.

Blue: Onde a gente está?

Flowey: Infelizmente ainda estamos no Pink Palace, mas, por outro lado, aqui é o único lugar que o Outroirmão não consegue nos vigiar. Ele coloca as coisas que não precisa mais, neste quarto, mas também pode servir como um ótimo esconderijo.

Ao tentar se levantar da cama, Blue só conseguiu sentir sua cabeça pesar e uma "maravilhosa" tontura.

Flowey: Sugiro que não se esforce muito, você passou por uns maus tempos. Sem falar... no que ele fez com... você.

Blue se arrepia ao se lembrar do ocorrido com o Outroirmão. Se Flowey não o tivesse resgatado, provavelmente ele estaria em maus lençóis.

Blue: Tá tão ruim assim?

Flowey:...

Blue: Flowey... Por favor me responda...

Flowey:...* Suspiro*

Blue estava enxergando perfeitamente bem com seu olho esquerdo, mas ainda sentia que o botão continuava ali. E agora que pensava no assunto a dor latejante havia retornado, seguida de uma forte dor de cabeça. Sem aguentar mais a dor, Blue coloca sua mão em sua cabeça dolorida, mas, ao invés de sentir seus cabelos, ele sente algo duro e um pouco gelado em seu lugar.

Blue: F-Flowey!?

A planta se recusava a olhar nos olhos de Blue.

Ao recolher sua mão, Blue dá uma olhada nela e vê que agora ela era apenas ossos!?

Blue: AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!

O menor pula da cama assustado, só para perceber que seu corpo estava muito mais leve do que deveria e cair no chão sem conseguir se equilibrar. Blue tremia muito assustado olhando para as suas mãos incrédulo, tentando acreditar que aquilo não estava acontecendo.

Flowey: Se acalme ou você vai se machucar.

Blue: N-Não, não, não, não, não, não... M-Minhas mãos.

Flowey: Acho que você deveria se olhar no espelho, não foram apenas as suas mãos que mudaram. Você está um pouquinho... diferente agora.

Blue vê um espelho empoeirado encostado num canto da parede e se levanta tentando se manter de pé, dando pequenos passos desajeitados em direção a ele, só para concretizar ainda mais seus medos. Blue havia se tornado um esqueleto com seu olho esquerdo costurado e o direito era uma órbita vazia que era iluminada por uma pequena luzinha azul, que provavelmente deveria ser o seu outro olho, tinha sangue seco em baixo de seu olho de botão e um eterno sorriso em seu rosto, que por mais que tentasse não conseguia desmanchar.

Blue: Isso não é possível, não é real...

Flowey: Lamento dizer, que é bem real sim...

Blue: *choro* por favor, ME DIZ QUE TÊM UMA MANEIRA DE EU VOLTAR AO NORMAL!!!

Blue coloca a mão ossuda no espelho e vê a luzinha de sua órbita acender e apagar rapidamente toda vez que piscava, para tentar conter as lágrimas que saíam de seu único "olho", só que ele não tinha mais pálpebras e falhava miseravelmente.

Flowey: Tem um jeito sim, que seria você recuperar a metade da sua alma que o Outroirmão roubou, mas... receio que não será possível.

Blue: Por que?

Flowey: Quando eu lutei contra ele, eu não vi que ele tinha conseguido fugir com a sua alma e vai ser bastante difícil recuperá-la agora.

Blue: O que vai acontecer com a parte que ele roubou?

Flowey: Ele vai se alimentar da DETERMINAÇÃO que está contida nela. E depois vai escondê-la, para você nunca mais conseguir encontrá-la.

Flowey se vira para Blue estendendo uma de suas folhas, com o mesmo gesto que Asgore havia feito a alguns dias atrás e o peito do menor brilha. Quando a alma tomou forma ela estava um pouco diferente desde a última vez que a viu, a parte da alma que ficou não tinha sofrido nenhuma alteração, mas no lugar da parte perdida tinha meia alma de um monstro, as duas almas não se encontravam flutuando a uma pequena distância uma da outra sem ousar se tocarem.

Flowey: Quando ele rouba uma alma, ela é substituída por uma alma monstra. E o Outroirmão as controla como se fossem fantoches.

Blue: Todos os Monstros já foram pessoas!?

A alma do menor se recolhe, mas ainda era visível brilhando de leve em baixo da blusa com estampa de ossos deixando algumas de suas costelas a mostra.

Flowey: Exato... São todos vítimas que se acumularam ao longo dos anos que se passaram. Mas elas praticamente deixaram de ter uma vida. Os Monstros de quem você se tornou "amigo" são os brinquedos favoritos do Outroirmão...

Blue: Todos eles estavam ajudando ele!?...mas eles também já foram pessoas, não gostariam de ficar presos aqui, ou gostariam?

Flowey: Vamos parar de chamar ele assim, o seu nome verdadeiro é Belo Cavalheiro. E eu acho que depois de tudo que você passou o mínimo que posso fazer é te explicar o que acontece aqui...

Blue se apoia em uma parede e se senta, prestando muita atenção em Flowey.

Flowey: Ele vigia as pessoas com vidas infelizes através dos olhos do boneco que vive em seu mundo, o Outroirmão altera a aparência daquela coisa, para que ela se pareça com a pessoa que ele quer capturar, mas com a aparência já pré definida do que vai acontecer se ele te pegar.

Flowey se referia ao Mini-Blue. O menor então nota que aquele boneco de pano vagabundo, se olhasse direito, realmente lembrava um pouco um esqueleto.

Flowey: O boneco tinha a função de mostrar a localização da porta, onde o Belo Cavalheiro preparava um mundo "perfeito" para enganar o visitante, geralmente são crianças, mas ele também já atraiu adultos pra cá. Os Monstros não tem noção de grande parte de suas ações, pois o Outroirmão os controla através das almas, para o ajudá-lo a completar seu objetivo.

Blue: Que horrível...

Flowey: Esses pobres coitados só tem controle sobre si mesmos, quando o Belo Cavalheiro consegue o que quer e comemora fazendo terríveis torturas, com seus "brinquedos" novos e velhos. Apenas os Monstros Chefes conseguem ter controle sobre sua consciência.

Blue: Asgore, Asriel e Toriel?

Flowey: *acena* Eles são os Monstros mais poderosos, depois do Outroirmão, é claro. Quando eu cheguei eu também achei que este mundo era perfeito. O Belo Cavalheiro tentou me convencer a me juntar a ele, mas Asriel me contou toda a verdade sobre este lugar. Ele e sua família, eram as vítimas mais recentes na época...

Blue: E Asriel pagou o preço por acabar com os planos do Outro... digo do Belo Cavalheiro.

Flowey: * acena*Segundo aquela aberração, era uma forma de garantir que certos "segredos" nunca mais fossem postos a mostra.

Blue: Por que ele pega as Almas da pessoas? Não faz muito sentido para mim.

Flowey: É o seu alimento. Este mundo está conectado ao Belo Cavalheiro e ele precisa de DETERMINAÇÃO para continuar sustentando este lugar, mas quando ele pega uma alma sua fome apenas aumenta. Eu tentei por muito tempo evitar que ele atraísse mais pessoas, tentei até mesmo te impedir, fui no seu mundo te vigiar, te pedi para não voltar, mas no fim das contas eu não consegui te impedir...

Blue: Por que eu não estou sendo controlado? Ele pegou uma parte da minha alma.

Flowey: Você só têm meia alma monstra, uma parte de você ainda é humano o que impede que ele te controle.

O menor então se lembra de uma coisa que ainda poderia lhe dar uma chance de escapar, a chave, a mesma chave que o fez entrar naquele inferno. Rapidamente Blue coloca sua mão dentro de seu lenço e tenta sentir o barbante... Mas ela tinha sumido.

Flowey percebe e fala

Flowey: Se está pensando em fugir com a aquela chave, boa sorte. Quando a chave cumpre seu papel, ela é mandada de volta pro seu mundo, você não vai conseguir sair daqui meu amigo, você está preso neste lugar, enquanto sua alma estiver por aqui.

Blue: Mas que coisa chata... (Blue tem 8 anos, não pode falar palavras feias).

Flowey: Eu sei, Blue...

Blue: ...Flowey... muito obrigado por me explicar tanta coisa, mas não irá adiantar de nada...

Flowey: O que, como assim?

Blue: Eu fui um idiota... Você tentou me explicar e me impedir desde o início.

Eu achava que você estava, apenas tentando me atrapalhar​. Você chegou a ir até mesmo atrás de mim no meu mundo para evitar que eu fizesse, *soluço* ,alguma estupidez e foi desse jeito que eu acabei.

Blue coloca a mão em seu lenço o apertando com força, tentando se acalmar.

Flowey: Não se culpe Blue, você não tinha como saber.

Blue: Agora estou preso aqui, e eu talvez, nunca mais consiga ver o Papyrus ou a Sra. Dreemur de novo... e mesmo que eu conseguisse voltar pro meu mundo, mesmo que por um instante, eles não iriam me reconhecer desse jeito.

O menor esconde seu rosto nos joelhos e chora baixinho.

Flowey: ORA VAMOS PARE DE CHORAR!!! ( Esse é o Flowey que conhecemos e amamos)

Blue: *choro* EU QUERO MEU IRMÃO!!! PAPYRUS, POR FAVOR, SOCORRO!!!

Flowey: *Shhh* Blue, o Belo Cavalheiro vai te ouvir.

As lágrimas escorriam no rostinho esquelético de Blue, seu enorme sorriso havia diminuído de tamanho, mas ainda era bastante perceptível, não conseguindo demonstrar com clareza o medo e a dor que ele sentia. Flowey usa suas raízes para se agarrar ao braço do esqueleto para tentar acalma-lo, já que não poderia abraça-lo, porque era pequeno demais pra isso.

De repente tudo ao redor deles começou a escurecer e desaparecer.

Flowey: Isso é mal sinal...

Blue: *soluço* O que está havendo?

Flowey: Ele está fraco...

Blue: O quê?

Flowey: Ele não tem forças o suficientes para se manter, por muito tempo.

Blue: A GENTE VAI MORRER!?

Flowey: Não... Mas você vai... dormir por um tempinho.

Blue: Dormir !? Por que?

As únicas coisas que se encontravam visíveis agora era a parede onde o menor de encostava e um pouco do chão ao redor deles.

Flowey: O Belo Cavalheiro está economizando energia para uma próxima vítima. A sua alma não foi o bastante para satisfazê-lo, então ele vai dormir enquanto espera, para poder se manter vivo. E este mundo vai se desmanchar por causa disso, mas não se preocupe você e os outros Monstros não irão morrer.

Blue: E quanto tempo vai levar até ele acordar?

Flowey: Até alguém com uma vida infeliz aparecer, e isso pode levar ANOS.

Blue engoliu em seco. Não queria perder um tempo precioso dormindo.

Blue: E quanto a você?

Flowey: Os poderes dele não me afetam. Eu vou ficar de vigia no seu mundo para ver se alguém que seja uma possível vítima aparece.

Blue começa a se sentir cansado e com o corpo pesado e apoia a cabeça na parede onde estava sentado.

Blue: Você... vai... me ...deixar... aqui, sozinho?

Flowey: É necessário, mas não se preocupe o Belo Cavalheiro não vai conseguir te prejudicar. Ele vai estar ocupado dormindo.

Os olhos de Blue ficam pesados.

Blue: Flowey... Por favor... Não... Eu não quero... ficar sozinho... Eu estou com muito medo.

A luz da órbita de Blue se apaga indicando que ele fechou os seus "olhos".

Flowey: *Lamento, espero que depois de tudo que você passou, você tenha bons sonhos. Me desculpe, até logo.*