The Night We Met escrita por Morena


Capítulo 2
Kiss kiss




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745048/chapter/2

 

 

Minha cara estava deplorável. Meu cabelo comprido e castanho era uma bagunça e minha maquiagem era uma arte de horror abstrata, tento melhorá-la, mas a bebida não me deixa ter muito foco nessa ação. Eu odeio ficar bêbada, o que dificilmente acontece já que sou forte para álcool, mas essa noite me fez desacreditar em muita coisa, então decidi quebrar minha regra, além disso, não me sentia totalmente embriagada, só um pouco soltinha.

Solta o bastante pra quase cair no colo de Rick no caminho de volta para o balcão. Ele parece bem alterado também, rindo alto da minha queda, já que bebeu bem mais que eu. Tento ignorar o fato de meu rosto estar quase colado ao seu ahn, quadril, me levantando rapidamente, o olhando com uma cara astuta.

— É 5am, o sol logo vai nascer. – Ele diz arrastado, olhando o relógio caro no pulso. Rick havia me contado que trabalhava com finanças em uma empresa em NY, o que eu disse parecer bem chato e ele concordou. – Você quer ver o amanhecer comigo? – No meio da noite sair com um desconhecido bêbada de um bar parecia mais um pedido de casamento.

— Você não vai me estuprar né? – Pergunto séria. Mas ele cai em uma gargalhada alta, fazendo suas covinhas na bochecha se destacarem.  Tinha medo de que poder sair com ele do bar fosse o mesmo que sair daquela realidade em que tínhamos entrado. Mais de duas horas bebendo e conversando com ele conseguiram me tirar completamente da realidade trágica que eu me encontrava.

— Juro que não tocarei um dedo em você sem seu consentimento. – Sem seu consentimento. Aquilo pareceu acender algo dentro de mim. Então ele realmente queria...tocar em mim?

Que eu queria tocá-lo desde que ele me ofereceu a primeira bebida era muito obvio, mas saber que era mútuo esquentou o meio das minhas pernas rapidamente.

— Ainda bem porque, eu sei que pela roupa eu posso parecer outra coisa, mas eu não sou tão vadia assim. – Digo me enrolando nas palavras, sorrindo ao fim junto com ele.

— Ufa! Que alívio! – Ele ironiza, pondo a mão no peito de forma dramática. Dou um tapa forte em seu braço, vendo o rosto dele ficar surpreso e gargalhando comigo. Sim, eu estava flertando. – Tem um campo aberto na outra quadra que tem uma vista incrível, vem. – Me chama, já pondo seu blazer de baixo do braço.

Respiro fundo dizendo pra mim mesma que nada de ruim aconteceria e que eu tinha spray de pimenta na bolsa, vendo ele por uma nota de cem sob o balcão para pagar a conta.

Não discuto, minha mãe sempre disse que presente não se nega, então sigo ele para fora do bar, agora mais vazio ainda, andando pela rua iluminada pelos primeiros raios de sol.

—Você não esta com frio? – Ele me pergunta, nem me dando tempo de responder antes de pôr seu blazer em meus ombros.

Perto assim de mim, eu percebi que ele era muito mais alto que eu, que, ainda de saltos 12cm batia na altura de seus olhos, agora olhando esfomeados para os meus lábios, provavelmente borrados de batom.

Me inclino em sua direção, apoiando meu corpo, pondo as mãos em seu peito, sentindo seus batimentos acelerados. E ali, em frente ao Joe’s Pub, eu beijo meu companheiro de bebida, sentindo o gosto do álcool nos lábios quentes. Ele enrola seus braços esguios na minha cintura, me puxando para mais perto e eu vou, de bom grado.

Aprofundamos o beijo, tocando minha língua na dele, sinto suas mãos tão fortes segurando meus cabelos e minha cintura que meu corpo inteiro esquenta só com um simples toque. Sua mão desce até meus quadris e ele me puxa para cima, nos deixando na mesma altura.

Quando o ar acaba ele me solta. Com o rosto sujo com meu batom vermelho ele me sorri envergonhado, uma feição que eu ainda não tinha visto em seu rosto.

Rick coça a nuca me olhando sem graça – Eu sei que disse que não tocaria em você mas... – Interrompo suas desculpas pondo meu indicador sob seus lábios.

Eu beijei você. – Para provar minhas palavras, grudo minha boca na sua novamente, agora com mais fome e desejo, para mostrar o quanto eu queria aquilo.

Quando enfim nos largamos, o sol já havia nascido e brilhava forte no céu, o que me fez devolver o blazer dele.

A realidade me bateu. Eu beijei um desconhecido horas depois de ter flagrado meu namorado me traindo. Um homem mais velho! Meu Deus me sentia tão ousada! Não consegui evitar de sorrir sozinha, Rick me olhou desconfiado.

— Porque está sorrindo?

— Eu beijei você! – Falo gargalhando.

— Duas vezes. – Ele gesticula “2” com a mão, segurando o riso.

— Duas vezes. – Repito sorrindo. – E eu nem te conheço. – Adiciono um pouco baixo.Ele ri e joga os braços sobre meus ombros, me dando um abraço de lado aconchegante.

— Espero que, o que quer que tenha te feito aparecer no Joe’s essa noite, eu tenha ajudado a melhorar, Lou. – Ele me olha com os cabelos brilhantes ao sol e eu coro com sua beleza. Aqueles olhos intensos que pareciam sugar qualquer pensamento lógico da minha cabeça. Eu diria sim para tudo que aquele olhar me pedisse.

— Sim, você não faz ideia do quanto. – Suspiro sincera. – Espero que eu tenha te ajudado a não pensar no motivo de você evitar a sua casa. Ele bate a mão na testa, exclamando alto:

— Aah, nem me lembre disso. Eu já devia ter voltado a muito tempo. – Ele cambaleia, quase me derrubando no chão no processo. – Tenho que pegar um táxi, quer uma carona? – Ele está completamente inclinado na minha direção, sorrindo sedutor. Eu tento manter o nível de provocação, mas é muito difícil.

— Você quer me levar pra casa? – Sussurro.

— Pra sua ou pra minha, o que você achar melhor. – Ele responde, mais perto ainda, terminando dando um beijo no meu nariz. Reviro os olhos, mas não consigo evitar de sorrir. Ajeito seu braço nos meus ombros, afastando ele.

— Eu topo...Dividir um táxi com você. – Ele suspira com falsa decepção.

— Ok, eu chamo pelo aplicativo.

O caminho todo para o meu bairro eu sentia que poderia dormir a qualquer instante se não fosse a mão de Rick na minha perna, como brasa marcando minha pele.

Permanecemos em silêncio até o carro parar em frente a minha casa. A dele ficava mais a frente, então eu descia primeiro. Era hora de me despedir e voltar a realidade, encarar toda a bagunça que minha vida tinha se tornado e que eu havia pausado para viver uma aventura com o homem a minha frente.

— Nos vemos em outra vida garota. – Ele diz com os olhos cansados e um sorriso...triste? Era assim que eu me sentia.

Ele se inclina, tocando seus lábios por um longo período aos meus, apertando a mão com mais força na minha coxa, como se não quisesse que eu fosse.

— Foi um prazer – Sussurro, já abrindo a porta, me retirando rapidamente do carro e correndo para a entrada da minha casa, a tempo de ver o táxi acelerar pela rua, levando minha paixão de uma noite consigo.

Minha mãe estava viajando a negócios e voltaria só amanhã, então não me incomodei em fazer barulho ao entrar em casa e me arrumar para mais um dia de aula.

Minha casa possuía uma arquitetura antiga, pertencendo a mais de cinco gerações a minha família, que outrora foi conhecida como uma das mais respeitadas da região. Título esse que criou a riqueza que até hoje eu e minha mãe usufruímos, mas em outras palavras, queria dizer que a casa era muito velha, tudo rangia e constantemente necessitava de concertos e reformas. Apesar de eu já ter implorado a minha mãe que nos mudássemos, ela mantém um respeito imenso pela historia da nossa família, insistindo que esse era nosso lar.

Meu quarto e de meu irmão eram as áreas mais modernas da casa, deixando de lado todo o estilo antigo que os outros cômodos recebiam. Ele era todo branco e cheio de pôsteres de meus filmes favoritos até onde os olhos alcançavam, incluindo um enorme e emoldurado de Psicose, que ficava sob a cabeceira da minha cama e que constantemente assustava Stephen quando passava a noite aqui.

Eu devia saber que um menino que não apreciava a beleza da arte do Hitchock não merecia nenhum lugar na minha vida, mas ah, aqueles olhos tão escuros me enganaram até o último instante.

Tomo um banho, tentando dar o tratamento necessário ao meu cabelo que precisava urgente de reparos, dentro da banheira, sentindo a água quente em meus músculos me acalmando pouco a pouco, tento dizer a mim mesma que o pior já passou, que eu não traí ninguém essa noite e, o mais importante que o encontro com Rick me proporcionou: eu merecia algo muito melhor do que recebia desde então.

Estar com um homem me tratando com devido respeito sem nem ao menos me conhecer, cuidar de mim e se interessar tanto, sem receber necessariamente nada em troca, enquanto durante todo meu relacionamento com Stephen ele só provou me considerar menos que nada, como sua traição prova.

Decidi ali, molhada e cansada, que nunca mais me deixaria enganar daquela forma tão tola por mais ninguém.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado XOXO



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Night We Met" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.