O problema de ser diferente está nos outros. Caíque descobriu isso cedo demais. Estava para completar cinco anos que não tinha um amigo homem, não pessoalmente e não porque não quisesse. Eles simplesmente haviam desaparecido depois de um rótulo que nunca mais sairia dele.

Seu primeiro melhor amigo da infância estava jogado em uma cadeira em sua frente. Tinha a boca escorrendo, e parte do sangue dela estava respingado nas costas de sua mão direita. Não havia se importado em entender completamente o que ele dizia antes disso:

— Caíque tá apaixonado pelo veadinho emo. — Devia ter sido algo do tipo.

Ele estava. Estava ridiculamente apaixonado pelo veadinho emo, mas também estava cansado dos dedos apontando seu nariz, das palavras que usavam para falar dele e do tom pejorativo que vinha junto com elas. Sim, estava apaixonado pelo veadinho emo e não via problema nisso. Nenhum problema até então, e o problema que havia surgido não era da conta de Danilo.

Agora havia dado a ele um verdadeiro problema com que se preocupar por alguns minutos. E teria sido incrível revidar assim depois de quatro anos se todo o resto não estivesse tão errado.