A verdade sobre Eles escrita por Jhulliaty


Capítulo 5
Capítulo 4 - Frestas de Trevas


Notas iniciais do capítulo

Ela é o florete de Deus



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O som da Chuva fazia os ossos tremerem e o Demônio se enfraquecer, o ambiente parecia exausto de todo o sangue espalhado pela grama alta.

Como se nada mais existisse ali, naquele momento, um Ser vindo de baixo estava em sua plena forma: Chifres longos, curvados e asas que pareciam de morcego, um Demônio ensanguentado e cansado, respirando forte em meio à chuva que caía.

O Demônio cuspiu sangue enquanto em seu rosto se formava um sorriso de escarnio.

— Então, é você que chamam de “Kyrie Eleison”? — limpou a bochecha com o pulso enquanto cuspia as palavras. — Faz quase jus ao título, mas não ache que irá se safar tão fácil.

O vulto negro diante do Demônio deu dois passos para frente, deixando a luz da lua bater na espada que possuía penas brancas.

— Rena — mal dava para ver a boca do ser se mexendo antes de, perto de suas mãos, duas asas de anjos se abrirem no cabo da lâmina.

— E é por isso que falam que você deve parecer o Deus em pessoa? — o demônio caçoava enquanto estendia suas asas para voar, ambas estavam cheias de riscos de cortes e sangravam. — Só podem estar brincando, você parece mais uma criança com medo, seu “Senhor, tende piedade”, não tinha nome melhor?

— Deus — Sussurrou, e depois avançou para o demônio, seus passos deixando fragmentos de luz por conta da espada —  Aperi occidendum alas.

O Demônio mostrava os dentes afiados e as garras nas mãos, desesperado pela sobrevivência enquanto a outra avançava para ele, mas sabia, como já ouvira dos outros: Aquela frase significava a perda da existência.

O ser parou a espada com as mãos antes dela alcançar seu peito, sangue escorria pela lâmina vinda do demônio, e aquilo parecia somente fazer ele perder mais forças. Girou, deixando a lâmina atravessar sua asa, e com as garras, tentar cortar fora o braço de Kyrie, que o levantou, e quando o abaixou, cortou do crânio até o pescoço do ser.

— Amém — o corpo do demônio caiu na grama, sem vida, sem dono, sem alma. — Kyrie passou a lâmina pela garganta antes de cortar as asas, já danificadas, e tirar o que, supostamente, era seu coração, pegando-os.

— Rena — a arma fechou as asas do cabo com a mesura de seu nome, mas já sabia, havia acabado. Kyrie se ajoelhou na frente do corpo e colocou sua espada deitada no solo — Senhor, tende piedade — enquanto falava, passava o manto na lâmina, tirando o sangue dali — Tire desta alma o direito de existência, leve esse pecado para os confins do Mundo, faça desaparecer junto ao vento para uma existência tênue, besta amado.

Duas linhas de escritas distintas aos olhos humanos se iluminaram em cinza na espada, uma a uma, marcando seu local na lâmina para então, alguns segundos depois, se apagar como se não existisse.

O Demônio não mais possuía pupilas nos olhos como algum tempo antes, deixando só uma cor bizarra sem vida.

Kyrie Eleison se levantou, colocando a espada na bainha, que a trancou como um ramo de rosas guarda um botão de flor, e partiu, para dentro da floresta, de volta de onde viera, carregando em sua bolsa um coração que não mais batia, e em seu manto, asas que não mais voariam.


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Notas finais do capítulo

Mas não foi designada para tal.



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