A verdade sobre Eles escrita por Jhulliaty


Capítulo 14
Capítulo 13 - Bloody M̶a̶r̶y̶ Kelly


Notas iniciais do capítulo

" Brilho e luz.
Som e ar.
Eu imagino quanto tempo irei durar. "



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Quando pequenas, crianças aprendem que estrelas, de tempos em tempos, podem vir a descer do céu, as transformando em, o que chamamos de, estrelas cadentes.

Kelly’na não gostava de estrelas cadentes. Elas não eram bonitas e pareciam estar sofrendo em meio ao fogo que ficavam enquanto desciam.

Igual ela sofreu quando um Demônio achou divertido brincar com chamas perto de casas de madeira.

Kelly não gostava de estrelas cadentes, e ainda assim, seus olhos lilás perseguiram todo o caminho que o feixe de fogo e luz traçou no céu azul noturno.

Sua mente não pode evitar de ouvir as palavras nervosas de Kissani enquanto aquela estrela ficava cada vez mais perto, mostrando todo o seu último brilho enquanto caía.

“Virão atrás de você!”

Em meio ao desespero e a Morte, Kissani havia falado que eles viriam para ela.

Ela nunca especificou o que seria, ou quando, e enquanto via aquela estrela cadente vindo, mais e mais perto, ela soube que o tempo havia acabado, mesmo que não soubesse como havia chegado a tal conclusão.

A estrela brilhante passando pelo Planeta atraiu tantas pessoas para o lado de fora de suas casas, que conforme se aproximava, Kyrie pensou em uma coisa não muito óbvia.

Os jornais, de alguns dias atrás, falavam de um Anjo sendo visto logo após uma estrela cadente na Rússia.

Era possível, não? Depois de tudo aquilo, mesmo que estivesse no Canadá, era possível que mais deles caíssem, não?

Quando Kyrie prestou atenção novamente, ela notou algo que deveria ter se tocado mais cedo.

            Aquela estrela não iria embora. Estava chegando mais perto e iria cair, direto neles.

A luz brilhou mais intensamente com a proximidade. As pessoas entravam, lentamente, em pânico, pensando nas consequências.

Mas nenhuma delas se afastou o suficiente para não ver mais aquela forma brilhante.

            E quando a luz se tornou insuportável para os olhos, Kyrie colocou os braços na frente do rosto, rezando para não atingir ninguém.

Ela estava pronta para o fim, e o Mundo iria acabar.

Agora.

Um vento ameaçador empurrou cabelos e roupas para longe do corpo de todos, levando mães a segurar crianças para não voarem. Algo bateu tão fortemente no solo que fez tudo tremer levemente, jogando pedra, terra e madeira em todos. Um brilho tão forte fazia os olhos fechados e tampados não serem nada para conter a luz que irradiava daquilo. O barulho estrondoso da queda logo chegou a todos, obrigando a taparem os ouvidos enquanto a confusão generalizada se misturava.

As casas faziam sons estranhos e pessoas gritavam com a surpresa, medo e terror. Crianças corriam para longe de suas mães logo que conseguiam se equilibrar no solo e adultos choravam de medo, enquanto se afastavam.

Era o fim do mundo.

Quando aquela tempestade se tornou uma breve brisa e a luz diminuiu, Kelly’na abriu os olhos, sentindo aquela mesma sensação de criança percorrer seu corpo.

Uma sensação de tudo ser grande demais para ela.

Não havia sido somente madeira, pedras e terra que havia sido jogado neles.

Junto de tudo isso, havia sangue banhando as ruas.

Sangue, penas e o branco.

A origem de tudo isso era aquela coisa à frente de todos.

Um Anjo.

A luz branca que ele irradiava a atraía lentamente, fazendo com que o cheiro de cobre e o medo fossem colocados de lado propositalmente.

Mesmo que ela não gostasse de branco, mesmo que ela não se atraísse pela luz, aquele medo que a afastava a minutos atrás, sumiu, a fazendo sentir atração desesperada pelo ser.

— Eu preciso salvar ela.

A frase que saiu soou tão insana para as pessoas, que todos os olhares caíram sobre ela, como se houvesse falado que iria matar cada um ali.

Crianças pararam de chorar, homens não mais se desesperaram, mães soltaram suas crianças e mulheres seguraram a respiração, espantadas.

Mas ela não ligava.

Naquela hora gelada, não havia mais a neve de alguns dias atrás que seguiu a queda do outro Anjo, somente o frio absurdo para um início de outono.

Havia somente aquele Anjo na sua frente.

Enquanto seus passos iam para ele, lentamente, deixava as pegadas no solo que começava a cristalizar.

Era o fim dos tempos, ela indo direto para a luz.

Mas a luz lhe chamava.

Ela queria aquela luz.

Seus olhos localizaram de onde eram as penas que haviam voado até as pessoas e todo o sangue que se espalhava pelas ruas.

Um Anjo caído no meio do concreto.

Um Anjo com pele e cabelo extremamente brancos. A roupa, vermelha, tingida de sangue, parecia ter tido a mesma cor do resto em algum momento. Armadura prata reluzia, trincada em várias partes.

Apesar de tudo, pareciam ter feito seu trabalho, de algum modo.

Seus passos chegavam mais próximo da cabeça do ser.

Rena soou, em algum momento, ela havia esquecido da existência da arma, que um dia também havia sido um Anjo. Ela parecia preocupada, assustada, desesperada para tira-la de algo que nem mesmo ela entendia.

Sua mente estava confusa, cansada demais para pensar, só queria agir.

Kissa havia falado alguma coisa de controle? Ela havia lido alguma coisa sobre isso?

Não conseguia pensar muito bem em meio a neblina que havia se formado em sua mente.

Atrás de si as pessoas pareciam estar gritando, ou alguma coisa que ela não conseguia distinguir. Se jogou de joelhos em frente ao Anjo, medo, desespero e surpresa se misturavam em sua mente que clareou parcialmente.

Haviam tantos machucados e sangue que Kelly não sabia se o Anjo estava, sequer, vivo.

As duas asas pareciam fora de lugar, mesmo que ela não soubesse exatamente onde deveriam ficar, ainda estava estranho, como se os ossos estivessem completamente fora de posição. Arranhões, machucados e pedras enfiadas se espalhavam por todo o seu corpo enquanto o sangue continuava a fluir pelas ruas sujas.

E como se não fosse o suficiente, o ser não parecia respirar.

Um Anjo vermelho.

Kelly’na não sabia como arrumar aquilo, mas ela, de alguma forma, sabia o que fazer.

Tirou sua capa e jogou por cima do corpo do ser desacordado, pressionando o tecido nos buracos mais fundos e enrolando um pouco para baixo, pegando, por fim, ela no colo.

Era certo chamar um Anjo de “ela”?

Sua aparência era tão feminina, até mesmo o cabelo, preso em coque, com um pingente balançante, não fazia Kelly pensar que aquele Anjo poderia ser do sexo oposto.

Quando seus braços se firmaram, parecia estar carregando uma almofada gigante e desajeitada, mesmo que soubesse que carregava aquele anjo. Teve certeza de colocar a cabeça dela em seu bíceps e dar espaço para as asas, começando a andar logo que se certificou de tudo não desmontar em seus braços.

Tão leve, tão frágil e despedaçada.

Não se deve, de modo nenhum, mover uma pessoa atropelada de sua posição, principalmente se os ossos estiverem nitidamente fora de lugar. Pode piorar a situação e a matar.

Não deveria fazer isso, sabia disso, mas ela possuía uma certeza que, enquanto andava, começava a acreditar que não era dela.

Aquela certeza vinha de fora dela, e falava que ela deveria salvar aquele Anjo.

Seus passos logo se tornaram trotes e seus trotes, corrida.

As pessoas que havia deixado para trás, na curiosidade, com toda certeza a encheriam de perguntas depois. Mas depois, quando aquele Anjo estivesse a salvo.

Havia uma pessoa naquele Mundo que cuidava de tudo.

Havia uma pessoa, naquele Mundo, que ela não devia conhecer, que parecia não dever existir.

E ainda assim, tinha certeza que ela deveria estar lá.

Quando seus pés alcançaram o fim da vila que vivia, ela respirou fundo uma única vez antes de voltar a correr, carregando aquilo.

Ela tinha que achar a casa da mãe da Kissani rápido.

Tinha que achar a casa de Lily Nazuka Ririco o mais rápido possível, ou aquele ser iria morrer em seus braços.

Então, correu.

Abaixo daquelas estrelas, ela correu com todas as suas forças. As memórias afetivas a levando pelas ruas que ela se acostumara a andar.

Um dia, em sua vida, ela havia visto Kissani como sua mãe, e Lily como sua vó.

Até a ilusão cair por água abaixo e ela descobrir alguns podres de Lily.

Manteve distância, evitou falar, parou de frequentar sua casa.

Mas ela ainda era sua vó, assim como via Kissani como sua mãe, ou irmã, mesmo hoje.

Abaixo daquelas estrelas, enquanto respirava fundo e corria estrada acima, lembrou de Kissani a salvando do demônio que queimou tudo em seu Mundo.

A gata a segurou no colo, com um enorme sorriso, enquanto corria para a janela, e a pulava.

Coberta de fuligem, com a jaqueta pegando fogo e os dois rabos queimados, Kissani ainda ria da ironia do destino.

Ela estava rindo de um demônio que controlava fogo e foi parar em casas de madeira.

Mesmo antes de matar o ser, Kissani salvara as pessoas ali com nada mais do que um sorriso quase sádico, as carregando no colo como Kelly carregava aquele Anjo.

Deitado, os fazendo olhar para o céu e para ela.

Kelly foi a última criança que ela salvou, a última pessoa e o último bestial.

Foi aquela que ela prometeu o treinamento depois de caçar aquele demônio, aquela que ela prometeu ajuda e amparo.

“Você tem um enorme potencial, pequena.”

Naquela noite gelada, carregando aquele Anjo, Kelly entendeu porque Kissani havia virado a Morte.

Fosse dela, fosse daquele Anjo, ela havia entendido que Kissani ser a Morte era uma maldição, assim como ela ser levada para a luz era uma maldição.

Ela não queria, mas ainda respirava aquele ar gelado e sentia aquele suor cravado na pele.

A casa grande foi logo vista do outro lado da rua.

Uma mansão que era cinco vezes maior do lado de dentro.

A casa de Lily Nazuka Ririco, a pessoa mais importante do Mundo.

Ironia do destino ou não, os homens que achavam que eram mais importantes, logo se viram sendo guiados por uma mulher, japonesa e defensora da diferença.

Parou na frente do portão de aço enfeitado com borboletas de metal e ramos espinhosos. Do lado de dentro, dois seguranças a olharam estranho.

Seu coração pulsava, querendo sair da boca, e seu pulmão não se acalmava, queimando como inferno.

Ela havia corrido mais que uma maratona, definitivamente.

— Lily — falou, pegando mais uma vez o ar —, preciso falar com Lily Nazuka Ririco, é urgente.

Um dos seguranças analisou sua roupa, cheia de sangue, o cobre subindo pela narina, o suor em seu rosto e o desespero em toda a sua alma e acenou, andando para dentro da casa, enquanto o outro abria o portão.

Quando Lily começou a precisar de seguranças?

Seus passos seguiram para as pedras extremamente polidas e bem colocadas, olhando para o jardim de flores azuis lindas e únicas.

Ela, definitivamente, não conhecia aquelas flores com cheiro tão doce.

A porta se abriu novamente por uma mulher de preto e linda.

Lily Nazuka Ririco.

Rena vibrou, fazendo um som estranho enquanto preto tingia tudo.

Quase literalmente tudo.

Uma franja reta no rosto asiático acompanhava um cabelo longo, liso e preto.

Tão preto, que a luz não passaria por ele nem se ela quisesse.

O sobretudo escuro voava enquanto ela caminhava a passos meio largos e apressados, usando uma bota marrom, escura, tão pesada quanto todo o resto. A calça relativamente justa carregava um cinto que parecia coisa de outro mundo. Lotado de munição, pistolas e uma bolsinha com uma pílula azul eclesiástico.

Um azul mais apagado que a flor.

Lily parou de andar quando chegou à porta, segurando-a para a gata entrar, carregando aquilo.

— Kelly, você está… — Seus olhos marrons, que pareciam não ter notado o Anjo até aquele momento, se arregalaram quando sua vista atingiu a linha de penas vermelhas caindo pelas pernas de Kelly. — Um Anjo.

Depois de tantos anos, ali estava Lily, adivinhando o que não devia, sabendo demais, sendo aquele que todos almejavam.

Acima de tudo, ali estava ela.

O Diabo.

E ele não havia mudado nem a vírgula, tendo sua completa perfeição desde o último dia que Kelly viu aquela mulher.

— Você é boa. — Respirou fundo, tentando juntar as palavras e uma explicação para aquilo. O cheiro doce das flores logo se misturou com o cobre do sangue e o forte do suor. Ela deveria parecer como se sentia. — Pode ajudar ela? A vi cair, acredito estar quase morta.

Lily analisou o sangue escorrendo pela asa, a mancha vermelha gigantesca na roupa e no manto de Kelly.

— Eu preciso verificar, e me certificar que ele, ao menos, tem os mesmos funcionamentos que nós para, então, ver se tem como ajuda-la. — Lily abriu mais a porta, dando passagem para a outra entrar, enquanto os seguranças voltavam a manter o portão. — Entre, Kelly.

Inconscientemente, apertou as mãos no corpo do Anjo.

Mãos que se banharam no vermelho.

Quantos litros de sangue uma pessoa pode perder antes de morrer?

Seus pés atravessaram o resto do jardim, e entraram naquela enorme mansão com um espaço vasto demais para tão poucas pessoas.

— Por aqui. — Apesar de todo o espaço, Lily só entrou pela primeira porta a direita, a deixando aberta. — Coloque-o aqui.

Uma sala de cirurgia.

Um pequeno hospital dentro de uma mansão.

Kelly arrastou todas as perguntas para o fundo de sua mente enquanto colocava aquela Anjo deitada na mesa de cirurgia.

Respirou fundo uma única vez antes de puxar seu manto, vendo o sangue escorrer por entre seus dedos quando ela apertou.

Tanto sangue.

— Um ser humano pode perder cerca de 3 litros de sangue antes de morrer. — Kelly levantou a cabeça do manto ao ouvir a voz da mulher que corria, apressada, trocando seu sobretudo por um jaleco, e suas luvas, por cirúrgicas. — Se o sangue que descia quando chegou se manteve por todo o caminho, ela deve estar beirando a isso agora.

Lily abriu uma mesa com tantos instrumentos tão rapidamente, que seus olhos somente acompanharam por ser treinada.

— Ela caiu do céu diretamente para o concreto. — Kelly’na sabia que estava sendo ouvida, apesar de Lily fazer tudo tão rapidamente e precisamente, que era estranho. — Suas duas asas parecem estar quebradas, estão moles e vários pedaços de pedra parecem ter entrado nela.

Houve somente um aceno antes do braço do Anjo ser apertado com uma fita de borracha e a agulha ser enfiada na pele.

Pele que cedeu fácil.

— Eu normalmente deveria pedir uma assinatura de concordância por qualquer coisa que irá acontecer nessa mesa, mas não acredito que um quase morto me responderia. — Lily parou de falar somente para respirar, checando, no tubo, a diferença do sangue humano para o do Anjo. — Você veio até mim, Kelly, acredito que esteja de acordo com eu usar todo o necessário para o salvar. — Quando o sangue foi misturado com a base, no tubo apareceu o resultado do teste.

Sangue O, como o humano.

— Eu não acho que teríamos outra alternativa, então... — Apertou o manto, dando alguns passos para trás, enquanto via os últimos movimentos de Lily — salve ela, doutora.

Um sorriso gentil foi a resposta imediata antes da porta ser fechada.

Que Deus a perdoasse se algo acontecesse com aquele Anjo, mas, ela não estava perdendo algo tão sagrado.

Ela não iria perder algo tão precioso.

Não iria.

Rena soou vermelha em seus ouvidos.

Aquele Anjo era algo precioso para si?

Kelly sabia onde estava se metendo, sabia antes de leva-las para lá.

Lily não era flor que se cheirasse, apesar do jardim do lado de fora. Ela sempre trouxe e traria problemas.

Máfia, drogas, armas, o pior do mundo na mão de uma única mulher.

Seus passos eram temerosos conforme ela andava em direção à sala para se sentar.

Lily era formada em medicina, em farmácia e outras dezenas de coisas, e apesar de Kelly saber que ela era capaz de curar a Anjo, não conseguia deixar de apertar seu manto.

Não sabia de onde vinha aquela apreensão, medo e atração, mas sabia que deveria falar com a Kissani para todas as perguntas que surgiam.

Só deveria descobrir onde a outra gata estava.

Quando ela se sentou no sofá do meio da sala, notou um gato gordo e extremamente peludo olhando diretamente para ela da estante lotada de porcelanas e vidros distintos.

— Olá, gatinho. — Colocou o manto, mesmo cheio de sangue, em seu colo, tentando evitar que algo caísse no chão daquela casa que parecia tão cara. — Não sabia que ela tinha um animal.

O gato ficou imóvel, com seus olhos bicolores fixados em Kelly o tempo todo, como se a medisse e a julgasse.

Então, sem aviso ou motivo aparente, ele se sentou e começou a fazer barulhos irritados, mostrando os dentes afiados, seu pelo, marrom e espesso, se arrepiou até o último fio enquanto ele a considerava uma inimiga.

Sua postura era clara: Kelly não devia estar ali e não era bem-vinda.

Ela recuou a mão. Era estranho, gatos normalmente gostavam dela.

Mas era um gato dela, talvez não fosse para ser um gato, ou ao menos um gato normal.

Suspirou, passando a mão pelas orelhas.

Havia esquecido de as esconder. Olhou para o gato de olhos bicolores, parecia daquelas raças chiques e peludas.

Provavelmente estava certa.

— Você não parece gostar de mim. Foi ela que colocou isso na sua cabeça? Ou você já nasceu assim?

            Era idiota, estava falando com um animal extremamente estressado por ela estar ali.

Qualquer coisa para tirar aquela Anjo de sua cabeça.

O gato pulou em cima de uma prateleira e se aninhou ali, mesmo que seus olhos continuassem nela, não parecia que ele iria, instantaneamente, matar alguém.

Inconscientemente, Kelly fez a mesma coisa.

Era extremamente macio o sofá de Lily, e ela demoraria horas, então…   

Ela poderia esperar de alguma outra forma que não olhando para o nada, certo?

Seus olhos se fecharam com um último respirar fundo, deixando sua mente vagar para longe.

Um estrondo gigantesco acordou Kelly, que não se sentia tendo dormido. O coração acelerado a jogou do sofá, em pé, dando para ver o segundo em que uma mulher enorme, de cabelos brancos, batia na parede, com Lily nos braços.

— Lily — A mulher de cabelos pretos se desvencilhou da de cabelos brancos, apertando perto do pescoço livre —, você está bem?

Kelly’na acompanhou a mão da mulher. Uma tatuagem de borboleta azul em seu pescoço brilhava e pulsava, variando de azul, roxo e dourado.

Quando tatuagens começaram a poder fazer esse tipo de coisa?

A confusão parecia armada. Madeira, metal e fios elétricos estavam ao redor de ambas, mas quando Kelly chegou mais perto, entendeu o que havia acontecido.

Lily havia sido arremessada da clínica, e aquela mulher a pegou.

Mas não parecia ter adiantado tanto quanto elas esperavam, já que a parede parecia ter uma rachadura.

— Estou. Só… — Lily se recompôs, não tanto quanto ela queria, mas as veias saltadas e vermelhas em seu pescoço deixava claro a confusão e a dor que ela sentia. — não esperava por isso.

A mulher de cabelos brancos segurou os dois ombros de Lily, que se recusou a virar.

— Realmente bem? — As palavras saíram grossas, mas carinhosas, daquele ser que era maior que ela.

— Sim, não se preocupe comigo, Kah.

— Lily. — Kelly não pensou quando falou, estava somente preocupada, nitidamente preocupada. — O que houve?

Mas aquela brutamontes de cabelos brancos não pareceu ligar quando soltou os ombros de Lily, andando em direção à ela. O rosto em fúria deixava parte de suas intensões claras.

Os detalhes daquele ser, logo se sobressaíram para Kelly’na.

Kah, aquele ser de cabelos brancos longos e arrepiados, como jubas de leão, possuía orelhas e cauda fofas, brancas, a pele morena, nua, se destacava na luz, enquanto linhas, como marcas, brilhavam em seu corpo enormemente musculoso.

Na realidade, ela era do tamanho de Kelly, minimamente mais baixa, talvez.

Mas, o que lhe chamou a atenção foi a marca perfeita em baixo do olho. Uma cascata de sangue de um local que não havia sido atingido por nada.

 — Quem é você?! — O movimento foi tão rápido, que Kelly só notou o que estava acontecendo, quando sentiu o ardor e um líquido quente escorrer em seu pescoço. Sangrava. Uma lâmina gigante a colocava na beira da vida, enquanto dentes grandes demais para caberem na boca da outra se sobressaltavam, a impedindo de fechar sua mandíbula. — O que você está fazendo aqui?!

— O quê?...

— Como veio para este lugar?! Responda! — A voz que saía dela não era alta, mas tão imponente e autoritária, que fez com que Kelly não conseguisse responder.

A voz de um Rei.


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Notas finais do capítulo

Olá para todos os novos e velhos e seres e vidas de leitores.
Faz tempo, não?
Eu buguei na criação desse capítulo por tanto tempo, MAS TANTO TEMPO, que eu não sei mais se alguém acompanha isso.
Mas amém e vamos continuar
Obrigada por tudo, pessoal.
Kissus~ ♥



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