A verdade sobre Eles escrita por Jhulliaty


Capítulo 11
Capítulo 10 - Walpurgisnacht


Notas iniciais do capítulo

É na noite das bruxas que tudo acontece.



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Um grito desesperado de uma linda garota loira acordou a Morte de modo que o ar faltou em seus pulmões, ao literalmente pular da cama.

A Morte, não Kissani.

Aquele cenário cinza onde somente uma cor brilhava.

Em seu pescoço não tampado, a luz dourada da vida.

A linha divina.

— Kissani? — Uma garota de cabelos curtos entrou no quarto da Morte, ela usava óculos de sol tampando seus olhos, mesmo que só houvesse a escuridão ali — Não, a Morte. Aguente firme, irei trazer a Hortênsia.

A Morte se sentou na cama, enquanto via o Mundo não ter cor, ficando cada vez mais escuro.

Um Mundo onde não poderia ver os olhos marrons de sua mãe, ou a noite estrelada.

O que estava pensando?...

Seria bom não ter ninguém por perto, não ter que levantar para fazer as coisas.

Seria bom se ela estivesse sozinha.

A Morte deitou naquela cama sem cor, naquele Mundo chato.

A mãe da Morte havia lhe ensinado algumas palavras em Japonês, já que havia nascido naquele lugar e era fluente.

Entretanto, a Morte nunca aprendeu a falar aquela língua e depois de um tempo, desistiu.

Porém... havia uma frase que ela lembrava, a única que ela havia decorado.

"Boku Dake ga Inai Machi"

"A cidade onde eu não existo"

Era o título de alguma obra, que contava sobre alguma coisa, que mostrava algum lugar.

Ela se esqueceu.

Levou as unhas afiadas até a garganta.

Pra onde a Morte iria se, nem na morte, iria ter paz?

Ela podia morrer de novo?

Isso não importava. Estava cansada, queria dormir para sempre, viver nos sonhos, não se mexer, não respirar.

Queria morrer.

— Morte — Não se mexeu, não queria ver mais nada.

Deixou a mão cair em cima de sua garganta.

A Apatia caminhou até si, enquanto a Verdade esperou pelo óbvio, que logo viria até os olhos de todos.

Queria morrer, ficar sozinha com seu Mundo em preto e branco.

Virou o rosto quando sentiu uma mão lhe tocar.

Era azul.

Em meio ao cinza, aquela garota era azul com violeta, iluminando o quarto como um céu em um bom dia.

A Morte olhou para a garota que se encostava na porta de seu quarto.

Era vermelha com amarelo, um sol reluzente, que fazia as nuvens se afastarem.

Elas tinham cores, por quê? Eram... algo importante para si?

Isso importava? Se fossem, ela devia dar muito trabalho.

— Vão embora, não tem motivo para vocês estarem aqui. — Mesmo que a Morte tivesse dito aquilo, a Verdade somente sorriu, enquanto a Apatia continuava a segurar sua mão.

— Você nos pediu ajuda depois de nos ajudar, — A garota que segurava sua mão finalmente falou, era uma voz tão calma, tão sem emoção, que parecia vindo de dentro de sua cabeça. Ela era... tão azul quanto uma flor. — ficaremos aqui porque queremos você perto de nós.

A Hortênsia às vezes era gentil sem saber dos sentimentos dos outros.

Hortênsia.

— Vamos lá, Kissani, você já passou por coisa pior. — Um sorriso atrevido... no rosto da Crisântemo.

Ela tinha tantas flores em seu jardim, e ainda assim, seu mundo era... cinza.

Por que os olhos da Hortênsia brilhavam em um tom tão violeta? Quase como se sua alma não estivesse mais no corpo por querer, como se já tivesse atingido outro plano e voltado só...

Para ficar com ela.

As Damas da Morte a protegendo da loucura.

Crisântemo soltou o ar e sorriu, algo gentil de quem havia finalmente voltado à realidade.

Elas não tinham a linha divina, ou...

Olhou para o pescoço das duas.

Uma gargantilha preta que brilhava igual seu anel no pescoço de Crisântemo. Uma fita azul clara com uma pedra roxa brilhante no pescoço de Hortênsia.

Servas da Morte.

— Bem vinda de volta, Kissa. — Crisântemo sorriu, enquanto a gata se acostumava a nova luz do dia.

Então ela havia enlouquecido.

De novo. Na frente de Kelly'na dessa vez.

Virou o rosto, olhando para parede cinza com bege.

Ela havia fracassado, novamente.

— Kissani — Nunca daria para ignorar a voz sem personalidade da Hortênsia, era quase uma maldição — Euphorbia queria falar com você.

Mas ela não queria levantar.

Não queria se mexer ou sair daquela cama.

— Irei chamar ela para cá, não precisa levantar. — Kissani virou o rosto, olhando para Crisântemo que havia acabado de falar. Lhe deu um sorriso de canto enquanto saía do quarto.

Crisântemo sempre a entendia. Como?

— Kissani, — Os olhos tristes da gata se moveram até a garota que ainda segurava sua mão. Como Hortênsia mantinha nenhum semblante no rosto? — eu fiz daifuku enquanto você estava fora, Crisântemo queria come-los, mas a Euphorbia não deixou, falando pra te esperar.

Os Daifukus, bolinhos com recheio de feijão e morango da Hortênsia eram uma delícia.

Kissani só nunca soube onde a outra havia aprendido a faze-los, já que antes de ser uma Dama nunca havia tocado na cozinha para algo além de chá.

Hortênsia sempre fora tão pálida quanto uma folha de caderno, mesmo quando estava viva.

Viva... As Damas da Morte eram uma personificação da alma das meninas que Kissani salvou, podendo ter sua aparência física mudada.

Garotas que eram tão desesperadas em vida, que a alma chamou pela Morte tão alto que não havia como ignorar.

Quatro garotas que se desesperaram tanto que superaram o Limbo e chamaram a Morte para si.

E que foram gratas por isso.

Kissani respirou fundo quando Hortênsia soltou sua mão para se levantar.

A garota tinha olhos tão violetas que não pareciam reais, mas eram, mesmo quando Hortênsia se chamava Rea.

Além disso, toda roupa longa era maravilhosa nela e naquele dia, havia escolhido um dos mais bonitos que Hortênsia tinha. Um kimono longo, azul quase transparente nas mangas e na borda, com a faixa na cintura sendo uma mistura de peixes com flores azuis.

Uma cascata azul que escondia o que ela não gostava, que a transformava em alguém extremamente linda, vinda de outro Mundo.

Mas era melhor assim, já que ela preferia.

— Vamos. — Hortênsia parou um segundo, um pouco antes da porta, esperando Kissani se mexer.

Mas a gata nunca havia concordado em se levantar ou...

Suspirou e sem pensar, levantou.

Se ela não pensasse, conseguiria fazer tudo.

Bom, também havia um doce delicioso lhe esperando do lado de fora, ela tinha que ir, ou ficariam brava com ela.

Andou até Hortênsia e segurou sua mão.

— Então, vamos.

Pegar a mão de uma pessoa no oriente, é sinônimo de amizade de longa data, às vezes, até relacionamento.

Naquele momento, era somente porque Kissani queria absorver mais daquele veneno que era a apatia.

E quando a gata abriu a porta, dando para o enorme jardim que era o local das Damas, Crisântemo a olhou feio.

— Kissani! — Os olhos verdes da gata encontraram o tapa olho que cobria o olho esquerdo de Euphorbia, uma de suas Damas. — O que você estava na cabeça?!

Inconscientemente, sua mão fechou mais na Apatia.

Ela não queria ouvir reclamações ou qualquer encrenca pelo o que fez, não queria ter que aturar discussões e não tinha paciência ou humor para isso.

Só de ela ter saído da cama já era um sucesso enorme...

— Eu...

— Daifuku.

As palavras de Hortênsia eram sempre poderosas, elas cortavam o ar e atravessava a todos.

Mesmo com sua voz baixa e calma.

Crisântemo olhou para a gata antes de suspirar.

— Isso mesmo, vamos comer que tô morrendo de fome! — Aquilo não combinava com a personalidade séria que a outra estava no momento, mas a gata nunca agradeceu tanto por alguma coisa tão simples.

As mãos de Euphorbia procuraram o rosto de Kissa antes dela sorrir e acabar com o clima tenso que havia criado.

A Dama da Morte que só quis adicionar uma cor ao seu cabelo.

A Dama cega, banhada em cicatrizes e machucados fechados pelo tempo.

Euphorbia, a Dama da Persistência.

Kissani sorriu enquanto a outra passava o polegar em seus lábios, reconhecendo que a gata estava bem.

Quando Euphorbia se afastou e foi pegar os daifukus, a gata se tocou do que a Dama estava vestindo.

Um vestido verde escuro aveludado, bonito, que balançava bastante, mas...

Uma meia longa de cada cor, uma branca, uma preta.

Às vezes ser cega não era uma boa para se vestir sozinha.

Kissani sentiu sua mão pesar quando Hortênsia a soltou para ir se sentar na mesa, ao lado de uma árvore de cerejeiras.

Hortênsias eram venenosas, mesmo que as pessoas não soubessem disso, e acima de tudo, elas eram viciantes.

De fato, era fácil se viciar em ficar apática a toda situação quando você está cansada demais para lutar.

Mas naquele momento, a única coisa que ela sentia eram os olhos de Crisântemo.

Mesmo por trás dos óculos escuros, dava para ver os olhos marrons, quase dourados, a encarando, quase a matando.

— Crisântemo, me ajude aqui.

E fora proposital o chamado de Euphorbia pela outra Dama.

Crisântemo foi sua primeira Dama.

A mais velha também, pelo tempo em que estive morta, junto a Kissa.

Uma garota que só assumiu sua aparência e o fato de gostar de outras mulheres depois de morta.

Isso pesava no coração da gata. Tantas meninas que sofriam o mesmo que Crisântemo, mas que não tiveram a sorte de morrer.

Apesar de tudo, de todas as nojeiras que fizeram com ela, a Dama não quis trocar sua aparência, e só pediu por um óculos escuro.

Seu cabelo longo dourado em vida, depois da morte, virou curto, na altura do pescoço com uma franja jogada para o lado esquerdo.

Passou a usar uma camisa branca e, em homenagem a Morte, um suspensório vermelho, além de calças e botinas.

A Morte, e a morte lhe fizeram bem.

O humor beirando a depressão e o surto psicolótico, em algum tempo, viraram determinação e força no olhar.

Ela conseguiu aquilo, Kissani não.

A cabeça da gata seguiu o andar da Dama cega, sem retrucar o motivo de ficar tanto tempo parada, pensando em algo que já estava ali a tanto tempo.

Havia alguma frase de música que encaixava na beleza da pele negra de Euphorbia com aquele vestido verde, mas ela não lembrava, como sempre.

Euphorbia era uma mãezona para todos, principalmente quando o assunto era, não só cuidar, mas como lembrar das coisas que a Morte tinha que fazer.

Coisa que Kissa havia esquecido há muito tempo, como tudo o que descobria durante o dia.

Alzheimer que falava?

Ela só preferia fingir não ter nada. Devia ser nada.

Kissani suspirou e fechou os olhos, sentindo o mar a afogar, mesmo que não tivesse nada lá.

Nada...

A gata andou até onde Hortênsia estava e se encostou na árvore ao lado da mesa.

Uma árvore de cerejeiras que dava maçãs... a magia era incrível.

A magia dela era incrível.

Trocaria toda sua magia, tudo o que tinha, por sua vida antiga de volta.

— Aqui está! Comam, comam. — Antes de Kissa sequer conseguir dispersar sua imaginação, elas já haviam voltado. Havia felicidade demais ali, mais do que ela sequer esperava.

Euphorbia definitivamente sentia o clima tenso e triste ao redor delas, talvez fosse porque fazia dias que Kissani não voltava para casa.

Euphorbia era tão linda naquele jardim de flores.

Uma mulher adulta com um ar gentil e carinhoso, apesar de ter, em sua pele negra, dezenas de cicatrizes e o tapa olho com um desenho de uma rosa.

Uma rosa que se repetia em sua gargantilha preta.

Quando ela se sentou, deu para ver as três cores em seu cabelo se moverem gentis com o vento, nada agressivo.

Castanho no meio da raiz para a primeira parte, verde escuro amarronzado para as mechas que ficavam na frente e uma trança castanho claro prendia um rabo de cavalo atrás junto com o resto de seu cabelo.

Ela que desejou as três cores, mas nunca que iria dar para adivinhar que seu cabelo, depois de sair do inferno iria aumentar tanto.

O inferno pessoal com um casamento arranjado.

Uma garota vendida por dinheiro para um marido louco.

Talvez o olho verde claro, quase branco, com a marca da faca que havia acertado ela e rasgado, desde a sobrancelha até o início da bochecha, fosse o sinal da desistência.

Talvez o olho arrancado com mão pelo seu antigo marido fosse o que ela precisava para desistir.

A única Dama que, antes de terminarem de lhe matar, se matou.

Crisântemo se sentou ao lado de Kissa e pegou dois dos Daifukus.

— Pegue, Kissa.

A realidade da gata voltou quando viu o bolinho que a Dama ao seu lado estendia.

Hortênsia.

Só três pessoas a mesa e ela jogada...

— Onde está Álamo? — Kissani pegou o daifuku e deu uma mordida. A Dama do Tempo não estava presente.

— Saiu. — Euphorbia disse aquilo de uma forma tão... simples. A única delas que preferia sair sozinha do que acompanhada. — Não disse para onde ia, só disse que tinha que fazer uma coisa. — Quando ela deu a mordida, transmitiu uma leve raiva que tirou um sorriso de Kissani.

Álamo, a Dama ruiva que só chegou ao ponto de ter a vida salva por Kissani por sofrer um abuso que não era dela.

A Morte mal a considerava morta, já que a garota estava viva, somente tendo sua linha divina mantida pelo poder dela.

— Kissa, mais. — Hortênsia lhe empurrou a bandeja de forma delicada, enquanto a gata notava que ainda estava no primeiro.

Bom, ela não havia almoçado.

— Acho que é... melhor guardar para depois de eu comer algo salgado.

Os olhos de Hortênsia se levantaram e ela concordou com a cabeça.

— Realmente, você não almoçou! — Euphorbia juntou as mãos na altura do peito — Espere que irei preparar algo para você comer, está de noite então nada pesado.

Euphorbia se levantou e saiu a passos rápidos até a cozinha, sendo seguida pelo olhar de Hortênsia.

— Também irei guardar isso. — A garota de cabelos azuis colocou mais um daifuku na frente de Crisântemo e saiu correndo com a bandeja nas mãos.

Mesmo após a morte, o prazer do Mundo ainda era comer.

— Kissa.

Quando a gata virou, Crisântemo levantou os óculos.

Os olhos dela brilhavam.

Kissani se ajeitou e sentou direito na frente dela.

— O que deseja?

— Você não deveria fazer isso.

Foi instantâneo o ponto de interrogação na cabeça da gata.

— Sim...?

Crisântemo balançou a cabeça negativamente. Não era possível.

— Você não deveria abusar do poder da Hortênsia, vai acabar se viciando, ficando apática demais, vai acabar deixando de ser você.

O pescoço da gata apertou.

— Eu não... Estou assim há anos, Crisântemo, eu não irei abus-

— Você está usando mais do que o normal ultimamente! — Os brilhos nos olhos da outra, junto do aumento de voz, deixavam bem claro que ela estava falando bem sério.

— Eu sei, mas... — A gata abaixou a cabeça, tentando se explicar.

— Ela gosta de você. A Hortênsia.

Kissani travou.

Oi?

— O quê?

— Eu não sei o sentido, mas ela gosta de você. Ela não deixa nenhuma de nós sequer chegar perto de tocar na mão dela, e você fica horas. Você sabe de onde ela veio, sabe a cultura dela.

— Sim, mas ela é apática a tudo, não tem como isso ser-

— Kissa, seu almoço com janta e café da tarde! — Euphorbia voltou caminhando lentamente, carregando um prato que parecia... delicioso.

E ela voltou a ser interrompida, e dessa vez, não iria reclamar.

— Obrigada pela comida, Euph, e desculpa o trabalho.

O prato foi colocado na frente dela. Pedaços de peixe com uma sopa de legumes e arroz.

— Não se preocupe com isso, só coma.

Hortênsia estava andando até elas enquanto Kissani colocava a primeira garfada de comida na boca.

Uma sensação ruim atravessou o jardim que ficou com o céu escuro e as árvores mortas.

Crisântemo se levantou e olhou para Euphorbia, que do nada mudou para uma expressão de seriedade.

— Ele já...?!

— Ele está aqui.

Os pelos do rabo da gata se arrepiaram e Hortênsia apressou o passo para perto delas.

Terrasque.

Um tremor começou no chão do lugar enquanto uma eletricidade estranha passava pelo corpo de todas.

Uma estática que fez um miado agudo sair da garganta da gata, que praticamente deitou no chão.

— Kissa! — Alguma das Damas a segurou para manter sua cabeça longe do chão, mesmo que aquilo machucasse diretamente a própria garota. — Qualé, Terrasque, na hora da janta?! — Aquele berro... Crisântemo?

Euphorbia se virou, caindo de joelhos quando sentiu o chão aos seus pés rachar e de lá, abrir espaço para o fogo do Inferno queimar tudo ao seu redor.

— Hortênsia! Para longe! — A menina acabou se assustando, mas engatinhou até perto da gata, se segurando na árvore.

— Euphorbia sai daí antes que pegue você! — Crisântemo não sabia mais o que estava realmente acontecendo.

— Eu não consigo me mexer!

A rachadura com o fogo se expandiu no meio do jardim enquanto Kissani gritava em plenos pulmões, sentindo seu corpo abrir de dentro para fora e ser rasgado, puxado aos pedaços. O berro ultrapassava até mesmo o barulho de toda a mobília chacoalhando e os gritos das duas Damas que não conseguiam se mexer.

Um grito saiu de Euphorbia quando o fogo saiu da rachadura e a expandiu, queimando quase todo o jardim.

A rachadura chegou até a mão de Euphorbia que não conseguia se mexer pelos tremores.

Quando lágrimas começaram a surgir nos olhos da Dama, parou.

Como se nada tivesse acontecido, o lugar parou de tremer.

Como um milagre, parou antes do fogo chegar em Euphorbia, que rapidamente rastejou para o lado.

Um milagre chamado Kissani, que ainda se contorcia de dor, segurando o peito.

Uma magia que lhe dava o direito de controlar pedaços físicos do inferno nunca lhe fora tão úteis.

— Kissa. — Crisântemo a segurou sentada, empurrando o corpo da gata para deitar com calma — Kissani!

A gata se contorcia apertando o peito com tanta força que estava começando a sair sangue da pele.

— Crisântemo, segura ela. — Euphorbia saiu aos tropeços, apalpando a mesa melada de sopa para a contornar. — Kiss, por favor, agora não.

O olho verde esbranquiçado da Dama brilhou, o transformando em um olhar totalmente branco. 

O único momento que Euphorbia voltava a enxergar.

A Dama pressionou a mão no peito da gata enquanto Crisântemo segurava a cabeça dela no lugar.

— Euph, você não devia...

— Não temos outra escolha com a Álamo fora.

A Dama colocou a testa na da gata, que reagiu se acalmando, mantendo a respiração firme.

Euphorbia, a terceira dama, que fazia as pessoas aguentarem as piores das dores sem desistir, se segurando em algo que sequer existia.

Lamyn, a Dama da Persistência.

— Ela já usou muito do nosso poder para tão pouco tempo, Euph.

A respiração da gata se tranquilizou e ela se sentou, apoiada na árvore.

Kissa parecia estar em outro plano, como se tivesse usado drogas pesadas momentos atrás e agora estava em êxtase.

Só nesse momento, Hortênsia se soltou da árvore, respirando fundo para voltar para a realidade, que agora havia se acalmado.

— Ela nos deu esse poder para usar, Crisântemo, — As palavras de Euphorbia soaram tão sérias, era tão... estranho. — não podemos deixa-la sofrer tanto, ou você sabe o fim.

— Sim, mas...

— O Anjo. — Todos os olhares atingiram a gata, que finalmente havia voltado, mesmo que não totalmente. — Preciso falar com aquele Anjo que desceu.

O silêncio se estendeu antes de Euphorbia o quebrar, perguntando:

— Acha que ele iria ajudar?

Os olhos verdes da Kissa atingiram o jardim queimado e com um buraco.

— Ele tem que, não poderei fazer isso sozinha. 


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Notas finais do capítulo

Incluindo a Morte descobrindo sobre o Fim do Mundo.

Gostaria de que todos que leem essa história me perdoem e não desistam de mim hahaha
O capítulo estava pronto a MUITO tempo, porém algumas coisas aconteceram e estou postando isso na Sexta feira 13.
Bons sustos a todos ♥



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