Capítulo 4 – Fugindo?

31 de outubro de 2017 – 4ª sessão.

Abri a porta da minha sala com calma e olhei para a recepção, encontrando Sasuke, sentado e sozinho. Ele usava um terno preto e uma camisa azul clara com uma grava azul anil. Estranhei o fato e após olhar para os dois lados questionei:

— Sasuke? Onde está Sakura? Aconteceu alguma coisa?

— Sakura disse que vai se atrasar um pouco. – respondeu ele cruzando os braços em frente ao próprio peito, enquanto mantinha as pernas cruzadas – Ela está impossível nesses últimos dias!

— Ok! Vamos aguardá-la um pouco mais. Certo? – eu falei vendo a cara de desgosto dele.

Os minutos se passaram e eu já estava pegando o telefone para ligar para Sakura quando a porta do elevador se abriu. Lá estava ela, 15 minutos atrasada! O que será que estava acontecendo, ela nunca havia se atrasado. Olhei para ela e em seguida para Sasuke e pedi:

— Vamos entrar?

Vi que a recém-chegada olhou-me e sorriu, enquanto balançava a cabeça positivamente. Sasuke bufou e passou por mim com uma calma fingida. Ele sentou-se no canto de costume no sofá, já ela se sentou ao alcance de um braço do marido, ainda sorrindo.

— Bom. Infelizmente já perdemos 15 minutos da sessão. Então, o que aconteceu, Sakura? – questionei.

Vi ela sorrir um pouco sem graça e olhar para Sasuke, em seguida deu um cutucão nele, que bufou alto, no mesmo momento que revirava os olhos e me encarava, enquanto respondia com ironia:

— Ela se atrasou indo comprar um remédio.

— O que aconteceu? Você esta doente? – perguntei encarando ela e notando algo de estranho.

Novamente houve um minuto de silêncio, enquanto Sakura sorria para mim, mas em seguida ela voltou a cutucar Sasuke, que pressionou os braços cruzados sobre o próprio peito, para responder-me novamente:

— Ela convenientemente está com amidalite! Está sem voz faz 6 dias!

— Ssssassuke! – ela repreendeu com uma voz fanha e baixa, enquanto batia com a mão no ombro do homem ao seu lado.

— Amidalite? – questione surpresa – Você costuma ter isso sempre?

Sakura olhou para mim e balançou a cabeça negativamente, em seguida levantou o dedo indicador e mexeu a boca, mas não houve som, então ela cutucou Sasuke novamente.

— É a primeira vez que ela tem amidalite. – murmurou ele irritado.

— Entendo. Ela foi ao médico? Está tomando remédio? – interroguei Sasuke, enquanto ignorava Sakura a minha frente.

— Sim! Eu a levei ao hospital quarta de tarde. Desde então ela está tomando os remédios, sem obter nenhuma aparente melhora. – resmungou ele irritado.

— Isso quer dizer que tudo o que pedi semana passada não foi feito, certo? – falei já adivinhando a resposta.

— Exato! Acabei chegando uns minutos mais tarde do trabalho e Sakura já estava dormindo. Eram 19 horas ainda, mas ela disse que não se sentia muito bem e vi que tinha um pouco de febre, então comprei um remédio para ela, que logo voltou a dormir. Muito conveniente não é? – comentou Sasuke sem se mexer, as pernas estavam cruzadas e os braços também, ele falava olhando para mim ignorando a existência de Sakura ao seu lado.

— Paarrra! – reclamou a voz falha e fanha ao lado dele, enquanto ela cruzava os braços, irritada.

— Sim! Muito conveniente! – concordei com Sasuke que me olhou espantado, vendo que eu também ignorava Sakura – Ela diz que é vergonhoso e que não gostaria de falar sobre sexo, então quando peço para ela tentar ela convenientemente perde a voz por 1 semana.

— Exato! Mas o médico disse que a voz dela melhoraria com o remédio em 3 dias, mas estamos no 6º dia. – disse ele me olhando.

— Sim! Exatamente isso! O que me faz crer que ela não quer falar. – respondi e depois me virando para ela continuei falando – Sakura, querida, você não precisa fazer algo só porque pedi, a opção é toda sua e as consequências são suas também.

Sakura me olhou horrorizada, enquanto a boca dela se abria levemente e seus olhos se arregalavam, chegou a ser hilário o vulto de revolta nos olhos dela com a minha colocação. Em seguida ela tentou falar novamente, mas só saia meias palavras, o que não me ajudava a entender.

— Você quer um papel e caneta, Sakura? – questionei calmamente.

Ela balançou a cabeça positivamente, enquanto estreitava os olhos, irritada e cruzava os braços. Peguei uma das pranchetas na mesa ao lado, uma caneta e prendi algumas folhas ali, em seguida entreguei para Sakura, que logo começou a escrever furiosamente no papel. Sentei de novo em minha cadeira e esperei, era engraçado como ela havia literalmente somatizado, como estava escrito naquela matéria que eu havia lido semana passada? Ah sim! Quando a boca cala, o corpo fala. Continuei olhando pacificamente para Sakura, quando ela finalmente virou a prancheta para mim.

— “Não é que eu não queira falar! A amidalite é causada por uma bactéria!” – eu li em voz alta o que estava escrito no papel e sorri olhando para Sakura – Oras Sakura! Você não é uma pessoa sem conhecimento. Você é pedagoga! Já estudou a teoria de Freud com toda certeza!

Ela me encarou irritada e voltou a escrever no papel, já Sasuke continuava em silêncio observando o desenrolar da estranha conversa. Continuei sentada esperando calmamente até que Sakura voltou a virar o papel em minha direção.

— “Não é nada disso! Somente aconteceu que adoeci! Não é como se eu quisesse fugir de algo!” – senti vontade de rir, ninguém disse que ela queria fugir, mas era exatamente o que ela queria, havia chegado 15 minutos atrasada, estava sem voz e negava com veemência que isso tudo era uma fuga para não falar sobre sexo – Oras! Se esse é o caso, então acho que podemos conversar sem problemas não é mesmo?

Sakura arrancou a folha escrita com rapidez e voltou a escrever com pressa. Em seguida virou a prancheta em minha direção em quanto eu lia: “Como espera que eu converse algo agora? Estou sex voz!”, sorri para ela e questionei irônica:

— Sex? Estou sex voz?

Observei ela me olhar confusa e depois pareceu entender e virou a prancheta em sua própria direção, enquanto Sasuke se inclinava discretamente para ver o que estava escrito. Oh! Sakura! Que ato falho, ehiem? Sorri quando ela virou o papel novamente para mim com o sex riscado e o sem escrito por baixo. Sorri enquanto ela fechava a cara irritada.

— Por que não desmarcou a sessão de hoje então? – perguntei.

Sakura olhou-me fixamente como se pensasse sobre isso e no fundo eu senti que ela queria falar sobre só não sabia como, então ela procrastinaria o máximo possível, sem conseguir pensar em nada, ela, por fim, apontou para o marido ao seu lado e revirou os olhos.

— Ei! Não coloque a culpa em mim! Eu trouxe minha voz! – murmurou Sasuke irritado.

Vi Sakura revirar os olhos novamente e voltar para a caneta e papel em seu colo e após alguns segundos ela virou a prancheta para mim com os dizeres: “Vamos começar a sessão de uma vez!”.

— Certo! Então vamos! – concordei sorrindo para ela – Vamos começar com o Sasuke.

Ele concordou olhando-me sério, enquanto Sakura balançava a cabeça positivamente, em concordância.

Sorri levemente e discretamente para o casal a minha frente, eu definitivamente me aproveitaria desse momento em que Sakura convenientemente não consegue falar, então vamos ver quanto tempo ela aguenta ficar somente escutando. Ela precisa aprender a dar espaço ao marido e nada melhor que isso, certo?

— Sasuke, vamos começar recapitulando. Na última sessão, Sakura disse que tem achado o sexo monótono, então vocês estão há 3 meses sem sexo, correto? – questionei olhando para ele.

— Sim! – concordou ele de braços cruzados, enquanto isso Sakura rabiscava sua folha com rapidez.

Em seguida a esposa do Uchiha levantou sua prancheta com os dizeres: “Não faz 3 meses!”, mas ela foi ignorada tanto por mim quanto por Sasuke que olhava irritado para frente.

— Como você se sentiu após a revelação de Sakura? – perguntei com atenção.

— Me senti um fracasso como homem! Como se eu não pudesse nem sequer deixar uma mulher excitada. Entretanto, o pior foi saber que ela não me diria se não estivéssemos aqui. Para onde esse casamento iria? – refletia Sasuke parecendo realmente incomodado e frustrado, ele tinha leves olheiras sob os olhos – Sinto que ela não confia em mim para contar o que pode estar a incomodando, mas o engraçado é que ela parece bem à vontade se metendo no problema dos outros.

— Compreendo. – murmurei olhando Sakura rapidamente, que mantilha os braços sobre suas pernas em silêncio e cabeça baixa, enquanto escutava – Em algum ponto, você acha que ela possa ter razão? Quando diz que o sexo se tornou monótono?

— Eu acho que se tornou parte da rotina de 1 ano para cá, mas para mim não é assim. Talvez ela pense que não há qualquer tipo de planejamento ou desejo que chegue logo o momento de nos encontrarmos. Entretanto eu costumava ficar contando os minutos para chegar logo em casa, então sim! Eu olhava a agenda dela, para poder planejar que dia poderíamos transar. – explicou o homem a minha frente, como se fosse algo realmente natural.

— Como assim “costumava” contar os minutos? Quando você parou de contar? – interroguei em busca de detalhes, eu aproveitaria que Sasuke estava falante hoje, ele devia estar realmente irritado!

— Faz 7 meses! Foi quando notei que eu chegava em casa e não conseguia seguir com qualquer noite que eu havia planejado para nós, pois Sakura só sabe reclamar e falar sem parar. Então prefiro sair para jogar pôquer com o pessoal. – desabafou ele com a testa franzida em pura irritação, enquanto a mulher ao lado dele começava a escrever rapidamente em sua folha, mas Sasuke não esperou para ver o que ela queria dizer – No começo eu pensei que ela estava estressada, porque os pais dela estavam falando sobre se divorciarem, então decidi que devia ter paciência e esperar.

Nesse momento Sakura parou de escrever e olhou pasma para o seu esposo, que olhava para mim fixamente. Ela parecia em dúvida sobre o que fazer, então voltou a colocar as próprias mãos sobre suas pernas, largando a caneta.

— O que aconteceu nessa época? – perguntei curiosa, essa informação era nova e de suma importância para entender o que estava acontecendo ali.

— A mãe dela expulsou o Kizashi de casa, disse que ele estava tendo um caso, então o pai dela veio passar um mês em nossa casa. Sakura é filha única e me obrigou a investigar se isso que Mebuki estava dizendo era verdade. – explicou Sasuke ignorando a esposa – Entretanto, o problema era que, os dois são tão teimosos quanto à filha, que mesmo depois de descobrirem a verdade, demoraram em fazer as pazes, porque nenhum deles queria dar o braço a torcer.

— Parecem com vocês dois nesse ponto, certo? – questionei com um tom de ironia.

— Na verdade não muito. Eles quebraram toda a louça da casa durante esse processo. – comentou o homem moreno a minha frente – Sakura sabe que se tentar fazer algo do gênero, eu pego minhas coisas e não volto mais!

— Como assim? – interroguei curiosa.

— Quando tivemos nossa primeira briga, com aproximadamente 8 meses de namoro, ela jogou um copo na minha direção. – falou ele olhando a esposa pelo canto dos olhos rapidamente – Eu virei às costas para ela e sai sem falar mais nada. Inclusive, depois, eu disse para Naruto que havíamos terminado. Então ela me seguiu pela faculdade e pela rua por duas semanas me pedindo para não terminarmos, por fim, eu me irritei, mas ela é cabeça dura e depois de conversarmos, eu deixei bem claro que não toleraria esse tipo de comportamento. A partir desse momento isso não se repetiu mais.

— Entendi, mas vocês dois tem uma personalidade muito forte! – comentei observando que eles não discordaram de mim – e depois que o pai de Sakura saiu da casa de vocês?

— Parecia que as coisas voltariam ao normal em breve, mas não voltou. – explicou Sasuke.

— O que deu errado? – perguntei.

— Eu realmente não sei! – respondeu ele – Só sei que Sakura passava muito tempo ao telefone com a mãe.

— O que aconteceu com os pais de Sakura? – interroguei confusa.

— Mebuki perdoou Kisashi e bom... digamos que agora eles transam mais que eu durante toda a minha vida! – comentou Sasuke ironicamente, enquanto eu via a mulher ao lado dele, cruzar os braços e olhar para os lados, parecia irritada.

— Quer dizer que houve uma traição mesmo! – exclamei surpresa.

— Sim! – concordou ele.

— Respondam com sinceridade. Vocês já traíram alguém? – perguntei diretamente e sem rodeios.

Sakura imediatamente negou com força, balançando a cabeça em negação, antes de dirigir seu olhar de incredulidade para o seu silencioso esposo ao seu lado. De repente, ela voou para cima de Sasuke e começou a distribuir tapas no marido, enquanto parecia xingá-lo com raiva, mas o único som ouvido era dos tapas. Por fim, o Uchiha segurou os braços da mulher a sua frente.

— Você é louca? – ralhou o homem com o rosto vermelho pelos tapas antes de soltar os braços da mulher que bufava ao seu lado.

— Vo... – começou a dizer uma irritada Sakura apontando o dedo para o marido, mas sua voz era muito fanha – Mee tra....u! ...Se...tári...aa va...!

— O quê? Você pirou? – murmurou Sasuke irritado.

— Bom, você ainda não respondeu! – exclamei olhando para ele.

— Por que eu estou pensando o quanto essa pergunta abrange. – falou ele, me deixando confusa e após receber mais dois tapas da esposa, ele continuou falando para tentar acalmar a esposa – Eu não te traí! Já te disse que nunca aconteceu e nem vai acontecer nada entre Karin e eu! Pare com isso!

Sakura em seguida soltou um grito estridente e alto, o que aparentemente era para ser uma tentativa falha de um xingamento.

— Se nunca traiu a Sakura, por que demorou para responder? – questionei desconfiada enquanto olhava ele segurar uma mão da esposa que vinha na direção dele.

— Você perguntou se já traí alguém e não se já traí a Sakura. Ela é minha esposa! Escolhi me casar com ela, não é algo que eu tenha feito sem querer. – respondeu ele.

— O que quer dizer? – interroguei confusa.

— Se a pergunta for se já traí a Sakura, a resposta é não! – exclamou o Uchiha, dando ênfase ao “não” – Mas se você perguntar se já trai alguém, a resposta é sim!

— Como assim? – perguntei enquanto a mulher a minha frente tentava falar algo, sem sucesso, devo frisar.

— Bom. A verdade é que namorei alguém no primeiro ano da faculdade. Por 2 meses. – justificou Sasuke – Mas na mesma época eu e Sakura ficamos juntos na festa do meu vizinho! Ela viu uma foto minha e de Sakura se beijando no meu celular, cortesia do Suigetsu, e terminou comigo.

De repente Sakura escrevia furiosamente no papel, virando a prancheta em seguida para o esposo ao seu lado como os dizeres: “Quem é a vadia?” e um grito estridente e não muito alto passou pela garganta dela.

— Você não conhece! Ela era amiga do meu irmão. – comentou Sasuke como se fosse algo banal, enquanto Sakura apertava a caneta com força, então decidi interferir.

— Certo! Isso não tem importância. Sakura? – chamei recebendo a atenção dela em seguida – Você perdoou seu pai por ele trair sua mãe?

Houve um minuto de silêncio e ela balançou a cabeça positivamente, entretanto Sasuke me olhou com um olhar que dizia o contrario, como se ela falasse algo totalmente diferente para ele.

— Certo! – eu disse com uma clara compreensão de que havia falta de diálogo e de perdão, já que pelo que eu tinha notado, Sakura, não concordava com a mãe sobre perdoar a traição do pai – Vou perguntar-lhes algo e desejo que respondam com muita sinceridade. Levem o tempo que precisarem para me darem uma resposta precisa.

Sasuke concordou rapidamente e em seguida vi que Sakura balançava a cabeça positivamente.

— Vocês já pediram perdão um para o outro em algum momento da vida de vocês? – questionei, atenta as reações faciais deles.

Alguns segundos de silêncio foram feitos e a nervosa Sakura olhou para Sasuke pelo canto do olho e de repente pareceu envergonhada. Ela começou a escrever em sua folha, já o homem a minha frente se mantinha em silêncio, enquanto olhava para frente. Por breves segundos tudo que eu consegui ouvir foi o barulho da caneta que Sakura usava. Quando ela finalmente terminou virou a prancheta para mim, com os dizeres: “Sasuke já pediu!”.

Observei aquelas palavras atentamente, eu devia dizer que estava realmente surpresa, Sasuke era a última pessoa que pensei que diria algo assim. Olhei para ele em silêncio, mas ele parecia ainda mais incomodado.

— Sakura? – chamei, recebendo a atenção dela – Você nunca pediu perdão ao seu marido?

Ela abaixou a cabeça e aquilo começou a me causar uma comichão atrás da orelha. Seria possível que essa mulher, que está reclamando que seu marido é ausente e não conversa com ela, nunca pediu perdão? Por fim, ela negou com a cabeça baixa e aquilo me pareceu o cúmulo do ridículo. Eles estavam juntos há 7 anos, se conheciam desde criança e ela nunca se desculpou, ela pensava que era quem? A rainha da perfeição?

— O que vou dizer agora, Sakura, não vai ter o tom amigável como das outras vezes, porque aparentemente isso não funciona com você. Desde que começamos a terapia você tem dado o calote nos exercícios e nas coisas que solicito, inclusive, quando não tem para onde correr, convenientemente acontece algo que impossibilita vocês de se entenderem e num momento crucial! Sinceramente se eu fosse seu marido, estaria puto da vida e com toda a razão. A verdade é que você não quer conversar com seu marido, não se abre para ele e esconde o que pensa dele! Você me parece o tipo de pessoa orgulhosa, que fica sentada apontando os defeitos dos outros, como se fosse perfeita e nunca tivesse errado uma vez na vida! Se seu marido não consegue dizer tudo isso na sua cara eu estou falando agora! – repreendi Sakura sem dó nem piedade, o que ela precisava era ouvir umas verdades nuas e cruas – Agora! A partir de hoje! Eu não quero mais ouvir desculpas de nenhum dos dois! Se estão aqui para não fazerem o que estou indicando, não faz sentindo vocês continuarem a gastar o dinheiro de vocês e o meu tempo.

Sasuke me olhava com uma sobrancelha levemente levantada, devia estar surpreso e Sakura me olhava abismada, seus olhos estavam esbugalhados e a boca levemente aberta. Eu sabia que, provavelmente, ficariam bravos comigo, mas eu esperava que eles vissem no final, que eu tinha razão e por essa razão precisam ambos mudar e não essa putaria de ficar um apontando para o outro e dizendo o que o outro deve fazer.

— Na próxima sessão, não quero mais ouvir desculpas e é bom que venham todos no seu perfeito estado, isso inclui a voz! Se não, é melhor que nem venham! Aqui está uma lista de exercícios para os dois, isso inclui tudo que eu já tinha pedido antes. Eu estou dando a possibilidade de vocês se ajudarem e passarem por essa crise juntos, mas se vocês não querem se esforçar não adianta de nada ficar vindo aqui. Pelo que sei eu ainda não faço milagres! – ralhei irritada e em seguida entreguei uma folha para cada um deles e me levantei concluindo – Até semana que vem!

Sakura tirou os olhos da folha em sua mão e me olhou surpresa, enquanto eu caminhava até minha mesa, ignorando o olhar irritado de Sasuke.

— Eu pago por 1 hora de sessão! – reclamou o Uchiha.

— Sim! Mas sua esposa chegou com 15 minutos de atraso e como já explicado via telefone eu não reponho sessões, que não foram desmarcadas com 2 horas de antecedência! Muito menos minutos dela! Está tudo explicado no contrato da terapia de vocês. – retruquei com a minha agenda em mãos – Olha, Sasuke, isso tudo foi explicado no dia que sua esposa veio assinar o contrato e levou uma copia com ela para casa.

Os dois permaneceram sentados no sofá da minha sala. Sakura ainda parecia assimilar tudo o que eu havia acabado de falar, já o esposo dela estava realmente incomodado, afinal ele não parecia ser o tipo de homem que tolerava que lhe falassem com aquele tom de bronca que eu havia usado, imagina com sua amada esposa. Entretanto, a verdade estava sobre a mesa e era eu quem havia colocado ali.

— Entendam o que estou dizendo. Se não vão se esforçar para fazer o que é solicitado, não faz sentido continuarem vindo. Então se é assim não voltem! Se divorciem e nos poupe trabalho! – eu disse séria e com a voz firme o suficiente para que meu marido tremesse se estivesse aqui, eu sabia o que fazer e como fazer – Mas se querem ficar casados e se amam, trabalhem juntos! Vocês têm muitas tarefas de casa acumuladas, sugiro que comecem logo! Então até semana que vem!

Sakura pareceu despertar nesse momento e se levantou, jogando um olhar que parecia repreender o marido ao seu lado. Então, Sasuke, levantou-se contrariado e pegou a carteira em seu bolso para me pagar, mas pareceu demorar mais que o necessário, foi necessário um cutucão da mulher ao seu lado para que ele pagasse a sessão de uma vez.

— Até semana que vem! – eu disse ainda séria, depois de pegar o dinheiro da sessão, nenhum deles concordou comigo e nem apertaram minha mão antes de sair, mas não me deixei abalar e continuei observando eles se retirarem em silêncio.

Eu não tive medo, poderia perdê-los assim como já perdi tantos outros pacientes, mas eu não seria envolvida num faz de conta que eles criaram, eles precisavam ouvir a verdade e era isso que eu tinha feito, afinal sou conhecida por não ter trava na língua, certo? Meu esposo que o diga! E agora não seria diferente! Quem não aprende com o amor, aprende com a dor! Então que assim seja!