A bruxa e o caçador escrita por BlackCat69


Capítulo 2
Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Que pena, essa aqui não é a parte final, aqui no nyah a história acabará sendo dividida em três partes.
No spirit eu postarei quando a parte final sair.



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Swirl sentava no tronco o qual fora esculpido e polido pelo seu pai, exatamente para o propósito de servir de assento fora da nova casa.  Perdia-se em pensamentos adsorvendo os suntuosos olhos azuis na floresta a cercar sua moradia.

Quatro dias depois de seu encontro com a distinta jovem, frequentemente se topava de cara amarrada. Pais e irmão acreditavam que andava chateado por falhar na caçada de aniversário.

—Ainda furioso mano? –Pergunta o tão loiro de íris tão azuis como Swirl, sentando no lado vazio do tronco pressiona a palma nas costas do gêmeo. –Maninho às vezes você é crianção, não acha que tá passando dos limites? Sei que é péssimo em perder, mas são quatros dias de cara emburrada. Dá um sorrisinho vai.

—Yeast. –A pronuncia de Swirl veio sobrecarregada de irritação mostrando se excluir de paciência.

—Vim falar sério, nada de gracinhas. –Zoar o irmão nunca perdia a graça, no entanto, Yeast começava a se preocupar com o mau humor prolongado do gêmeo.  –Ano que vem você decide tudo para o nosso aniversário, que acha?

—Eu tô nem aí pro aniversário. –Swirl bufando se levanta empurrando o gêmeo para o lado. –Me deixe em paz.

—Se quiser conversar lembre que sou todo ouvido. –Yeast exclamou observando o irmão rumar para a floresta.

 

****

 

—Sunset não está saindo para caminhar. –Screw comenta atribulado ao tio, os dois faziam a refeição matinal e eram iluminados pela claridade do dia a transgredir pela porta aberta. –Percebi que ela anda preocupada, acho que sabe que não conseguirá melhorar.

O pai da jovem bruxa anela entristecido, se rendendo:

—Sendo assim não há jeito, permitirei que meu pai faça o que for cabível. –Observa a pequena Flower brincar com a boneca de pano no meio da pequena sala. –Sempre preservarei o bem para minhas filhas, e a você Screw, o único presente deixado pelo meu irmão.

—Obrigado tio.

Sunset escutava a conversa deitada em sua cama, a porta do quarto permitia uma fresta e o som chegava entendível ao seu pequeno cômodo. Meia hora depois se retirou do seu humilde espaço.

—Bom dia pai, bom dia primo. –Cumprimentou esticando os braços pra frente, caminhando em direção da caçula se abaixou perto dela e assoprou a bochecha pequena pressionando seus lábios na pele macia, ouviu a gostosa gargalhada da irmã quem a abraçou no instante seguinte. –Bom dia minha flor.

—Está se sentindo bem? –Screw de face indagadora serviu a prima quando a mesma juntou-se à mesa.

—Estou melhor, o fluxo dos meus dias íntimos diminuiu. –Respondeu ela esboçando tímido sorriso.

Os rostos dos bruxos ruborizaram, era esse o motivo do comportamento diferente da jovem nos recentes dias.

—Penso em caminhar agora pela manhã, para reparar as noites que não fui. –Comenta Sunset ensaiando um bocejo.

—Que ótimo filha, não se esqueça de mudar a cor de seus olhos.

—Não esqueço pai.

 

****

 

A jovem bruxa vagava temerosa pela floresta, pensou em escolher um caminho diferente, entretanto poderia acabar encontrando aquele caçador, correria o risco de se perder se precisasse fugir dele.  Preferia efetuar a possível fuga pelo caminho que lhe fosse conhecido.

Uma pequena pedra voando cortou seu percurso indo se perder no mato.

De mansinho Sunset se movimentou para espiar da onde a pedra viera. Abriu espaço entre alguns arbustos, e do outro lado deles enxergou um enfurecido loiro a chutar tudo o que encontrava no solo, pedras em maioria.

—Porcaria! –Exclamador, o belo rapaz mandou outra pedra pra longe. Dado momento, respirou fundo na tentativa de se acalmar. Sua quietude deu espaço para captar o som de uma criatura próxima.

Em rápidos segundos a bruxa pensou ter sido descoberta, no entanto, o caçador catou seu mosquete repousado nas raízes de uma árvore e veloz se ocultou atrás de uma rocha.

—Ele é muito lindo...–Fala o loiro enlevado.

Sunset arregalou os olhos, avistando o mesmo que o caçador soube que ele pretendia matar um cervo. O quadrúpede possuía chifres brancos, maiores que o comum, e seus olhos se diferenciavam da espécie pertencente por serem verdes-acinzentados.
—Levitate et Levitis me levitated. –Recitou sussurrante a bruxa visando levantar um tronco caído a dois metros atrás do caçador. Todavia não surtia efeito, pois se fazia necessário que as palavras fossem pronunciadas em maior som. –Levitate et levitis me levitated!!! –Grita a todo vapor.

Swirl se desconcentrou ouvindo o som feminino, se virou procurando a dona da voz, porém tudo o que teve foi uma troncada na cara...o pedaço de árvore menor que seu braço jazia bastante envelhecido, mas ainda sim doeu. Sua manifestação de dor espantou o cervo a fugir saltitante pela floresta.

—Ai...foi... –Largando a arma Swirl ergueu-se zonzo. –É...é você anjo? –Indaga alto massageando a testa.

Anjo. A bruxa se mantendo na escondida refletiu: Desde aquela noite ele ainda pensava que ela era essa criatura divina.

—Eu não contei a ninguém sobre você! –Suportando mais a dor informou. –Por favor, não tema, quero muito conhecê-la! 

O silenciou durou trinta segundos, ele observava atentamente ao redor, buscando por um mínimo sinal do anjo.

—Swirl!

O chamado ecoado fez o jovem caçador praguejar.

—Merda! É o meu irmão, veio atrás de mim...desgraça...–Juntou sua arma e girou lentamente nos calcanhares, fazendo mais uma observação. –Hoje irei ao lago de noite, por favor, me encontre lá. –No seu timbre suplicou.

— Swirl! –O chamado na segunda vez indicava que Yeast estava mais próximo.

—Tenho que ir...peço mais uma vez que vá, eu prometo não levar minha arma. –Não queria assustá-la.

Empós a partida do loiro, a bruxa permaneceu escondida no meio dos arbustos.

—“Swirl”

 

****

 

Sunset o resto do dia adveio duvidosa se deveria ir ou não ao lago, pois considerou que se o caçador tivesse contado sobre ela para outras pessoas, teria vindo uma multidão à porta de sua casa. Seu primo sendo médico famoso tornava sabido a todos onde ele residia. Screw foi à cidade nos últimos quatro dias e após seus retornos nada comentou de diferente, a normalidade prosseguia.

Por não ter revelado a ninguém do seu encontro com o caçador na noite diante do lago, a bruxa se encheu de preocupação nos dias seguidos. Entretanto, Swirl, assim chamado, evidentemente guardou segredo.

—“Talvez...eu consiga fazê-lo esquecer do que viu...” –Considerou, porém logo viu ser péssima ideia, somente seu avô tinha experiência o suficiente para mexer na mente humana. –“Ainda não cheguei nesse nível...”. –Com seu razoável domínio de magia seria capaz de bagunçar a própria mente, ou misturar a mente dela com a de Swirl...

No anoitecer, acabou decidindo ir ao lago.

 

****

 

Swirl chegou ao local marcado flagrando a bela moça toda de perfil, abaixada ela lavava o rosto coletando graciosamente água nas duas mãos e jogando-a em cima das feições de modo suave. Até os simples movimentos da beldade tornavam-se encantadores ao caçador que se sentia bobo só de assisti-la. 

Sunset o percebeu por meio da visão periférica, rapidamente se alçou fixando seriamente os olhos azuis claros no caçador quem ergueu as mãos ao alto em rendição.

—Boa noite, eu vim me desculpar. –Se ajoelhou levando as palmas para a terra e encostando a testa na umidade da mesma. –Eu não queria espiá-la, mas acabei espiando...perdoe-me! 

A bruxa o avalia surpresa pela ação, e passando-se poucos segundos assegurou-se de que ele viera desarmado, como prometera na manhã.

—Você não contou a ninguém mesmo...

O caçador iça a cabeça, de mãos permanecidas espalmadas contra o solo, reparou no temor enflorado da jovem. Colocando o tronco do corpo em vertical, braços caídos, admirou serenamente a figura feminina enquanto a respondia:

—Eu pensei em falar para minha família, mas depois conclui que não seria uma boa ideia, eles não acreditariam em mim. Pensariam que estou inventando desculpas por ter perdido minha caçada. –A moça enrugou o nariz, e ele se atentou a esse ato desagradado dela. –Me impediu de atirar na criatura da floresta...é a mãe-natureza?

Quem dera fosse! Pensa a bruxa, ao menos não seria caçada. Meneia o crânio apertando as mãos ao respondê-lo:

—Você mataria o cervo simplesmente por que o achou bonito e aquilo me enraiveceu. –Sua voz se engrossa na última palavra. –Se fosse reservado para sua alimentação eu teria deixado passar...mas por pura estética... –Entonava seu nojo.

—Eu entendi...não farei de novo. –O caçador ergue-se devagar, notando a vigilância da jovem sobre seus movimentos, opta em continuar no mesmo lugar. –Como aprendeu aquele lance de voar? –Tímido a sorrir.

Sunset demora a respondê-lo, pois só de lembrar que ele a viu nua cora violentamente. Swirl igualmente, ao lembrar-se de quando a viu voando, recorda-se que naquela noite a mesma estivera pelada. Seu olhar inquieta-se sem saber onde focar a visão, totalmente vermelho. Sabendo ele das belas formas que há sob o delicado vestido, interiormente se agita.

Ambos vermelhos como tomates compartilham de um silêncio constrangedor, todavia, quando a moça acha ser tempo demais a progredir, decide respondê-lo tentando reatar um clima aceitável para o diálogo: 

—Como qualquer outra bruxa aprende, a magia se manifesta quando o corpo e mente amadurece...–Vê a face estupefata do caçador.

—Você é uma bruxa?

A face dele ainda possuía um resquício de vermelhidão. 

—Desacredita? Mesmo depois do que viu?  

—É que pensei que fosse um anjo. –Swirl coça a cabeça. 

Primeiro anjo, depois mãe-natureza, ele a confundia com seres apaixonantes, Sunset aspirava ser um deles.

—Nunca vi uma bruxa antes, do meu antigo lar me falavam que eram criaturas horríveis, por isso deveriam morrer.

O semblante de Sunset se decai.

—Eu não acho você uma criatura horrível! –Ele se antecipa tentando consertar a situação. –Até agora sou eu quem se comportou de modo horrível. –Se envergonha.

A bruxa se atenta à mão enfaixada do jovem, seria o ferimento desde a noite do lago? Quis tirar a dúvida:

—E-eu...posso ver sua mão?

O caçador olha pra faixa e depois volta seus azuis redondos para a figura feminina.    Confiando nela, assente estendendo o braço, de pés imóveis espera ela se aproximar.

Sunset hesita, corando. O belo loiro nem demorou em acatar seu tímido pedido. Chegando perto tocou na mão dele, acariciando levemente em cima da faixa ao citar as palavras: “Sed sanabo contritiones”.

Concluída a ação, a linda bruxa recua dois passos e Swirl sentindo a mão diferente, desenrolou a faixa.

—Que incrível...–Admirado, as pupilas de Swirl dilatavam enquanto avaliava a região da pele antes ferida, totalmente limpa agora. –Não sei como agradecer!

Sunset negou abanando as delicadas mãos diante o corpo, contudo acabou usando alguns segundos de ponderação, e humilde pediu:

—Apenas continue mantendo em segredo sobre mim.

O caçador submergiu em mudez imaginando mil coisas sobre o que a jovem fazia para se esconder dos humanos. Do que ela vivia? Com quem morava, ou se habitava sozinha a imensa floresta. Nunca a vira na cidade perto de sua casa. Observando as copas das árvores, Swirl se refugiou em recordações de infância.

—Me falaram tanto que bruxas eram criaturas arrepiantes, soube de condenações ocorridas nas cidades vizinhas. Eu tinha medo só de pensar. –Suas palavras fizeram a expressividade da moça se arraigar em melancolia. –Estou feliz de hoje ter visto um exemplo que desminta tudo o que acreditei sobre bruxas, me sinto aliviado por nunca ter participado de uma condenação.

A jovem abriu a boca, perdendo a voz, somente emocionada por ouvi-lo.

—Eu lamento pelo que tenha que passar, se as pessoas a conhecessem não a julgariam de modo cruel.

—As pessoas da minha antiga cidade me conheceram, eu mantinha secreta minha natureza, mas quando fui suspeita de bruxaria me aprisionaram...minhas amigas não se salvaram....–A dor da perda emergiu em seu coração.

O loiro se via entrando em uma nova realidade e lamentava profundamente.

—Isso está errado, a humanidade comete um crime brutal. Temos que fazer algo! –Se revolta repentino: –Se as bruxas são como você, as pessoas pecam matando-as em nome de Deus, não creio em um Deus que aprovaria atos tão cruéis em nome dele! –Agarrou os cabelos passando mal. –Você é um ser bom, eu posso saber só de olhá-la. Nós...temos que fazer alguma coisa, eu quero fazer algo!

Sunset havia encontrado alguém que a entendia.

—E-eu o compreendo, mas não podemos mudar a mentalidade das pessoas de uma hora pra outra....minha família me pede paciência... –Tocou nos pulsos dele, e os azuis conflitaram-se contra os dela. –Você fez algo grande, manteve segredo sobre mim, isso conta muito, obrigada.

O caçador respirou fundo algumas vezes, o toque suave da beldade feminina o fez se tranquilizar vagarosamente, e quando pode conter a revolta, comentou abrandado:

—Acho que foi o reflexo do luar, mas naquela noite...seus olhos me pareceram duas luas...

A jovem rascunha dócil sorriso e dá um passo pra trás, recitando palavras desconhecidas, seus globos azuis tomam a coloração prateada.

—São lindos... –Murmura o loiro completamente estático.

—Meu nome é Sunset...–Se apresentou. 

 

****

Sunset e Swirl passaram a se encontrar diante o lago todas as noites. No cadencio de se conhecerem melhor, arrumavam numeradas coisas para fazerem: Apreciavam o espetáculo de vagalumes os quais aos montes assemelhavam-se a estrelas caídas, contemplavam as flores que se abriam exclusivamente no perdurar do luar, coletavam o máximo de grilos, às vezes competindo pra verem quem conseguia pegar mais, porém no final soltavam todos ao mesmo tempo e nos passeios pela floresta escorria-se estilo jucundo de conversarem, os incessáveis assuntos os faziam sentirem-se amigos de infância.

Certa vez trocaram segredos preciosos:

—Sob esse solo há incalculáveis fluxos de água, são diferentes de outros que existem pelo mundo por que nos daqui correm as vidas dos ancestrais dos bruxos da floresta, também as vidas de plantas e animais.  Nós nomeamos esse fenômeno espiritual de correnteza das almas. –Sunset conduz a mão aberta a oito centímetros acima da superfície das águas cristalinas, fita sua imagem refletida. –Uma das ramificações da correnteza entra em contato com o lago, almas passam por ele todo o tempo. 

O loiro sentado ao lado dela, examinou todo o sentimentalismo com o qual ela lhe confidenciou. Acreditava o caçador na veracidade da informação, entendia que inúmeros fatos viriam a serem descobertos. Infinidade de conhecimento pra ele ainda não era alcançável. Sua mente se tornara completamente aberta após conhecer o ser divino que a bruxa era.

—É magnífico saber que estou perto de várias almas. –Ele fala achando dificultoso descrever a emoção transcorrida em seu corpo. Meio ruborizado moveu sua atenção para uma plantinha a trinta centímetros do seu quadril, e estendeu a mão para brincar com ela, movendo as pequeninas folhas comentou: –Quando você dançava sobre o lago ele brilhava mais. 

Sunset repeliu a mão da proximidade da água fazendo-a perder o pouco de radiar que ganhava por meio de sua magia, encolheu as pernas abraçando-as e escondeu a face atrás dos joelhos.

Mencionar sobre o ocorrido no lago trazia o velho constrangimento à tona. Eles não conseguiam se fitarem nos olhos por mais de dois segundos quando tal assunto era exposto.

—É um ritual...para transferir minha energia à correnteza das almas através do lago, é um modo de gratidão por todas as vidas a correrem pelas águas serem o maior suporte vital da floresta. É-me apreciável, pois se torna algo que me acalma...–Notara que desde que conheceu o caçador não retornara a realizar o ritual.

—Muito legal de sua parte. –Swirl largou a plantinha para coçar fortemente os joelhos por cima da calça, suas pernas estão dobradas em prenúncio de meditação. –É muito melhor do que escutar falar que é um ritual demoníaco.

Sunset sorriu, às vezes duvidava da sorte de ter achado alguém que não fosse bruxo a entender como se sentia e aprendesse sobre seu mundo.

Havia povos nos quais as mulheres dançavam nuas para homenagear o sol, outras acreditavam que bailarem individualmente peladas em torno de um círculo tendo uma espécie de planta dentro dele, traria a elas informações sobre o almejado amante, esses e outros exemplos de rituais volvidos à nudez carregavam significado único em cada civilização. No entanto, na crença da sociedade na qual a bruxa inseria-se, tudo que fugisse do livro sagrado era considerado do mau, do diabo, das trevas e etc.

Sunset quando dirigia seus redondos prateados ao caçador, via nele a esperança de um futuro diferente, onde as pessoas se encontrariam mais toleráveis.

—Quando você morrer, sua alma se juntará a correnteza das almas? –Swirl receado a pergunta.

—Sim…–Respondeu tendo pingo de insegurança, depois dos acontecimentos em Salém, viver a eternidade sendo parte da  natureza a qual tanto amava lhe era um destino honroso. No entanto, no presente essa ideia não lhe vinha com cem por cento de satisfação. –Você gostaria de ter uma pós-morte calma na eternidade?

Swirl inspirou afundado, esticou os braços pra trás arrastando as palmas no solo, cabeça erguida de observância nas estrelas, desdobrou as pernas estendendo-as pra frente, os calcanhares quase molhados pela beira das águas. Embora sua resposta viesse calma, no seu imo um desespero o espancava:

—Nunca contei a ninguém, mas o que tem depois da morte me assusta. Quando eu ouvia que viveria eternamente num paraíso ao lado das pessoas que amo me confortava quando criança. Com tudo que acontece eu nem sei se iremos para esse lugar que dizem ser maravilhoso. Não consigo enxergar um propósito...viver sem objetivo numa calmaria inesgotável....pra mim é tão assustador quanto ir para o que consideram inferno. –Sorrir sendo alvo de uma porção de perturbação. –Eu pareço louco falando isso? Sinto-me em pânico.

Calmamente a linda moça negou, e engatinhou ao loiro, nele levou as mãos aos lados do pescoço, seguido disso, subiu o tato para as laterais do rosto quente.

Prolongaram-se em uma afasia onde só as expressividades dialogavam. A bruxa deu a ele o tempo necessário para recuperar-se do pânico, e o respondeu:

—Estamos incertos quanto aos nossos destinos, vejo que é normal criar-se dúvidas. As pessoas por tanto tempo alimentaram a crença de que as bruxas são seres maléficos, você está vendo que não, então quem pode garantir que os humanos estejam certos sobre o que acreditam a respeito do que virá depois da morte?

O caçador pensativo foi abraçado pela bonança vagarosa dada pelo ato carinhoso e palavras confortantes da bruxa. Segurou os pulsos dela e a sorriu sendo correspondido pelo mesmo gesto.

O centro de cada testa se uniu, e ainda que devorados pela vergonha de exibirem tamanha intimidade, permaneceram desse jeito.

—Além da vida das plantas e animais, somente as almas dos bruxos da floresta fazem parte da correnteza das almas?

—Sim...

Ambos os olhos fechados.

Ambos ouvindo os ritmos das respirações.

—Eu queria que fosse possível eu ficar perto de ti...nossas almas correndo sem parar, contribuindo para a vida da floresta, contanto que estivéssemos juntos...seria o destino perfeito...–As palavras de Swirl saíam como preces.

—Eu também...eu também...–Repetia baixinho a bruxa passando as mãos nos cabelos loiros.

—Swirl!!!

Os dois abriram os olhos e recuaram um do outro, buscaram porem-se em pé.

—É a voz do meu pai. –Falou ele soltando alguns resmungos em seguida.

—E-ele o seguiu?

—Estávamos caçando juntos antes de eu vir para cá, mas avisei pra ele que voltaria pra casa por que estava tendo dor de estômago.

—Como estão indo suas caças?

—Boas...eu caço um animal por dia...isso está irritando minha família, mas eu não ligo.

A bruxa sorriu, ele se esforçava pela natureza e isso amainava seu coração.

—Swirl!!!

No próximo chamado o jovem caçador deu uma bitoca sobre os lábios rosadinhos da bruxa e saiu correndo acenando pra ela, se despedindo alegremente em palavras às quais a moça não entendeu por que estava paralisada pelo carinho recebido. Tocou a boca com os dedos trêmulos e o coração acelerado. Foi quase o seu primeiro beijo.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, para quem leu o primeiro cap no Spirit percebeu que eu adiantei grande parte da história, agora aqui no segundo cap no nyah adiantei também uma parte.

Beijos e abraços, até a parte final do especial de halloween o/



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