The Way escrita por Beauty Queen


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Hello, bbs. Meu onibus demora um ano pra passar e eu tenho bastante tempo pra criar uma fanfic enquanto espero ♥
Eu sou uma flor que não termina capitulo mas que escreve novas onezinhas o tempo todo, so sorry.
Hoje não é mais Octuber 3td, mas pra mim é Mean Girls Day todos os dias. Magnus Chase saiu e vocês viram qual o nome da irmã da Percy? Vocês também acreditam que não é Amy?
Btw, boa leitura! ♥



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— Vamos lá, Percy – Nico bateu os ombros nos meus – Você nem tocou na sua bebida.

 Desde que me entendo como universitário, eu quase nunca tocava na minha bebida.

Quando estávamos no último ano do colegial, Nico, meu melhor amigo bonitão desde que eu me entendo por gente, disse:

— Hey cara, que tal a gente dividi um apartamento no campus da faculdade?

Tinha sido uma luta para fazer minha mãe concordar com a ideia de que eu, o garoto problema na escola desde os cinco anos, e Nico, meu melhor amigo problema desde os cinco, éramos responsáveis o suficiente para morar sozinhos, juntos.

A mãe de Nico tinha morrido quando ele era bem pequeno e o pai vivia fora da cidade. O rapaz morava praticamente comigo desde que entramos no ensino médio.

No final das contas, Nico era mais meu irmão do que Tyson, meu irmão mais novo que eu vi duas vezes na vida.

Então, tínhamos conseguido. Morávamos juntos no apartamento mais bagunçado do Campus da faculdade da California.

Desde que ideia se concretizou em minha mente, eu imaginava minha vida acadêmica como American Pie.

Como fui burro. Estupido. Que doidera foi essa que eu pensei.

O único lugar que eu ia era do meu prédio para o prédio de Nico e depois íamos para casa. Não íamos a nenhuma festa desde nossa formatura e nosso trote. 

Mesmo assim, meu companheiro costumava dizer que éramos sortudos pelo que tínhamos:

The Way                                                                              

The Way era um pub que ficava logo ao lado do nosso apartamento. Ele era rustico, bonito e lotado. Era um dos únicos lugares no campus para ir e conversar com os amigos, já que a musica no era alta e o ambiente era a coisa mais agradável do mundo.

The Way era nossa segunda casa.

The Way tinha uma TARDIS em um dos cantos da parede que eu e Nico queríamos ter em casa.

Nico se apresentava semana sim semana não, as sextas, junto com amigos de sua classe. Eu ia junto com ele para lhe dar apoio e bem, as vezes eu bebia algo.

Mas veja só, eu passava metade do tempo passando nas provas e nos trabalhos que a vida como biólogo me exigia. Nico pagava suas horas extras tocando no pub, eu pagava minhas horas extras catalogando animais no aquário da cidade, que ficava fora do Campus e era longe para peste.

Ou seja, ele se saia bem melhor do que eu no quesito bebida.

Na real, eu nem me importava.

Sorri para o rapaz ao meu lado. Seus cabelos negros estavam grudados em sua testa e os olhos – também negros – já pareciam fora de foco pela bebida.

— Eu tenho alguns trabalhos para fazer amanhã – Tirei os cabelos de seus olhos e suspirei – Acho que vou para casa.

— Você é um porre, Jackson – Nico se encostou na cadeira e voltou a beber da garrafa que segurava – E nunca mais tire meus cabelos do meu olho desse jeito em publico, eu tenho namorado.

Eu ri e então me levantei.

Depois de mil e um boatos sobre eu e Nico sermos namorados, ele se assumiu com Will e fomos deixados em paz.

Isso nunca me incomodou, embora Nico vivesse pedindo desculpa por eu ser zoado quando ele era o único que devia ser.

Ele era um bocó mesmo se achava que eu o culpava por aquilo. Ou por achar que merecia ser zoado por gostar de rapazes.

Nico era o maior bocó.

Mas eu o amava mesmo assim.

— É, não queremos problemas – Peguei a garrafa de suas mãos e bebi um gole.

Pisquei um olho para ele e acenei para Luke, o barman.

Logo quando sai do lugar, agradeci aos deuses por não ter ficado lá por mais tempo.

Na frente do The Way, se encontrava uma parada de ônibus. Aquelas hora, as onze horas da noite – que era o máximo de tempo que eu sempre ficava lá dentro – não havia uma alma viva naquele lugar para pegar o ultimo ônibus.

Ninguém a não ser uma moça.

Ela tinha os cabelos cortados pouco abaixo dos ombros, loiros. Eu conseguia apenas ver seu perfil, mas ela tinha o nariz fininho e empinado e a boca coberta por um batom. Ela era baixinha e mexia os pés, nervosa. Os olhos cinzentos, aflitos.

Só havia ela ali. Ela e um homem. E então eu entendi.

 - Por favor – Ela pediu quando o homem tocou seu braço – Não me toque.

O rapaz riu e segurou seu braço com violência. Eu sai de meu transe imediatamente.

— Hey.

Os dois levaram seus olhos até mim. A menina pareceu assustada e logo depois aliviada. O rapaz me olhou raivoso.

— Se eu fosse você soltava ela antes que eu chame o segurança do pub – Caminhei até perto deles.

Segurei a mão do rapaz e a empurrei para longe da mulher, minha outra mão repousando em seu ombro. Senti uma de suas mãos segurar meu braço. Ela tremia.

— Você não vai querer problemas com Frank – Eu avisei e ele se afastou.

Olhou uma ultima vez para a garota e então se virou e foi embora.

Eu ouvi ela suspirar e soltar meu braço.

— Muito obrigada – Ela sussurrou e então eu me virei para ela, capaz de observa-la melhor.

Ela era ainda mais bonita quando não estava aflita.

Sorri para ela tranquilizador.

— De nada – Murmurei – Mas você não devia ficar até tarde aqui, sozinha. É perigoso.

Ela suspirou e concordou, encarando os pés.

— Estou precisando fazer aulas extras a noite – Ela murmurou – Não tinha nenhuma outra escolha, perdi muitas aulas, moro longe e está tudo uma droga.

Eu dei uma risada baixa. 

Automaticamente, ela percebeu que tinha falado de mais para um estranho e então corou.

— Desculpe – Ela disse e segurou um dos braços, trocando o peso de um pé para o outro – As vezes eu falo de mais.

— Tudo bem – Eu lhe dei mais um sorriso.

Ela retribuiu dessa vez.

E que baita sorriso que ela tinha.

Eu escutei o ônibus vindo e ela olhou para trás de mim.

— Muito obrigada, de novo – Ela disse e sorriu mais uma vez.

Eu apenas fiz um gesto com as mãos e sorri de volta para ela.

Eu estava sorrindo demais.

Ela colocou um pé na escada do ônibus e me olhou novamente, acenando para mim.

Acenei de volta e então ela se foi.

— Ei, cara – Eu escutei Nico falar da porta do pub – Quer dizer que você me deixa sozinho pra ficar de papinho com garotas do lado de fora?

Eu rolei os olhos e caminhei até ele. Peguei seu braço e comecei a puxa-lo para casa.

— Vamos embora enquanto você ainda está de pé – Eu falei – Se eu tivesse que carrega-lo, ai sim as pessoas falariam.

oOo

Eu havia pensado na moça loira a semana toda. Nico dissera que eu estava no mínimo atraído por ela.

Ela queria dizer apaixonado, eu sabia que queria.

Embora, eu não pudesse achar um motivo para não estar. Ela era bonita e simpática. Eu descrevera ela para Nico e pedi para ele tentar encontra-la no meio de seus vários contatos em toda a universidade.

Eu a procurei nas redes sociais, mas nem seu nome eu sabia.

Se Nico não a tivesse visto, eu diria que ela tinha sido um sonho de tão bonita que ela era.

Não conseguia pensar nela sem pensar no homem ao seu lado. Enchia-me de raiva só de imaginar o que ele faria com ela se eu não tivesse saído do pub.

Teria ela gritado a tempo para alguém ouvir?

Era sexta feira novamente e eu observava a banda que tocava no palco.

— Cara, você realmente parece um bobo apaixonado – Nico murmurou - Está olhando para a porta como se ela fosse entrar por ali.

Eu o encarei por um tempo.

— Ela não parecia alguém que vai á pubs – Eu respondi – Ela parecia... ela parecia uma gênia da matemática.

Ele riu.

— Você deduziu isso depois da conversa monossilábica de vocês?

— Sim – Eu respondi como se fosse obvio – Você não olhou para ela como eu olhei.

— Eu definitivamente não olhei para ela como você olhou – Ele riu – Você já está até imaginando seus filhos sentados no sofá e você contatando a história de como conheceu a mãe deles, na parada de ônibus na frente do melhor lugar do mundo.

Eu tive que rir.

— Não exagera – Eu olhei para a porta novamente – Quais as chances de ela estar lá de novo?

— 33% - Nico disse.

Eu suspirei.

— É um bom número.

— É sim.

Eu me levantei e pisquei um olho para Nico e acenei para Luke.

— Esse é seu ritual da sorte, né – Nico piscou o olho de volta.

Eu lhe dei mais uma piscada.

— Então agora é sorte dupla.

Ele riu e eu me virei para a saída.

Eu sorri ao ver a silhueta pequena encostada de forma relaxada no poste, olhando inquieta para os lados e batendo os pés no chão.

— Hey – Eu chamei ao seu lado.

Ela saltou assustada e então olhou para mim.

Pode ser porque eu estava fisicamente atraído por ela, mas eu juro que vi seus olhos se iluminarem.

Ela sorriu tímida.

— Ei – Ela disse, olhando para o pub atrás de mim – Acho que vou deduzir que você mora ali.

— Você estaria certa – Eu dei uma risada e ela me acompanhou.

Se seu sorriso já era bonito, você deve imaginar a risada dela.

— E então, muitas aulas extras? – Eu perguntei.

Ela pareceu impressionada por eu lembrar de suas aulas extras.

— É – Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela parecia incomodada com a presença minha presença.

Imediatamente, me senti culpado. Se eu a estava incomodando, eu não era melhor que o cara da semana passada.

— Err... tudo bem? – Perguntei, me afastando um pouco de seu lado.

— Tudo – Ela concordou e então me encarou por um tempo.

Por um bom tempo. Seus olhos corriam por todo o meu rosto e então ela voltava para meus olhos.

O que será que passava naquela cabecinha linda? Será que ela pensava em mim do jeito que eu pensava nela?

Quando notou que eu a observava me observar, ela corou e abaixou os olhos.

— Desculpe incomodar você – Eu pedi e me afastei ainda mais.

— Não! – Ela disse e se aproximou – É legal que você esteja aqui.

Eu senti meu coração bater mais forte com o comentário.

Claro, ela estava feliz de não estar sozinha e correr o risco de ser violentada de alguma forma, mas mesmo assim, meu coração dizia que era porque ela realmente gostava da minha companhia.

Ficamos em silencio por um tempo, ela olhando a cada momento se seu ônibus já estava vindo e eu á olhando.

Os dedos vira e volta iam até seu cabelo e ela brincava com algumas mexas, depois caiam de volta para o lado de seu corpo, onde ela os batucava nas cochas. Os pés nunca paravam e nem seus olhos. Sempre que ela virava novamente para mim, eu desviava os olhos.

Ela limpou a garganta e então me olhou por um tempo.

— Desculpa – Ela pediu e abanou os braços – Eu não quero ser rude, mas o que você faz ai parado?

Eu senti minhas bochechas corarem.

— Eu estou esperando seu ônibus chegar.

Ela pareceu surpresa com a resposta.

— Mas está tão tarde – Ela disse como se eu não soubesse – E você deve ter amigos lá dentro.

Eu olhei para a porta do pub.

— Só um – Eu dei de ombros – Ele não se importa.

Ela corou e me olhou por mais um tempo.

— Você pode parar de fazer isso – Eu pedi baixinho e sorri para ela.

Ela retribuiu meu pequeno sorriso com um sorrisão. Daqueles com os dentes todos.

Deuses, como ela era linda.

Ela ia dizer algo, mas então escutamos seu ônibus vim. Ela suspirou chateada e me olhou por novamente.

— Quais... quais as chances de eu lhe encontrar aqui semana que vem? – Ela torceu as mãos umas nas outras.

— 33% - Eu disse.

Ela sorriu e concordou.

Fez sinal para o ônibus e então me olhou de novo.

— Eu sou tão bonito assim? – Questionei.

Ela corou e sorriu, dando de ombros.

— Até, sexta – Ela disse e acenou.

— Ei! – Eu gritei quando ela estava quase subindo no ônibus – Qual seu nome?

— Annabeth – Ela gritou de volta.

E então o motorista deu a partida.

oOo

Annabeth.

Eu procurei na internet, significava... bem, era algo meio confuso sobre os juramentos de Deus e graça.

Eu não acreditava muito em Deus e seus juramentos, mas em uma coisa eu acreditava: Annabeth era a moça mais cheia de graça que eu tinha conhecido em toda a minha vida.

Sua voz doce e seus sorrisos agora menos contidos tinham ocupado minha mente durante a semana toda. Eu escrevi seu nome varias vezes em meu caderno. Será que tinha dois “n” mesmo? Será que eu não tinha trocado nada?

Era um nome tão bonito. E combinava com ela. Eu tive um tempo ainda maior para observa-la e decorar todos os detalhes de seu rosto.

Nico definitivamente achava que agora eu estava apaixonado.

Mas eu nunca tinha ficado apaixonado antes. Eu conhecera varias meninas ao longo da minha vida, afinal de contas eu sou um rapaz formoso – como já diria minha mãe, mas eu nunca me senti atraído por elas como me sinto por Annabeth.

E nós tínhamos apenas saído da conversa monossilábica.

Eu esperei pela sexta feira chegar. Eu esperei desesperadamente pela sexta feira.

Nesta semana Nico se apresentaria, então eu não pude ir lá fora até a hora em que sua apresentação acabou.

— Cara, vê se faz o favor de pelo menos pegar o numero de telefone dela dessa vez – Nico respondeu e piscou para mim.

Eu pisquei de volta para ele.

Annabeth estava virada para a porta do pub quando eu sai, ela olhava ansiosamente para onde eu me encontrava e quando me notou, sorriu imediatamente.

Eu caminhei até ela e lhe retribui o sorriso.

— Então... Annabeth – Eu disse – É um verdadeiro prazer lhe conhecer.

Ela deu uma risada.

— É um nome bem estupido, não? – Ela disse e colocou os cabelos atrás da orelha.

— Eu gostei – Dei de ombros.

Ela corou. Pela primeira vez desde eu a vi pela primeira vez, ela não parecia ansiosa para que seu ônibus chegasse.

— Você mora mesmo ai, não é? – Ela levantou uma sobrancelha.

— Meu amigo toca – Eu respondi e me encostei no poste, bem perto de si – Ele usa como hora complementar, acredita? Ele fica bêbado, toca um pouco e passa de semestre.

Ela deu mais risada.

— Eu gostaria que pudesse ser assim para mim também – Ela confessou – Arquitetura está acabado comigo.

— Nico me deve dez pratas – Eu murmurei e ela me encarou confusa – Ele disse que você com certeza estudava medicina. Eu disse que devia ser outra coisa.

— Oh, você já aposta sobre mim com seu amigo? – Ela disse e eu corei – Isso quer dizer que você falou de mim para ele?

— Bem... talvez um pouco – Eu murmurei e ela sorriu.

— Sobre o que vocês falam?

— Ah, você sabe – Ela me olhou como se estivesse imaginando tudo que errado que eu e Nico pudéssemos falar sobre ela – Não é todo dia que eu conheço uma moça bonita, talvez eu tenha descrito você com muitos detalhes.

Mesmo que ela estivesse extremamente corada, ela sorriu.

— Você é de fato um rapaz interessante – Ela disse – Eu gostaria de saber seu nome.

— Perseu – Eu disse – Mas pode me chamar de Percy. Eu gosto assim.

— É um nome interessante também – Ela bateu os ombros nos meus.

— Você está chegando bem em casa? – Eu expressei minha preocupação – Aquela situação se repetiu?

— Não – Ela me tranquilizou e então sorriu agradecida para mim – Obrigada pela preocupação, Percy.

O meu nome parecia tão mais bonito quando estava saindo de seus lábios.

— É... Eu ouvi que estava acontecendo umas series de... Você sabe, violência pra esses lados de lá – Eu apontei para o nada, mas sabia que ela tinha entendido – Não pude não pensar em você a semana toda.

Ela sorriu ainda mais e então tocou meu braço, logo escorregando a mão até a minha.

Seu toque era gelado, mas eu me sentia em chamas.

— Você é um doce, Percy – Ela continuou a segurar minha mão enquanto falava, os olhos vidrados nos meus e o sorriso tímido – Mas está tudo bem. Eu estou tomando cuidado, juro.

Eu concordei e segurei a mão dela com mais força, com medo que ela soltasse.

— Hã... – Eu vi o ônibus dela dobrar a esquina.

Minha expressão deve ter se entristecido porque ela apertou minha mão, o que me fez olha-la.

— Aqui – Ela puxou a mão e anotou um numero.

Aha

— Eu mando uma mensagem dizendo se cheguei bem, que tal? – Ela questionou.

Eu sorri e a encarei por mais tempo.

— Eu acho ótimo – Respondi e soltei sua mão devagar.

— Até mais, Percy – Ela disse e se afastou.

Eu pisquei para ela como piscava para Nico.

Ela corou e deu uma risadinha.

— Esse é meu adeus da sorte – Eu expliquei.

Ela deu uma piscadela de volta.

Ela ficava bem mais bonita do que Nico quando fazia aquilo.

oOo

“E ai ele escorregou no próprio café e deu de cara do chão”

Eu sorri para o telefone.

Agora eu e a menina da parada éramos quase amigos virtuais. Ela me mandava mensagem assim que chegava da faculdade, o que era por volta das quatro da tarde. Naquela sexta, ela me mandou quase meia noite, que era o horário que seu ônibus a deixava na ponta da rua de sua casa.  

Conversávamos sobre coisas aleatórias até que um de nos pegava no sono.

Era sempre ela.

Eu me imaginava conversando com ela pessoalmente até que ela caísse no sono e eu pudesse observa-la.

“Seu dia com certeza foi mais agitado e engraçado do que o meu :)”Eu respondi

Annabeth demorou um tempo para responder. Escrevia e então apagava.

“Está tudo bem, Percy? :/”

“Só estou cansado, Annie. Mas estou feliz que iremos nos ver amanhã”.

“Eu também estou”— Ela respondeu logo depois, seguido por um coração verde.

“Estou chegando em casa. Vou guardar o celular. Até depois, Percy”

“Até, Annie. Cuidado”.

“Pode deixar!”.

Naquela quinta noite, uma moça foi violentada na saída de seu prédio, no campus da faculdade. Ela fazia arquitetura.

Ela estava morta.

Eu apenas fiquei sabendo na sexta quando acordei. Eu tomava meu café quando Nico entrou na cozinha e me mostrou o celular.

A moça se chamava Poliana.

Eu imaginei se Annabeth a conhecia.

Eu imaginei como eu me sentiria se tivesse acontecido com Annabeth.

Eu imaginei se Annabeth estava aliviado como eu estava por não ter sido ela.

A noite, Annabeth estava mais próxima do pub do que do poste em que sempre ficava encostada. Os olhos estavam baixos.

— Vou levar você em casa hoje – Eu disse assim que me aproximei dela o suficiente.

Ela pulou assustada e então me encarou por um tempo.

— Não precisa – Ela negou.

— É caminho para mim – Eu respondi e toquei seu braço – Você conhecia ela?

Ela concordou e abaixou a cabeça.

— Eu falei com ela tantas poucas vezes, mas ela não merecia aquilo – Ela levantou os olhos para mim – É errado me sentir aliviada por não ter sido eu?

As lagrimas já escorriam pelo seu rosto e eu a abracei.

— Se for, estamos errando juntos – Eu acariciei seus cabelos – Porque eu também estou aliviado por não ter sido você.

oOo

Eu passei a levar Annabeth em casa todos os dias. Ela morava literalmente do outro lado do campus. Sua parada era praticamente a ultima. Eu caminhava com ela até a porta de sua casa e então dizia que caminharia até a minha, que ficava na próxima rua.

Mas na verdade eu caminhava de volta para a parada de ônibus o mais rápido possível e torcia para que ainda tivesse algum ônibus eu pudesse me levar de volta.

Ela me explicou que morava tão longe de seu prédio porque demorou muito para se mudar e não encontrou apartamentos perto.

Eu usava a mesma desculpa.

E a cada sexta feira que eu me sentava ou lado de Annabeth no ônibus e nos dividíamos um fone e ela contava como foi seu dia e repousava a cabeça em meu ombro, eu me apaixonava ainda mais.

Naquela quinta eu estava deitado em meu quarto. Faziam quase dois meses que eu vinha levando Annabeth para casa. O campus continuava perigoso porque ninguém tomava nenhuma providencia.

Annabeth tinha ficado na faculdade até mais tarde hoje, mas me prometeu que não chegaria depois das sete em casa.

Já eram sete e meia e ela ainda não tinha me mandado a mensagem confirmando que estava bem.

Eu jantei e fiz trabalhos da faculdade.

Nove e meia, e nada de Annabeth.

Okay, estava na hora de entrar em pânico.

Eu me sentei na cama – pronto para ir até a casa dela, porém Nico entrou no meu quarto logo em seguida, seus olhos estavam arregalados e ele parecia a ponto de chorar.

— Vamos ao hospital comigo?

— O que aconteceu, Nico? – Eu já fui me levantando e procurando pelos sapatos.

— Minha amiga... ela... – Ele não precisava terminar a frase para que eu entendesse – Os pais dela ainda vão demorar pra chegar lá, o hospital me ligou porque eu fui a ultima pessoa a falar com ela pelo telefone. Não quero que ela esteja sozinha quando acordar, Percy. Quando ela notar o que aconteceu...

— Merda – Eu respondi – Esse campus está uma droga. Que porra.

— Annabeth já esta em casa? – Nico bateu os pés no chão, ele parecia nervoso.

— Não – Eu murmurei e peguei meu celular – Eu tento falar com ela no caminho, vamos.

Nico foi dirigindo e mandei mensagem para Annabeth. Ela não respondeu.

Mandei outra, minutos depois.

Nada.

Quando chegamos no hospital, Nico foi até a recepção se informar sobre a amiga.

E então eu liguei para Annabeth. Ela não atendeu.

Eu nunca tinha ligado para ela. Mas naquela noite eu liguei seis vezes.

— Nico – Eu murmurei para o rapaz ao meu lado.

Ele não tinha sido permitido entrar até que a moça acordasse e permitisse que ele entrasse.

— Hum.

— Eu estou preocupado com Annie – Eu murmurei e esfreguei meus olhos.

— Tem 33% de chances de algo ter acontecido com ela, Percy – Ele disse e segurou minha mão por um tempo – Ela deve estar bem.

— Ela sempre me avisa quando chega bem em casa, Nico.

— Vai ver o telefone dela descarregou – Ela rebateu – Se acalme, está me deixando nervoso.

Eu murmurei.

— Eu acho que estou apaixonado por ela, Nico.

— Eu sei disso – Nico sorriu – Ela tem sorte.

Eu bati meu ombro no seu.

— Mel também tem sorte de ter você como amigo – Eu rebati – Ela vai precisar de você quando acordar.

Ele confirmou e suspirou. Eu passei meu braço por seu ombro e o abracei.

— Will não está por perto – Eu murmurei.

Ele riu e encostou a cabeça no meu braço.

— Não – Ele concordou – Ninguém está.

...

Nico e eu dormimos no hospital. Na manhã seguinte, somente eu fui para a faculdade. Nico permaneceu com a amiga.

Ele chegou em casa a tarde e foi direto dormi. Não me falou nada sobre como Melanie estava e eu não precisava, porque não tinha outro jeito para ela está.

E eu permanecia sem noticias de Annabeth.

Naquela noite, eu não fui para o The Way, eu apenas fiquei na parada. Eu olhava para o lado em que ficava o prédio de Arquitetura, na esperança de vê-la caminhando para pegar seu ônibus.

Mas Annabeth não apareceu.

Eu sentia uma vontade desesperadora de chorar ou de ir até o prédio e procurar por ela, ou até seu apartamento.

Nico me fez prometer que não ficaria até tarde fora de casa, então eu voltei para o apartamento.

Tentei ligar para Annabeth mais algumas vezes.

Eu dormi com o telefone em minhas mãos e o aperto no peito.

No sábado de manhã, eu caminhei até o prédio de arquitetura.

— Ei – Eu chamei uma garota que saia do prédio – Eu estou procurando uma pessoa, talvez você pudesse conhecê-la.

Ela fez um sinal para que eu prosseguisse.

— Ela se chama Annabeth – Eu continuei – Faz arquitetura.

— Ah – A menina sorriu – Ela está na biblioteca. Ela tem um grupo de estudo com uns amigos aos sábados.

Eu nem tinha confirmado por mim mesmo que ela estava a salvo, mas só de saber que não estava no hospital ou desaparecida já fez com que todo o meu corpo relaxasse.

O que quer que tenha acontecido para ela sumir, teria uma explicação.

A garota me explicou o caminho até a biblioteca, e assim que eu entrei, eu a vi.

E ela me viu também.

Ela estava no meio de uma fala quando me encarou. Ela pareceu confusa e então deu um sorriso tímido.

Droga. Só aquele sorriso já fazia todo o meu corpo se acalmar ainda mais.

Ela se levantou e pediu licença para as pessoas na mesa, que me encaravam confusas. Um rapaz se levantou junto com ela e falou alguma coisa para ela. Annabeth rebateu e então veio em minha direção.

— Mas... – O garoto gritou.

— Vocês podem terminar sem mim – Ela disse, agora a poucos centímetros de mim.

Ela me empurrou para fora do lugar.

Ela estava tão perto. Eu queria abraça-la. Garantir com minhas mãos que ela estava inteira. Salva.

Ela pareceu ler minha mente e jogou os braços ao meu redor.

— Você não foi para a parada ontem – Eu respondi e a apertei em meus braços – Eu fiquei tão preocupado. Não respondia as mensagens, não me atendia. Se eu não lhe encontrasse hoje aqui, eu iria até a policia, Annie. Você escolheu uma péssima hora para desaparecer.

Eu senti ela rir e se acomodar ainda mais em mim.

— Eu fui de carona ontem – Ela explicou e se afastou apenas para olhar para mim – Com toda aquela situação com a garota, eu fiquei morrendo de medo de ir sozinha daqui até a parada. E eu fui assaltada na quinta. Por isso não respondi as mensagens.

Eu arregalei os olhos e ela riu e segurou meu rosto nas duas mãos.

— Mas eu estou bem – Suas mãos fizeram o caminho até meu cabelo e eu estava adorando toda aquela proximidade e todo aquele carinho – Eu soube que a menina fazia musica. Nico conhece ela?

Eu confirmei. Ainda estávamos tão próximos que eu mal pude responder direito.

— Passamos a noite no hospital quinta – Eu suspirei.

Segurei o rosto dela em minhas mãos e suspirei mais uma vez.

— Eu não queria deixa-lo preocupado. Eu sinto muito – Annabeth murmurou.

Eu sorri e aproximei o meu rosto do seu. Annabeth não se afastou então eu não recuei.

— Está tudo bem. Só nunca mais faça isso comigo – Nossos narizes se encostavam e eu podia sentir seu hálito – Eu nunca achei que alguém podia se tornar tão importante em tão pouco tempo, Annabeth. Parabéns.

Ela riu e me puxou para ainda mais perto.

— Eu digo o mesmo.

Ela fechou os olhos e eu fiz o mesmo.

Durante quase dois meses, eu imaginei como seria beijar Annabeth. Ter seus lábios rosados e carnudos nos meus, poder segura-la pela cintura e enrolar minha mão em seus cabelos sedosos e cheirosos.

Não foi daquela vez.

A porta da biblioteca se abriu e o garoto de ainda pouco saiu. Ele não parecia feliz. Annabeth se afastou apenas o suficiente para olhar para ele. Ela não parecia feliz.

— Josh – Ela murmurou – O que?

— Eu só achei que talvez você fosse precisar de carona – Ele justificou.

Então ele que tinha dado uma carona para ela.

Eu queria agradece-lo e soca-lo.

— Percy vai me acompanhar até a parada – Ela respondeu.

Eu não disse que iria, mas ela sabia que eu iria.

— Você foi assaltada na rua de casa – Josh rebateu.

— Eu posso acompanha-la até em casa – Eu respondi.

Annabeth me olhou surpresa.

— Mas você tem estagio hoje.

— Eu posso chegar atrasado – Segurei sua mão e sorri para ela.

Ela retribuiu.

— Eu ainda não acho seguro, Annie – Josh segurou seu pulso, atraindo a atenção da mulher para ele – Eu me preocupo com você, bastante.

Okay, eu não quero mais agradece-lo coisa nenhuma.

— Josh – Annabeth sorriu para ele.

Aquele sorriso nem se comparava aos sorrisos que ela dirigia a mim.

Segura essa, Josh.

— Percy vai cuidar de mim – Ela respondeu – Ele sempre cuida.

— Eu nem sei quem ele é, Annabeth – Josh murmurou – Vamos, eu levo você para casa.

Ele a puxou com tanta força que a mão dela se soltou da minha. Annabeth arfou. Eu notei a força com que ele segurava o pulso dela quando vi a região ficar avermelhada.

— Ei – Eu segurei o pulso dele – Eu acho melhor você soltar ela. Você a está machucando.

— Eu não estou ouvindo ela dizer nada.

— Me solte, Josh – Annabeth pediu e torceu o braço que ele segurava.

— Annie...

— Eu já disse para me soltar! – Ela puxou o pulso com força – Também já disse que não preciso que você me leve para casa hoje. Eu agradeço por ontem, mas eu estou bem.

— Eu só quero proteger você.

— Talvez eu devesse me proteger de você – Annabeth murmurou e se aproximou mais de mim

Josh ia dizer algo, mas Annabeth pegou minha mão e me puxou para longe dele.

Caminhamos em silencio até a parada e continuamos em silencio até pegarmos o ônibus. Eu peguei meu celular e pus seus cabelos para um único ombro, colocando um fone em seu ouvido.

Ela encostou a cabeça em meu ombro e ficou quietinha ali. Eu peguei seu braço e repousei sobre meu colo. Passei meus dedos de leve pela marca roxa em seu pulso, fiz isso durante o caminho inteiro.

Apenas quando estávamos descendo do ônibus eu perguntei:

— Ele já a tinha tocado desse jeito antes?

— Hum? Assim como? – Ela levantou os olhos para mim.

— Com violência?

— Não – Ela me tranquilizou e segurou minha mão enquanto caminhávamos – Mas ele sempre foi um amigo meio possessivo. Eu realmente devia me afastar dele.

Uma chuva fina começou a cair. Caminhamos mais rápido.

Quando chegamos na entrada de seu prédio, a chuva já estava torrencial.

Nos dois estávamos encharcados quando nos encolhemos na pequena coberta da entrada do lugar. Ela riu e tirou os cabelos do meu rosto.

— Você quer subir e esperar a chuva parar? – Ela perguntou, as bochechas coradas e eu já não sabia se era pela chuva.

Eu concordei.

Seu apartamento era pequeno e organizado. Ela me deixou na sala e voltou com uma toalha e uma muda de roupa.

— São do meu pai – Ela disse, ainda estava com suas roupas molhadas, elas grudavam em seu corpo e realçavam suas curvas – Não quero que você pegue um resfriado. Além do mais, essa chuva não parece que vai parar agora e é um longo caminho daqui pra sua casa.

— Minha casa é próxima. Eu posso...

Ela riu e deixou as roupas no sofá. Caminhou até mim e segurou meu rosto em suas mãos.

— Pare de mentir pra mim – Ela disse e se aproximou – Eu sei que você mora perto do pub. Não tem como você demorar tanto para chegar e visualizar minhas mensagens. Além do mais, eu vejo você indo na direção contraria a que você diz ser sua casa pela janela, toda sexta.  

Eu senti meu rosto corar, e não era pelo frio.

— Me desculpe.

— Não precisa – Ela sorriu – Saber que você vem todo esse caminho só pra me deixar em casa só faz eu me apaixonar ainda mais.

Dito isso, ela grudou nosso lábios. Nenhum Josh para nos atrapalhar. E segurei sua cintura do jeito que tinha imaginado segurar. Minha outra mão se enrolou em seu cabelo molhado do jeito que eu tinha imaginado segurar. O beijo tinha sido muito melhor do que eu podia imaginar.

Horas depois, eu me encontrava deitado na cama de Annabeth, suas pernas enroscadas nas minhas e sua mão acariciando meu cabelo.

— Sua primeira vez? – Ela perguntou baixinho, nossos corpos cobertos inteiramente pelo lençol.

— É – Eu respondi e beijei seu nariz – E foi boa pra peste.

Ela riu baixinho e então seus olhos ficaram parados no meu queixo. Imaginei se ela estaria contando os fios de barba que ali cresciam. Ela não falou mais nada depois daquilo.

Naquela noite, eu mandei uma mensagem para Nico – depois de mais algumas horas conversando com Annabeth em sua cama e depois de mais algumas horas observando-a dormir. Lhe disse que iria dormir fora e que estava em boa companhia

oOo

A primeira coisa que Annabeth fez quando entramos no The Way, foi pedir para eu tirar uma foto dela na TARDIS.

E eu me apaixonei mais um pouquinho por ela.

Ela se sentou ao meu lado na mesa, uma garrafa de cerveja em um das mãos. Ela já parecia em casa.

Ela observou maravilhada enquanto Nico tocava no palco e cantava.

Na manhã depois da chuva, Annabeth me revelou alguns segredos. E aquilo só me fez ama-la ainda mais.

Annabeth não tinha apenas me confiado seus segredos, mas todo o seu ser. Entregou-me tudo que ela tinha guardado e esmagado e escondido dentro de si por tanto tempo.

Eu lhe retribuía com ainda mais amor.

Nico desceu do palco e se sentou em nossa mesa, Will também estava ali.

— Você gostou, Annie?

— Eu adorei – Annabeth sorriu para ele – Você é muito talentoso.

— Sabe, Annie – Nico falou, Will tinha seu braço ao redor de seus ombros – Eu achei que isso não teria futuro, porque esse Cabeça de Alga é péssimo com garotas.

Annabeth riu e eu rolei os olhos, mas pisquei para Nico. Ele retribuiu, sorrindo.

— Ele é muito bom para mim, Nico – Ela disse, porem olhava para mim – Você pode apostar nisso.

Eu sorri para ela e beijei sua testa.

Ela, Nico e Will continuavam com uma conversa animada.

Se alguém tivesse me dito que eu conheceria o amor da minha vida em uma parada de ônibus, eu não teria acreditado.

Porém, toda vez que Annabeth se aconchegava em mim durante a noite e murmurava coisas sem nexo em meu ouvido durante seu sono, ela dobrava uma esquina.

Toda vez que estávamos afastados e ela me mandava uma mensagem confirmando que estava tudo bem ou uma foto do que estava fazendo, ela entrava em uma rua certa.

Sempre que ela acariciava meu cabelo ou passava as bochechas na minha barba mal aparada, ela encontrava mais uma rua certa.

Quando ela falava com minha mãe ao telefone e ela lhe dava receitas dos doces que eu mais gostava ou quando Nico lhe contava sobre as vergonhas que eu já tinha passado e ela sorria para mim como se aquilo não fosse nem um pouco vergonhoso, era como se ela tivesse pedindo informação para chegar mais rápido ao seu destino.

Toda vez que seus lábios faziam o caminho de minha boca até meu queixo e depois para todo o resto do meu rosto, era como se eu pudesse ouvi-la no batente da porta.

E sempre que ela gemia meu nome e então corria seus lábios até meu ouvido, dizendo o quanto me amava e no quanto era sortuda de me ter, era como se ela finalmente tocasse a campainha.

Annabeth, aos pouquinhos, tinha feito e encontrado seu caminho direto para o meu coração.

E eu já estava á esperando há tanto tempo, que nem tinha hesitado em abrir a porta.


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Notas finais do capítulo

Eu pego onibus na frente do The Way sempre que vou ver um filminho, e eu vou sempre sozinha. Lá é bem perigoso e eu ocupo minha mente com ideias pra fanfic enquanto escuto a musica boa que vem lá de dentro porque não tenho idade pra entrar.
Só quem tem alguém especial que as vezes some e vocês querem chamar a policia levanta a hand o/
Eu espero que vocês tenham gostado! Até o dia em que eu criar vergonha na cara pra escrever mais rs ♥
Beijão, amo oces ♥