Uraraka Ochako odiava vermelho. Não gostava de ver as pessoas sofrerem e se machucarem; mas estava tudo bem se não fosse ela quem as ferisse. Ela já havia se acostumado com o desespero alheio, chegando a sorrir com a visão da expressão do medo que as pessoas tinham quando mencionavam seu nome. Era irônico pensar que durante a sua infância, Uravity fosse um símbolo de paz e que agora colocava o pânico no coração da população.

“Assustados”, pensou enquanto rolava os olhos entre os civis e soltava um suspiro, estalando os dedos e deixando cair alguns escombros que levitavam com sua individualidade. Ouvir alguns gritos com a queda repentina de ruínas, a fez sorrir satisfeita e observar os vilões que a acompanhavam espalhar o terror e atacar os inocentes lhe agradava igualmente.

“Inocentes”, riu baixo. A sociedade comum também era infratora, mesmo que não tivesse qualquer particularidade. Todos, sem exceção, eram heróis e vilões naquele mundo, pois verdadeira injustiça era categorizar entre aqueles que haviam poder, os que possuíam habilidades. Ninguém ali era inculpado naquela infeliz existência.

Um barulho alto ecoou pelo local e ver um dos vilões que a acompanhava sendo lançado para longe, lhe fez sair de seus pensamentos e suspirar ao ver os heróis. Uraraka não se lembrava quando aquele deixou de ser seu sonho, mesmo que se questionasse sobre isso algumas vezes, aquelas perguntas deixaram de ter importância no campo de batalha. Não podia existir receio em qualquer combate que estivesse.

Houve um tempo que se perguntou se seu poder era apenas eficiente se tocasse em seu alvo, se zero era tudo que conseguia fazer; mas a gravidade era uma alteração na arquitetura do espaço tempo causada por uma massa, uma força desconhecida que faz os corpos se atraírem. Seu uso era limitado ao que podia imaginar da extensão do que podia forjar, então resolveu amplia-lo.

Ela respirou profundamente e ouviu uma explosão seguida de outra, logo juntou as pontas dos dedos e alterou a gravidade local acima da regularidade do planeta. Sorriu ao ouvir um palavrão ser proferido pelo clamado herói, Ground Zero; Katsuki Bakugou ou, intimamente conhecido, Kacchan.

— Droga... — Ele tentou ergue-se, sendo esmagado ainda mais pelo aumento da pressão que Uraraka colocou sobre ele e num sorriso fraco, ela havia se aproximado e se agachado enquanto alguns dos vilões se retiravam com a impotência dos heróis que não conseguiam mover um único músculo.

— Sabe, eu tenho uma dúvida. — Ela murmurou, erguendo o rosto de Katsuki e comprimiu os lábios em um sorriso fechado. — Onde está o anjo que você viu em minha face?