O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 8
Capítulo 8




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— Ele vai acompanhar você? — perguntou a recepcionista com uma voz gentil quando viu Cris.

Nelson olhou para seu assistente. Com um sorriso reconfortante dele, o nadador virou-se para a mulher:

— Sim, ele vai.

— Sendo assim, venham comigo, por favor — disse a enfermeira que veio da porta dupla nos fundos.

— Você fez isso antes, certo? — perguntou a enfermeira enquanto levava eles para uma sala pequena com um sofá, alguns armários e vestiários. Nelson assentiu e a mulher passou uma pequena cesta plástica e uma chave para ele. — Então conhece o procedimento. Tamanho P, certo?

— Ah, sim? — respondeu Cris, um pouco confuso. A enfermeira assentiu e deixou a sala. — Por que ela perguntou?

— Pras roupas — disse Nelson, colocando o celular e carteira na bolsa plástica.

— Preciso que explique um pouco mais — disse Cris, fazendo círculos com as mãos.

— Não sabe sobre esse exame? — Quando o assistente negou com a cabeça, Nelson virou-se para ele com uma expressão em branco e depois riu. — Como explico de um jeito decente? Bom, primeiro, nós ficamos pelados.

— Até agora estou gostando pra onde isso vai — interrompeu Cris, com um sorriso.

— Então colocamos as roupas do hospital. — Nelson continuou como se não tivesse sido interrompido, embora sorriso também. Ele mostrou a cesta plástica para Cris. — Depois nós colocamos tudo de metal aqui, então podemos ir pra sala de exame.

— Que saco. — Apesar de falar aquilo, Cris também colocou sua carteira e celular na bolsa. — Por que precisamos fazer tudo isso?

— Se tiver qualquer tipo de metal, a máquina pode não funcionar direito. O metal interfere com ela ou algo do tipo. Daí o paciente e quem acompanhar não pode entrar na sala com nenhum tipo de metal. Nem zíper e botões.

— Sério, que saco. Mas não sou eu quem manda nisso — disse Cris, tirando a camisa.

— Por que você está tirando a camisa? — perguntou Nelson, num sussurro preocupado, olhando para a porta, como se esperasse que a enfermeira voltasse a qualquer segundo.

— Pra trocar de roupa? — disse Cris, a voz indicava que deveria ser óbvio.

— Tá, bem, tem um vestiário nos fundos. E ainda não trouxeram as roupas!

— Eu sei, mas assim é mais divertido, digo, mais rápido. Além do mais, por que você está todo agitadinho? Somos dois homens, não precisa ter vergonha, sabe? — Cris mostrou um sorriso malicioso.

Antes que Nelson pudesse responder, a enfermeira abriu a porta.

— Aqui estão suas roupas… — Ela ficou quieta quando percebeu que Cris estava sem camisa. Com um sorriso forçado, passou a roupa para eles. — Estarei esperando lá fora até que se troquem — disse, de forma cortês, e deixou a sala, embora não antes de Nelson notar seu rosto vermelho.

Cris riu e, antes que o nadador pudesse dizer algo, correu para o vestiário.

Com um suspiro de derrota e bochechas vermelhas, Nelson foi trocar de roupas também.

— Devo dizer. Isso é estranho. Estranho demais — disse Cris do outro lado da divisória de plástico.

— Sei que vou me arrepender de perguntar, mas sou um idiota — murmurou Nelson e depois suspirou, alto o bastante para Cris ouvir. — O que é estranho?

Cris riu de novo.

— Eu não ia dizer, mas já que você perguntou. — Até sem ver, Nelson podia sentir o sorriso malicioso. — Normalmente, quando tiro minhas roupas com um homem pelado a centímetros de mim, pra ir pra um quarto com o dito homem, espero algo bem diferente de um exame.

Nelson abriu a boca para responder, mas desistiu e riu antes que percebesse.

— Estou realmente feliz que esteja aqui. Da última vez, eu estava quase botando o almoço pra fora nessa hora.

— E estou feliz de não precisar ver isso hoje.

— Eu também. Bom, espero que tenhamos um final feliz também. Embora de uma forma diferente da qual esteja acostumado — disse Nelson, saindo da partição usando uma roupa de hospital.

Um segundo depois, Cris abriu as cortinas de sua partição.

— Que tal? Me sinto estranhamente apertado nisso — disse, antes que Nelson respondesse. Ele virou a cabeça para olhar para as próprias costas. Depois se virou, mostrando seu traseiro. — Eu gosto de roupas com acesso rápido. Dentro e fora sem o problema de precisar tirar as roupas.

— Você fala como se não curtisse tirar suas roupas — murmurou Nelson. Ele ficou vermelho, riu e levou uma mão ao rosto. — Sabe que pode usar cueca, né?

O nadador sabia que Cris estava fingindo, mas ainda não conseguiu conter o sorriso quando o rosto do assistente se iluminou, finalmente entendendo.

— Ah! Isso faz bem mais sentido. Embora seja menos divertido. — Cris amuou-se de um jeito fofo antes de voltar para o vestiário. Ele saiu poucos segundos depois. — Embora seja apertado, mas… bem, vamos? — Ofereceu uma mão ao nadador.

Nelson mostrou um sorriso que só durou um segundo. Ele respirou lentamente com os olhos sem foco enquanto virava-se para a sala.

— Ei… — Cris caminhou para mais perto de Nelson e colocou uma mão do ombro do nadador. — Vai ficar tudo bem — disse em voz baixa e reconfortante.

Nelson olhou o assistente. Os olhos confiantes deram força ao nadador. Respirando fundo e de coragem renovada, ele passou pela porta ao lado de Cris.

— Por aqui. — A enfermeira os levou por um corredor.

— Ei, Nelson. Quanto tempo. Tudo bem? — O técnico hospitalar esperava por eles no final do corredor. Ao ver Cris, ele mostrou uma expressão intrigada. — Não está com seus pais hoje?

— E aí. Esse é o Cris, meu amigo e novo assistente.

— Que bom! Você conseguiu um novo assistente — disse, sorrindo.

Enquanto Nelson deitava na máquina e o homem prendia as pernas do nadador, eles colocaram a conversa em dia. Após terminar, ele pegou um botão pequeno e longo, conectado a um cabo, e o passou para Nelson.

— Ainda sabe como o esquema funciona, né? Quer um lençol? — O nadador assentiu para as duas perguntas. O técnico colocou um lençol branco sobre Nelson, cobrindo quase tudo até o peito. — Se ficar desconfortável demais, pressione o botão. Vou parar a máquina na hora. — O homem saiu da sala de exame e uma música começou a tocar.

— Que grande. Muito maior do que imaginei — comentou Cris, olhando a máquina de ressonância.

— E também faz um barulho da porra. Espere até ligar — disse Nelson, com a voz mais trêmula do que gostaria.

— Já fez isso quantas vezes?

— Mais do que gostaria — admitiu.

— Parece assustador. — Cris se inclinou para perto de Nelson para poder espiar o interior da máquina. — Que bom que só são as pernas. Imagina enfiar a cabeça aí.

— Você não está ajudando. — O longo e escuro tubo parecia ainda mais assustador da perspectiva do nadador, mas ele nada disse. Embora tivesse a impressão de que sua voz o fazia para ele, Nelson continuava tentando agir normalmente.

Antes que Cris pudesse falar, a máquina ligou. A conversa acabou enquanto eles se voltaram para o barulho. Começou alto mas aos poucos o som aumentou ainda mais. Então ficou tão alto que parecia vibrar dentro deles.

A respiração de Nelson acelerou enquanto a sensação familiar e desagradável de estar “prestes a entrar na garganta escura de algum monstro” o preenchia.

— Nunca me acostumo com isso. —Ele quase gritara acima do barulho para que Cris o ouvisse.

A cama da máquina parecia engoli-lo lentamente. Nelson prendeu o fôlego enquanto se certificava de encarar o teto o tempo todo.

O som pareceu ainda mais alto enquanto ele entrava na máquina. Era tão alto que o nadador não ouvia nada mais, nem a música. Ele não sabia sequer se Cris dizia algo ou não.

Nelson começou a suar apesar da sala fria. Ele sentiu seu corpo coçando aqui e lá, mas era pior nas pernas. A vontade de pressionar o botão e parar o exame o preencheu. Não lembrava que era tão ruim assim, pensou, tentando e falhando em controlar a respiração.

Embora respirasse, ele estava sem ar. Quanto mais tentava, mais sem ar ficava. Fechou os olhos e estava prestes a apertar o botão, mas então sentiu algo envolvendo sua mão livre. Nelson abriu os olhos e olhou em volta.

Cris olhava para ele com uma expressão firme. Ele assentiu lentamente, mostrando os mesmos olhos reconfortantes de antes.

Nelson engoliu em seco e apertou a mão de Cris. Enquanto o assistente apertava a mão de volta, o nadador afrouxou o aperto no botão e sua respiração se acalmou.

Ele não fazia ideia de quanto tempo se passara, mas, finalmente, após o que pareceu uma eternidade, o barulho da máquina parava aos poucos.

— Isso… não foi tão ruim quanto eu lembrava — mentiu Nelson com uma voz trêmula quando a cama deslizou para fora da máquina.

— Fale por si. Doeu um bocado — disse Cris, balançando a mão que Nelson apertara o tempo todo.

— Foi mal… eu só… — O nadador desviou os olhos e corou. Como eu pude agir feito criança…? Ele suspirou e encarou Cris. — Acho que estava um pouco assustado…

— Tá bom… “um pouco”, né. — Apesar de fechar e abrir a mão para diminuir a dor, ele mostrou um sorriso malicioso. — Já que vamos passar muito tempo juntos, já vou dizendo: não tenho nada contra ser um pouco bruto. Na verdade, esqueça isso. Adoro quando um homem é todo bruto comigo. Mesmo assim, não curto S&M.

Nelson abriu e fechou a boca algumas vezes, sem ideia de como reagir. No fim, ele desviou o olhar.

— Foi mal — disse de novo. Ele colocou o botão na barriga e envolveu a mão de Cris com as suas duas, pressionando e massageando a palma.

— Olha só, está funcionando — disse Cris, surpreso, sua expressão relaxando enquanto a dor ia embora.

— É um truque de nadador para dor na mão. — Nelson aplicou mais força. — Mas não tenho a mínima ideia de quem me ensinou.

— Deu tudo certo — disse o técnico quando entrou na sala de novo. Nelson terminou de massagear a mão de Cris enquanto o homem liberava-o da máquina. — Teremos os resultados ao fim do dia.

— Tão rápido assim? Nossa. — Nelson teve dificuldade em se apoiar nas pernas dormentes e sentar na cama. — Da última vez levou quatro dias.

— Pois é, recebemos uma ordem de prioridade do alto escalão para acelerar os resultados — disse ele, com um sorriso desconfortável.

— Danosse… — Nelson olhou para o chão. — Eu… Eu não sei se fico feliz ou preocupado com isso…

O sorriso do técnico ficou duro.

— Vou ligar quando tivermos os resultados. Enviarei ao seu médico também.

Nelson o agradeceu, depois ele e Cris saíram da sala. Os dois voltaram para a sala apertada, trocaram-se de volta para suas roupas e pegaram as coisas.

— Um dia todo de espera, hein… — Nelson suspirou. — Esqueci que esperar pelo exame era tão ruim quanto a máquina…

Cris olhou para ele em silêncio por um bom tempo. Então seu rosto se iluminou com um sorriso.

— Em vez de se preocupar com isso o dia todo, que tal se divertir comigo?


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