O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 43
Epílogo




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Nelson conseguia sentir toda aquela energia vindo das arquibancadas.

Aquilo fez ele tremer de excitação. Excitação e nervosismo.

Os olhos de todos estão na gente… todo o país está apoiando a gente

Perante ele estava a piscina. Seu melhor amigo estava chegando no outro lado.

Enquanto ele ficava de pé no bloco de partida, sua respiração ficou mais rápida. Nelson não podia esperar para pular na água, para nadar.

Certo. Tivemos alguns problemas no começo, mas Yuri conseguiu recuperar. Se o Marcelo mantiver o ritmo, a gente fica no páreo. Então vai ficar por minha conta ganhar.

Novamente, ele sentiu os olhos de todos ficarem sobre si e os membros de sua equipe. Milhares de olhos.

E são os que estão aqui… deve ter milhões mais assistindo pela TV. Não iria tão longe a ponto de dizer o mundo, mas ao menos boa parte do mundo esportivo está, pensou, sorrindo.

Um sorriso que era tanto confiante quanto nervoso.

Cris, mãe, pai, e todos estão torcendo por nós, pelo Brasil.

Eu preciso vencer isso. Eu já venci uma medalha de bronze e duas de prata. Preciso do ouro, senão não vou parecer tão legal quando eu perguntar pro Cris!

Vamos, Marcelo! Mantenha o ritmo!

Seu melhor amigo ficou um pouco para trás durante a virada, mas ele acelerou durante o meio da volta e estava par a par com os chineses e americanos.

Ótimo! Continue, meu melhor amigo idiota!

Os poucos e breves momentos em que Marcelo erguia a cabeça acima do nível da água para respirar eram o bastante para Nelson saber que o amigo passou do limite. Ainda assim, o nadador não diminuiu o ritmo.

Ele quer a medalha de ouro tanto quanto eu. Não só ele, o Yuri também. Todos querem o ouro. Pra nós e pro Brasil.

Vamos colocar nossos nomes na história.

Marcelo se aproximava a cada braçada dele.

Nelson inclinou o corpo e tocou no bloco inicial.

Ele respirou fundo, se concentrando.

Então sorriu quando tudo à sua volta ficava quieto.

Ele estava no máximo de concentração que conseguiria.

Só havia ele e a água agora.

Todo o seu ser estava focado em nadar e vencer.

No instante em que o amigo tocou na parede, Nelson pulou para frente com os braços estendidos.

Obrigado, Marcelo! Agora deixa comigo!

Quando Nelson tocou a água, ele sentiu o impacto e a resistência logo. Mas só mexeu os braços e pernas quando sentiu o impulso desaparecer.

Bom… bom! Estou sentindo!

Ainda que acontecesse sempre que ele nadasse em um torneio, Nelson jamais deixou de sentir o arrepio de voar pela água.

No canto do olho, ele podia ver algo se movendo nas outras raias. Mas não se importou.

Já que os colegas de equipe fizeram a parte deles, ele não deixaria ninguém na mão.

Como um nadador âncora, eu vou cuidar disso!

Nelson viu a outra parede e se preparou para se virar. Ele empurrou a parede com toda a força que suas pernas tinham e deixou o impulso levá-lo por alguns segundos. Então ele começou a mexer os membros de novo, batendo na água com o apoio do país todo atrás de si.

Vai, vai, vai, vai!

O corpo gritava com o esforço, mas Nelson não diminuiu a velocidade. Ele não se importava com a dor. Se o Marcelo suportou isso, ele também suportaria.

Ele nadou e nadou e então viu a parede, a chegada, diante de si.

Vai!

Não seria o fim se ele perdesse. Uma medalha de prata ou até de bronze contra nadadores incríveis não era algo para se sentir mal.

Mas após tudo que ele passou nesses quatro anos, deixaria um gosto amargo na boca.

Ainda que tivessem outros, seria o fim deste ciclo.

O ciclo que começou no dia em que o médico disse que ele estava curado. O dia em que conheceu Cris.

E Nelson não queria que acabasse sem uma medalha de ouro.

Ele nadou e nadou, seus músculos tremendo e aquecendo enquanto batiam contra a superfície da água, as gotas voando para todos os lados.

Ele podia ver os nadadores de outros países pelo canto do olho. Eles estavam no mesmo lugar que ele.

Vai!

Quando Nelson estava a centímetros da parede, ele se esticou e tocou o concreto com a ponta dos dedos. Enquanto a inercia trazia o resto do corpo, ele ergue a cabeça acima da água.

Eu venci?

Ele limpou a água do rosto e virou-se para a arquibancada.

Ainda que fosse uma multidão composta em sua maioria por brasileiros, era difícil dizer. Tinha gritos, comemorações e aplausos de todos.

Então ele olhou para o telão.

Lá estava.

Nelson foi o primeiro colocado.

Ele venceu os americanos por uma fração de segundos.

Ele venceu.

O Brasil ganhara a medalha de ouro.

Nelson sentiu as emoções vindo até ele.

Ele riu, chorou e bateu na água com ambos os braços.

Seus colegas de equipe sentiram o mesmo. Eles pularam na água para abraçá-lo.

Apesar de quase afogar por causa da exaustão, Nelson estava feliz demais para se importar.

Ele só podia sorrir e rir.

Sua mente estava feliz demais para se lembrar do que ele disse na breve entrevista antes da cerimônia da medalha.

Mas ele jamais esqueceu a sensação de ficar no pódio mais alto com seus colegas.

Quando as medalhas estavam ao redor de seus pescoços, e as flores em suas mãos, eles ergueram os braços e acenaram para todo o estádio.

Os espectadores gritaram em torcidas e aplausos.

Era uma sensação que Nelson jamais esqueceria pelo resto da vida.

Após isso, os repórteres vieram correndo para as entrevistas, tanto como um time e como indivíduos.

Quando foi a vez dele, uma repórter veio falar com ele.

— Então, Nelson. Primeiro, parabéns pela medalha de ouro. É incrível que conseguiu chegar tão longe após lutar para voltar às piscinas. Pode dizer que é melhor momento da sua vida? — perguntou ela, movendo o microfone na direção dele.

— Sim — disse o nadador com uma expressão exausta e um sorriso satisfeito. — Foi difícil voltar pra cá. Mas consegui graças às pessoas que ficaram do meu lado. Estou feliz demais com essa medalha, ainda mais feliz por ter pessoas que me apoiaram. Esse ouro não é só meu.

Vamos lá, pergunte, pensou ele, mal contendo sua excitação agora.

— Mas ainda não acabou. Você ainda tem a chance de ganhar mais medalhas e vencer amanhã — disse ela, sorrindo ao lado dele.

— Sim. Tem mais três modalidades. Mas, ainda que eu vença amanhã, essa medalha é especial. É meu primeiro ouro olímpico. O primeiro de muitos, espero — disse ele e os dois riram.

— Graças ao seu esforço e o de seus colegas, o Brasil subiu mais no quadro de medalhas. Tem algo a dizer para as pessoas o apoiando?

Sim, finalmente!

— Tenho. Eu gostaria de agradecer a todos que me ajudaram. Minha mãe, meu pai, meus amigos e o clube — disse, esperando não ter esquecido de ninguém. Acho que meus amigos e o clube cobrem todo mundo. — Mas tem uma pessoa em especial que preciso agradecer.

— E quem seria?

O coração dele bateu mais alto e não foi possível conter o sorriso.

— Meu assistente. Sem o Cris, eu jamais estaria aqui hoje. E quero dizer algo pra ele. — Nelson olhou para a área onde Cris disse que estaria.

Lá, ele achou o homem que amava.

Foi impossível para Nelson não encontrar aquele rosto fofo que sorria e chorava ao mesmo tempo. Não ajudou o fato de Mari estar ao lado dele, tirando uma com os dois.

O sorriso de Nelson aumentou enquanto ele colocava uma mão no bolso da jaqueta.

— Cris! — gritou, ficando de joelhos. Então ele tirou a pequena caixa preta e abriu. Havia uma aliança dentro. — Você se casaria comigo e me fazer o homem mais feliz do mundo?

O roto do assistente ficou sem expressão. Depois ele sorriu e chorou ainda mais.

Com um empurrão da prima, ele correu até o nadador.

Quando ele chegou nas escadas, ele pulou.

Nelson o pegou e abraçou apertado enquanto os dois giravam.

— Sim! — gritou Cris o que o nadador queria escutar antes de beijá-lo.

Nelson jamais acreditaria que poderia sentir tamanha felicidade. Especialmente após quase morrer naquele acidente quatro anos atrás.

Mas, agora, ele só se importava em beijar o homem que amava.

O homem que logo seria seu marido.

Fim


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem XD
Espero que tenham gostado de O nadador e o assistente.

Nunca imaginei que o primeiro volume ia ser tão grande XD
Dava pra ter feito algumas coisas diferentes, mas estou muito feliz com o resultado
Tenho quase certeza que ainda terá mais coisas desses dois, mas vai demorar muito tempo.
Quero deixar as ideias maturarem para não ficar repetitivo
Até lá fiquem ligados por que pretendo trazer outras histórias como essa.



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